Shalon Adonai!
Moro na cidade santa,
A Jerusalém histórica
Onde bate meu coração.
Sou judeu, trabalhador,
Com as mãos eu sovo a massa
E é ela meu ganha-pão.
Sou padeiro de profissão.
Trabalho de madrugada,
Junto ao forno, com calor,
Mas permitam-me relatar
Algo sobrenatural
Que aconteceu comigo
E mexeu com meu fervor.
Era o tempo da Páscoa
A cidade estava cheia
Muitos pães encomendados
Tinha eu para fazer
Quando chegou uma mulher
E pediu um pão maior.
“Esse pão” – falou ela – “vai às mãos de um santo”.
Os meus pães são poemas
Que escrevo com o trigo,
Ponho água e ponho sal,
Come-se sem correr perigo.
E eu fui fazer o pão.
Nunca, em toda minha profissão,
Vi um fato como aquele.
Ao sovar o pão da ceia.
Cada vez que eu batia
O meu coração doía,
Via sangue na bacia.
Eu pensei que estava louco!
Como pode isso ser?
O pão em minhas mãos
Gemia, sangrava e eu sem saber o porquê.
Troquei pra outra bacia
E fui terminar o pão.
Ouvi vozes de soldados, gritos de multidão
Quando vi na massa abrir, sulcos de chicoteação.
Eu caí naquele chão e supliquei ao meu Senhor:
Que se passa? O que é isso?
Foi aí que apareceu um anjo na oração
A resposta estava dada. Entendi forte visão.
Eu fui por Ele escolhido pra sovar aquele pão,
Símbolo do sacrifício, do corpo todo moído,
Servido na crucificação.
O pão feito por mim, por Jesus foi abençoado,
Por Ele mesmo rasgado e dado aos seguidores.
Dele comeu os Apóstolos, um por um recebeu
E eu, de longe vi o Pão Vivo descido do Céu.
Francisco Martins
Parnamirim-RN – 05 de junho de 2020