terça-feira, 21 de setembro de 2021

UM JORNALISTA COLOSSAL - PARTE II

 Nesta segunda postagem vamos encontrar Murilo Melo Filho  escrevendo suas reportagens sobre o mundo político.  Através dos seus escritos podemos conhecer e compreender melhor a História (Política) do Brasil.  Veremos o jovem repórter  em contato com  homens importantes deste país  e com homens  do exterior. Só a título de curiosidade listo algumas personalidades:   Juscelino Kubistchek,  Café Filho,  Dom Helder Câmara, Jânio Quadros,  João Goulart, General Lott, Magalhães Pinto,  Tancredo Neves,  Eisenhower,  Kennedy,  Foster Dulles,  Fidel Castro, Che Guevara, Arturo Frondizi, etc

Firma-se cada vez mais, Murilo Melo Filho no campo do jornalismo político.  Ele era bem  consciente sobre a natureza do homem político, seu material de trabalho. Por isso afirmou com tanta convicção:

 “O repórter político é o jornalista em contato com o homem animal, dentro da mais fiel definição aristotélica: prescruta-lhe as intenções, tem, não raro, de adivinhar-lhe os pensamentos, compreender-lhe as manobras, para, no fim das marchas e contra-marchas, vaivéns e flutuações do ambiente político, conseguir filtrar alguma coisa de interesse para o leitor. Pois esta é a grande tarefa do repórter político: informar apenas – mas bem informar.”

                Os olhos de Murilo Melo Filho presenciaram fatos históricos, confirme você mesmo lendo os títulos das matérias assinadas por ele. Veja a listagem abaixo. 

 Melhor programa de entrevistas políticas na  TV Rio


1.       A guerra bate às portas da ONU – edição 328 – 2 agosto 1958 (nota: guerra do Líbabo)

2.       Jânio dá um salto grande no Paraná – edição 328 – 2 agosto 1958 (nota: inauguração da Usina  de Salto Grande e o lançamento de Jânio Quadros para Deputado Federal)

3.       Um americano intranquilo – edição 329 -  9 agosto 1958 (nota: entrevista com Foster Dulles, em Washignton – EUA)

4.       Ike frente a frente – edição 331 – 23 agosto 1958 (nota: entrevista com Eisenhower, Presidente dos EUA)

5.       Que é Democracia cristã? – edição 333 -  6 setembro 1958

6.       Pilha da corrupção abafa o País – edição 334 – 13 setembro 1958

7.       PSD: Partido de Caciques – edição 335 – 20 setembro 1958

8.        Juarez em retiro napoleônico – edição 336 – 27 setembro 1958 (nota: entrevista com o General Juarez Távora)

9.        PTB é igual a massa menos doutrina – edição 337 – 4 outubro 1958

10.   A sucessão presidencial – edição 337 – 4 outubro 1958

11.   Prestes é agora apenas um homem na multidão – edição 338 – 11 outubro 1958 (nota: Luiz Carlos Prestes)

12.   Jânio eleito candidato a presidente - Edição 339 – 16 outubro 1958   

13.   Carvalho Pinto: planos na roça – edição 340 – 25 outubro 1958

14.   Reunimos espírito de aventura à técnica moderna – edição 343 – 15 novembro 1958 (nota Escola Técnica do Exército)

15.   Recauchutar o cruzeiro é a meta de Lucas Lopes – edição 343 – 15 novembro 1958

16.   Anjos rebeldes contra Lott – edição 344 – 22 novembro 1958

17.   Brasília demonstra que o impossível acontece -  edição 345 -  29 novembro 1958

18.   Jânio vem aí – edição 345 – 29 novembro 1958

19.   Dois modos de honrar uma bandeira só – edição 346 – 6 dezembro 1958 (nota: 1sobre 19 de novembro – Dia da Bandeira)

20.   O velho palácio vai ter um novo escrete   - edição 347 -13 dezembro 1958 (nota: renovação na Câmara dos Deputados)

21.    Um velho marechal entre a esperança e a saudade – edição 348 – 20 dezembro 1958 (nota: Eurico Gaspar Dutra)

22.   Juraci, povo e família – edição 351 – 19 janeiro 1959 (nota: Tenente Juraci, político)

23.   O galo branco da OPA – edição 352 - 17 janeiro 1959 (nota:  Operação Pan-Americana, Augusto Frederico Schmidt)

24.   Uma vida de ponteiros certos – edição 353 – 24 janeiro 1959 (nota: Magalhães Pinto)

25.   Terra, mar e ar, nas metas de JK – edição 355 – 7 fevereiro 1959

26.   O PTB novamente em marcha: Para onde? -  Edição 356 – 14 fevereiro 1959

27.   A vida  de João Café Filho antes e depois da janela - edição 358- 28 fevereiro 1959

28.   Dom Helder no paralelo 50 – edição 360 - 14 março 1959

29.   Peron não voltará – edição 361 – 21 março 1959 (nota: entrevista com Arturo Frondizi, Presidente da Argentina)

30.   Um moço do outro lado – edição 362 – 28 março 1959 (nota: Roberto Silveira, Governador do Rio de Janeiro)

31.   JK na Argentina: Panorama visto do quarto – edição 363 – 4 abril 1959

32.   Diplomacia para conter os preços – edição 364 – 11 abril 1959 (nota: Ministro José Sette Câmara)

33.   Passarela da Câmara tem novos manequins – edição 364 – 11 abril 1959 (170 novos Deputados na Câmara Federal)

34.   “Sou um homem da classe média”  - edição 365 – 18 abril 1959 (nota: San Diego Dantas, PTB-Minas Gerais)

35.   Kubistchek enfrenta um arroz amargo – edição 366 – 25 abril 1959

36.   Lott é o candidato ideal – edição 367 – 2 maio 1959

37.   Uma rua  chamada Broadway– edição 368 – 9 maio 1959

38.   PSD ficará no Catete – edição 368 – 9 maio 1959

39.   Aranha candidato potencial – edição  371 – 30 maio 1959 (nota: Osvaldo Aranha)

40.   Reforma Agrária – edição 372 – 6 junho 1959 (nota: entrevista com Carlos Alberto de Carvalho Pinto)

41.   Candidato posto, líder deposto – edição 375 – 27 junho 1959 (nota: Ferrari e Jango, PTB)

42.   Missão em Moscou – edição 375 – 27 junho 1959 (nota: Embaixador Hugo Gouthier)

43.   A última palavra de Jânio – edição  376 - 4 julho 1959

44.   Batalha do Petróleo – edição 376 – 4 julho 1959

45.   “Sou nacionalista e dos melhores” – edição 377 – 11 julho 1959 (nota: Jânio Quadros)

46.    Corrida para Vice – edição 379 – 25 julho 1959 (nota: Os possíveis candidatos a Vice-Presidente do Brasil)

47.   O Brasil  nos Raios-X– edição 380 – 1 agosto 1959 (nota: Conselho Nacional de Economia)

48.   Entre Jango e Lott o PSD – edição 380 – 1 agosto 1959

49.   Quem depois de Ike? – edição 383 – 22 agosto 1959 (nota: política americana, sucessão de Eisenhower)

50.   Entrevista com IKE - Murilo Melo Filho na Casa Branca – edição 385 – 5 setembro 1959 (nota: Presidente Eisenhower)

           51.   O que é e como funciona a Frente Nacionalista? – edição 385 – 5 setembro 1959

           52.   O que é e como funciona a oposição? – edição 386 – 12 setembro 1959 

53.   Escola Superior de Guerra, lição de unidade nacional – edição 387 – 19 setembro 1959 

54.   Jânio de volta – edição 387 – 19 setembro 1959 

55.   Lott no muro das lamentações – edição 388 -  26 setembro 1959 

56.   O Governo dá as costas ao golpe – edição 388 – 26 setembro 1959 

57.   Jânio: cheguei para vencer – edição 389 – 3 outubro 1959 

58.   Pinay traz lições e negócios – edição 389 – 3 outubro 1959 (nota: Antoine Pinay, Ministro das Finanças e Assuntos Econômicos da França) 

59.   Falcão, “Premier” de JK – edição 390 – 10 outubro 1959 

60.   Jânio em casa – edição 390 – 10 outubro 1959 

61.   Jânio invade a área do poder – edição 392 – 24 outubro 1959 

62.   O Brasil não pode esperar – edição 393 – 31 outubro 1959 (nota Jânio Quadros) 

63.   No abraços dos chefes e no delírio das galerias, o entusiasmo da UDN – edição 396 – 21 novembro 1959 

64.   Leandro: um homem sério em campanha de seriedade – edição 397 – 28 novembro 1959 

65.   Lott nacionalista: capital estrangeiro sugou  U$$ 800 milhões – edição 398 – 5 dezembro 1959 

66.   Jânio desce, Lott sobe – edição 399 – 12 dezembro 1959 

67.   Novas eleições, novo governo, nova capital – edição 404 – 16 janeiro 1960 

68.   O lado humano da operação mudança – edição 405 – 23 janeiro 1960 (nota: sobre a transferência da Capital Brasileira) 

69.   Três candidatos nos Raios X – edição 406 – 30 janeiro 1960 (nota: Ademar, Jânio e Lott) 

70.   Ferrari, o candidato da rua – edição 407 – 6 fevereiro 1960 (nota: Candidato a Vice Presidente da República) 

71.   IBOPE sonda e Manchete revela quem ganharia hoje – edição 407 – 6 fevereiro 1960 (nota: Ademar, Jânio e Lott) 

72.   Três vices em carne e osso – edição 408 – 13 fevereiro 1960 (nota: Ferrari, Jango e Leandro) 

73.   Eleições para governador em 10 estados. O Brasil muda de mão – edição 409 – 20 fevereiro 1960 (nota: Minas Gerais, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraiba, Alagoas, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso) 

74.   JK: a estrela sobe - edição 410 – 27 fevereiro 1960 

75.   Jânio e Leandro juntos até o fim – edição 414 – 26 março 1960 

76.   Vou me embora pra Brasília – edição 415 – 2 abril 1960 

77.   O cancioneiro da Política – edição 415 - 2 abril 1960 (nota:  Deputado Carvalho Sobrinho, poeta satírico) 

78.   Jânio, vassoura e sierra mães,  Fidel – edição 417 -  16 abril 1960 (nota:  reportagem internacional em Cuba)

79.   Che Guevara, o Dartagnan do Caribe – edição 418 – 23 abril 1960 (nota: reportagem internacional em Cuba) 

80.   Magalhães Pinto: paciência   salvou a UDN – edição 419 – 30 abril 1960 

81.   Aqui e agora começa o novo Brasil -  edição 420 – 7 maio 1960 (nota: inauguração de Brasília-DF) 

82.   Um dia de JK – edição - 421 - 14 maio 1960 

83.   Murilo Melo Filho analisa a situação dos candidatos da UDN a Presidente e a  Governador de Minas – edição 421 – 14 maio 1960 

84.   Nova cidade, vida nova, Brasília bucólica – edição 422 – 21 maio 1960 

85.   Um milhão de cariocas responderá a 3 de outubro: Quem governará o Rio? - 423 – 28 maio 1960 (nota: a primeira eleição para Governador do Rio de Janeiro). 

86.   7 dias na Capital - 424 – 4 junho 1960 (nota: sobre a primeira semana do Governo JK em Brasília-DF) 

87.   Jango “Eu vou ganhar” – edição 426 – 18 junho 1960  (nota: sobre a eleição presidencial) 

88.   Lott com um pé no Alvorada – edição 427 – 25 junho 1960 

89.   Brasília-Acre a estrada do Pacífico – edição 428 – 2 julho 1960 

90.   Jânio não disse mais pensou : “serei o segundo mato-grossense na Presidência da República” – edição 429 – 9 julho 1960 

91.   As togas desafiam a poeira – edição 429 – 9 julho 1960 (nota: o primeiro dia de funcionamento do Supremo Tribunal Federal, em Brasília-DF) 

92.   Juscelino: Cacique dos Carajás – edição 430 – 16 julho 1960 

93.   Acre – Brasília: havia uma árvore no meio do caminho – edição 431 – 23 julho 1960 (nota: visita de JK ao canteiro de obra da  BR) 

94.   Miltom Campos o homem íntegro – edição 431 – 23 julho 1960 

95.   O jogo está feito – edição 432 – 30 julho 1960 (nota: sobre a campanha Jango e Lott) 

96.   Sérgio Magalhães – um homem independente - edição 433 – 6 agosto 1960 (nota: política, Rio de Janeiro) 

97.   JK e JQ em Manchete – edição 434 – 13 agosto 1960 (nota: banquete e inauguração da sucursal Manchete, em Brasília-DF, com a presença de Juscelino Kubistchek e Jânio Quadros) 

98.   Aluízio Alves o jovem governador - Edição 434 – 13 agosto 1960 

99.   Portugal inteiro veio para as ruas saudar o Presidente Juscelino vivamente emocionado – edição 436 – 27 agosto 1960 (nota: visita de JK a Portugal, reportagem internacional). 

100.           Como ficará o Brasil depois de JK – edição 437 – 3 setembro 1960 

101.           Somos todos candangos – edição 438 – 10 setembro 1960 (nota: o encontro de JK na “Cidade Livre” com os candangos)

102.           Lott em Manchete: desenvolvimento ou Revolução Social – edição 439 – 17 setembro 1960 (nota: política, banquete oferecido ao General Lott, Revista Manchete, RJ) 

103.           O cigarro da paz – edição 439 – 17 setembro 1960 (nota: flagrante de Jânio Quadros acendendo um cigarro de JK) 

104.           Ademar em Manchete: ser ou não ser Presidente – edição 440 -  24 setembro 1960 (política, banquete oferecido pela Revista Manchete, no RJ) 

105.           Jango entre a cruz e a espada – edição 441 – 1 outubro 1960 

106.           Três homens lutam contra um fantasma – edição 441 – 1 outubro 1960 (nota: política, eleições do dia 3 outubro 1960) 

107.           Das urnas sairão onze governadores – edição 442 – 8 outubro 1960 

108.           Meta 31: Juscelino a todos garantiu a liberdade de eleger e ser eleito – edição 443 – 15 outubro 1960  

109.           Dona Eloá:  Jânio meu professor – edição 444 – 22 outubro 1960 (nota: Primeira Dama do Brasil, eleita em 3 outubro 1960, esposa de Jânio Quadros) 

110.           Desenvolvimento ou morte - edição 447 – 12 novembro 1960 (nota: entrevista com Augusto Frederico Schimdt) 

111.           UDN sem tola – edição 447 – 12 novembro 160 (nota: política, Nei Braga, Cid Sampaio, Magalhães Pinto, José Sarney e Ferro Costa) 

112.            ... E Jango falou – edição 448 – 19 novembro 1960 (nota: entrevista com o Vice-Presidente reeleito, João Goulart) 

113.                 Já existe o partido de Jânio? - edição 449 – 26 novembro 1960 (nota: política, sobre o Movimento Popular Jânio Quadros) 

114.           28 ianques na corte de JK – edição 451 – 10 dezembro 1960 (nota: visita de governadores americanos) 

115.           Um brasileiro tranquilo – edição 451 – 10 dezembro 1960 (nota: entrevista com Sérgio Magalhães, 1º governador do RJ, eleito em 3 outubro 1960) 

116.           Brasília: Academia sem fardão - edição 453 – 24 dezembro 1960 (nota: criada por Decreto Presidencial a Academia Nacional. Finalidade: defender o patrimônio cultural brasileiro e integração com outros setores da cultura)   

117.           Lágrimas de alegria ungiram o Planalto – edição extra, 21 de abril 1960 (Brasília Edição Histórica) 

118.           Em 1961 os goianos elegerão o Senador JK – edição 455 – 7 janeiro 1961

119.           Uma Câmara ardente – edição 456 – 14 janeiro 1961 (nota:  política, Rio de Janeiro)

120.           Orós, um mar no deserto – edição 457 – 21 janeiro 1961 (nota: inauguração da Barragem de Orós –CE)

121.           Missão cumprida – edição 458 – 28 janeiro 1961 (nota: uma análise política sobre o Governo de JK)

122.           Moda nova no Planalto – edição 466 - 25 março 1961(nota: sobre o uso  de “slacks” por alguns políticos)

123.           Jango julga Jânio – edição 467 - 1 abril 1961

124.           O Governo acampou no Sul – edição 468 – 8 abril 1961(nota: estada do Presidente Jânio Quadros no Sul)

125.           Nos dois últimos andares do Palácio atua o “staff” – edição 469 – 15 abril 1961 (nota: o corpo de auxiliares imediatos do Presidente Jânio Quadros)

126.           Brasília ano dois – edição 470- 22 abril 1961

127.           Todo mundo de olho em Jânio  – edição 471 – 29 abril 1961 (nota: política, entrevista coletiva com a imprensa internacional)

128.           O grande diálogo – edição 472 – 6 maio 1961 (nota Ministro da Fazenda Clemente Mariani  discursa na Câmara dos Deputados)

129.           Brasília em festas – edição 472 – 6 maio 1961  (nota comemoração do 1º aniversário da Capital Federal)

130.           A estrela volta – edição 473 – 13 maio 1961 (nota:  política, JK  pré-candidato ao Senado)

131.           Jânio vai ao Oeste – edição 473 – 13 maio 1961 (nota: política, IIª  Reunião de Governadores – Mato Grosso)

132.           JK na rota da esperança – 474 – 20 maio de 1961 (nota: política, a recepção popular no  Rio, Belho Horizonte e Goiânia)

133.           Dólares para o Brasil – edição 476 – 3 junho 1961  (nota: Visita do Ministro da Fazenda Clemente Mariani aos EUA e  apoio financeiro do Presidente Kennedy)

134.           UDN o pudor no poder – edição 478 – 17 junho 1961 (nota: política, Jânio Quadros )

135.           Governo versus Oposição – edição 480 – 8 julho 1961 (nota: política, Pedro Aleixo ( UDN) e José Maria Alkmin (PSD) )

136.           A Revolução Jânio Quadros – edição 483 – 22 julho 1961

137.           Barraut no cenário de Brasília – edição 483 – 22 julho 1961 (nota: primeira companhia de artistas franceses a se apresentar no Teatro Nacional)

138.           O Senador JK – edição 484 – 29 julho 1961 (política, diplomação de JK)

139.           Capitalismo, Comunismo, Cristianismo – edição 485 -5 agosto 1961 (nota: Paulo de Tarso – PDC)

140.           Jânio dá bilhões ao Norte – edição 486 – 12 agosto 1961 (nota: Vª Reunião de Governadores  com o Presidente,  Maranhão)

141.           A Grã-Cruz de Che Guevara -  edição 489 - 2 setembro 1961 (nota: visita de Che Guevara ao Brasil)

142.           O vem e vai do Dólar – edição 489 – 2 setembro 1961 (nota, economia, Jânio Quadros)

143.           Jango 26º Presidente da República do Brasil – edição 492 – 23 setembro 1961

144.           História secreta da crise – edição 492 – 23 setembro 1961 (nota: política, renúncia de Jânio à posse de Jango)

145.           Nenhum regime sobrevive à fome do povo - edição 494 – 7 outubro 1961 (nota: política, entrevista com o Governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto)

146.           O novo regime fará as reformas –edição 495 – 14 outubro 1961 (nota: política, Parlamentarismo, Primeiro-Ministro Tancredo Neves)

147.           Jango e Tancredo: Cosme e Damião – edição 496 – 21 outubro 1961

148.           Jânio é um desertor – edição 497 – 28 outubro 1961 (nota: Herbet Levy, Presidente da UDN)

149.           Vencemos a guerra da paciência – edição 497 – 28 outubro 1961 (nota: entrevista como Deputado Ranieri Mazzili, que assumiu a Presidência logo após a renúncia de Jânio)

150.           Revolução no Papel – edição 500 – 18 novembro 1961 (nota:  Jango, Constituinte)


Até aqui já totalizamos 200 matérias publicadas na Revista Manchete


Continua ....


Francisco Martins - Parnamirim- RN , 21 setembro 2021


Referências

Imagem: Revista Manchete - edição 370 - 26 de maio de 1959

Matérias pesquisadas no acervo da Revista Manchete - Disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

BOLO PÉ DE MOLEQUE COM CORDEL




Farinha de mandioca
Convidou a rapadura
Para entrar na sua festa
Com beleza e doçura.
A castanha foi também
Trazida por mais alguém
Numa bela viatura

Era o cravo da Índia
Tão pequeno e aromático
Se juntou com erva-doce
O cheiro foi pragmático.
Numa mesa lá do canto
Falava  em esperanto
Leite de coco enfático

A safona fez zuada
E o forno foi ligado
Numa forma de alumínio,
Veja só o resultado
O poeta Beradeiro
Com seu jeito e ligeiro
Fez um bolo arretado

Mané Beradeiro

16 setembro 2021

terça-feira, 14 de setembro de 2021

ENCONTRO DE FORMAÇÃO COM PROFESSORES MUNICIPAIS DE NATAL TERÁ COMO TEMA O CORDEL

 Amanhã à noite, às 19 h, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Natal irá realizar de forma remota, uma formação com os professores que atuam nas 1ª a 5ª séries. Essas formações acontecem desde 2016. No encontro de amanhã, a pauta será Cordel: História, Leitor e Leitura.   Mané Beradeiro, Tonha Mota e Geralda Efigênia foram convidados para falar sobre o assunto.

Tonha Mota

Tonha Mota é cordelista, Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel - ANLiC e ativista cultural.

Geralda Efigênia


Geralda Efigênia, professora, cordelista, faz parte de várias academias e instituições culturais e tem toda uma folha de bons serviços prestados à Educação, principalmente na área da divulgação do cordel e implantação das cordeltecas nas escolas públicas estaduais do Rio Grande do Norte.


Mané Beradeiro


Mané Beradeiro, cordelista e pesquisador, tem se dedicado ao estudo deste gênero literário, não apenas escrevendo cordéis, mas também escrevendo ensaio e críticas literárias.

A equipe formadora é composta por Adriana Ferreira, Ednice Peixoto, Paula Eleutério e Sayonara Fernandes. A formação faz parte do projeto Cenas de Leitura - Diálogos Pedagógicos.


SAUDADE

 


A saudade é semente
Que germina lá no peito
Agarra a nossa alma
Maltrata daquele jeito
Deixando o corpo moído
O espírito sacudido
Chora o ser que é sujeito.

Mané Beradeiro
13 setembro 2021

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

UM JORNALISTA COLOSSAL

Sempre tive fascínio pelos homens trabalhadores, aqueles que desde cedo começaram a lutar pela vida e foram buscar seus ideais. O Rio Grande do Norte é berço de vários homens assim: destemidos, incansáveis, batalhadores e o melhor: honrados.  Em que parte deste solo podemos germinar a semente  de homens probos? Há uma carência em várias áreas deste Brasil.

Hoje, quero apresentar ao leitor um desses nobres homens. Potiguar, nascido em Natal, mais precisamente na Avenida Tavares de Lyra. Ele foi sem sombra de dúvidas o maior jornalista do Rio Grande do Norte, nenhum outro, até o momento, teve uma história profissional tão recheada de êxitos.  Uma lista de personalidades nacionais e internacionais com as quais  fez entrevistas. Murillo  da Cunha Mello Filho nasceu em 13 de  outubro de 1928 e faleceu em 27 de maio de 2020. Foram 92 anos de existência, dos quais mais de 40 anos dedicados ao jornalismo. Não podia ser diferente, posto que aos 12 anos  começou a trabalhar no jornal  "O Diário", onde toda segunda-feira publicava uma coluna de esportes. Posteriormente prestou seus serviços nos jornais "A Ordem" e "A República".

  "... consciente de que os horizontes da cidade eram, naquela época, pequenos para  as minhas aspirações. Natal não tinha, então,  nenhum curso superior, fosse de  direito, de medicina ou de engenharia. Os jovens natalenses eram obrigados a se deslocar para Maceió, dando apenas uma  precária presença nos dias de provas, ou se mudando para Recife e Salvador.  Decidi dar o grande salto e ir diretamente para o Rio" (Memória  Viva - 1989)

  E foi assim que  no dia  16 de fevereiro de 1946 viajou para o Rio de Janeiro.  Um jovem com 17 anos anos, uma pequena bagagem de mão e uma grande esperança. Na alma estava tatuada a lei do sucesso: vencer! No Rio, " O Correio da Noite" foi o primeiro a dar oportunidade ao jovem repórter. Passou  depois a redigir para Tribuna da Imprensa".

Aos 24 anos vamos encontrar Murilo Melo Filho trabalhando  na Revista Manchete, periódico semanal, que circulou de 1952 a 2007. Era o mês de maio de 1953, o jovem repórter estreava na Manchete com a sua primeira matéria assinada, publicada na edição 54, de 2 de maio daquele ano. Até então, o jovem Murilo Melo Filho não sabia, mas, naquela casa, ele chegaria a ser  Diretor do Grupo Bloch ( Revista Manchete e Rede Manchete de Televisão).

É sobre o tempo de Murilo Melo Filho na Revista Manchete que eu quero  mostrar aos leitores a sua participação. Farei em etapas, dada a quantidade de matérias que ele publicou naquele periódico.  Vamos às cinquenta primeiras: 

1.       Nem só de Deputados vive a Câmara -  edição 54 – 2 de maio 1953

2.       A Igreja – edição  58 -  30 de maio 1953

3.       O Senado, a casa onde Ruy perdeu a bota – edição  58 – 30 de maio 1953 

4.       Traição ou não traição? – edição  59 – 6 de junho 1953 

5.       Vatapá baiano com pimenta política, sobe a Estrela Dutra – edição 63 -  4 julho 1953

6.       Caminha o PSD para a independência. Nem com Vargas, nem contra Vargas – edição 71 – 29 agosto 1953

7.       O jogo financia o poder – edição 75 – 26 setembro 1953

8.       A reação começou no pampas: o PSD gaúcho – edição 76 – 3 outubro 1953

9.       Chico Macedo, o deputado “boca-pio” – edição 79 – 24 outubro 1953

10.   10 de novembro de 1937. Será possível repeti-lo agora? – edição 82 – 14 novembro 1953

11.   Por trás da cortina de oxigênio, Café, coração de boi – edição 188 – 24 de novembro 1955

12.   O Tamandaré tem corpo fechado – edição 190 -  10 dezembro 1955

13.   O ministério de Juscelino – edição 194 – 7 janeiro 1956

14.   Dutra feliz no seu ostracismo: Só tenho um pecado o 10 de novembro (de 37) – edição 213 – 19 maio 1956

15.   PETROBRÁS e prorrogação – dores de cabeça de 1957 – edição 258 – 30 março 1957

16.   Juarez não fará mais revolução – edição 263 – 4 maio 1957

17.   Um cego viu o Urânio – edição 265 – 18 maio 1957

18.   Da importância de ser coronel  - edição 270 – 22 junho 1957

19.   “Avant-Première” da sucessão presidencial – edição 272 -  6 julho 1957

20.   Nada mais salvará o Brasil do desastre – edição 276 -  3 agosto 1957

21.   O Governo diante de um novo dilema: Estatismo ou livre empresa -  edição 277 – 10 agosto 1957

22.   Gravata de quatro listras é o diploma  da “Sorbonne” – edição 279 – 24 agosto 1957

23.   A batalha pré-eleitoral – edição 282 – 14 setembro 1957

24.   Após 30 anos nas trevas um cego vê – edição 283 – 21 setembro 1957

25.   Na batalha da obstrução vence quem deserta – edição 284 – 28 setembro 1957

26.   A carta de Vargas é o “bê-a-bá” do PTB – edição  286 – 12 outubro 1957

27.   Plínio orgulhoso: somos galinhas com muita honra – edição  287 – 19 outubro 1957

28.   11 de novembro na intimidade – edição 290 – 9 novembro 1957

29.   Quebrou-se a perna civil do tripé – edição 291 – 16 novembro 1957

30.   Governo estável contempla 58 – edição  294 – 7 dezembro 1957

31.   A bandeira branca desce da montanha – edição 295 – 14 dezembro 1957

32.   Otimismo, progresso e esperança – edição 298 – 4 janeiro 1958

33.   Populismo: máximo de votos no  mínimo de legenda – edição 299 – 11 janeiro 1958

34.   Congresso fechado – edição 300 – 18 janeiro 1958

35.   Café não é estimulante para reatar com a Rússia – edição 301 -  25 janeiro 1958

36.   JK sopra duas velinhas – edição  302 -  1 fevereiro 1958

37.   Área de entendimento para os problemas do país – edição 308 – 15 de março 1958

38.   Militares vão às urnas e Lott para balança – edição 309 – 22 março 1958

39.   Numa sala gelada Alkmim controla o calor do país – edição 310 – 29 março 1958

40.   Entre o 24 de agosto e o 11 de novembro: Coronel prevê uma nova data – edição 311 -  5 abril 1958

41.   Nos subterrâneos da Burschenchaft – do pátio de uma escola, uma sombra governa o Brasil – edição 312 – 12 abril 1958

42.   Numa barca, entre Rio e Niterói, um almirante cochicha – edição 314 – 26 abril 1958

43.   Democracia, marido zeloso, impõe fidelidade – edição 315 – 3 maio 1958

44.   Num foguete chamado Café, sobe o “Dólar-Sputinik” – edição 316 – 10 maio 1958

45.   Passo para o Catete – edição 317 – 17 maio 1958

46.   Igreja vigiada vigia o Governo – edição 318 – 24 maio 1958

47.   Outubro exige degola de ministros – edição 321 – 14 junho 1958

48.   Ike e JK no eixo Washigton-Rio – edição 323 – 28 junho 1958

49.   A hora é a da luta pela paz – edição 325 – 12 julho 1958

50.   Os cisnes estão na expectativa – edição 326 – 19 julho 1958

(continua)

Francisco Martins

13 setembro 2021


Referências:

Necrológio - Saudação in memoriam na ANRL. Lívio Oliveira. Revista da  Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, nº 66, janeiro a março 2021, páginas 287 a 303.

Revista Manchete - Biblioteca Nacional

Memória Viva de Murilo Melo Filho. Entrevistadores: Carlos Lyra e Alvamar Furtado. Co-edição de Bloch Editores S.A e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 1989.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

BREVE O MAIS NOVO CORDEL DE MANÉ BERADEIRO: "NAS VEREDAS DE VERÍSSIMO"

 O poeta Mané Beradeiro vai lançar em setembro, o 51º  cordel, desta vez homenageando  Veríssimo de Melo, que este ano  é lembrado pela comunidade cultural  pelos 100 anos de nascimento (1921-2021). Veríssimo foi um grande homem que serviu de forma múltipla,  atuando no jornalismo, na pesquisa, no magistério e outras áreas. O cordel tem 24 estrofes, em septilhas, e traz como título: "NAS VEREDAS DE VERÍSSIMO".  Folheto artesanal, com o selo da Carolina Cartonera, e a ilustração feita pelo desenhista Otávio  Roosevelt. A tiragem será de apenas 100 exemplares e o preço R$ 10,00. Pedidos diretamente com o autor através de mensagem para (84) 8719 4534 ou no site do Mercado Livre ( ainda não disponível).


O poeta Mané Beradeiro convida seus leitores a conhecerem através do poema em cordel a importância que tem Veríssimo de Melo para a cultura brasileira.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

QUEM FOI QUE DISSE ISTO

 Vamos testar seu conhecimento sobre História do Brasil. Quem escreveu isso: "Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história"

Responda no comentário e concorra ao sorteio de um livro.

Francisco Martins

01  setembro 2021


UMA DEFINIÇÃO DE DEMOCRACIA

" Democracia é um sistema de governo em que todos concordam em discordar uns dos outros"

Fonte: Manchete,  5 dezembro 1953, p.61. Autor não declarado.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

UMA POSSE SEM COQUETEL

 

 A posse do Padre Jorge O'Grady de Paiva (1909- 2001), na Academia Norte-rio-grandense de Letras, que aconteceu na noite de 30 de agosto de 1984, há exatos 37 anos, teve uma peculiaridade: não houve a tradicional confraternização no salão de eventos.  O Padre Jorge O'Grady tomou posse na  cadeira 22, sendo o terceiro ocupante. A decisão de não ter havido o coquetel partiu do próprio empossado e segundo noticiou Paulo Macedo, em sua coluna no Diário de Natal (01 de setembro de 1984) "foi em virtude do recente falecimento  do eminente mestre Onofre Lopes". Naquele ano o  Presidente da Academia era Dom Nivaldo Monte e a saudação ao novo imortal foi feita por Jurandyr Navarro.

sábado, 28 de agosto de 2021

DR PACHECO DANTAS

 

Há exatos  143 anos, nascia  José Pacheco Dantas, filho do Coronel e Chefe Político Felismino do Rego Dantas Noronha e Maria Amélia Pacheco Dantas, no município de Ceará-Mirim-RN. Ele foi o primogênito de uma numerosa família com 14 irmãos. Viveu sua infância entre a cidade e a Casa Grande do Engenho União. Fez os estudos preliminares na sua cidade e em seguida foi estudar no Atheneu, em Natal.

        Desde cedo, Pacheco Dantas demonstrou inclinação para o jornalismo, com 16 anos funda em Ceará-Mirim o “Eco Juvenil”, em formato pequeno, com agentes na Capital e interior do Estado, além de manter intercâmbio com  Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais.

É o  Professor Hélio Dantas quem nos diz:

 Aos 18 anos, o “Almanaque do Rio Grande do Norte”, edição de 1897, publicação de Renaud & Cia., Natal, insere em suas páginas, substancioso trabalho seu, sob a epígrafe - Ceará-Mirim - que constitui um dos melhores estudos sobre esse município, abrangendo aspectos geo-econômicos, educacional, político, administrativo, sua potencialidade, aproveitamento de suas riquezas, produção,etc. É um trabalho de fundamental importância para o estudo e conhecimento do Ceará-Mirim do último cartel do século XIX ao 1º cartel do século XX.”

       Aos 19 anos, em 1897, Pacheco Dantas está na cidade do  Rio de Janeiro.  Lá consegue emprego  em jornais, passando por vários periódicos e chega a ser dono do seu próprio jornal “Gazeta do Norte”, em 1913, que mantém por 18 anos.  Vencendo inúmeras dificuldades, o jovem Pacheco Dantas vai ter seu primeiro emprego na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no ano de 1900, onde trabalha como auxiliar por um curto período.  Nesse ínterim começa a estudar Medicina, formando-se em 1905. Defendeu a tese de doutorado com o tema “Sífilis e Casamento”, apresentando-a na banca em 27 de novembro daquele  ano. Posteriormente também teve graduação em Odontologia e Farmácia. Interessante é que  embora ele tivesse essas formações, não chegou a instalar consultório para exercer  tais profissões de forma liberal. Sempre trabalhou como funcionário público.

           Uma vez dentro da colmeia do funcionalismo público, Pacheco Dantas, embora tivesse atividades paralelas no campo do jornalismo, nunca deixou de assegurar sua instabilidade econômica, mantendo suas funções como servidor amanuense, chegando a ocupar o cargo de Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro (1932). 

Pacheco Dantas em 1932

        Sempre que podia vinha visitar seus parentes em Ceará-Mirim. Chegou até ser proprietário de fazendas aqui no Rio Grande do Norte, administrando a distância. As fazendas foram Valparaíso, Itapuan e Livramento, nos municípios de Ceará-Mirim e Angicos, com criação de gados e plantações diversas.

        Tentou ser Deputado Estadual no Rio de Janeiro, filiando-se no Partido Nacional Evolucionista-PNE, em 1934.  Não obtendo êxito.

        Casou com Isabel da Cunha Dantas, da tradicional  família Pereira, com quem gerou dois filhos:  Yolando e Yvonne.


Participou ativamente, em 1903, da campanha pró-famintos do nordeste, fundando e presidindo, no Rio de Janeiro, o “Comitê Central”,  recolhendo donativos para os flagelados do Nordeste.  Funda, ainda, a “Liga Nacional Contra as Secas do Norte”,  com a finalidade de combatê-las e amenizar seus efeitos.

Representou o Rio Grande do Norte, no 4º Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio, em 1912, e representou o Estado, no Congresso de Aplicações Industriais do Álcool", patrocinado pelo Ministério da Agricultura, em 1903, na capital federal.

Pugnou também pelo aproveitamento das fontes minerais de Pureza e de Olho - d’água do Milho, tendo inclusive mandado proceder a exame quantitativo das águas dessas fontes. Batalhou, também, pelo aproveitamento do sargaço e sua industrialização, inclusive argumentando que no Japão havia 500 usinas e nenhuma no Brasil; ainda lutou pela construção das estradas de ferro Sampaio Correia e de Mossoró. Foi por sua intercessão que o Loide Brasileiro fez entrar seu primeiro navio no porto de Natal, em 1902, de nome “Planeta”.

Pertenceu, entre outras, às seguintes instituições: Sociedade de Medicina e Cirurgia; Sociedade Brasileira de Homens de Letras, Sindicato dos Médicos, todos no Rio de Janeiro. Foi sócio do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte e do Instituto Histórico de Sergipe. Quando acadêmico, pertenceu à Fundação de Estudantes Brasileiros, foi Presidente do Diretório Acadêmico de Medicina, ambas no Rio. Foi fundador da Associação de Imprensa do Rio e da Associação Brasileira de Imprensa. Reorganizou e foi presidente do venerando Grêmio Norte Riograndense e foi fundador da Federação dos Centros do Norte do Brasil.

Quando visitou Ceará-Mirim pela última vez, levou uma porção de terra e com a qual mandou fazer uma almofada, manifestando seu desejo de repousar sobre ela sua cabeça quando partisse deste mundo. Pacheco  Dantas viveu até o dia 24 de julho de 1961, aos 83 anos.

 

Francisco Martins – 28 de agosto 2021

 

Fontes pesquisadas

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 de março 1901;  3 de maio de 1902;  19 de agosto 1905.

Jornal “Gazeta de Notícias”, Rio de janeiro, 5 de fevereiro de 1911; 28 de julho 1911.

Jornal “A Notícia”, Rio de Janeiro,  18 de abril de 1900; 28 de novembro 1905; 18 de junho 1914.

Revista Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Ano X. n° 3, 15 de janeiro 1916.

Revista da semana, Rio de Janeiro, ano XVIII, nº 26, agosto 1916.

Revista Vida Doméstica, Rio de Janeiro,  edição 172, mês de julho de 1932.

Diário de Notícias – RJ, 4 de maio de 1932.

Diário da Noite, RJ, 19 de julho 1932.

Diário Carioca-RJ, 4 de maio de 1932.

O Paiz (RJ), 5 de dezembro de 1905;  5 de novembro 1912; 30 de agosto 1913; 18 de outubro 1914; 30 de maio de 1915; 18 de julho 1916; 10 outubro 1934.

A Ordem (RN), 27 dezembro 1938.

Jornal do Commércio  (RJ) 5 de novembro 1955;

O Poti - José Pacheco Dantas, o Patriarca de Ceará-Mirim -  Hélio Dantas -  27 de agosto 1978.

 Síntese Biográfica – Desembargador Virgílio Otávio Pacheco Dantas – Centenário 6.1.1982 – Meneval Dantas -  Rio Grande do Norte – Dezembro 1981.

 

 

               



terça-feira, 24 de agosto de 2021

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: NA QUINTA DOS PIRILAMPOS

 

Há livros que trazem coisas boas, imagens lindas que nos fazem querer ser personagem daquela ficção. Um deles é o que li nestes últimos dias, escrito pelo saudoso Pedro Simões.
"A Quinta dos Pirilampos" é um livro encantador, suas páginas transpiram estórias, religiosidade popular, defesa ecológica, saberes transmitidos por gerações. Será "A Quinta dos Pirilampos" um misto de memórias com ficção? Faço essa pergunta porque em alguns capítulos o texto tem fortes características de uma narrativa memorialística. Independente se há ou não esse misto, o livro é catalogado como romance. "A Quinta dos Pirilampos" é em parte um lugar real, e foi partindo dessa gleba que Pedro Simões elaborou a teia das estórias. Enquanto leitor eu percebi três colunas que sustentam o livro, são elas: respeito, família e amor. Coisas que jamais serão vendidas em prateleiras de supermercados e tampouco embrulhadas em papel almaço. Convido você a ter um encontro com o universo criado por Pedro Simões na sua Quinta dos Pirilampos.


Francisco Martins
22 de agosto 2021

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

ALUNOS DO PH3 IRÃO PRESTAR HOMENAGEM AO ESCRITOR FRANCISCO MARTINS

 


O Centro Educacional - PH3, em Parnamirim-RN, através dos alunos  do segundo ano, turmas A e B, da Educação Infantil, prestará na manhã deste sábado, 21 de agosto, uma homenagem ao escritor Francisco Martins . A  programação está guardada às setes chaves e somente amanhã o homenageado ficará sabendo o que vai acontecer. Até lá, ansiedade é a palavra que mais bate no coração do poeta.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: OZANY ESTREIA NA LITERATURA INFANTIL

 


Comprei esse livro para o acervo da biblioteca da qual sou patrono. Li e parabenizo a autora e ilustradora pela beleza da obra. É livro de chegada de Ozany Gomes, que traz ao leitor três histórias repletas de ensinamento às crianças. Ao lê-lo eu me lembrei dos textos de Lobato, onde aprendíamos coisas do mundo e tão necessárias ao nosso crescimento cultural. Gostei e recomendo e deixo meus aplausos para a homenagem que foi feita a um escritor (na segunda história).

Francisco Martins

sábado, 14 de agosto de 2021

RETRATO DE HELOÍSA

É domingo, estou em casa e enquanto me preparo para ir às corridas penso em minha namorada. Heloísa chama-se ela, e é de uma vaga cidade “Pureza” - que eu suponho florida e doce, graças a uma dessas associações que nos vêm à cabeça e ficam lá morando, até que a expulsemos à força de uma decepção. Heloísa tem apenas seis meses de Rio, dos quais cinco me pertencem por direito de descoberta e conquista.

No começo do nosso namoro eu ficava a imaginar o que ela vira em mim de notável para me querer tanto: sou um homem feio. Talvez eu, moço da cidade, deva ter parecido à Heloísa a antítese viva de tudo quanto ela conheceu anteriormente em matéria de rapaz. Assim raciocinava, encerrando o assunto. Quando nos conhecemos, houve em nós uma reciprocidade de espantos. Heloísa se espantou de mim , eu me espantei de Heloísa. Haverá melhor base para o amor? Tanto não há que nos amamos logo. Se bem recordo, disse eu então a Heloísa: “Mas é o campo na cidade!” - e foram estas as primeiras palavras que ela escutou de minha boca. Por atrapalhação ou cortesia, a sua resposta veio no mesmo tom de trocadilho: “Na cidade, sim, e com muito prazer!” Rimos e ficamos namorados. E aos poucos nossos nomes foram se diluindo ao calor de conversas semelhantes, ao ponto de, quinze dias depois desse primeiro diálogo, trocarmos frases assim: -A cidade virá ao campo amanhã? Ao que eu, Esmeraldo, respondia: -A cidade chegará às sete e meia em ponto.

Chegava, e tinham início as conversas, que giravam mesmo, entre um abraço e dois beijos, sobre campo e cidade. Se falávamos do campo Heloísa simulava desembaraço, cosmopolitismo, rindo comigo de suas coisas físicas e humanas, as quais eu reduzia, com alguma habilidade, à matéria anedótica. Heloísa é de riso fácil: sua risada se perdia por entre as árvores do subúrbio, quieto àquela desora em que ficávamos de conversa no portão. Mas quando ela gargalhava com inteira franqueza e convicção era quando tocava a sua vez de analisar a cidade, criticá-la, interpretá-la. Aqui ela ria toda, com olhos, cabelos e uma boca armada de muchochos que se me afiguravam claramente boca, cabelos e olhos do campo. Não que Heloísa não gostasse da cidade. É que o seu raciocínio era feito de um feno especial, muito claro e muito campestre. Residindo no arrabalde de uma grande metrópole era como se continuasse a viver na sua longínqua e humilde “Pureza”. Vê-se daí como somos diferentes, o que talvez explique a nossa mútua afinação amorosa.

 Nasci nesta cidade, da qual nunca me apartei. Fui criado por uma velha tia que, passando desta para a melhor, me transferiu a um internato para órfãos, do qual fugi aos treze anos para levar a vida solta que ainda hoje, com vinte e cinco anos e a profissão de corretor de corridas, ainda gozo. Já Heloísa teve a organizada e tranquila vida de moça da roça. Por isso Heloísa tem base, tem constância e tem consistência, três coisas que me faltam. Sou em tudo um flutuante, enquanto Heloísa é sedimentada como um edifício de arranha-céus, ruim imagem de cidade à qual recorro para explicar um objeto do campo. Mas a rigor este já não é o retrato de Heloísa. Foi o retrato de Heloísa. Porque, a partir do dia em que nos conhecemos, Heloísa mudou, embora não se aperceba e até negue, quando acusada. Curioso como Heloísa cisma de me conhecer. Tenho algumas entradas no xadrez, dois processos por coisa de somenos, a polícia de três Estados gostaria de me segurar. Azares da profissão.

Contei tudo a Heloísa, num domingo em que fomos à Quinta da Boa Vista e subitamente me senti comovido de vê-la assim abandonada no relvado, os olhos macios pousados em mim, o cabelo irisado de pingos de sol. Mas não se deu por achada, nem desta nem das outras vezes em que voltei a falar-lhe de minha vida. Muda sempre de assunto, não sem antes afirmar ter penetrado a essência da minha interioridade, a de lá arrancado, não sei a força de que ganchos, uma palavra estranha e nova para mim: o adjetivo “bom” que ela põe na boca  com sonoridade de qualificativo evidentemente campestre:

 -Você quer é se fazer de mau, Esmeraldo. Mas eu sei que você é bom. Diz, sorri, me abraça. E eu, consultando a cumplicidade da rua, com o rabo do olho, beijo-a na boca. Esta penúltima operação é sempre necessária: Heloísa tem medo da língua da vizinhança. Se Heloisa me quer, raciocino friamente, é uma função daquela crença, da qual rio abertamente, embora vá alimentando com palavras e até com atos a matéria prima de tão inusitada suposição. Por ser do campo, Heloisa pensa que todo mundo é de lá. Daí o mal entendido. Mas voltemos ao namoro. Para cinco meses de romance está a parecer que a cidade tem caminhado com vagar. Não tanto, conforme passo a expor sem grande quebra de discrição, antes a bem da cidade, ou da verdade mesma. Ao correr desses meses, Heloisa tem descerrado suas faldas, se deixado rasgar, como uma colina macia, na alma e outras geografias. Devagar, é verdade, porque há em Heloisa uma inata tendência para dizer não! à cidade, ao mesmo tempo que sabe ir exigindo coisas. Por exemplo: os nossos primeiros encontros tinham certa intermitência. Verificavam-se no portãozinho da pensão onde mora Heloisa, às terças, quartas e sábados. Mas com jeito e vagar Heloisa foi reclamando maior assiduidade, que o campo tem as suas reivindicações. Encontro diário era uma delas, e eis-nos dependurados todas as noites na cancelinha do jardim da pensão, até lá para depois das dez. Encontro e passeio diário pelas ruas penumbrentas do bairro são sinônimos, sabeis ó namorados que não andais aos bandos. Eis-nos, pois, de braço-dado, alargando nossos conhecimentos: Heloisa, da cidade específica e da cidade submersa que dorme em mim; eu, do campo que há nela, cada vez menos nela. Digo assim porque - verifico com desprazer - Heloisa tem mudado. Já não é filha de Maria, nem vai à Igreja aos domingos, como era seu hábito. Primeiro deixou atrasar a mensalidade, até então paga pontualmente à Virgem. E ultimamente refuga com brusquidão os recibos que padre Domingos, supondo-a doente, manda cobrar por intermédio de seu Doca, o sacristão.

Faz planos para o futuro, lamenta o tempo que perdeu bobamente em “Pureza”; encasquetou-se-lhe na cabeça a ideia de mandar buscar a prima Lúcia, “que está mofando naquela terra onde o diabo perdeu as botas”. Diz assim e sorri - um sorriso da cidade mesmo. E eu fico a procurar nas suas pupilas um pouco da terra e do vento da sua longínquo e ensolarada “Pureza”. Não distingo traço: nada daquele mundo flutua agora nas líquidas e escuras pupilas de Heloisa. E de tudo o que mais me preocupa, ao ponto de cogitar numas férias e viajar - viajar para o campo - de tudo, o que mais me preocupa é o seguinte: Heloisa vai ter um filho. 

Homero Homem

14 de Março de 1953

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CRONOLOGIA DE UM POETA EM MÚLTIPLOS DE QUATRO

Quando tive 4 anos eu fiquei estupefato,
Como pode ser assim?
A vida é feita de fatos!
E toda minha imaginação,
Meus reinos,
Minhas perguntas,
Que fim levarão?


 
Quando eu tive 8 anos
Meu ninho era perfeito
Aconchego e beijos
Não me faltavam

Quando tive 12 anos
O mundo já tinha me dito:
As respostas chegam devagar,
As perguntas é que são sempre ligeiras,
Mas a vida nem sempre é infância.

 


Quando eu tive 16 anos
Já planejava ser capitão do navio
Da minha existência
E preparava cartas náuticas dos
Mares que não conhecia.
 

Quando eu tive 20 anos
Conhecia estradas diversas
Caminhos que me levavam
E traziam ao ponto de partida
E eu contemplava as margens
Sem soltar a bússola.





Quando eu tive 24 anos
Conhecia feras e esferas
Sabia discernir a chegada 
Das estações e sonhava 
Com a primavera.

Quando eu tinha 28 anos
Não ligava para o calendário da existência
A eternidade corria em minhas veias
E meu futuro não era escuro

 
Quando eu tinha  32 anos
A vida estava deveras pesada
Meus pés eram chumbos
Minhas asas atrofiadas
Um coração fechado
 
Quando eu tinha 36 anos
Mutações começaram  a acontecer
Folhas de sulfite se agarram a mim
Palavras brotavam com mais sapiência.
Germinava um escritor.

 
Quando eu tinha 40 anos
Era ousado como as águas de um rio
Valente como o vento que adentra na floresta
Mas tinha um segredo adormecido.
E os livros guardados como vinhos
Foram servidos aos amigos.


Quando eu tinha 44 anos
O sertão nordestino apossou-se
Da minha alma. Mandacaru e  Teiú
Moldaram um poeta personagem.
Um cordelista nascia entre cactos
E versos carentes da métrica e rima.

Quando eu tinha 48 anos
Trazia comigo uma apostila
De erros e acertos
Uma certeza que tudo
Deve ser e ter a medida certa.

 







Quando eu tinha 52 anos
Estava cada dia mais liberto
Felicidade ou não são momentâneas
O que importa é enfrentar os dragões 
E não desistir dos sonhos que devem ser
constantes.



Quando eu fiz 56 anos
(E isso não faz muito tempo)
Elaborei planos de escalar montanhas
Respirar ares mais puros
Descobrir ninhos de gaviões
Ousar viver!

Quando eu fizer 60 anos
Daqui a três anos
Ganharei medalha de ouro
Nas Olimpíadas de Paris.

Francisco Martins
12 e 13 de agosto de 2021

ASSIM DISSERAM ELAS ...

 

 "... a história da humanidade é uma pirataria que não tem fim. O mais forte, sempre que pode, depreda o mais fraco. Só quando a Justiça for uma realidade, em vez de ser um ideal, é que as coisas mudarão de rumo"

Dona Benta.

 

Fonte:  Aventuras de Hans Staden, de Monteiro Lobato. Editora Brasiliense Ltda, São Paulo, 9a Ed, 1954, página 17.

O CIRCO CHEGOU






O poeta Diógenes da Cunha Lima trouxe a beleza do circo para dentro de um livro. Cabe ao leitor dá nome a esta casa de espetáculo. Algumas personagens foram traçadas com a arte de Iaperi Araújo, que ilustrou o livro. Coube a Ivan Lira de Carvalho chamar a atenção do público, escrevendo o texto das orelhas. Lá dentro, antes da abertura do show, Diógenes, Iaperi e Racine Santos falam da importância do circo. Após essa breve apresentação, o ledor chega à pagina 15 onde as luzes dos poemas começam a cintilar e vão brilhar até o final do espetáculo. Vá ao circo. Ah, antes que eu esqueça, ao meu eu dei o nome de Baobá Circo.


Francisco Martins, que também é o Palhaço Leiturino


11 de agosto 2021

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

JAMAIS DIREI...

Eu não posso, pois "posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13)

Eu não tenho, pois "Meu Deus suprirá, segundo as suas riquezas na glória de Cristo Jesus, cada uma de minhas necessidades" (Filipenses 4:19)u

Que tenho medo. "Poque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (2 Timóteo 1:7)

Que tenho duvidas ou falta de fé, porque eu tenho " A medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Romanos 12:3)

Que eu sou fraco, porque "O Senhor é  a força da minha vida" (Salmo 27:1) e "O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas" (Daniel 11:32)

Que Satanás tem domínio sobre minha vida, "porque maior é aquele que está em mim do que aquele que está no mundo" (1 João 4:4)

Que estou derrotado, porque "Deus em Cristo sempre me conduz em triunfo" (2 Coríntios 2:14)

Que não tenho sabedoria, pois "Cristo Jesus foi feito por Deus sabedoria para mim" (2 Coríntios 1:30)

Que estou doente, pois "Pelas suas pisaduras e fui e sou sarado" (Isaías 53:5)

Que estou preocupado e frustado, pois estou "Lançando sobre Ele, toda a minha ansiedade, porque Ele tem cuidado de mim" ( 1 Pedro 5:7)

Que estou condenando, pois "Agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" ( Romanos 8:1)

Obs: este texto não é da minha autoria, mas eu o conservo em um caderno há mais de trinta anos)

CONVERSA DE CANCELA: VOLTANDO PARA CASA

 A tarde terminava com o sol se pondo entre as carnaubeiras.  Uma imagem linda de ser vista, um descanso à alma do homem que retornava à casa  após uma dia de labuta  lavrando a terra.

Tão logo pegou a estrada,  eis que nosso campesino se encontra com Mota, seu vizinho que também voltava do trabalho. Mota gostava de prosear, tinha conversa para tomar menino das garras do papa-figo e até mesmo fazer bode tomar banho de chuva.

−Boa tarde meu amigo!

─ Boa tarde!

─ Ainda está com a visita do seu cunhado?

─ Sim, não vejo a hora daquela criatura voltar para  Santa Cruz

─ Por quê?

─ Meu amigo sabe que eu não sou miserável, mas aquele rapaz é uma estrovenga.

─ Então é trabalhador?

─ Antes fosse. Quando digo estrovenga refiro-me  à  vontade que ele tem de comer. Agora eu entendo o ditado: parente é como praga de gafanhoto: come tudo.

Pois está na hora do senhor ensinar a ele que  aranha vive do que tece.

─ Eu? Imagina se vou me meter nisso, ele  é metido a valentão e eu não quero  criar problema no meu casamento por causa de cunhado ademais em buraco de cobra tatu não entra.


 

E assim, enquanto caminhavam, os dois homens mantinham a conversa recheada de sabedoria popular, os famosos adágios, provérbios que vão passando de geração a geração.  Já chegando  próximo da casa de Mota, esse falou se despedindo:

É ditado da cutia: o sol se pôs, acabou-se o dia; mas é ditado da raposa: o sol se pôs, ainda se faz muita coisa.

 

Mané Beradeiro

Parnamirim-RN, 12 de agosto 2021

 

As ilustrações são de Perci Lau. Fonte: Almanaque Globo Rural, ano 1, 1987, página 139.

 

UM LIVRO BROTADO NA ILHA DAS FLORES

 


 Você sabia que Graciliano Ramos escreveu "Vidas Secas" em apenas três semanas? A história estava pronta em sua cabeça, toda estruturada, apenas aguardando a oportunidade de ser datilografada. Ele a criou quando estava preso na Ilha das Flores, em 1936. O livro foi lançado dois anos depois, pela Editora José Olympio.