terça-feira, 29 de dezembro de 2009
OS MISERÁVEIS
E bote antigamente nisso! Ta lá no fabuloso livro de Victor Hugo, “Os miseráveis”, que em 1815, o senhor Charles Myriel era bispo de Digne. E esse bispo era digno mesmo: não possuía bem algum; trocou a sua residência, de quartos suntuosos e amplos, para viver nas instalações acanhadas do edifício do hospital; dividia o seu salário de 15 mil francos, entre os necessitados, a ponto de ficar com apenas 1000 francos para as suas despesas pessoais... O fato é que “somas consideráveis passavam em suas mãos, sem que lhe acrescentasse o menor supérfluo ao que lhe era necessário...”.
Pois bem, o senhor Myriel era não só um sacerdote, mas um sábio também. Veja o que ele, certa vez, disse em uma de suas pregações: “Pecar nunca é o sonho do anjo. Tudo que é terrestre está sujeito ao pecado. O pecado é uma gravitação... errem, caiam, pequem, mas sejam justos”. E justiça seja feita, a Prefeita de Natal - voando como uma borboleta, gravitando pelos céus, se esquecendo que o mundo não se limita apenas à beleza de suas asas... – pecou.
Pecar, segundo o filósofo Jean-Yves Leloup, “é errar o alvo”. E a Prefeita errou feio neste natal de Natal. Errou o alvo, e por isso pecou, ao gastar milhares e milhões de reais na iluminação natalina, na realização de mega-shows, etc. etc. quando o foco, o alvo, deveria ter sido outro. Eu sei a importância do “pão e circo” para a população... Mas sei também da importância do que alertou o bispo Myriel: “Coloquem pobres, famílias, velhas senhoras e criancinhas dentro dessas habitações, e verão a febre e as doenças!”.
E a Prefeita, deslumbrada com as suas asas, esquecendo a calamidade da gripe suína batendo em nossas portas, preferiu aderir à ilusão da comédia que a realidade da tragédia. E é trágica, acanhada e pífia a política de saúde do nosso município: postos sucateados, faltando médicos, faltando vigilantes, faltando medicamentos; enfermeiras sendo “obrigadas” a assumirem o papel de médicos (pense que vai ser interessante agora, tê-las do nosso lado respondendo judicialmente por deslizes profissionais. Afinal, sofrimento que se sofre junto, se torna menos sofrível...), entre outros absurdos...
Tudo bem, eu sei que a sabedoria Eclesiástica nos diz: “Nada de novo debaixo do sol”, mas não foi para isso que a “lepidóptera” Prefeita foi eleita... Milan Kundera afirmava que “quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira”. Portanto, a prefeita precisa completar o seu ciclo biológico com urgência: quem sabe voltando a ser lagarta de novo, com os pés bem plantados no solo passe a enxergar melhor os problemas de Natal (só cuidado para não cair, nos diversos buracos da nossa cidade!).
Termino, lembrando-o, caro leitor: se pecar – Ai meu Deus, haja sacerdote para tanto pecado! -, é errar o alvo, estaríamos pecando em colocar toda a culpa só nas asas da Prefeita. Claro que somos também culpados. Não foi à toa que o magnífico Nelson Rodrigues, um dia, se lamentou: “Em Brasília somos todos inocentes e somos todos cúmplices...”. E a nossa cumplicidade, em aceitarmos políticas desastrosas em nossas cidades, tem que ter um fim. Basta de pagar tantos impostos (o IPTU de Natal aumentou, pra que?)! Basta de continuarmos ignorantes e omissos! Afinal, o bispo Myriel, aquele mesmo pobre de Jó, já gritava: “Vergonha é fica r toda a vida ignorante... aos ignorantes, ensinem o máximo de coisas que puderem; a sociedade é culpada por não ministrar a instrução gratuita; ela é responsável pelas trevas que produz. Uma alma cheia de sombras é onde o pecado acontece. A culpa não é de quem pecou, mas de quem fez a sombra”...
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
A CURA INDESEJADA
“Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure”
(Vinícius de Morais)
Penso que São Paulo se equivocou ao dizer que o amor tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Não é bem assim. Afinal, o amor, como alertava Drummond, é bicho instruído. Portanto, ele pode pular o muro, subir na árvore em tempo de se estrepar: “Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escore do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca/ às vezes sara amanhã”.
E o danado é que às vezes sara mesmo. Mas, e o amor é doença para sarar? Claro que é. Se não fosse, Camões não teria dito: “Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente”.
Padre Antônio Vieira (duvido que alguém escreva melhor do que ele) também considerava o amor uma doença - que deveria ser incurável, mas, infelizmente, tem cura. E quais são os remédios do amor, segundo Padre Vieira? São apenas quatro, mas com um poder de curar extremamente potente...
O primeiro remédio é o tempo. Por isso que Cupido, deus do amor, é pintado como criança, pois “não há amor tão robusto que chegue a ser velho”. O passar das horas faz com que as flechas de Cupido percam a potência; que o amor que é cego passe a enxergar; que suas asas cresçam e ele voe para bem longe... o tempo gasta o ferro com o uso, diz Vieira, que dirá o amor! “O tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto...”.
O segundo remédio, para curar o amor, é a ausência. Ora, se com a proximidade as flechas de Cupido correm o risco de não nos atingirem, que dirá com a distância... “A ausência tem os efeitos da morte: aparta, e depois esfria... tudo esquecido, tudo frieza”. E o fogo que arde sem se ver, com a distância, vira um deserto polar.
O terceiro remédio é ainda muito mais poderoso do que os dois anteriores. O seu poder de ação é quase instantâneo: a ingratidão é mortal para o amor. “Se o tempo tira do amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo”. E o danado é que só os amigos são ingratos. Era por isso que Nelson Rodrigues dizia que “só os inimigos são fiéis”, já que estes nunca serão ingratos e nem nos trairão. Não foi a toa que Cristo se queixava de que semeando grandes benefícios nos corações dos homens, se colhia maiores ingratidões...
Por fim, se o amor foi capaz de resistir até aqui - embora duvido que exista amor que consiga vencer: o tempo, a ausência e a ingratidão-, chegou a vez do mais eficaz de todos os remédios, o que até hoje, ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto, que nada mais é do que conseguir um outro amor. “Dizem que um amor com um outro se paga”, alerta Vieira, “mas o certo é que um amor com um outro se apaga”... as estrelas conseguem brilhar nas trevas, no entanto, numa luz ainda maior que é o Sol, elas desaparecem, deixam de brilhar...
Infelizmente, o mundo está se curando do amor. Hoje, os relacionamentos são pelos celulares e internet, ou seja, ausentes e distantes. E com o passar do tempo serão tão frios que as terminações nervosas, que os unem, ficarão anestesiadas, e “o amor que não é intenso”, adverte Vieira, “não é amor”... Triste humanidade que não consegue debelar um vírus de uma gripe suína, mas que é extremamente “competente” para destruir o vírus do amor...
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
CARTAS A LUCAS
Agora entendo perfeitamente o porquê de Machado de Assis, ter dito: “Não transmiti a ninguém o legado da nossa miséria...”. É claro que o Bruxo do Cosme Velho percebeu que este mundo não era digno das crianças... Agora entendo mais ainda, quando Nietzsche gritou para que todos ouvissem: “Deus está morto!... E nós o matamos. Como podemos nós, os assassinos entre os assassinos nos consolarmos?!”.
Pois é... matamos Deus, quando aceitamos que o dinheiro público, ao invés de ir para os hospitais, fiquem alojados nas cuecas - e agora também nas meias - de centenas de milhares de desonestos engravatados; matamos Deus, quando permitimos que pessoas morram de fome, enquanto essa mesma cambada de desonestos engravatados nos roubam diariamente; matamos Deus, quando deixamos as nossas crianças fora das escolas, pois o dinheiro foi desviado para pagar os mensalinhos e mensalões da vida...
Pois é meu filho, a humanidade - caminhando em passos de formiga e sem vontade-, se dirige, rapidamente, para sua autodestruição. Terremotos, tsunamis, enchentes, etc. etc. tudo isso, é nada mais nada menos do que o universo nos dizendo: “Pare! Reflita! Mude!”.
Veja meu filho, chegamos ao ponto de que ninguém aceita mais uma generosidade. No meu último artigo, em que dei de presente um lenço e um livro (“A arte da guerra”) aos derrotados pelo FLAMENGO, no brasileirão de 2009, sabe o que foi que recebi em troca? Uma enxurrada de e-mails mal criados! Principalmente dos torcedores do Vasco. É isso mesmo, meu filho: quanta ingratidão! Logo eu, que tanto admiro o desprendimento, o desapego e a falta de ambição do time crusmaltino, confesso que fiquei estarrecido com esse comportamento... eu não merecia isso... eu não merecia...
Até e-mails me chamando de louco, recebi. Mas, esquecem estes que me acusam, de que louco, segundo Chesterton, é aquele que perdeu tudo menos a razão. E razão tenho eu, quando ofereço de presente (eu sei: a gentileza neste mundo é um crime também) o livro “A arte da guerra”. Até por que, quando eles nos acusam de termos ganhado devido à ajuda do STJD, dos juízes, dos times do Corinthians e Grêmio, assim o fazem por desconhecerem o que diz Sun Tzu, na página 26: “O chefe habilidoso conquista as tropas inimigas sem luta; toma suas cidades sem submetê-las a cerco; derrota o reinado sem operações de campo muito extensas. Com as forças inatas, disputa o domínio do império e com isso, sem perder um soldado, sua vitória é completa... esse é o método de atacar com estratagemas, de usar a espada embainhada”.
Acusam-nos, por desconhecerem que temos uma arma ‘secreta’, descoberta pelo grande (mas, que poderia ser maior se não tivesse o péssimo gosto de torcer pelo Fluminense) Nelson Rodrigues: “Para o FLAMENGO, a camisa é tudo. Já têm acontecido várias vezes o seguinte: — quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o FLAMENGO não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”.
É meu filho... para viver neste mundo - onde não existe o diabo e sim “homem humano”, como dizia Guimarães Rosa-, é preciso mais do que nunca ter sempre em mente as sábias palavras de Cristo: “Pai, perdoa-os! Pois eles não sabem o que fazem”... e não sabem mesmo, pois se soubessem já teriam mudado de time.
Um grande beijo daquele que te ama muito,
Edilson Pinto
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor
O SHOW DO SECAT É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
SECAT PROMOVE NOITE DE AUTÓGRAFOS
Belíssimo trabalho , digno de todos os aplausos. Os alunos e toda a diretoria, professores e supervisores estão de parabéns. Estiveram presentes ao evento familiares, alunos e diversas representações de artistas locais, poetas, escritores, músicos, etc. Vejam as fotos acima.
domingo, 13 de dezembro de 2009
BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE IV
Dando continuidade as postagens sobre a temática de brinquedos antigos. Trago hoje os carros de lata. Toda criança da década de sessenta e meados de setenta chegou a ter entre seus brinquedos um carro de lata. Praticávamos a reciclagem e nem sequer sabíamos da importância que tinha nossa tarefa de fabricar carros com latas de óleo, de sardinha, roladeiras com latas de leite, telefones com latinhas de leite condensado, etc.
Os carros de lata permancem ainda hoje vivos, mas não como brinquedos do cotidiano das crianças, e sim como peças de arte. Eu nunca fui um grande artesão para fazer esses carros, o máximo que consegui era algo semelhante a foto, o mais simples que poderia existir. Já meu irmão, o Chico Novo, mais velho do que eu, este sim, sabia abrir um lata de óleo ou várias e juntá-las formando um bonito carro de lata.
sábado, 12 de dezembro de 2009
ORQUESTRA SANFÔNICA POTIGUAR
Pela primeira vez a Orquestra Sanfônica Potiguar realizou um ensaio aberto ao público. O evento aconteceu na Praça André de Albuquerque, berço de Natal. Fui lá presenciar. Gostei de tudo que vi. A Orquestra é uma das 20 existentes no Brasil (na Alemanhã há mais de 200).
Ela é formada por músicos das mais variadas faixas etárias e tocam não apenas forró, mais também compositores como Straus, Otoniel Menezes, Carl Orff, Carlos Gomes, etc.
BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE III
Jogo da Onça, é bem provável que ainda seja capaz de nos depararmos com pessoas que jogam num tabuleiro igual a este. Jogo da Onça era constante na minha infância, tanto pela manhã, mas principalmente à noite, quando riscávamos as calçadas, desenhando o tabuleiro para jogarmos. A Pedra maior é a onça, as demais são os cachorros. O jogo tem a lógica de empurar a onça, com os cachorros para dentro do triângulo, que é a forca, onde definitivamente a onça será morta. Jogo simples e no entanto encantador.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
APARÍCIO FERNANDES E SUA FÉ
Embora eu não concorde plenamente com o pensamento do poeta acima, respeito sua filosofia. Assim também como não sou adepto da religião que Aparício Fernandes viveu, mas reconheço que com ela e através dela ele foi melhor do que sem a mesma. Aparício Fernandes acreditava na doutrina Espírita, pregada pelos Kardecistas.
De seu próprio punho assim ele escreveu: "Acredito na teoria das vidas sucessivas e na evolução do espírito através das incursões à matéria"¹. Acreditava fortemente em Deus e no que dependeu dele teve paz com os homens. A morte nunca foi problema para ele, sobre ela ele afirmou: " A morte é a coisa mais importante da vida, porque somente ela é certa e inevitável"².
Eis aqui, mais um pouco sobre Aparício Fernandes. Poeta, escritor, trovador, antologista, pai amável, esposo apaixonado, amigo de ouro e tantas outras qualidades. Breve escreverei sobre ele e sua família.
¹ Obras Completas de Aparício Fernandes, página 97. Campeão Gráfica Editora Ltda. 1983
² Idem, página 61
O ÚLTIMO LIVRO DE LUIS CARLOS GUIMARÃES
Dia 14 de dezembro, às 19 horas, na Livraria Siciliano do Midway Mall, acontecerá o lançamento de um livro de contos escrito por Luis Carlos Guimarães ( In Memoriam) e seu filho Ricardo Luis Lins Guimarães. Quem já conhece as poesias de Luiz Carlos Guimarães sabe da preciosidade que pode aguardar nesta obra. O título do livro é: As Duas Borboletas do Entardecer.
BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE II
Quando criança eu tive a alegria de brincar com o TRATOR DE CARRETEL. Esperava que mamãe me desse um carretel de madeira, quando a linha acabava. Então eu ia em busca do material para fazê-lo. Precisava de dois pedaços de parafina, uma borracha, a metade de um fósforo e com a faca fazia dentes nas laterais do carretel. Estava feito. Dava corta, girando várias vezes o palito preso ao elástico e quando soltava ele enfrentava todos os obstáculos. Que fantasia eu vivi com meu Trator de Carretel.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
PAULO BEZERRA E SUAS NOVAS CARTAS
Se você é daquele leitor que gosta de conhecer coisas do sertão, mais ainda do Sertão do Seridó, então você não pode deixar de ler as obras de Paulo Bezerra. Ele já esreveu três livros sobre esse assunto, e todos no estilo epistolográfico.
Iniciou com Cartas dos Sertões do Seridó, depois veio Outras Cartas dos Sertões do Seridó e agora lançou Novas Cartas dos Sertões do Seridó.
Lê-los é ter a sensação de que estamos montado num cavalo bom de sela, é sentir em cada palavra o sabor de uma umbuzada, o cheiro da vegetação vindo das serras e tantas outras coisas boas que o sertão nos propicia. Mas é também marcar um encontro com a história e a cultura daquela civilização à parte. Aprender sobre o comportamento daquele povo e região. Em suma: indispensável a todos quantos desejarem se aprofundar nas grotas da literatura do Rio Grande do Norte.
BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE I
Na década de setenta, quando eu morava na cidade de Ceará Mirim, havia sempre em frente as grandes casas comerciais, além do próprio mercado público, adolescentes e rapazes com carros de pescoço. Eles serviam para brincar, mas também para ganhar um dinheiro extra, levando as compras que eram feitas nos armazéns até as residências dos clientes. Os carros de pescoço perderam seu espaço para os carros de mão. Lembro-me bem que lá em Tudo Rico existiam vários carros iguais a este para levar as bancas das feiras.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
CONSELHO DE CULTURA FAZ CONFRATERNIZAÇÃO DO FINAL DE ANO
domingo, 6 de dezembro de 2009
O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO
Tem coisas que acontecem na vida que são realmente cômicas e até constrangedoras. O causo que vem a seguir aconteceu naquela época em que Lavoisier Maia era Governador do Estado do Rio Grande do Norte.
A sede do governo era no Palácio Potengi, no centro da cidade. Lá havia um policial militar, corneteiro, com apelido de Maribondo. Cabia a Maribondo anunciar pelo toque marcial da corneta, tando a chegada quanto a saida do governador.
Aconteceu porém, que um dia, Maribondo tomou todas as que podia. Bebeu, farreou e chegou para trabalhar no Palácio Potengi só o projeto de homem. Era uma ressaca braba. Passou a noite ouvindo nos bares a música que mais fazia sucesso naquela época.
Maribondo estava presente apenas em corpo no trabalho. Adormeceu, sua mente vagava em outra dimensão. Fora então subitamente acordado para anunciar com a corneta a chegada do Governador Lavoisier maia que acabara de chegar ao Palácio Potengi.
Levanta-se Maribondo, mais perdido que cachorro quando cai de um caminhão de mudança. E sem ter consciência do que fazer ou que tocar. Leva a corneta aos lábios e toca aquilo que primeiro vem à sua mente: " Ô coisinha tão bonitinha do pai, ô coisinha tão bonitinha do pai..."
Foi uma situação e tanto.
São causos da nossa terra garimpados por Mané Beradeiro.
Fonte: Causos 2001, de Valério Mesquita. Página 47/48
HELICARLA MORAIS LANÇA SEU PRIMEIRO LIVRO
Amanhã, à noite, dentro das festividades culturais que acontecem por ocasião da Festa da Imaculada Conceição, Padroeira de Ceará Mirim, a jovem Helicarla Morais lançará seu primeiro livro, que tem como título: Três Rios dentro de um homem: Nilo Pereira em Imagens do Ceará Mirim.
Nilo Pereira foi um grande escritor nascido no vale do Ceará Mirim, que agora, no próximo dia 11 de dezembro, se vivo fosse, estaria completando 100 anos de nascimento.
QUEM FOI APARÍCIO FERNANDES?
Estreou com o livro SONHO AZUL, publicado em 1961. Ele é natural de Acari-RN, onde nasceu no dia 16 de dezembro de 1934. Filho de José Fernandes de Oliveira e Verônica Fernandes de Oliveira. Aos 6 anos Aparício Fernandes perdeu a mãe. Morava em Macau, cidade da qual seu pai fora prefeito. Toda sua infância e adolescência foi vivida em Macau.
Em 1952 Aparício Fernandes embarca no navio Itahité, às 22 horas do dia 4 de abril, com destino à cidade do Rio de Janeiro. Tinha ele 17 anos. Chega a cidade maravilhosa no dia 10 de abril daquele ano.
Lá, no Rio, Aparício Fernandes desafia a vida, luta, estuda, trabalha e com grande força de vontade vai subindo os degraus da vitória. A experiência de sua vida e tudo quanto ele passou para ver concretizado seus objetivos ele traduz neste pensamento: "A diferença entre um sonhador e um idealista é que este último luta para realizar aquilo que sonhou".
Realmente Aparício Fernandes foi um idealista. Fez muito pela cultura brasileira, divulgou poetas dos quatros cantos do Brasil, cantou que "o livro é luz diferente que nos aclara a razão. Mais vale um livro na mente que uma lanterna na mão". E assim vamos conhecendo Aparício Fernandes, um homem que deixou não somente um legado literário, mais também uma lição de vida para seus familiares e brasileiros.