Francisco Martins/Mané Beradeiro
Não quero flores. Nenhuma sequer!
Não quero choro.
Vivi, amei, errei, acertei,
Mas nunca odiei.
Quero um trio formado por uma sanfona, uma zabumba e um
triângulo.
Que homens cantem!
Que Mulheres dancem!
Que haja um bloco e uma caneta ladeando o esquife.
Que sirva para nele ser escrito pequenas frases,
Ou uma só palavra, em lugar das flores.
Serei um morto diferente.
Sem paletó, por favor!
Em minhas mãos ponham uma rapadura,
Pois a vida me foi dura, mas doce!
Sob minha cabeça, depositem meu primeiro livro.
Quero me tornar cinza em meio às palavras.
Deixem meu pó descansar em algum lugar onde haja livros.
Que em minha lápide seja escrita: “ Com os livros vivi. Conheci verdades e fantasias de autores; ri com
eles; com eles chorei, senti dó, piedade, complacência e raiva. Amei.”¹
Parnamirim-RN, 1 de novembro de 2013
¹CASAGRANDE, Osmar. Retalhos.
Palmas: Kelps, 2012. p.83.