O poeta se faz de instantes da inspiração. Comigo aconteceu na madrugada desta segunda feira, 1 h e eu deitado sem sono algum. Foi chegando a ideia de fazer um cordel, as cenas apareciam em minha mente, as palavras dançavam, davam-se as mãos na tentativa de formarem versos, que se abraçavam em estrofes. Sabia que quando isso acontece é inegável desconsiderá-la, é uma dádiva de Deus. Ergui, tomei um copo d'água, fui à mesa e comecei a escrever. O silêncio da madrugada, uma chuva fina, um vento que ninava as folhas do cajueiro e bem próximo de mim um texto com mais de dois mil anos de existência, Mateus 4: 1-11, que trata sobre a tentação de Jesus. Li e como poeta fui buscar a licença de transportar parte daquela mensagem para meu cordel, começava nesta madrugada o trabalho de parto de mais um cordel, às 3 horas tinha produzido 18 estrofes em sextilhas. Fui dormir, acordei às 6 h e somente à noite, por volta das 19 h retornei a escrever. Por volta das 20:40 h nascia "Jesus e o Diabo no Rio Grande do Norte".
Algumas estrofes do cordel
Estava lendo
a Bíblia
Me
empolgando com Jesus
Que
enfrentava o Diabo
Para
vencê-lo na cruz
Quando
fiquei sonolento
Logo apaguei a luz.
...
Subiu
enxofre queimado
Derreteu
minhas esporas
Eu pensei: é o “Capeta”!
Só num me
caguei na hora
Porque um
anjo divino
Me socorreu
sem demora.
...
Eu pensei
nos que se foram
Em todos os meus parentes
Sozinho
naquela gruta
Um calor sem
procedente
Não entendia
de nada
Mas
permanecei temente.
...
Jesus estava
orando
“Coisa Ruim”
apareceu
E foi
logo aregando
Cutucando o
hebreu
Mostrando
que tinha muque
Pra tudo que
é judeu.
...
Levou Ele
para Lajes
No Pico do
Cabugi
Prometeu dar-lhe de tudo:
Rede, pote,
juriti
E como Jesus
não quis
Nunca mais
choveu ali.