quarta-feira, 25 de novembro de 2009
A CRONOLOGIA DA MULHER
Aos quinze anos, inegavelmente estão desabrochadas no jardim da vida. São flores femininas, mulheres em expansão.
Aos vinte anos, acham-se no direito de voar, corpo e mente há muito que já perderam a definição do que seja limite. Para elas há tão somente o céu e o horizonte, únicas verdades a conquistar.
Aos trinta anos, muitas delas já acalentam nos braços o fruto de um amor. Têm nos filhos a expressão máxima da sublime vocação da mulher.
Aos quarenta anos, estão no topo. São lobas aguçadas, mulheres maduras, que preferem caçar a serem escolhidas.
Aos cinquenta anos, contemplam o lar (quando ainda existem) reúnem-se com amigos (as), buscam algumas rejuvenescer o corpo.
Aos sessenta anos, deleitam em celebrar as vitórias dos netos. Sonham em descansar. Algumas sustentam a família com o que recebem da aposentadoria.
Aos setenta anos, mãos frágeis, pernas que se negam a manter a velocidade de alguns anos atrás, elas representam para nós nosso patrimônio maior.
Aos oitenta anos, quando ainda a temos conosco. somos ricos, pela pessoa que são, experientes, vividas.
Aos noventa anos. Ah! quem dera que em cada casa deste Brasil pudéssemos ter uma mulher anciã. Bem cuidada, alimentada, sadia, com cabelos brancos, olhos brilhantes e voz baixa a nos falar da beleza que é ser mulher.
Extraído do livro: Degustando Poesia, de Francisco Martins, ano 2007, páginas 66/67.
domingo, 22 de novembro de 2009
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
O causo de hoje aconteceu na Redinha, numa época muito remota, quando não havia diversão por lá. Um dia chegou naquelas bandas um circo, tão pobre, mais tão pobre que era iluminado à base de carbureto. O circo não tinha arquibancadas, cada um levava seu próprio banco para assistir o espetáculo. O circo iria apresentar uma cena sobre a Paixão de Cristo e contratou para o elenco dois moradores da Redinha: Ferrinho e Luiz Jatobá, os dois tomaram umas pingas antes do espetáculo e quando chegou a hora já estavam prá lá de quentes. Ferrinho seria o Cristo e Luiz Jatobá o soldado que chegava no horto para prendê-lo.
O diálogo da cena deveria ser assim:
(Luiz) --Quem é o Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu!
(Luiz) --Vim prendê-lo por ordem de Pôncio Pilatos.
Mas diante da grande quantidade de cana ingerida pelos artistas. A coisa tomou outro rumo e aconteceu desta forma:
(Luiz) --Quem é Jesus Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu, e daí?
(Luiz) --Teje preso, por ordem do delegado.
(Ferrinho) estendendo a mão com o polegar para cima: --Ok, may friends!
É o fraco!
Causos da nossa literatura, garipado por Mané Beradeiro.
Fonte: Contribuição Norte-Americana à vida natalenses, de Protásio Pinheiro de Melo, Brasília 1993, página 77.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
ASSIM DISSERAM ELES...
"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."
João Guimarães Rosa.
*27 de junho de 1908
+ 19 de novembro de 1967
UM GRANDE DESAFIO - PARTE II
Terminei a primeira parte de ULISSES, livro de James Joyce. A leitura teve início no dia 4 de novembro p.p; Esse primeiro capítulo tem apenas dezoito páginas, mas confesso a vocês que seu conteúdo ultrapassa.
Com alegria eu digo a alguns intelectuais que estou lendo ULISSES e tem aqueles que conseguem me incentivar a continuar a leitura, mas encontro também quem não se identificou com a obra. Relembro então as palavras de Ezra Pound: " Ulisses não é um livro que todo mundo irá admirar, ...mas é coagido a ler a fim de ter uma idéia nítida do ponto de chegada de nossa arte, em nossa profissão de escritor"¹. Isso serve de consolo. Numa tarde, conversando com uma professora de português, ela me disse: "Você só vai gostar mesmo deste livro quando estiver lendo pela quarta vez". E diante desta experiência eu faço minhas as palavras do proprio James Jayce "Ou se crê ou não se crê, não é?"
E como ULISSES não é um livro para ser lido a primeira vez num pouco espaço de tempo, debruço-me no universo das palavras e expressões na esperança que a Trindade que tudo conhece dê-me inteligência e perseverança In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.
A saga continua... e se o amigo visitante tiver algum material sobre essa obra e desejar compartilhar comigo ficarei muito grato.
¹ Joice e o estudo dos romances modernos. Ed Mayo. Ano 1974
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
Em Acari vive um homem que é conhecido por Zé de Nequinho, aliás em Acari as pessoas são sempre conhecidas assim, por apelido. Na época que lista de telefone tinha valor, Acari teve a sua totalmente preenchida com alcunhas dos cidadãos. Mas, voltemos a Zé de Nequinho. Estava este cabra trabalhando pela manhã, numa fazenda daquele município, realizando a árdua tarefa de colher algodão. A temperatura elevada fervia os miolos do cérebro. Zé de Nequinho e outros homens aguardavam ansiosos a hora do almoço. E, finalmente chega o tão esperado momento. Vão os trabalhadores famintos e sedentos em direção à casa do patrão, onde receberiam além de sombra e água fresca, o almoço da cozinha sertaneja.
Pois bem, neste dia, o prato principal servido foi cuscuz com leite. Zé de Nequinho comeu até não caber mais nada naquela pança abençoada. Finda a refeição, é comum permitir que os serviçais tirem alguma sesta, algo mais que meia hora e menos que uma. Aconteceu porém que nosso glutão armou a rede no alpendre da casa do patrão e ficou lá, dormindo de forma pesada.
O patrão percebeu que todos os trabalhadores voltaram à colheita do algodão, menos Ze de Nequinho. Vai até a rede, balança os punhos, acorda-o e diz:
--Trabalhar Zé! Tá na hora, todos os outros já foram.
Zé levanta um pouco a cabeça, arruma o lençol debaixo da orelha e responde:
--Vou nada. Eu vou é dormir.
E o patrão quis saber:
--Por quê?
Veio a resposta:
--Ôxente! Tu não serviu cuscuz com leite? Pois lá em casa quando a gente come cuscuz não faz mais nada não, vai é se deitar e dormir até o outro dia.
Disto isto, Zé de Nequinho balançou a rede com o pé na parede do alpendre e se pôs a dormir.
Fonte: Causo narrado por Laércio. Tendo esse recebido do próprio Zé de Nequinho.
ASSIM DISSERAM ELES
domingo, 15 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
AMANHÃ LEITURINO NA ESCOLA MANOEL MACHADO
Nesta sexta-feira, 13 de novembro, o Palhaço Leiturino estará tendo uma manhã especial com os alunos da professora Cristiane, na Escola Municipal Manoel Machado, no Jardim Aeroporto, em Parnamirim-RN.
Leiturino fará a contação da história "As coisas que a gente fala", de Ruth Rocha, em seguida promoverá um bingo de adivinhações e fará outras brincadeiras. Na foto, os professores do turno matutino, por ocasião da primeira visita de Leiturino àquela escola.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
Chico Martins, ao centro, na festa dos seus 70 anos, em 1973.
(Eu, Francisco Martins Alves Neto, sou este à direita, aos 9 anos)
Chico Martins, meu avó, homem criativo, cheio de histórias. Tinha sempre uma para contar àqueles que o visitavam. Estou reunindo os causos que dizem respeito a ele para posterior edição.
Chico Martins morou muitos anos em Patu - RN, depois se transferiu para Ceará Mirim.
Em Patu, onde tinha uma mercearia, certa manhã entram duas mulheres para comprar algo e uma delas observa que Chico Martins tinha o pé grande. Então ela fala:
--Veja comadre como Seu Chico tem o pé grande!
A outra respondeu:
--pu tamanho dele não é grande, tá bom.
E Chico Martins resolveu fazer um trocadilho com a resposta da mulher:
--Ei, minha mãe mesmo nunca foi puta não senhora. Que conversa é esta?
Chico Martins não sabia o que era cacofonia, mas tinha dentro de si a arte do riso.
***
É dele também a história que quando era rapaz e conseguiu a primeira namorada, na distante cidade de São José do Egito, visitava a namorada nos dias permitidos e naqueles idos de 1920 a coisa era bem diferente. Os costumes, tradições, etc. Pois bem, o jovem Chico notou que sua noiva não tinha nenhum perfume. Resolveu presenteá-la com um pote de talco de arroz, era o que havia de mais acessível em 1920 para os rapazes pobres. Passam-se dias e nada de Chico perceber que a namorada usava o talco, então um dia ele pergunta:
--E aquele talco que eu lhe dei, você não vai usar?
--Já usei Chico. Respondeu ela.
--Quando? Quis saber.
--Na mesma semana que você me deu.
--O que danado você fez com ele? Perguntou admirado.
--Fiz papa para papai e mamãe. Eles gostaram foi muito.
--Menina, aquilo não era para comer. Era para você botar na cara.
Dias depois Chico Martins traz para a namorada uma lata de doce de goiaba, novidade no mercado.
E à noite, quando vai visitá-la no dia seguinte, lá vem ela com a cara toda lambuzada de doce para recebê-lo.
Ele não aguentou e acabou o namoro.
Fonte: anotações manuscritas do próprio Chico Martins
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
AGENDA DO MOMENTO DO LIVRO
Apresentação de Leiturino. À noite, nesta mesma escola, às 19 horas, apresentação de Mané Beradeiro.
15ª feira, dia 12, pela manhã, o escritor Francisco Martins visitá centro histórico de Natal com quatro estudantes que sobressairam-se em produção textual, no turno vespertino, da Escola Municipal Manoel Machado, Jardim Aeroporto, Parnamirim-RN. As alunas farão visitas à Ribeira, Instituto Histórico e Geográfico, Memorial Câmara Cascudo, Palácio da Cultura e Academia Norte Riograndense de Letras.
6ª feira, dia 13, pela manhã, na Escola Municipal Manoel Machado, Jardim Aeroporto, em Parnamirim. Apresentação de Leiturino, contando histórias, cantando parlendas e adivinhações.
sábado, 7 de novembro de 2009
UM GRANDE DESAFIO - PARTE I
Quem me conhece sabe o quanto gosto de ler. E leio dos clássicos ao mais comum das produções literárias. E em todos eles tenho sempre algo a aprender.
Agora, neste mês de novembro, abraçei um grande desafio, a saber: ler ULISSES, de JAMES JOYCE. A obra não é extensa, já li livros bem maiores, como por exemplo a Bíblia, que anualmente venho lendo de Gênese a Apocalipse, seis anos consecutivos. Li também o clássico Moby Dick de Herman Melville, além de outros.
Mas, ULISSES parece ser realmente um osso duro de roer. Li o primeiro capítulo e não entendi nada. Reli e começo a tomar gosto pela obra considerada o maior romance da literatura mundial. Nas palavras de Harry Levin "um romance para acabar com todos os romances".
Volto-me então à releitura do primeiro capítulo, desta vez com maior sensibilidade e determinação de encontrar a vereda que me leve à compreensão da obra.
Aos poucos compartilharei com vocês esta saga de leitura. Possa até ser que nem mais leia outro livro em 2009, pois este ano até o momento já devorei 85 e Ulisses é o 86º livro. Se consegui passar por "Grandes Sertões Veredas", de Guimarães Rosa, creio que já tenho uma base adquirida para não me espantar com os neologismos de James Joyce, e olha que o gênio cria algo assim: contrasmagnificandjudeibumbatancialidade ( que pode ser isto?).
Vou ficando por aqui e breve volto a comentar sobre a leitura.
ESCOLA MÁRIO LIRA RECEPCIONA LEITURINO E MANÉ BERADEIRO
À noite, será a vez de Mané Beradeiro (Francisco Martins) contar causos e declamar poesias matutas para os alunos desta mesma escola. Tudo isto será feito dentro das festividades da Mostra de Arte e Cultura promovida por aquela escola municipal.
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
Renato estava em Natal, no bairro da Ribeira e vinha saíndo do Carneirinho de Ouro, um clube tradicional na Tavares de Lyra, quando um velho chofer de praça, viciado em jogo de bicho, o avista e corre para ele falando:
--Seu Renato, essa noite eu sonhei com o senhor. Quem sonha com o senhor o que é que dá?
E Renato. mestre das respostas afiadoras, gozadas e mordazes responde:
--DÁ A BUNDA!
São causos da nossa terra, pérolas da nossa literatura, coletadas por Mané Beradeiro.
Fonte: "De Líricos e de Loucos", Augusto Severo Neto, pág. 123. Edição Clima, 1980.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
MATEUS 7: (1-5)
Que me permita acrescentar, o filósofo alemão, Martin Heidegger – que certa vez disse: “Somos seres para a morte” – a essa frase, as seguintes palavras: “passando pela incoerência”. Então, é isso caro leitor: somos seres não só para a morte, mas também para colocar em prática a nossa incoerência.
Por isso, não me surpreende que o maior homem que já pisou neste planeta, Jesus Cristo, tenha, insistentemente, falado neste assunto. No capítulo 7 do evangelho de Mateus, os primeiros versículos abordam exatamente isso: “Por que reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: ‘deixa-me tirar o argueiro de tua vista’, tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão”.
Pois bem! Feito o diagnóstico, cabe-nos agora, encontrar as causas dessa doença – a incoerência – pois só assim, poderemos estabelecer o tratamento adequado. Seria a incoerência, originada pelas circunstâncias? Sim! Não vamos esquecer o que disse o grande escritor, filósofo espanhol, Ortega y Gasset: “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”. E a circunstância, a ocasião, faz o ladrão (o PT sabe muito bem isso que estou falando...). A circunstância faz também o covarde, que num dia tem um discurso exaltado, revoltado, áspero, mas quando está na frente de quem ele se exaltou e se revoltou, muda o tom: fala manso e o que é pior: até defende, com unhas e dentes, o seu antigo desafeto...
Esse tipo de comportamento ocorre em todas as profissões, mas duvido que seja mais comum do que no meio médico. Afinal, se hoje, estamos sofrendo todas essas mazelas – baixos salários, condições subumanas de trabalho, etc. etc. – é porque os nossos pretensos “líderes” da classe médica, um dia, quando ainda não estavam na cadeira do poder, tinham um discurso aguerrido, bravo e duro contra os poderosos, mas, quando se torna um deles – um poderoso (de pés de barro, é bem verdade) – mudam o discurso, o conteúdo e o seu tom... Quando eu sou médico, apenas médico, eu critico, mas quando estou diretor de hospital, vereador, deputado, secretário de saúde, etc. etc. aí eu me transfor mo... e haja incoerência incoerente!
E essa incoerência incoerente é terrível, pois - diferentemente da incoerência defendida por Osho, o mestre budista, que certa vez disse: “Se você realmente quer desfrutar a vida em toda a sua riqueza, tem que aprender a ser incoerente, a ser coerentemente incoerente”-, ela, a incoerência não coerente, é aquela que permite que milhares de pessoas sejam mortas nos corredores dos nossos hospitais públicos, porque eu não tenho a coragem de continuar coerentemente coerente com o meu discurso que tinha antes de ocupar a cadeira do poder...
Então, caro leitor, já temos duas causas para a mudança tão rápida, extremante abrupta, do nosso comportamento: a circunstância e a cadeira do poder. Porém, há outra causa muito mais forte, explicada pela física quântica: toda vez que inspiramos, colocamos para o interior do nosso organismo um trilhão de átomos que um dia podem ter sido também respirados por Cristo, Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Hitler, Saddam Hussein... e o danado é que me parece que os átomos desses dois últimos têm sido responsáveis pelo ar- mau cheiroso, e bote fétido nisso - que estamos respirando na saúde do nosso estado...
Portanto, meu caro amigo, você que tem me acusado, constantemente, de incoerente, veja que a origem desse problema pode está em você mesmo, afinal não tenho cadeira do poder, nem pretendo “criar” circunstâncias para ocupá-la. Portanto, só resta-nos acusar os átomos que estou respirando, quando estou perto de você... mas, não se preocupe, como cirurgião, será fácil resolver esse problema: usarei sempre a máscara cirúrgica, quando lhe encontrar, certo?
Francisco Edilson Leite Pinto Junior (edilsonpinto@uol.com.br)
Professor, médico e escritor
domingo, 1 de novembro de 2009
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
Como amanhã é o Dia de Finados, o causo de hoje é sobre um falso defunto. Fui buscar esta história, assim como as demais, na imensa literatura que existe sobre o tema espalhada por aí. Desta vez bebi na fonte da grande Cora Coralina, no livro "Estórias da casa Velha da Ponte", edição de 1987.
Vamos então ao causo.
"Seu Maia" teve um ataque de catalepsia e foi tido como morto. Ele era casado com Dona Placidina, que já não estava tão encantada com o marido que há muitos anos vivia maltratando-a. Como é costume naquelas terras de Goiáis, Dona Placidina com muita alegria e prazer preparou o velório, fazendo bolachas, servindo café, bolo, outras comidas e até mesmo pinga.
Finalmente chega a hora de levarem "Seu Maia" para o cemitério. Os homens partem carregando o caixão, segurando-o pelas alças, alguns estão em estado de fogo, fruto da tamanha quantidade de pinga absorvida. E entre uma rua e outra em direção ao cemitério, quando dobram um esquina, o caixão de "Seu Maia" vai de encontro a um lampião que havia naquela esquina. O Choque é intenso, o poste de ferro do lampião da Rua do Fogo despedaça o caixão, fazendo com que "Seu Maia" acorde do ataque e fique sentado no meio da rua. O povo corre... é grande o alvoroço na cidade.
Dona Placidina fica triste.
Alguns meses depois, realmente "Seu Maia" morre de verdade e desta vez, quando o caixão vai saindo de casa para o cemitério Dona Placidina Adverte: "--Cuidado com o lampião da Rua do Fogo, não vão fazer como da outra vez".
A MORTE
Desferido, sem pena, contra a vida,
Separando a família unida...
Dissipando a fortuna mais durável.
O grande, o rico, o pobre, o miserável,
A gente mais famosa, mais temida,
A morte leva tudo de vencida,
Na fúria mais cruel, mais indomável.
Mas a morte do justo é tão preciosa
Que, sofrendo...morrendo...ele já goza,
Qual nauta que escapasse do escarcéu.
Se arrasta para o inferno o pecador,
Se espalha pelo mundo, o pranto, a dor,
A morte leva os santos para o céu!...
Dom Marcolino Dantas
Livro: Dom Marcolino Dantas por ele mesmo, do Côn. José Mário de Medeiros
sábado, 31 de outubro de 2009
ASSIM DISSERAM ELES...
Lucrécio, filósofo latino.