Pai e filho saíram naquela manhã
para cumprirem um programa que há muito estava marcado, a saber: fazer um
passeio pela parte histórica de Ceará Mirim. Kleber tem oito anos. Seu pai
Arquimedes, com trinta anos, trabalha gerenciando uma usina de Etanol,
principal combustível usado pelos carros.
Há
duzentos anos a gasolina era dominante, agora, em pleno ano de dois mil
duzentos e doze, todas as reservas petrolíferas do planeta acabaram, o que
dinamiza o mundo é o biocombustível, produzido da cana de açúcar, do milho e da
mamona. Ceará Mirim detém no Estado grande parte da produção de Etanol.
Arquimedes
saiu com Kleber, antes, porém, acionou o código de segurança da sua residência,
o msnhause, que automaticamente informa à central de polícia a ausência de
pessoas naquela casa. Todas as residências de Ceará Mirim têm instalado o
msnhause. Com este método e a polícia bem estruturada, o índice de furtos é
praticamente zero.
A
cidade tem trezentos e setenta mil habitantes, mais de cento e cinqüenta
grandes edifícios residências, inúmeras escolas, cinco grandes parques
ecológicos, museus, etc. A segurança, saúde e educação fornecem serviços de
qualidade aos ceará-mirinenses. Aqui não existe miséria, fome, desemprego, as
indústrias absorvem toda a mão de obra local. A cidade é um celeiro de grandes
fábricas.
Voltemos
para nossos companheiros Kleber e Arquimedes, eles estão chegando ao centro
histórico, cujo corredor cultural é formado pelos museus Antunes Pereira, Mercado
Central, Igreja, Parque Memorial da Vida e Usina São Francisco. Primeiro entram
no museu Antunes Pereira, que durante muitos anos funcionou como Prefeitura
Municipal, hoje (2212) guarda a história da administração desta cidade. Ali bem
perto, existe o museu Mercado Central, com vários anexos, dentro do qual há
verdadeiras preciosidades culturais de Ceará Mirim.
Kleber estar ansioso para conhecer o local
onde antes era o cemitério público. Arquimedes lembra-lhe que lá é uma espécie
de templo silencioso, tamanho é o respeito do povo por aquele lugar. Dentro
daqueles velhos muros, do Parque Memorial da Vida, foram sepultados durante
gerações e gerações vários filhos da terra. Até que o governo decretou a
proibição desta prática. Hoje, todas as pessoas mortas são incineradas e as
cinzas entregues à família ou depositadas no Memorial da Vida. Kleber ficou
pensando como seria o ritual de enterrar os mortos. “Como eram os túmulos?
Deviam ter deixado pelo menos um”. Comentou para o pai.
Bem próximo dali fica a Igreja, um prédio
suntuoso, com duas torres, que durante longos anos foi o principal templo desta
cidade. Agora, com a unificação de todas as religiões, a Igreja passou a ser um
centro de estudo do comportamento humano e de pesquisa religiosa. O passeio se
prolongou pelas ruínas da Usina São Francisco, símbolo das atividades
canavieiras, onde também estão guardados os registros sobre os engenhos do
período colonial. Kleber estava encantado com tudo isto. Para encerrar pai e
filho foram conhecer o leito do rio ceará mirim, onde puderam ver as matas
ciliares e até mesmo ver uma amostrada água pura. Arquimedes e Kleber voltaram
para casa. No caminho o filho perguntou:
__Pai, quando vamos visitar o museu têxtil? Tenho
desejo de saber como eram as roupas de tecidos do século XXI.
__Breve filho, muito em breve. Respondeu o pai.
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Obs: Este conto foi pela primeira vez publicado na coluna Vale das Letras, do blog de Edvaldo.