quinta-feira, 29 de setembro de 2016

MADRUGADA

É madrugada
Há um silêncio lá fora
Somente eu estou em barulho.
Nenhum cão late.
Não há gato pisando no telhado.
E todos os galos não querem mais tecer a madrugada .
De repente ouço tiros
Que perfuram o pano frio da rua.
Sirenes, gritos.
Cães despertam.
Uma vida adormece.
Há barulho lá fora.
Silêncio dentro de mim.

(Francisco Martins - 22 setembro 2016)

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

CONFRARIA DE LEITORES - UM GRUPO PARA QUEM AMA LIVROS E COMPARTILHA

O escritor Francisco Martins esteve na tarde de hoje, dia 28 de setembro, na Escola Municipal Professora Ivarira Paizinho, em Parnamirim-RN, participando da estreia da Confraria de Leitores, uma realização da Professora mediadora de Leitura Valéria Vaz e da Bibliotecária Joseane Paz.
Na oportunidade o escritor fez a contação da história " A Botija das Letras", uma metáfora que objetiva mostrar que nossos valores, nossas riquezas não são aquelas que estão nas coisas materiais, mas sim no espírito e na alma.
Outros formadores se fizeram presentes, tais como professores da própria escola e convidados. O escritor e poeta Geraldo Tavares também esteve conosco, bem como a Professora Aracy Gomes, ambos da equipe de coordenação do projeto Parnamirim - um rio que flui para o mar da leitura. Alunos tiveram oportunidade de compartilhar os livros que leram e qual foi o impacto que eles sentiram no processo da leitura. Parabéns à nova confraria e vida longa a este projeto.


POEMA DO ENVELHECER

Olho-me no espelho,
Não me canso de me olhar.
Aquela que procuro se escondeu.
Onde? Em que lugar?

E o tempo não perguntou a mim
Se eu desejo ou não envelhecer assim.

Fico me olhando sem entender
O porquê das rugas, dos olhos baços,
Dos cabelos brancos e flácidos braços.

E o tempo não perguntou a mim
Se eu desejo ou não envelhecer assim.

Meu olhar é tão triste!
Tudo é triste ao redor de mim.
Ah! se eu pudesse o espelho virar
E do outro lado minha face encontrar!

Mas o tempo não perguntou a mim
Se eu desejo ou não envelhecer assim

Maria Eugênia
Açu - IX - 1991 

Referência: Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras, nº 25, janeiro 1996, página 187.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: CORAÇÃO DE PEDRA




Li  "Coração de Pedra e outras histórias"  de um fôlego só.  Damião Gomes, escritor que escreveu "O Futurista", nos presenteia agora com o gênero de contos.  São doze  histórias que prendem a atenção do leitor. Um bom livro.  Permitam-me ir além da leitura e fazer também minhas observações sobre detalhes que muitas vezes passam desapercebidos de outros leitores. Começo com  "O Amigo da Onça", p 18, 2º parágrafo falta a palavra  lado.  Em "A Velha Dama" Damião Gomes comete ao meu ver um plágio. O conto é praticamente a mesma ideia presente na letra da música Geni e o Zepelin, de Chico Buarque. " O Retorno de Rex"  foi o melhor dos contos.  Fiquei empolgado com o desenvolvimento da história e o drama vivido pela ave. "Coração de Pedra"   nos revela a grande transposição da natureza humana. A vida em nuances de procura. Bem construído, mas aqui a diagramação cometeu um erro de aglutinar  duas palavras tormentasssentimentais ( p. 75, 4º parágrafo). O que se repete também  com turistaspra (p.83, 4º parágrafo), alegroem (idem, 5º parágrafo),  inteiraque (p.106, 1º parágrafo). Vi também duas presenças de pleonasmos, um na p. 101 (saiu  fora do corpo) e o outro na p.106 ( pulou por cima). Faço esses registros por que sei que o livro não ficará apenas nesta primeira edição. Outras virão, e com certeza o escritor Damião Gomes terá o cuidado de consertá-las. Em suma, parabenizo pelo livro, um conjunto de histórias que nos mostra  personagens com problemas e dimensões sentimentais  tão reais quanto  a própria peça que chamamos vida.

POEMA DE DOIDO

Esta casa que me abriga nunca existiu.
Você que ler este poema, existe?
Não há letras. Nada!
O chão é a única existência que me sustenta.
Tudo indago.
As respostas nunca me satisfazem.

(Francisco Martins- Natal- RN, 25 setembro 2016) 

Imagem:  https://www.google.com.br/search?q=DOIDO&biw=1366&bih=659&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjW4bPpwq_PAhXFlZAKHdJACwgQ_AUIBigB#tbm=isch&q=LOUCO&imgrc=S_4B1UBGRGZPCM%3A

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

MOBO MAU - A EVOLUÇÃO DE UM CLÁSSICO INFANTIL

Definitivamente o lobo mau que anda pelas ruas da floresta chamada Brasil, já não tem mais seu foco centralizado em Chapeuzinho Vermelho. Agora, o lobo mau, que para alguns é um cordeiro bom, busca incansavelmente pegar, prender e engolir uma vez por todas a bandeira vermelha. Eita lobo para não gostar da cor púrpura. Dizem que este problema com a tal cor escarlate vem deste a sua infância quando tentou, inutilmente, tirar o gorro vermelho do Saci. Ficou frustrado e desde então, passou a perseguir tudo que tem a cor encarnada. Sua fome maior é por corruptos, sejam eles de quaisquer categoria social ( políticos, empresários, petroleiros, etc).  Pasmem! Até mesmo  a letra da música mudou. Hoje, ele canta assim:

Eu sou o Mobo mau, Mobo mau, Mobo mau
E pego os corruptos pra fazer mingau!
Hoje estou contente, vai haver festança
Tenho bons corruptos pra encher a pança!

Francisco Martins
26 setembro 2016

CURSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA DOM NIVALDO MONTE

Amanhã, dia 27 de setembro, das 7 às 8:40 h, o escritor Francisco Martins estará na Escola Estadual Dom Nivaldo Monte, bairro Emaús- em Parnamirim-RN, dando continuidade ao curso de Produção Textual que vem realizando com os alunos. O curso teve início na terça-feira última  e abrange uma visão global sobre os diversos gêneros textuais, mas  enfoca principalmente o texto dissertativo argumentativo, uma constante nas redações do Enxame Nacional do Ensino Médio - ENEM.
No primeiro encontro os alunos tiveram  uma experiência de história sensitiva, dinâmica que  mostrou o quanto é importante criar a imagem, tendo em vista o que será escrito posteriormente. Nas duas aulas de amanhã, o escritor e professor  Francisco Martins conduzirá os alunos a escreverem um texto sobre criacionismo x evolucionismo,  partindo da leitura da literatura de cordel.




domingo, 25 de setembro de 2016

CAROLINA CARTONERA COLABORA COM AÇÃO PEDAGÓGICA PARA MESTRADO NA UFRN


Professora Gilvânia Machado
A Editora Carolina Cartonera, mantendo-se fiel ao projeto de divulgação da arte cartonera, junto à comunidade escolar, recebeu convite e atendeu a proposta da Professora Gilvânia Machado, que trabalha na Escola Municipal Maria Saraiva, bairro Bela Vista, em Parnamirim-RN. Durante três tardes, o editor Francisco  Martins esteve com os alunos, do 8º ano "A", nos dias 8, 16 e 23 de setembro. A ação atende  uma atividade do mestrado  que faz a Professora Gilvânia Machado, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A Editora Carolina Cartonera deu sua contribuição  ensinando aos alunos o que vem a ser um livro cartonero, quando e onde o movimento teve início, a sua expansão pela América Latina e em outros  continentes. Cada aluno foi motivado a produzir a capa de uma antologia poética que foi organizada pelo Professora Gilvânia Machado, cujos textos serão lidos pelo alunos. Zila Mamede, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade foram os poetas escolhidos para essa antologia.
As primeiras capas para o diário da antologia





O editor faz a costura numa das capas da antologia

sábado, 24 de setembro de 2016

"CRÔNICAS SENSORIAIS" - LIVRO ESTUDADO POR ALUNOS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO

Termino a semana sendo agraciado com uma notícia que todo escritor gosta de receber: o meu livro "Cronicas Sensoriais" foi objeto de estudo na turma  de Língua Portuguesa,  ( 2º Ano "C"), do Ensino Médio, em projeto desenvolvido pela Professora Amália Melo, na Escola Estadual Antonio Pinto de Medeiros,  Conjunto Cidade Satélite, bairro Pitimbu, em Natal-RN. Ao longo da semana fui procurado pela aluna Patrícia Cândido, a primeira ao meu lado, que agendou uma entrevista comigo, realizada na tarde de hoje na Livraria Nobel, em Natal.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

CORAL SAÚDE COM CANTO NO PARQUE DA CIDADE

Uma boa opção para sábado à tarde é ir assistir a peça musical "Filó e Chicó", no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte. Este coral é formado pelo funcionários do Hospital Walfredo Gurgel - Natal-RN. Entrada e estacionamento gratuito.

CARAVANA DOS ESCRITORES EM APODI

A Caravana dos Escritores Potiguares estará quinta-feira próxima, à tarde, no IFRN da cidade de Apodi-RN. Na oportunidade eles falarão sobre suas obras e depois sortearão livros para os alunos e o acervo da biblioteca escolar. O projeto é capitaneado pelo escritor Thiago Gonzaga e tem o incentivo da COSERN através da Lei Câmara Cascudo.

SPVA E IFRN PROMOVEM ENCONTRO SOBRE LITERATURA


domingo, 11 de setembro de 2016

ASSIM DISSERAM ELES....

Certo dia, numa aula, um aluno perguntou: "Padre Monte o que é ser professor?" e ele respondeu:
SER PROFESSOR É DESCER AO NÍVEL DO ALUNO E ELEVÁ-LO AO NÍVEL DO PROFESSOR"


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - ELEIÇÕES III


Escutei no ônibus o seguinte diálogo:
-Esse ano eu não voto nem a pau. Votar nestes vigaristas, corruptos, nunca mais!
-Eu também. A gente comendo o pão que o diabo amassou e eles comendo na mão, igual a galo de briga, enquanto a gente se acaba igual a pirulito na boca de menino. Voto não.
-Dá a mulesta, mas não voto. Vou rasgar até o meu título.
-E quer saber de uma coisa? Anote aí: Governo, rio cheio e pomba dura só servem pra arrombar a gente.

ASSIM DISSERAM ELAS ...

Não devemos renunciar a nossos momentos de solidão e nem viver o ritmo imposto pelos outros

Agustina Navarro

terça-feira, 6 de setembro de 2016

TRAJETÓRIA

Quando ao mundo cheguei
Não trouxe destino traçado
Mas nem por isso bebi
No copo dos desgraçados
Fui banhado num açude
De beleza rodeado.

Minha mãe, Dona Raimunda
Do meu pai, mulher bonita
Deu-me leite tão sagrado
E de forma tão bendita
Pôs-me fraldas de poesia
Com panos feito de chita.

A terra já consumiu
Quem a vida me gerou
Foi-se o pai e a mãe
Só saudade  que ficou
Fiz do Verbo a certeza
Que nem tudo terminou.

Minha vida é um rio
Leito rico, sim senhor!
Cheio de coisas tão belas
Acredite bom leitor.
Uma delas chega agora
Serei eu merecedor?

Muitas rimas metrificam
Um jumento traz a taça
Uns cordéis vestem a alma
Um macaco me faz graça
Tudo é festa na cultura
O Estado me abraça.

Ao Bardo Universal
Fonte da inspiração
Ofereço a Comenda
De todo  meu coração
Nele vivo e celebro
A mais forte expressão.

Mané Beradeiro
Parnamirim - RN, 6 de setembro 2016

A LÁGRIMA DE ORENY

O meu amigo poeta Oreny Jr teve o coração partido a semana passada com o falecimento do seu papagaio. Foi visitá-lo exatamente no momento em que a criatura estava partindo. Presenciei a cena. Toda a família triste, chorando pelo ato da morte que tragou a vida de uma ave naquele lar, onde durante dezoito anos semeou alegria. Aquela imagem do rosto triste, lavado de lágrimas, ficou na minha mente solicitando um poema. Fi-lo, sem a pretensão de ser grande.

A LÁGRIMA DE ORENY ERA VERDE
COM NUANCES AZUL E AMARELA
EU VI A LÁGRIMA ESCORRENDO
E MOLHANDO TODA A SUA ALMA
QUANDO O POETA CHORA
CAEM ESTRELAS
A LÁGRIMA VERDE PARTIU
SÓ DEUS SABE COMO ORENY RESISTIU

* * *

Dele recebi a linda frase: "...ESTOU À PROCURA DE CHÃO, JÁ QUE AS ASAS ME LEVARAM"


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: HISTÓRIA DA MINHA VIDA PROFISSIONAL



Livro: História da minha vida profissional
Autor: Benedito Vasconcelos Mendes
Gênero: Biografia
Editora:  Sarau das Letras
Ano: 2016 – 1ª edição
Leitura: 2 a 5 de setembro 2016

Quando o salmista Davi escreveu “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10) ele sequer imaginaria que muitos anos depois iria nascer em Sobral-CE, uma criança que viveria para contradizer esta máxima davídica. Benedito Vasconcelos Mendes, cientista, incansável, autoridade internacional quando se trata de saber algo sobre o Semiárido Brasileiro. Escritor, homem que vale por muitas bibliotecas. Sobre ele bem escreveu Antonio Gilberto de Oliveira Jales afirmando que ele fez “da profissão uma missão, do trabalho um prazer, da sua produção uma epopeia. E acima de tudo, um legado deixado para atuais e futuras gerações” (p. 22-23). Hoje (2016) Benedito tem um corpo de 71 anos, macerado sob os orvalhos da Caatinga, guarnecido pela sombra dos Angicos e despertado pelo grasnar do Carcará. Sua alma, não tem idade, é tão forte quanto o sol que clareia o sertão, tão rica quanto os rios escondidos no subsolo deste nordeste sofrido. Se Cascudo ao tomar seu primeiro banho teve como instrumentos o níquel da pataca e o vinho do porto, ouso dizer, que para Benedito Vasconcelos, o espírito foi imerso na biodiversidade do sertão, daí ele escrever: “O sertão faz parte da minha alma, da minha vida emocional. O sertão moldou meus ideais profissionais. Identifico-me muito com as coisas da terra e com o modo de vida do sertanejo”(p.31). A Civilização da Seca tem nele um grande estudioso e pesquisador. O legado que Benedito Vasconcelos  deixa para a humanidade é sem sombra de dúvida incomensurável: livros, bibliotecas, projetos, instituições por onde trabalhou, museus por ele fundados, destacando-se o Museu do Sertão, um acervo que vem crescendo deste 1970, (mantido sempre com o dinheiro proveniente do seu salário de professor e sem cobrar ingresso ao público) hoje com mais de duas mil peças em onze pavilhões e trezentos metros quadrados.  Homenageado com vários títulos e comendas, membro de diversas arcárdias. Tudo isso faz jus a Benedito ser chamado “o sábio do Semiárido”, como bem definiu seu amigo Vingt-Un Rosado. O livro acima nos diz tudo isso e muito mais, revela-nos um escritor que sabe também nortear a sua pena à prosa poética (no capítulo “Um dia de lembranças”). E nele, Benedito Vasconcelos me fez lembrar: “ninguém vive duas vezes  infância, mas ela é revivida sempre e traz as marcas, os cheiros, os gostos, os sons e as cores do passado” (JOSÉ, 2012). E termino dizendo que ele ainda não apresenta sinais de enfado, nem cansaço.

Referência
JOSÉ, Elias. Memória, cultura e literatura – o prazer de ler e recriar o mundo. São Paulo: Paulus, 2012, p.40.

sábado, 3 de setembro de 2016

REVISTA ( VIRTUAL ) KUKUKAYA - UMA EXCELENTE FONTE DE CULTURA


A  Revista Kukukaya, edição virtual do período julho/agosto de 2016, já está disponível no seguinte endereço:Revista Kukukaia, com artigos, ensaios, entrevistas, poemas, contos e crônicas. O escritor Francisco Martins escreveu um artigo sobre contos de Monteiro Lobato que completam centenário de criação em 2016:CEM ANOS DEPOIS O MAL PERMANECE.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CMEI STELLA LOPES RECEBE HOJE MANÉ BERADEIRO


Mané Beradeiro  começa setembro visitando hoje à tarde, às 15h, o Centro Municipal de Educação Infantil Stella Lopes,  na Rua dos Mororos, Conjunto Nova Natal, bairro Lagoa Azul, em Natal. Na ocasião Mané Beradeiro fará uma apresentação cultural para as crianças daquele CMEI,  dando ênfase ao mundo dos livros, com poesias e histórias presentes em contos e crônicas.