quarta-feira, 10 de agosto de 2016
terça-feira, 9 de agosto de 2016
FLIPIPA COMEÇA NESTA QUARTA FEIRA
•Dia 10/08 (quarta-feira) | Pré-abertura
.Assembleia Cultural Itinerante/Tenda dos Autores
19h – Apresentação do Coral Infanto-juvenil do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – Grupo é formado por crianças e jovens assistidos pelo PETI, o coral e orquestra são mantidos pela prefeitura de Tibau do Sul. Desde 2013, jovens praticam suas habilidades artísticas em grupos artísticos tendo a regência do maestro Quefrem Lemuel Mendonça dos Santos. Atualmente tem 24 integrantes entre meninos e meninas, utilizando diversos instrumentos como flauta doce, violino, violão e cajon.
20h - Tema 1: Cultura popular - Militância e tradição: Mestre Pedro Benedito e o Coco de roda
Emblemático tirador de coco da região de Pernambuquinho, Tibau do Sul, Pedro Benedito é também uma das importantes vozes que ecoam os ritmos ancestrais das dunas e tabuleiros da região litorânea. É tirador de cipó e artesão.
21h - Tema 2: “A Sanfona do litoral potiguar”: Com mestre Pio Sanfoneiro | Marcos Lopes
Pio Sanfoneiro - Conhecido como mestre Pio do Acordeão, integra o grupo "Os 3 Iguais", um trio de pé de serra composto pelo mestre Pio, seu filho César e seu irmão Barbosa Neto. Entoam xotes, arrasta-pés e baião de tradição regional.
Marcos Lopes – Agrônomo e apaixonado pela cultura sertaneja, conhecido por ser o criador do Forró da Lua e do Museu do Vaqueiro, ambos na Fazenda Bonfim (São José de Mipibu). O local é referência quando o assunto é cultura sertaneja e já recebeu lendas como Dominguinhos, Marinês, Chiquinha Gonzaga. Estudou acordeão no Conservatório de música e tem como atividade de lazer tocar em feiras, mercados e espaços culturais ao lado de mestres sanfoneiros.
MANÉ BERADEIRO ESTARÁ NA ESCOLA COSTA E SILVA AMANHÃ
Mané Beradeiro, personagem criado e vivido pelo escritor Francisco Martins, apresenta-se amanhã, às 8 h, para os alunos do turno matutino da Escola Municipal Costa e Silva, em Parnamirim-RN. O evento acontece dentro das festividades alusivas a Semana do Estudante, cujo dia é celebrado na quinta feira próxima, 11 de agosto.
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Mané Beradeiro,
Notícia
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
FILOSOFIA DE VIDA - 2ª ESTROFE
ESTA ÁRVORE FOI TESTEMUNHA
DA NOTÍCIA QUE OUVI
(SETEMBRO 1987)
DITA POR UMA MULHER
QUE NO SEIO GERMINOU
A SEMENTE QUE LHE DEI
FRAÇÃO QUE DE MIM FICOU.
O SEGREDO ELA GUARDOU
OS GALHOS ACOLHERAM
O JORNAL NÃO NOTICIOU
ÁRVORE AMIGA A QUEM EU FUI FALAR:
-A CRIANÇA NASCEU! ISRAEL JÁ CHEGOU.
(28 MAIO 1988)
VINTE E SETE ANOS SE FORAM (1988-2016)
E ELA CONTINUA A SABER MUITO DE MIM.
QUEM CONTA ÀS ÁRVORES NÃO CONTA A NINGUÉM.
-
CARAVANA DE ESCRITORES POTIGUARES -EDIÇÃO 2016
Sexta-feira p.p., foi feito o lançamento oficial do projeto Caravana de Escritores Potiguares, edição 2016, uma iniciativa de Thiago Gonzaga, escritor e pesquisador da literatura potiguar. O evento aconteceu no Palácio Potengi, atual Pinacoteca do Estado, com a presença de escritores e convidados. Falaram na tribuna Thiago Gonzaga, a escritora e Acadêmica, Secretária Geral da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Leide Câmara e encerrou os discursos, o escritor e poeta José de Castro, cuja fala está abaixo, na íntegra.
"Boa noite a todos. Quero saudar as autoridades aqui presentes e aos nossos patrocinadores, ao Governo do Estado, à Fundação José Augusto, à representante da Academia Norte-Riograndense de Letras, a pesquisadora e escritora Leide Câmara...E, claro, à COSERN.
E também saúdo o coordenador do Projeto, o escritor e pesquisador Thiago Gonzaga. E também a todos os nossos amigos escritores e escritoras que participam da Caravana, e a todos as amigas e aos amigos convidados aqui presentes nesta noite de festa.
Sinto-me honrado em falar em nome dos que compõem esse grupo de escritores. Somos pessoas que abraçam várias profissões e que escrevem em diversos gêneros, mas temos algo em comum que nos une, que é a força da palavra escrita, o amor aos livros, à leitura e à literatura.
E todos nós temos a consciência de que precisamos trabalhar muito para dar uma contribuição significativa à área da leitura literária em nosso estado.
Segundo dados da pesquisa “Retratos do Brasil”, realizada pelo IBOPE em 2015, por encomenda do Instituto Pró-Livro, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Esse é um dado cruel e o Rio Grande do Norte, infelizmente, não foge muito desse figurino. Daí a importância do trabalho dessa Caravana de Escritores Potiguares, idealizada e coordenada pelo escritor e pesquisador Thiago Gonzaga, ele mesmo um idealista e que conseguiu mobilizar todo esse grupo de escritores desde o ano de 2013.
Desde aquele ano pegamos a estrada e saímos pelos caminhos e descaminhos destas terras potiguares, feito PIPA VOADA, como diria o escritor, teatrólogo e romancista Junior Dalberto. E seguimos pelas estradas, quem sabe “estradas de tijolos amarelos”, pavimentadas nos contos curtos de Thiago Gonzaga.
E levamos conosco alguns VERSOS TEMPORAIS, feito andarilhos expostos ao calor das palavras, cheios de CANTOS E ESPANTOS, como diria a poeta Leocy Saraiva. E temos também o nosso LIVRO DE PALAVRAS e aqui “falo da palavra lavrada entre fatos e feridas./ Falo do canto cantado entre prantos e despedidas/ Falo do falo erguendo estandartes, pulsando arte, /engravidando a vida”, como está registrado nos versos do poeta João Andrade.
E temos consciência de que nossa arte realmente engravida a vida. Pois queremos fazer nascer o novo, e somos muitos dentre ALGUMA PRATA DA CASA e andamos com leveza trilhando o CHÃO DOS SIMPLES, na escrita segura e na crítica abalizada do acadêmico Manoel Onofre Júnior, ele que é uma das nossas maiores referência dentro da Caravana.
Acompanha-nos também a literatura fantástica, não só de Junior Dalberto com seus circos voadores, seus lobisomens, sua galeria de tantas personagens insólitas, mas também a escrita ficcional de Dancley Fernandes, que tem um certo PODER DE VINGANÇA que gera o prazer da leitura em todos os que apreciam viajar na fantasia.
Como nos presenteia também o farmacêutico Damião Gomes, que faz o aviamento de uma receita novelística de como antever o futuro e como se aproveitar disso em O FUTURISTA. E depois, vira um contista de CORAÇÃO DE PEDRA, uma gema lavrada em histórias divertidas, às vezes tragicômicas, mas muito bem contadas.
E ainda na prosa temos A IMAGEM DO CÃO, não do cão chupando manga ao sol do meio dia, mas uma novela do jovem talentoso Guilherme Henrique, com uma história psicológica, que tem lá seus mistérios e seus encantos.
E temos conosco também um cronista. Um cara que gosta de contar “as maiores mentiras do verão” - e olhe que aqui no estado temos longos verões. Enfim, um cronista muito “galado”, como diria o próprio Carlos Fialho... Que também é editor...
Aliás, temos dois editores viajando conosco. O outro é o Cleudivan Jânio, que lançou um livro sobre os selos do Rio Grande do Norte. Tomo a liberdade de fazer uma pequena brincadeira com ele... Certa vez, escrevi num dos meus livros de máximas de humor a seguinte frase: “Nunca fui filatelista. E nem tenho vontade de sê-lo”.
Fialho e Cleudivan, um da Jovens Escritas e o outro da CJA Edições, vêm lançando vários livros dos nossos autores, inclusive alguns livros meus. O que seria de nós escritores se não fossem os editores? E se não tivéssemos também leitores? E se não existissem os poetas?
E se não existissem os diversos tons da poesia? Não os 50 tons de cinza, mas os TONS DE VER-TE e os TONS DE AMAR-ELA? Pois temos o nosso De Cristo com seus poemas mínimos, que dizem tanto! “Nos momentos/ ímpares/ formamos/ um belo par/// Ela gostou/ do meu tempero/ acho que estou/ no cominho certo/// Qual fênix/ ardendo/ tu me chamas/// Ela se foi / levando os móveis/ foi mais cômodo.///... Nesses poemas, o máximo, com um mínimo de palavras.
E ainda temos mais poetas conosco. Não poderia deixar de citar a poeta Drika Duarte com seu livro de poemas “NEGRA ONAWALLE”. Salve Zumbi que “vigia o mato, olha a floresta, / protege o povo/ e o que lhe resta..." Salve “Dandara que comandava o quilombo noite e dia/ E do seu olhar/ soava o grito de alforria...(...) Odó Yiá, minha mãe. Eu sou filha de Iemanjá! ” (...) “E vamos dar as mãos/ e dançar uma ciranda/ no espaço de Aruanda”’... Salve, Drika Duarte!
E todos nós, escritores, editores, leitores damos as nossas mãos e cantamos, inclusive junto com outros autores convidados, que são tantos aqui no Rio Grande do Norte. Poderíamos citar um Clauder Arcanjo, lá de Mossoró, da Sarau das Letras. Um Mané Beradeiro, poeta e contador de causos que é o Francisco Martins, de Parnamirim. Um Marcos Medeiros com sua Formiga Perdida. Um Lívio Oliveira, poeta, que esteve conosco em Acari, assim como o poeta santacruzense Marcos Cavalcanti. Um Aluizio Mathias, editor da Folha Poética. Uma Shirlene Marques, advogada e jornalista, e tantos outros que ainda seguirão conosco... E os que nos apóiam com seus registros e sua alegria, como uma Carla Alves, nossa cerimonialista de hoje e amiga de sempre.
Muitos seguem conosco e tantos outros ainda se juntarão a nós. E seguiremos, aqui e ali, plantando utopias de um estado leitor junto às nossas escolas públicas, junto aos professores e às professoras, junto a alunos, sejam crianças, adolescentes ou jovens. A todos, de todas as idades, levamos o encanto da leitura literária. E desafiamos o perigo das estradas, o risco da noite, mas sabemos sorrir o riso do vento e entoamos o nosso canto ferido de estrelas cadentes riscando o céu.
E plantamos a semente da esperança em cada coração leitor. E abrimos os olhos para a visão de um mundo melhor.
E seguimos a nossa jornada, lado a lado com o leitor, de mãos dadas com vários dedos de prosa e alguns dedos de poesia... Pois sabemos que...
“Por onde passa o poeta
sangra o caminho
de perfumes e espinho.
E ferem os versos
o avesso do mundo.
E desvira
a emoção
e grita a rima
que a alma
se acalma
se espanta
e se aninha
nos braços
do vento.
Sopra a brisa
e avisa:
ainda é tempo
de amar
e de ficar louco,
pelo menos um pouco.
É tempo
de deixar rastros
pelas estradas
cansadas
de pés feridos.
Feito versos,
cadentes estrelas,
riscando o céu.
Por onde passa o poeta
deixa uma seta
e uma encruzilhada,
uma curva, uma reta
onde o coração
decide o rumo
dos seus passos.
E o poeta
afaga os versos
e reinventa
os descaminhos
da jornada
que segue em frente
desnuda, inteiramente
sem destino.
Por onde passa
o poeta
a estrada
se alonga.
Infinita,
jamais se acaba. ** (Poema do livro APENAS PALAVRAS, de José de Castro. Natal: CJA Edições, 2015)
Muito obrigado a todos.
Natal/RN, 05/08/2016"
*José de Castro, jornalista, escritor, poeta, membro da Caravana de Escritores Potiguares.
"Boa noite a todos. Quero saudar as autoridades aqui presentes e aos nossos patrocinadores, ao Governo do Estado, à Fundação José Augusto, à representante da Academia Norte-Riograndense de Letras, a pesquisadora e escritora Leide Câmara...E, claro, à COSERN.
E também saúdo o coordenador do Projeto, o escritor e pesquisador Thiago Gonzaga. E também a todos os nossos amigos escritores e escritoras que participam da Caravana, e a todos as amigas e aos amigos convidados aqui presentes nesta noite de festa.
Sinto-me honrado em falar em nome dos que compõem esse grupo de escritores. Somos pessoas que abraçam várias profissões e que escrevem em diversos gêneros, mas temos algo em comum que nos une, que é a força da palavra escrita, o amor aos livros, à leitura e à literatura.
E todos nós temos a consciência de que precisamos trabalhar muito para dar uma contribuição significativa à área da leitura literária em nosso estado.
Segundo dados da pesquisa “Retratos do Brasil”, realizada pelo IBOPE em 2015, por encomenda do Instituto Pró-Livro, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Esse é um dado cruel e o Rio Grande do Norte, infelizmente, não foge muito desse figurino. Daí a importância do trabalho dessa Caravana de Escritores Potiguares, idealizada e coordenada pelo escritor e pesquisador Thiago Gonzaga, ele mesmo um idealista e que conseguiu mobilizar todo esse grupo de escritores desde o ano de 2013.
Desde aquele ano pegamos a estrada e saímos pelos caminhos e descaminhos destas terras potiguares, feito PIPA VOADA, como diria o escritor, teatrólogo e romancista Junior Dalberto. E seguimos pelas estradas, quem sabe “estradas de tijolos amarelos”, pavimentadas nos contos curtos de Thiago Gonzaga.
E levamos conosco alguns VERSOS TEMPORAIS, feito andarilhos expostos ao calor das palavras, cheios de CANTOS E ESPANTOS, como diria a poeta Leocy Saraiva. E temos também o nosso LIVRO DE PALAVRAS e aqui “falo da palavra lavrada entre fatos e feridas./ Falo do canto cantado entre prantos e despedidas/ Falo do falo erguendo estandartes, pulsando arte, /engravidando a vida”, como está registrado nos versos do poeta João Andrade.
E temos consciência de que nossa arte realmente engravida a vida. Pois queremos fazer nascer o novo, e somos muitos dentre ALGUMA PRATA DA CASA e andamos com leveza trilhando o CHÃO DOS SIMPLES, na escrita segura e na crítica abalizada do acadêmico Manoel Onofre Júnior, ele que é uma das nossas maiores referência dentro da Caravana.
Acompanha-nos também a literatura fantástica, não só de Junior Dalberto com seus circos voadores, seus lobisomens, sua galeria de tantas personagens insólitas, mas também a escrita ficcional de Dancley Fernandes, que tem um certo PODER DE VINGANÇA que gera o prazer da leitura em todos os que apreciam viajar na fantasia.
Como nos presenteia também o farmacêutico Damião Gomes, que faz o aviamento de uma receita novelística de como antever o futuro e como se aproveitar disso em O FUTURISTA. E depois, vira um contista de CORAÇÃO DE PEDRA, uma gema lavrada em histórias divertidas, às vezes tragicômicas, mas muito bem contadas.
E ainda na prosa temos A IMAGEM DO CÃO, não do cão chupando manga ao sol do meio dia, mas uma novela do jovem talentoso Guilherme Henrique, com uma história psicológica, que tem lá seus mistérios e seus encantos.
E temos conosco também um cronista. Um cara que gosta de contar “as maiores mentiras do verão” - e olhe que aqui no estado temos longos verões. Enfim, um cronista muito “galado”, como diria o próprio Carlos Fialho... Que também é editor...
Aliás, temos dois editores viajando conosco. O outro é o Cleudivan Jânio, que lançou um livro sobre os selos do Rio Grande do Norte. Tomo a liberdade de fazer uma pequena brincadeira com ele... Certa vez, escrevi num dos meus livros de máximas de humor a seguinte frase: “Nunca fui filatelista. E nem tenho vontade de sê-lo”.
Fialho e Cleudivan, um da Jovens Escritas e o outro da CJA Edições, vêm lançando vários livros dos nossos autores, inclusive alguns livros meus. O que seria de nós escritores se não fossem os editores? E se não tivéssemos também leitores? E se não existissem os poetas?
E se não existissem os diversos tons da poesia? Não os 50 tons de cinza, mas os TONS DE VER-TE e os TONS DE AMAR-ELA? Pois temos o nosso De Cristo com seus poemas mínimos, que dizem tanto! “Nos momentos/ ímpares/ formamos/ um belo par/// Ela gostou/ do meu tempero/ acho que estou/ no cominho certo/// Qual fênix/ ardendo/ tu me chamas/// Ela se foi / levando os móveis/ foi mais cômodo.///... Nesses poemas, o máximo, com um mínimo de palavras.
E ainda temos mais poetas conosco. Não poderia deixar de citar a poeta Drika Duarte com seu livro de poemas “NEGRA ONAWALLE”. Salve Zumbi que “vigia o mato, olha a floresta, / protege o povo/ e o que lhe resta..." Salve “Dandara que comandava o quilombo noite e dia/ E do seu olhar/ soava o grito de alforria...(...) Odó Yiá, minha mãe. Eu sou filha de Iemanjá! ” (...) “E vamos dar as mãos/ e dançar uma ciranda/ no espaço de Aruanda”’... Salve, Drika Duarte!
E todos nós, escritores, editores, leitores damos as nossas mãos e cantamos, inclusive junto com outros autores convidados, que são tantos aqui no Rio Grande do Norte. Poderíamos citar um Clauder Arcanjo, lá de Mossoró, da Sarau das Letras. Um Mané Beradeiro, poeta e contador de causos que é o Francisco Martins, de Parnamirim. Um Marcos Medeiros com sua Formiga Perdida. Um Lívio Oliveira, poeta, que esteve conosco em Acari, assim como o poeta santacruzense Marcos Cavalcanti. Um Aluizio Mathias, editor da Folha Poética. Uma Shirlene Marques, advogada e jornalista, e tantos outros que ainda seguirão conosco... E os que nos apóiam com seus registros e sua alegria, como uma Carla Alves, nossa cerimonialista de hoje e amiga de sempre.
Muitos seguem conosco e tantos outros ainda se juntarão a nós. E seguiremos, aqui e ali, plantando utopias de um estado leitor junto às nossas escolas públicas, junto aos professores e às professoras, junto a alunos, sejam crianças, adolescentes ou jovens. A todos, de todas as idades, levamos o encanto da leitura literária. E desafiamos o perigo das estradas, o risco da noite, mas sabemos sorrir o riso do vento e entoamos o nosso canto ferido de estrelas cadentes riscando o céu.
E plantamos a semente da esperança em cada coração leitor. E abrimos os olhos para a visão de um mundo melhor.
E seguimos a nossa jornada, lado a lado com o leitor, de mãos dadas com vários dedos de prosa e alguns dedos de poesia... Pois sabemos que...
“Por onde passa o poeta
sangra o caminho
de perfumes e espinho.
E ferem os versos
o avesso do mundo.
E desvira
a emoção
e grita a rima
que a alma
se acalma
se espanta
e se aninha
nos braços
do vento.
Sopra a brisa
e avisa:
ainda é tempo
de amar
e de ficar louco,
pelo menos um pouco.
É tempo
de deixar rastros
pelas estradas
cansadas
de pés feridos.
Feito versos,
cadentes estrelas,
riscando o céu.
Por onde passa o poeta
deixa uma seta
e uma encruzilhada,
uma curva, uma reta
onde o coração
decide o rumo
dos seus passos.
E o poeta
afaga os versos
e reinventa
os descaminhos
da jornada
que segue em frente
desnuda, inteiramente
sem destino.
Por onde passa
o poeta
a estrada
se alonga.
Infinita,
jamais se acaba. ** (Poema do livro APENAS PALAVRAS, de José de Castro. Natal: CJA Edições, 2015)
Muito obrigado a todos.
Natal/RN, 05/08/2016"
*José de Castro, jornalista, escritor, poeta, membro da Caravana de Escritores Potiguares.
CEM ANOS DEPOIS O MAL PERMANECE
Francisco Martins
Os contos
completos de Monteiro Lobato estão presentes em quatro livros: Urupês (1918),
Cidades Mortas (1919), Negrinha (1920) e o Macaco que se fez homem (1923). Ao
todo totalizam sessenta e seis contos. Desse conjunto, quatro celebram
centenário em 2016, são eles: “A Vingança da Peropa”, “Um Suplício Moderno”,
“Pollice Verso” e “O Espião Alemão”. Os três primeiros estão em Urupês e o
último integra Cidades Mortas. Esses não são os contos mais antigos de Lobato,
de todos os que foram datados, há três que já estão nas páginas da literatura
com seus cento e dezesseis anos: Café Café, Cavalinhos e Noite de São João,
escritos em 1900.
O
quê há de tão especial nos contos acima que completam centenário de criação? Nada de extraordinário. Mas, tomei a
iniciativa de enquanto leitor, buscar um viés que interligasse a trama
lobatiana dos três contos com a sociedade do presente século. Será possível? Até quando a literatura permite que isso
aconteça? Afinal, lemos para quê? Alguns dirão: para entretenimento, outros
afirmarão – para buscar conhecimento, e tem os que lêem pela cultura.
Independente
do tipo de leitor que somos, habituais
ou ocasionais, uma coisa é certa, devemos
ter em mente o poder da leitura:
Que ninguém leia por nós para que ninguém seja dono de nossas vidas. Esse
é o valor da leitura. Ler para aprender a nos ler no próprio mundo... uma
pessoa, um país, uma nação é uma forma própria de ler e de se ler (BÉRTOLO)
Seguiremos
então na busca do viés que penso encontrar nos contos centenários, objeto deste
artigo. Primeiramente vejamos “A Vingança da Peroba”, no qual vamos nos deparar com João Nunes, o
pai de José Benedito, apelidado por
Pernambi, com sete anos, a quem o pai já ensinava a tomar pinga. Sua máxima
filosófica era: “Homem que não bebe, não
pita, não tem faca de ponta, não é homem” (LOBATO, p.70). Aqui encontramos
a ponta do viés, inda hoje, um século depois, a sociedade vive mais do que
ontem mergulhada no problema das drogas. Se antes fora o álcool que destruiu tantos
males, hoje, fora das páginas ficcionais está bem presente o craque, a cocaína
e outras drogas que acabam com nossas crianças e jovens.
Saiamos do
conto acima e vamos às páginas de um
outro “Um Suplício Moderno”, nesse, a personagem central é Biriba, um homem,
funcionário público, explorado em todos os sentidos, no salário e nos afazeres.
O próprio narrador do conto diz: “Mundam
de formas as coisas; a essência nunca muda” (LOBATO, p. 83). Fiquei a pensar nos “Biribas” que estão hoje sendo
servidores municipais e estaduais e federais, nos “Biribas” da ativa e
aposentados, que sofrem com a atual crise política e econômica em que vive o
Brasil.
Já no terceiro
conto desta análise, em “Pollice Verso”,
após a leitura percebi que ainda hoje,
em pleno século XXI existem profissionais de saúde fazendo gesto do polegar
virado para baixo, condenando à morte seus pacientes. Apenas um pequeno grupo
vê a medicina como um sacerdócio. Fala mais alto o dinheiro. Sempre haverá
neste meio profissional a figura de Inácio Gama, médico que assim se
comportava: “Inácio não enxergava em
Mendanha o doente, mas uma bolada maior ou menor, conforme a habilidade do seu
jogo” (Ibid., p. 105)
Por fim, no
quarto conto, “O Espião Alemão”, Lobato
inicia o texto falando das guerras e com muita sabedoria exprime: “Homens e
coisas passam, mas guerra fica” e transporta o leitor até um pequeno lugarejo
de cinco mil habitantes, Itaoca, que por sinal se faz presente em diversos
contos da sua obra. Aqui, o escritor nos mostra o quanto é possível com
artimanhas, produzir e trazer à população uma situação perigosa:
A situação é gravíssima, senhores! Itaoca está sobre um
vulcão! Minada de todos os lados, a vida das nossas famílias, a honra das
nossas esposas, as mãozinhas das nossas crianças (sensação) correm o maior dos
riscos! (Id., 2014, p. 312)
Eis
que já se passaram cem anos que foram escritos esses contos, mas a droga, a
exploração do homem em seu trabalho, a inoperante prestação dos serviços públicos e a escassez de pessoas com condutas íntegras dão campo ao
crescimento e existência destes males em nossa sociedade.
Referências:
BÉRTOLO, Constantino. Revista Emília, In: Ler para quê? Fronteiras e horizontes.
Disponível em: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=475.
Visualizada em 25 jul 2015.
LOBATO, Monteiro. Contos
Completos. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014
Marcadores:
Curiosidade literária,
Ensaio.,
Leitura
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
MANOEL RODRIGUES DE MELO SERÁ HOMENAGEADO AMANHÃ PELA ANRL
Integrando as comemorações dos 80 anos da Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras, homenagem ao Acadêmico MANOEL RODRIGUES DE MELO por ocasião dos 20
anos do seu falecimento em Natal- RN do dia 29/03/1996.
Palestra Vida e Obra de Manoel Rodrigues.
A palestra será proferida pelo escritor, jornalista e escritor,
Geraldo Queiroz, estudioso da vida e da obra do Imortal Manoel Rodrigues de Melo.
Participação: Paulo Macedo, jornalista, acadêmico e Vice- presidente da ANRL
Mediador Diva Cunha,Poeta, acadêmica, ocupante da cadeira Nº 30 que tem como fundador Manoel Rodrigues de Melo
Dia 2 agosto (terça-feira)
Local- Academia Norte-Rio-Grandense de Letras– térreo
17h
FRANCISCO FAUSTO ENSAÍSTA E MEMORIALISTA
Francisco
Fausto herdou do avô homônimo o dom de escrever bem, diz Diogenes da Cunha
Lima. Pena que tenha nos deixado tão pouco, sua obra impressa consta de dois
livros: “O vinho negro da paixão” (1998) e “Viva Getúlio – as areais
brancas da memória” (2004).
No
primeiro, o autor trata nos capítulos iniciais
sobre a história da libertação dos escravos em Mossoró, luta que teve seu ápice
em 30 de setembro de 1883, depois segue sua reflexão , sempre fazendo referências
a outros escritores, fruto de suas leituras, sobre o racismo. Sobre isso assim
escreveu o poeta Luíz Carlos Guimarães: “Partindo do viés da situação da sua cidade, em nosso Estado,
chega às suas origens no tempo e no mundo”. O livro tem ilustrações de Dorian Gray e
possui 61 páginas.
No
segundo livro, bem mais extenso, 550 páginas, Francisco Fausto dá-se ao leitor
com a coragem de um filho que pula da mesa aos braços do pai. “Este livro, pois não é a minha vida; não
pretendo escrever autobiografia nem memórias; ele é a minha alma” (MEDEIROS,
2004, p. 19). É bom lembrar que o título do livro é uma lembrança do autor que
em sua infância ouvia o papagaio de dona Ercília, em Areia Branca, gritar “Viva
Getúlio”.
Somente homens extremamente sensíveis têm a
capacidade de abrir a alma, e agindo assim, o escritor Francisco Fausto nos
leva a conhecer a sua infância, juventude e fase adulta. Lê-lo será não apenas conhecer sua vida até
1998, data em que terminou o livro, mas também saber o quanto ele era leitor.
“Viva Getúlio” está repleto de
intertextualidade, com frequência vamos
encontrar textos de poetas e prosadores, esses amigos que habitam as estantes da sua
biblioteca, com quem ele tanto conversava.
Francisco
Fausto foi membro da Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras, sendo o quinto ocupante da cadeira 15, que tem como patrono Pedro
Velho, como fundador Sebastião Fernandes
e na sucessão Antonio Pinto de Medeiros ( eleito e depois renunciou); Eloy de
Souza e Umberto Peregrino. Francisco
Fausto teve sua eleição em 14 de dezembro de 2004, tomou posse em 27 de abril
de 2006. No Conselho Estadual de
Cultura do Rio Grande do Norte tomou
posse em 31 de agosto de 2004 , com mandado até
2010 e foi reconduzido em 24 de agosto daquele ano, em seu segundo
mandato, com prazo final em 24 de agosto do corrente ano.
Partiu o homem
que afirmou: Não, não vivi a vida como ela teria sido: inventei a vida. Ficou
a obra, que tenha alcançado seu desejo: “ Lá, na mansão dos mortos, onde
revendo na serenidade da paz os meus entes mais queridos, espero ver ao lado
deles a face de Deus” (Idem, p. 550)
Francisco
Martins – Natal-RN, 1 de agosto 2016
domingo, 31 de julho de 2016
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