quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

TRANSFORMAÇÃO



Eu já tive cabelos bem pretos,
Tão escuros quanto a cor do  negro.
Eu era forte, incansável, ágil.
Nada me assustava, nem a tesoura,
Nem os pelourinhos da vida.
Hoje meus cabelos estão grisalhos.
Aparentam charme de Casa Grande,
Fios prateados, pintados com o esforço da vida.
Amanhã, quando atravessar o portal que me leva
Ao campo da terceira idade, eles estarão brancos,
Como flocos de algodão, como a polpa do coco,
Dirão a mim: chegamos até aqui!

Francisco Martins
Parnamirim-RN
23 abril 2016

FOI UMA VEZ



Eu sei que quando acabar vão dizer:
-Era bonito, bom, gostoso!
Eu tenho certeza absoluta que vai ter aquela que exclamará:
-Ah! Se eu soubesse que ia terminar logo. Tinha comido mais e mais.
E, àquelas que não foram audaciosas, hão de  espalhar pelas redes sociais:
-Acabou.  Comeram todo......................................................... o queijo gorgonzola.

Francisco Martins

CONVERSA DE CANCELA XI: UM FALSO DOTE



Era uma tarde de quarta-feira,  ensolarada e quente.  Mané Beradeiro resolveu fazer uma visita ao seu compadre Oreny. Saiu de casa dirigindo sua Rural Willys 1960, conservadíssima, aprumada que só vara de espanador de teto.
                Quando chegou ao seu destino foi logo recebido pelo compadre Oreny, cinquentão, cabelos prateados, homem cheio de causos e com alma de poeta. Oreny é sinônimo de alegria e receptividade.
                -Mas veja só quem veio me visitar? “Paixão” vem cá ver quem chegou!
                E ela veio.  Esposa sorridente, o porto seguro do compadre Oreny.  Deu logo as boas vindas e tratou de oferecer água, mas antes, para refrescar, trouxe um copo de suco de limão siciliano, bem geladinho.
                -Eita que suco bom da mulesta!  Elogiou Mané Beradeiro. E para aperrear perguntou a comadre se ela ainda criava o casal de cururu dentro do pote para comer as larvas do mosquito da dengue.
                -Compadre acabe com essa conversa sem fundo!  Falou, riu, e deixou os dois conversando no alpendre.
                Depois de um bom tempo Oreny  quer saber:
                -Vai vender a Rural quanto?
                 -Nunca! Essa vai se acabar comigo. Não posso me desfazer do que foi dote de casamento.
              -Compreendo. De dote eu também tenho minha história. “Paixão” me enganou quando foi se casar comigo. Dizia que tinha dote: uma fazenda e criação de bichos. Só depois que casei foi que vi: Fazenda? Uma peça de tecido que ela guardava da sua avó. Criação de bichos? Gado nenhum sequer, tudo bicho de pé, que fui tirando com espinho de quixabeira. Mas, não reclamo, sou feliz e rico com a vida dessa mulher no meu coração.
                E a tarde passou, os olhos negros da noite chegaram cedo, como é costume no nordeste, trazendo entre o por do sol e o abóio do vaqueiro, um cheiro irresistível de carne de sol assada na brasa para ser degustada com cuscuz com leite.

08.02.2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

CORDEL PRA LER, PENSAR E APRENDER


O poeta cordelista Mané Beradeiro defende a ideia de quê o folheto de cordel seja um instrumento não somente de leitura, em suas mais variadas nuances : humor, história, romance, política, etc, podendo também ser uma ferramenta que leve o leitor, admirador deste gênero poético, a outras leituras,  outras fontes que estejam  intrínsecas nas estrofes e provoquem o leitor a buscar esses livros para maior aprendizagem da sua cultura.
Agindo assim, o poeta Mané Beradeiro tem  se dedicado a construir cordéis que  estejam comprometidos com esta causa.  Entre os vários folhetos da sua autoria, destacam-se:

1) A Saga da Liberdade - em dois volumes, sendo o 1º A Origem no Brasil e o 2º  O Grito da cor negra, ambos votados para a história da escravidão no Brasil. Nestes folhetos, o poeta tomou como principal referência  o livro " O negro  na luta contra a escravidão", de Luiz Luna ( 2ª edição, Rio de Janeiro: Cátedra de Brasília, 1976).


2)  Salomão -o papagaio conselheiro - é um folheto que está repleto de intertextualidade, provocando o leitor a refletir sobre ecologia, cangaço, história, mitologia grega, folclore.


3) A Maior Separação - cordel  escrito com base em fatos reias - que trata sobre a séria questão da  depressão, dor, perda e morte e traz  como sugestão de leitura "Tudo vira outra história" da escritora Salizete Freire.


4) As plantas das caatingas (umbuzeiro, juazeiro e sabiá)  -  folheto dedicado às três árvores que foram estudadas pelo Dr. Benedito Vasconcelos Mendes - revela a importância delas para o homem nordestino. O cordel teve como fonte o livro homônimo de autoria do cientista Benedito Vasconcelos.


Esses folhetos podem ser comprados diretamente com o autor, através do telefone (084) 9.8719 4534 - whatsApp ou pelo e-mail momentodolivro@hotmail.com. Cada folheto tem o valor de R$ 2,50. Para os professores, o poeta disponibiliza um kit com os cinco folhetos e planos de aulas  sobre cada um deles, neste caso  o valor do kit é de R$ 20,00 .

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

MANÉ BERADEIRO NA JORNADA PEDAGÓGICA DA II DIRED/RN

Mané Beradeiro apresenta-se amanhã, dia 3 de fevereiro, às 13 h, no encontro da jornada pedagógica com os diretores e coordenadores da IIª DIRED, que está acontecendo deste a manhã de hoje, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte/ Parnamirim. Mané Beradeiro contará causos, dirá poemas e também levará suas obras seus folhetos para venda.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

BAIRRO DE SANTOS REIS

8 de janeiro de 1958 - jornal "A República"
O atual bairro de Santos Reis (Natal/RN) era denominado anteriormente de Limpa. Alá foi construída  uma capela para abrigar as imagens dos Reis Magos, primeiramente as réplicas daquelas que se encontravam na Fortaleza dos Reis Magos, e salvo engano, hoje está lá as originais. É um local de devoção aos santos visitadores do Menino Jesus.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A IMAGEM DE UMA IMORTALIDADE

O que vai ficar da imortalidade?  O que é a imortalidade literária? Na foto acima, a partir do canto esquerdo com as mãos na cadeira: Oriano de Almeida, Grácio Barbalho, Alvamar Furtado, João Wilson e Mário Moacir Porto.  Todos membros da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Apenas permanece entre nós João Wilson.

COMENTANDO AS MINHAS LEITURAS: MEMÓRIAS O TIMBÓ: À SOMBRA DA TIMBAÚBA

Livro: Memórias do Timbó: à sombra da Timbaúba
Autora; Maria da Conceição Cruz Spineli
Gênero: Memórias
Editora: Quatro Cores Gráfica Editora - Natal - 2014
Páginas:  164
Leitura: 28 e 29 de janeiro 2017

O que são as nossas memórias? Diria que são os anos diluídos no espaço tempo. Sábado e domingo passados estive lendo "Memórias do Timbó: à sombra da Timbaúba" escrito por Maria da Conceição Cruz Spineli. Com ele, o livro, pude tomar conhecimento da infância e adolescência da confrade Conceição Cruz, que teve como palco os fragmentos do Engenho Timbó, no período compreendido de 1950 a 1960. Narrado na primeira pessoa, o texto está fiel à sua missão, isto é, terce a história pelo olhar infantil da menina-moça que via desabrochar entre a geografia do Vale de Ceará-Mirim, a religiosidade e a tradição católica e as muitas personagens, por ela resgatadas, saindo do filme da sua vida. Os bons livros sem tem algo a nos ensinar.  Com "Memórias do Timbó" não foi diferente, deu-me uma lição de amor à terra e à família. Passados tantos anos daquela infância longínqua, o quê realmente ficou tatuada na alma da menina não foi o valor material, mas sim os momentos de alegria, medo, saudade, tristeza, lembranças,  imagens lúdicas que o dinheiro não compra e ninguém é capaz de extrair da escritora. Foi -se o Timbó, derrubaram a Timbaúba, dorme  Zumba, o fundador do Engenho e seus herdeiros. Paulo da Cruz também já não administra aquelas plagas rurais, entretanto, o universo da escritora vai permanecer por muitos e muitos anos sempre disposto a se revelar a todo e qualquer leitor que queira no século XXI conhecer as histórias de Seu Aquino, o seleiro; ouvir o fole de Seu Tino; ter as lições do Professor Ulisses Campos, temer o olhar de Maria Joana e sentir-se seguro perto de Xorró. Palmas à Conceição Cruz, escriba que soube com letras e sentimentos, tendo à luz de piroca  no aconchego de Ilha Grande, reunir suas memórias para no outro dia, bem cedinho, lavá-las no rio perene, ora tendo nas mãos a caneta, ora usando o velame e o sabão para brilhar mais "o relato telúrico de quem viveu o vale do Ceará-Mirim", como bem escreveu Ciro José Tavares. O trabalho de Conceição Cruz faz parte de uma coleção memorialística na qual se acha também: Oiteiros - Memórias de  uma sinha moça ( Madalena Antunes),  A Rosa Verde (Nilo Pereira) e "Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco chinês" ( Inácio Magalhães de Sena).

sábado, 28 de janeiro de 2017

IFRN e Academia Norte-Rio-Grandense de Letras estudam parceria


O Reitor do IFRN, professor Wyllys Farkatt Tabosa, recebeu na manhã de hoje (25/01/2017) a visita do Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras (ANRL), Diógenes da Cunha Lima. O objetivo da reunião foi discutir a possibilidade de estabelecer um protocolo de parceria entre o Instituto e a entidade, a fim de viabilizar a publicação de obras pela Editora do IFRN.
Também participaram do encontro o Pró-Reitor de Pesquisa, professor Márcio Azevedo e a pesquisadora Leide Câmara, autora da obra “Memória Acadêmica”, um livro-revista que documenta cronologicamente a vida da Academia. “É um precioso repositório sobre riqueza da vida da Instituição, que no ano passado completou 80 anos. É um trabalho que está praticamente pronto para ser publicado, portanto, seria uma ótima maneira de iniciarmos essa parceria”, afirmou o Presidente da ANRL.
Diógenes da Cunha Lima sugeriu ainda a reedição do livro “A Vaquejada Nordestina e Sua Origem”, que traz um estudo completo sobre essa prática intrínseca à etnografia do Nordeste brasileiro. “A vaquejada, assim como o rodeio, foi reconhecida oficialmente como manifestação da cultura nacional e patrimônio cultural imaterial, em novembro do ano passado. Sendo assim, estamos num momento oportuno para republicarmos esse trabalho, tendo em vista que já conseguimos autorização por escrito dos detentores dos direitos autorais”, informou.
O Pró-Reitor de Pesquisa disse que essa parceria tem tudo para dar certo, inclusive com a possibilidade de criação de um selo específico intitulado “Os Notáveis do RN”, voltado para as publicações ligadas à Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. “Dispomos de toda uma estrutura em nossa editora, que estará à disposição a partir da assinatura do protocolo de parceria. Depois disso já poderemos nos reunir novamente para definir um cronograma junto com a nossa equipe”, afirmou.
De acordo com o Reitor do IFRN, a reunião de hoje foi um passo importante para aproximar as duas Instituições. “Esse tipo de parceria é fundamental para que o nosso Instituto cumpra o seu papel de disseminar o conhecimento.  Além de edições impressas, podemos ainda viabilizar publicações no formato digital, uma vez que também dispomos de um repositório institucional desenvolvido com o propósito de armazenar, divulgar e dar acesso a produções intelectuais”, enfatizou na ocasião.

Fonte: Disponível em:http://portal.ifrn.edu.br/campus/reitoria/noticias/ifrn-e-academia-norte-rio-grandense-de-letras-estudam-parceria. Visualizada em 28.01.2017

POEMA QUÍMICO

Francisca Henrique -Secretária de Educação e Cultura de Parnamirim



Quem na vida dirigiu o PH3
Não vai  temer  H2O” turva
Nas escolas da SEMEC
E com certeza  irá por NaCl
Nas relações profissionais.
Que haja O”  em ambas as partes.
E quando o Pb  ameaçar  atingir,
Que sejamos leve  como o “He”.

Francisco Martins
01.01.2017
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

PROPAGANDA ANTIGA

Jornal A República - 1953

COMENTANDO MINHAS LEITURAS : MEMÓRIAS DE UM JORNALISTA DE PROVÍNCIA

Livro: Memórias de um jornalista de província
Autor: Lauro da Escóssia
Gênero: memórias
Editora: do autor
Ano: 2005, 2ª edição
Páginas: 151
Leitura:26 e 27 de janeiro 2017

Durante dois dias estive conversando, ou melhor ouvindo o jornalista Lauro da Escóssia, homem que viveu 83 anos e soube como um bom jornalista conservar anotações e compartilhar conosco. Ler suas memórias foi como entrar no túnel do tempo e fazer uma viagem a Mossoró de antigamente. Aprendi tantas coisas boas, algumas hilárias, outras tristes, assim com o é a vida em seus altos e baixos. Sempre serei fã daqueles que contam histórias, e Lauro fez isso com muita arte, prendeu-me a atenção em todas as páginas. Ele escrevia e eu montava a cena. Quanta riqueza de personagens, lugares, pormenores, etc. Um homem espetacular. Um livro que deveria ser lido por todos aqueles que querem conhecer a história de Mossoró-RN.