quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - ELEIÇÕES III


Escutei no ônibus o seguinte diálogo:
-Esse ano eu não voto nem a pau. Votar nestes vigaristas, corruptos, nunca mais!
-Eu também. A gente comendo o pão que o diabo amassou e eles comendo na mão, igual a galo de briga, enquanto a gente se acaba igual a pirulito na boca de menino. Voto não.
-Dá a mulesta, mas não voto. Vou rasgar até o meu título.
-E quer saber de uma coisa? Anote aí: Governo, rio cheio e pomba dura só servem pra arrombar a gente.

ASSIM DISSERAM ELAS ...

Não devemos renunciar a nossos momentos de solidão e nem viver o ritmo imposto pelos outros

Agustina Navarro

terça-feira, 6 de setembro de 2016

TRAJETÓRIA

Quando ao mundo cheguei
Não trouxe destino traçado
Mas nem por isso bebi
No copo dos desgraçados
Fui banhado num açude
De beleza rodeado.

Minha mãe, Dona Raimunda
Do meu pai, mulher bonita
Deu-me leite tão sagrado
E de forma tão bendita
Pôs-me fraldas de poesia
Com panos feito de chita.

A terra já consumiu
Quem a vida me gerou
Foi-se o pai e a mãe
Só saudade  que ficou
Fiz do Verbo a certeza
Que nem tudo terminou.

Minha vida é um rio
Leito rico, sim senhor!
Cheio de coisas tão belas
Acredite bom leitor.
Uma delas chega agora
Serei eu merecedor?

Muitas rimas metrificam
Um jumento traz a taça
Uns cordéis vestem a alma
Um macaco me faz graça
Tudo é festa na cultura
O Estado me abraça.

Ao Bardo Universal
Fonte da inspiração
Ofereço a Comenda
De todo  meu coração
Nele vivo e celebro
A mais forte expressão.

Mané Beradeiro
Parnamirim - RN, 6 de setembro 2016

A LÁGRIMA DE ORENY

O meu amigo poeta Oreny Jr teve o coração partido a semana passada com o falecimento do seu papagaio. Foi visitá-lo exatamente no momento em que a criatura estava partindo. Presenciei a cena. Toda a família triste, chorando pelo ato da morte que tragou a vida de uma ave naquele lar, onde durante dezoito anos semeou alegria. Aquela imagem do rosto triste, lavado de lágrimas, ficou na minha mente solicitando um poema. Fi-lo, sem a pretensão de ser grande.

A LÁGRIMA DE ORENY ERA VERDE
COM NUANCES AZUL E AMARELA
EU VI A LÁGRIMA ESCORRENDO
E MOLHANDO TODA A SUA ALMA
QUANDO O POETA CHORA
CAEM ESTRELAS
A LÁGRIMA VERDE PARTIU
SÓ DEUS SABE COMO ORENY RESISTIU

* * *

Dele recebi a linda frase: "...ESTOU À PROCURA DE CHÃO, JÁ QUE AS ASAS ME LEVARAM"


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: HISTÓRIA DA MINHA VIDA PROFISSIONAL



Livro: História da minha vida profissional
Autor: Benedito Vasconcelos Mendes
Gênero: Biografia
Editora:  Sarau das Letras
Ano: 2016 – 1ª edição
Leitura: 2 a 5 de setembro 2016

Quando o salmista Davi escreveu “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10) ele sequer imaginaria que muitos anos depois iria nascer em Sobral-CE, uma criança que viveria para contradizer esta máxima davídica. Benedito Vasconcelos Mendes, cientista, incansável, autoridade internacional quando se trata de saber algo sobre o Semiárido Brasileiro. Escritor, homem que vale por muitas bibliotecas. Sobre ele bem escreveu Antonio Gilberto de Oliveira Jales afirmando que ele fez “da profissão uma missão, do trabalho um prazer, da sua produção uma epopeia. E acima de tudo, um legado deixado para atuais e futuras gerações” (p. 22-23). Hoje (2016) Benedito tem um corpo de 71 anos, macerado sob os orvalhos da Caatinga, guarnecido pela sombra dos Angicos e despertado pelo grasnar do Carcará. Sua alma, não tem idade, é tão forte quanto o sol que clareia o sertão, tão rica quanto os rios escondidos no subsolo deste nordeste sofrido. Se Cascudo ao tomar seu primeiro banho teve como instrumentos o níquel da pataca e o vinho do porto, ouso dizer, que para Benedito Vasconcelos, o espírito foi imerso na biodiversidade do sertão, daí ele escrever: “O sertão faz parte da minha alma, da minha vida emocional. O sertão moldou meus ideais profissionais. Identifico-me muito com as coisas da terra e com o modo de vida do sertanejo”(p.31). A Civilização da Seca tem nele um grande estudioso e pesquisador. O legado que Benedito Vasconcelos  deixa para a humanidade é sem sombra de dúvida incomensurável: livros, bibliotecas, projetos, instituições por onde trabalhou, museus por ele fundados, destacando-se o Museu do Sertão, um acervo que vem crescendo deste 1970, (mantido sempre com o dinheiro proveniente do seu salário de professor e sem cobrar ingresso ao público) hoje com mais de duas mil peças em onze pavilhões e trezentos metros quadrados.  Homenageado com vários títulos e comendas, membro de diversas arcárdias. Tudo isso faz jus a Benedito ser chamado “o sábio do Semiárido”, como bem definiu seu amigo Vingt-Un Rosado. O livro acima nos diz tudo isso e muito mais, revela-nos um escritor que sabe também nortear a sua pena à prosa poética (no capítulo “Um dia de lembranças”). E nele, Benedito Vasconcelos me fez lembrar: “ninguém vive duas vezes  infância, mas ela é revivida sempre e traz as marcas, os cheiros, os gostos, os sons e as cores do passado” (JOSÉ, 2012). E termino dizendo que ele ainda não apresenta sinais de enfado, nem cansaço.

Referência
JOSÉ, Elias. Memória, cultura e literatura – o prazer de ler e recriar o mundo. São Paulo: Paulus, 2012, p.40.

sábado, 3 de setembro de 2016

REVISTA ( VIRTUAL ) KUKUKAYA - UMA EXCELENTE FONTE DE CULTURA


A  Revista Kukukaya, edição virtual do período julho/agosto de 2016, já está disponível no seguinte endereço:Revista Kukukaia, com artigos, ensaios, entrevistas, poemas, contos e crônicas. O escritor Francisco Martins escreveu um artigo sobre contos de Monteiro Lobato que completam centenário de criação em 2016:CEM ANOS DEPOIS O MAL PERMANECE.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CMEI STELLA LOPES RECEBE HOJE MANÉ BERADEIRO


Mané Beradeiro  começa setembro visitando hoje à tarde, às 15h, o Centro Municipal de Educação Infantil Stella Lopes,  na Rua dos Mororos, Conjunto Nova Natal, bairro Lagoa Azul, em Natal. Na ocasião Mané Beradeiro fará uma apresentação cultural para as crianças daquele CMEI,  dando ênfase ao mundo dos livros, com poesias e histórias presentes em contos e crônicas.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

ASSIM DISSERAM ELAS ...

O SEGREDO PARA SE MANTER JOVEM É VIVER HONESTAMENTE, COMER DEVAGAR E MENTIR A IDADE

Lucile Ball

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

CARCARÁ NA CIDADE



Sábado último, dia 27 de agosto, por volta das 14 h eu consegui captar este momento do carcará nas proximidades do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, em Natal-RN. Clique abaixo e ouça a música

Carcará 

domingo, 28 de agosto de 2016

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - ELEIÇÕES II

ESCREVERAM NAQUELE MURO: "NÃO VOTEM NO CORONEL". NO OUTRO DIA ESTAVA ESCRITO EM BAIXO: "NÃO VOTEM NÃO PRA VER O QUE ACONTECE!"

MORAL DA HISTÓRIA: O CORONEL NÃO PERDEU A ELEIÇÃO.


sábado, 27 de agosto de 2016

PÚBLICO APROVOU A TÉCNICA DA HISTÓRIA SENSITIVA

Foram três as sessões que o contador de histórias Francisco Martins realizou na tarde deste sábado, no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, em Natal-RN, com a técnica da história sensitiva. Presente a escritora Jania Souza, autora do livro "Magnólia - a besourinha perfumada".  O evento contou com a grande colaboração das contadoras de histórias que lá estiveram ajudando na manipulação dos elementos da contação.



sexta-feira, 26 de agosto de 2016

FRANCISCO MARTINS VAI AO PARQUE AMANHÃ COM HISTÓRIA SENSITIVA


Na tarde de amanhã, sábado, Francisco Martins atendendo o convite de Josivan Alves se fará presente ao projeto TISTU PENSA VERDE, no Parque da Cidade Dom Nivaldo, em Natal-RN. Pela primeira vez o escritor e contador de histórias fará uma prática de uma história sensitiva, tendo como base o livro "Magnólia - a besourinha perfumada" de Jania Souza.
O que é uma história sensitiva?  É uma forma diferente de contar histórias, na qual o contador aplica uma técnica onde a plateia nada verá, apenas fará uso do tato, do olfato e audição.  A prática acontece com grupo de no máximo dez participantes. As crianças que estarão com os olhos vendados são forçadas a criarem a própria imagem da história, à medida que recebem a leitura dos elementos pelos três sentidos aqui anunciados.

ASSIM DISSERAM ELAS ...

Pedir ajuda não significa que sejamos fracas ou incompetentes. Em geral, indica um avançado nível de honestidade e inteligência.

Laura Cesare

ANDRÉ NEVES FOI CARINHOSAMENTE RECEPCIONADO EM PARNAMIRIM

Quinta-feira última Francisco Martins participou pela manhã do encontro dos professores, mediadores de leitura, da rede municipal de Parnamirim-RN, com o escritor e ilustrador André Neves. Na oportunidade mostrou um pouco da sua arte junto com as Professoras Aracy Gomes e Francisca Dantas, com uma pequena encenação do Boi de Reis.



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A DATA

A primeira vez que a vi foi algo emocionante, único, inesquecível. Eu estava com vinte e um anos, servia o Exército no 16º Batalhão de Infantaria Motorizado , em Natal - RN, a data foi 25 de agosto de 1985.
Naquela manhã o 16º BIMTZº celebraria com festividade o Dia do Soldado. Autoridades convidadas e familiares dos militares estariam presentes, da maior patente ao soldado recruta.
Após o desfile militar, os presentes podiam visitar as instalações do quartel, andar pelas Companhias, conhecer os armamentos expostos, enfim tomar conhecimento sobre o universo em que vivia o soldado da Infantaria.
Naquele dia e também em nenhum outro de 1985 eu recebi visita dos meus familiares. Sentindo-se só, resolvi dá umas voltas pelas outras Companhias, não sabia que aqueles passos me levariam ao encontro da mulher da minha vida.
Sai da área da 1ª Cia de Fuzileiros, a Altaneira, e caminhei à Cia de Apoio, a Soberana.

MARTINS, Francisco. Manuscrito do Amor. Parnamirim, Carolina Cartonera, 2015, p. 5

terça-feira, 23 de agosto de 2016

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - ELEIÇOES I

SE VOCÊ QUISER VER SEU CANDIDATO TRABALHANDO, NÃO VOTE NELE!

ANDRÉ NEVES EM NATAL

BERILO, AQUI E ALÉM

Busco Berilo e o encontro transformado em rosas vermelhas no lugar em que os seus avós já são senhores. Era assim que ele desejava ser enquanto derramava poesia nos cantos, recantos e encantos desta cidade do Natal. Ele está cercado de pessoas queridas. Luís Carlos Guimarães lhe faz provar o fruto maduro de sua poesia. Gilberto Avelino usa um sextante como navegador que é, enquanto apascenta o vento leste. Luís da Câmara Cascudo preside todos os folguedos, cores e alegrias. Os Meses, vestidos como raparigas, novembro à frente, desfilam para lhe ofertar flores, xananas sempre abertas.

A mesma brisa natalina refresca o céu, no passar lento do vento, Berilo existe e resiste, soprando elíseos e carinhos sobre Maria Emília, Henrique, Rômulo, Alexandre e Milena.

Aqui, aos setenta anos de sua presença e vinte e cinco de ausência, os homens continuam a trazer para suas mulheres o suor, o pão quente e o amor. Berilo transformou-se em rua, escola, centro acadêmico, cinema e saudade. Berilo é uma pedra preciosa que se faz luminosa em nossa lembrança.

Difícil imaginar o lírico Berilo Wanderley em pleno exercício como Promotor de Justiça. Seria sempre o direito iluminado pela poesia. Professor, também ensinaria apenas a arte de viver de leve, como os passarinhos. Era “um ser em trânsito” como o definiu Sanderson Negreiros. Nada o satisfazia plenamente. Um cunhado coronel lhe permitia tomar um avião, B-25, para o Rio de Janeiro. Uma vez reclamou que o avião tinha uma goteira...

Gostava de beber no famoso Bar da Mocidade, na Ribeira. Cantarolava “Com que roupa eu vou / para o samba que você me convidou” enquanto buscava o ritmo na caixa de fósforos. Conta-se que Sanderson Negreiros, que nessa época andava com um revólver no cinto, depois de beber muitas, deu tiros contra um armazém comercial gritando: “Morra! Morra o capitalismo!” E Berilo Wanderley: “Nunca mais bebo com você”. Meses depois, convida Sanderson: “Bom, basta, prefiro beber com você dando tiros, do que com os medíocres que não sabem atirar. Bom, basta!” Esta era a expressão que mais gostava, aprendida nas sertanias do Cabugi.

Um conhecido escritor católico vai lançar em Natal um livro com o título Bombom, Chocolate e Ameixa. Berilo anuncia o lançamento na Livraria Universitária, mas comenta: “Bom, basta! Eu pensei que era em uma confeitaria...”

Maria Emília quer vender o carro. Aparece o primeiro comprador e começa a pedir informações, pede para abrir o capô. Berilo responde, pausadamente, sem entusiasmo. Lá para as tantas, segreda ao comprador: “Não compre, não. Este carro mal sai do lugar...”.

Deus costuma recompensar os que têm o hábito da bondade lírica, os que têm a consciência do simples, os que toleram as tristezas procurando sempre estar contente, alegre, feliz. Feliz significa ter amigos e um amor verdadeiro.
Berilo Wanderley foi um contemplativo e via o mundo à sua maneira. É reconhecido inconfundivelmente como um bom poeta e ótimo natalense.


DCL
Referência:
Disponível em: http://diogenesdcl.blogspot.com.br/2016/08/berilo-aqui-e-alem.html. Visualizada em 23 agosto 2016.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

CURIOSIDADES POÉTICO-GRAMATICAIS

Este idioma da gente
é um negócio engraçado,
quem caça com cecidilha
caça cotia e veado,
mas se cassa com dois esses
Senador e Deputado

Quem ama a cacofonia,
diz que a esposa tá bela.
E passa a vida lhe amando,
beijando a boca dela.
Ela morre e ele não acha
Outra mulher como ela

Quem gosta de pleonasmo
fala com todo relaxo:
Diz que vai subir pra cima,
diz que vai descer pra baixo,
fala que Maria fêmea
vai fugir com José macho.

Eufemismo é a figura
que mostra suavidade,
pra não chamar mentiroso,
diz que faltou com a verdade,
ou quem morreu, simplesmente,
viajou pra eternidade.

LIMA, Ronaldo Cunha. Gramática poética. João Pessoa: Gráfica JB, 2003, p.161

domingo, 21 de agosto de 2016

CONVERSA DE CANCELA IX

Dona Raimunda e Do Céu estavam assistindo o jogo de futebol masculino, final da Olimpíada  Rio 2016, Brasil x Alemanha, pela conquista da medalha de ouro. O Brasil estava na frente 1 x 0 no  primeiro tempo, mas, no segundo tempo a Alemanha conseguiu empatar e a partir de então o jogo ficou sendo um teste de nervos. Os jogadores do Brasil davam tudo de si; os alemães também,  não desistiam do sonho de conquistarem a medalha de ouro. Fim do tempo regulamentar 1 x 1. Houve prorrogação, Do Céu com os nervos à flor da pele se despediu de Dona Raimunda e falou:
-Comadre não tenho nervos para aguentar tanto sofrimento, vou pra casa.
Saiu . No caminho encontro-se com Manoel Laranjeiras que perguntou:
-Assistiu o jogo Do Céu?
-Estava vendo, mas não aguentei tanto sofrimento
-O Brasil perdeu de novo para a Alemanha? Perguntou Manoel.
-Estava empate. Houve prorrogação e continuou empate. Eu saí na hora em que eles iam decidir o jogo no PÊNIS.
Manoel Laranjeira fez uma cara de assustado, mas entendeu que seria nos Pênaltis.

21 de agosto 2016