Lançamento do edital 28 de janeiro 2019
Inscrições 29 de janeiro a 13 de fevereiro 2019.
Francisco Martins |
Manoel Rodrigues |
A Revista nº 1 da ANRL |
Manoel Onofre Jr e Francisco Martins |
Magno, os livros e eu |
Rangel lendo a Barca de Gleyre |
Benedito Vasconcelos Mendes
A carnaubeira (Copernicia prunifera) é uma palmeira nativa do Nordeste brasileiro que ocorre em grandes concentrações nas margens dos rios intermitentes do Ceará (Rios Acaraú, Curu e Jaguaribe) e Rio Grande do Norte (Rios Piranhas/Assú e Apodi/ Mossoró) e nas planícies dos grandes vales do Estado do Piauí, principalmente nas proximidades do Rio Parnaíba. As folhas da carnaubeira são revestidas por uma fina camada de cera, que as protege da transpiração excessiva. Esta cera é extraída na forma de pó cerífero que é depois processado para a formação da cera. O Brasil é o único país do mundo que produz cera de carnaúba, pois esta planta foi levada para outros países tropicais, onde se desenvolveu bem, ficou frondosa, mas não produziu cera em suas folhas. As condições climáticas da região semiárida nordestina são determinantes para que ela produza cera.
A Fazenda Aracati tinha um pequeno carnaubal, parte de carnaubeiras nativas, nas margens aluviais do Rio Aracatiaçu, e uma pequena área com carnaubeiras plantadas por meu avô, atrás da casa grande. Todos os anos, meu avô arrendava o carnaubal ao seu compadre Chico Rufino, mas em alguns anos, em vez de arrendar, ele produzia o pó de carnaúba (pó cerífero) e depois o beneficiava na “Casa de Beneficiamento de Cera de Carnaúba”, do Seu Chico Rufino, na cidade de Miraíma. Era uma agroindústria primitiva, porém bem equipada, com caldeirões de ferro fundido para cozinhar a cera e uma gigantesca prensa de madeira (feita de miolo de aroeira) para retirar o excesso de água da cera. O processo de extração do pó cerífero se iniciava com o corte das palhas das carnaubeiras, com uma pequena foice bem amolada, suportada por uma longa vara de até 9 metros de comprimento. O cortador de palhas (vareiro) ia derrubando as folhas maduras de cor verde e abertas e as folhas novas, fechadas (folhas do olho). O juntador de palhas cortava com um facão o talo espinhento no tronco da folha, separava as folhas abertas das folhas do olho, fazia, com embira da palha do olho, os feixes de 25 palhas e atrelava os mesmos nas cangalhas dos jumentos, que transportavam os feixes de palha para o palheiro, onde eram secas, estendidas no chão forrado com bagaço de palhas velhas, cortadas em anos anteriores. A distribuição das palhas no chão do palheiro era feita por setores, de um lado colocava-se as palhas do olho e do outro as palhas abertas. A secagem ocorria em 9 dias, sendo que de 3 em 3 dias virava-se as palhas para melhor receber o sol e secarem uniformemente. Depois de secas, as palhas iam ser riscadas e batidas, para extrair o pó cerífero, em um pequeno quarto todo fechado, com piso de cimento queimado e teto com forro de tábuas. As palhas secas eram riscadas e batidas sobre um grande lençol de tecido (algodãozinho), que recebia o pó que se desprendia das palhas secas riscadas e depois era ensacado em sacos de tecido, que tinham sido usados para acondicionar massa de trigo ou açúcar. O pó extraído das folhas jovens (folhas do olho) é branco e produz a cera Tipo A (cera de primeira), mais valorizada e de cor amarela, enquanto o pó cerífero tirado das folhas abertas, mais velhas, é escuro e vai originar um tipo de cera menos valorizada, de cor parda (cera Tipo B ou cera de segunda). Meu avô mandava o pó de carnaúba produzido na Fazenda Aracati, em lombos de burros, para a cidade de Miraíma, a 25 quilômetros de distância, para ser transformado em cera de carnaúba, na unidade de beneficiamento de cera de seu compadre Chico Rufino. Lá, o pó cerífero era misturado com água limpa e cozinhado (fervido), depois prensado para retirar a água. A cera resultante era classificada, pesada, armazenada e depois vendida em Sobral, na Casa Quirino Rodrigues & Filhos.
O riscador de palha seca era um tipo de pente com dentes de ferro pontiagudos virados para cima, fixos em um cepo de madeira. O operador batia a palha seca sobre ele e puxava-a para riscar (abrir) e provocar o desprendimento do pó, que caía sobre o lençol.
O Beneficiamento do pó cerífero consistia em cozinhar o pó em grandes caldeirões de ferro fundido, semelhantes aos caldeirões usados nos engenhos de cana-de-açúcar, para a fabricação de rapadura. Quando se ia cozinhar o pó de carnaúba, colocava-se água limpa e não salobra, que ao ferver deixava a sujeira boiar na espuma, que era facilmente retirada do caldeirão e descartada. O pó derretido era levado para a grande prensa de madeira, onde era prensado para retirar o excesso de umidade. A cera, ao esfriar, se solidifica. O pó cerífero branco, retirado das palhas do olho (folhas em cartucho) era processado separadamente do pó extraído das folhas maduras (folhas abertas). A cera de carnaúba, por ser extremamente dura, possuir elevado ponto de fusão (em torno de 83 a 85 graus centígrados) e ser de difícil dissolução, em temperatura ambiente, é considerada a “Rainha das Ceras”. Quase toda a cera produzida no Brasil é exportada na forma bruta, não industrializada. Ela é utilizada no mundo inteiro por diversos segmentos industriais, como na indústria cosmética, farmacêutica, alimentícia, eletrônica (chips e transistores), na fabricação de impermeabilizantes, esmaltes, vernizes, lubrificantes, isolantes e por muitos outros setores industriais.
Além da cera, a palha da carnaubeira é matéria prima para a produção de vários outros produtos artesanais, como chapéu, vassoura, esteira, uru, surrão, bolsa e corda. A palha também era empregada para cobrir casa de taipa. A cera e o chapéu de palha de carnaúba foram dois produtos de exportação, de grande importância econômica para os Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. A estirpe era utilizada para a confecção de linhas, caibros, ripas e bancos. A estirpe aberta e escavada era largamente utilizada como calha, para escoar água de chuvas de telhados. Os frutos são comestíveis e as raÍzes medicinais.
De 5 a 9 de novembro, no TECESOL, no conjunto Pirangi, em Natal, a Oficina de teatro "O ator em cena", das 19 às 22h, ministrada por Rogério Ferraz.
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Dias 15 a 18 de novembro, a ExpoCristã, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.
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Dias 17 e 18 de novembro, o Congresso Educacional Expoeduc RN, no Holliday Inn, em Natal, com a participação de Bráulio Besa, Isaque Folha, Caio Lê Blanco e Dr. Rodeando Klinjey.
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De 22 a 24 de novembro, o Fest Gourmet, em Natal, no terminal de passageiros do Porto de Natal, das 18 às 0h. Evento gastronômico com a participação de 12 restaurantes e terá seminário de gastronomia.
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Dias 24 e 25 de novembro, o 15° Festival Dosol, na Via Costeira, em Natal, com 54 atrações musicais.
É preciso ter paciência para ver os frutos brotarem. Às vezes os projetos não dão certo como planejamos. Tudo tem seu tempo, sua hora, seu momento. Há uma força que sabe quando deve emergir. Ela trabalha silenciosamente no interior preparando o qua vai ser flor, flor que dará fruto, fruto que nos trará prazer. Vivi isso recentemente com a minha jabuticabeira. Ao comprá-la o vendedor garantiu que aos dois anos de idade estaria frutificando. Não aconteceu.
Dediquei-me a ela, e, à semelhança de Zezé, também tive diálogos sobre nós. Falei das minhas confidências. Disse o quanto ela é importante para mim. Não sei bem até onde isso foi transformador, o que posso assegurar é que a jabuticabeira deixou de ser menina e passou a viver seus ciclos férteis. Li para ela o poema "Menina e Moça" de Machado de Assis, dando ênfase a estas duas estrofes:
Está naquela idade inquieta e duvidosa
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entre aberto o botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina, e um pouco de mulher.
...
É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!
Francisco Martins
4 de novembro 2018
Ela chegou lá em casa com um grave problema, estava precisando urgentemente ser cirugiada, não aguentaria viver daquele jeito. Confesso que tive dó. Eu a vi menina e agora, moça, com a possibilidade de morrer tão jovem. Seus olhos suplicaram que eu tivesse a iniciativa de fazer algo, não teríamos muito tempo. Vi- me entre a cruz e a espada, numa situação que exigia de mim força e determinação. Entre salvar aquela vida, mesmo com o risco de ser processado por exercer um ofício para o qual não tinha sido formado ou vê -la morrer dentro da minha casa, em minhas mãos, não hesitei em optar pela primeira. Se tudo desse errado eu seria conhecido como o homem que matou uma jovem muito conhecida, se tudo ocorresse certo, eu não ganharia nenhuma fama, mas poderia contar com a certeza de que ela ainda alegraria muita gente.
Pensei rápido e disse para mim mesmo: não a deixarei morrer. Farei tudo que estiver ao meu alcance.
E preparei-me para a luta. Deitei-a sobre a mesa e sem aplicar anestesia comecei a cortar sua coluna. Foi doloroso, mas preciso. A agulha perfurou-lhe as carnes, foi no mais profundo do seu corpo. Ela desmaiou de dor. Tive que agir rápido. Sentia uma fé que gritava: tudo dará certo. Avante!
O relógio corria, o tempo não era aliado daquela causa, e minutos depois, que me pareceram uma eternidade, finalmente eu tinha feito tudo que podia para salvar.
Tire suas próprias conclusões vendo as imagens da cirurgia.
Francisco Martins
02 de novembro 2018