Livro:
História da minha vida profissional
Autor:
Benedito Vasconcelos Mendes
Gênero:
Biografia
Editora: Sarau das Letras
Ano: 2016 –
1ª edição
Leitura: 2 a
5 de setembro 2016
Quando o salmista Davi escreveu “A duração da nossa vida é de setenta
anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é
canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10) ele
sequer imaginaria que muitos anos depois iria nascer em Sobral-CE, uma criança
que viveria para contradizer esta máxima davídica. Benedito Vasconcelos
Mendes, cientista, incansável, autoridade internacional quando se trata de
saber algo sobre o Semiárido Brasileiro. Escritor, homem que vale por muitas
bibliotecas. Sobre ele bem escreveu Antonio Gilberto de Oliveira Jales
afirmando que ele fez “da profissão uma missão, do trabalho um prazer, da sua
produção uma epopeia. E acima de tudo, um legado deixado para atuais e futuras
gerações” (p. 22-23). Hoje (2016) Benedito tem um corpo de 71 anos, macerado
sob os orvalhos da Caatinga, guarnecido pela sombra dos Angicos e despertado
pelo grasnar do Carcará. Sua alma, não tem idade, é tão forte quanto o sol que
clareia o sertão, tão rica quanto os rios escondidos no subsolo deste nordeste
sofrido. Se Cascudo ao tomar seu primeiro banho teve como instrumentos o níquel
da pataca e o vinho do porto, ouso dizer, que para Benedito Vasconcelos, o
espírito foi imerso na biodiversidade do sertão, daí ele escrever: “O sertão
faz parte da minha alma, da minha vida emocional. O sertão moldou meus ideais
profissionais. Identifico-me muito com as coisas da terra e com o modo de vida
do sertanejo”(p.31). A Civilização da Seca tem nele um grande estudioso e
pesquisador. O legado que Benedito Vasconcelos
deixa para a humanidade é sem sombra de dúvida incomensurável: livros,
bibliotecas, projetos, instituições por onde trabalhou, museus por ele
fundados, destacando-se o Museu do Sertão, um acervo que vem crescendo deste
1970, (mantido sempre com o dinheiro proveniente do seu salário de professor e
sem cobrar ingresso ao público) hoje com mais de duas mil peças em onze
pavilhões e trezentos metros quadrados.
Homenageado com vários títulos e comendas, membro de diversas arcárdias.
Tudo isso faz jus a Benedito ser chamado “o sábio do Semiárido”, como bem
definiu seu amigo Vingt-Un Rosado. O livro acima nos diz tudo isso e muito
mais, revela-nos um escritor que sabe também nortear a sua pena à prosa poética (no capítulo “Um dia de lembranças”). E nele, Benedito Vasconcelos me fez
lembrar: “ninguém vive duas vezes
infância, mas ela é revivida sempre e traz as marcas, os cheiros, os
gostos, os sons e as cores do passado” (JOSÉ, 2012). E termino dizendo que ele
ainda não apresenta sinais de enfado, nem cansaço.
Referência
JOSÉ, Elias. Memória, cultura e
literatura – o prazer de ler e recriar o mundo. São Paulo: Paulus, 2012,
p.40.