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sexta-feira, 29 de novembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
ANUÁRIO DO CORDEL BRASILEIRO
Terminei a leitura do "Anuário do Cordel Brasileiro", uma antologia organizada pela Nordestina Editora, e lançada neste ano de 2019. São 28 poetas de 8 estados, que participam. 40 poemas compõem a obra.
A leitura foi feita no período de 18 a 28 de novembro. Muitas anotações, releitura, olhar crítico de um leitor maduro. Agora vou montar a resenha sobre o Anuário e publicar por aqui.
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
ASSEMBLEIA GERAL DA ANLIC DIA 30 DE NOVEMBRO
ACADEMIA
NORTE-RIO-GRANDENSE DE LITERATURA DE CORDEL
Endereço:
Estação do Cordel – Rua João Pessoa – nº
58, Cidade Alta – Centro.
EDITAL Nº. 07/2019
A Presidente da
ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LITERATURA DE CORDEL (ANLIC), Antonia Mota do
Nascimento no uso das suas atribuições e
obedecendo o que diz o Estatuto da ANLiC
no Título II, Capitulo II, Artigo 6, Parágrafo 2º, convida a todos os
Acadêmicos para comparecerem à Assembleia Geral, dia 30 de novembro, sábado,
das 8 às 17 h, em sua sede – Rua João Pessoa, Cidade Alta, nesta Capital quando
acontecerá a eleição dos novos membros.
Natal/RN, 27 de novembro de 2019.
Antonia Mota do Nascimento
Presidente da ANLiC
terça-feira, 26 de novembro de 2019
VERSOS ADOÇADOS
Panela e rapadura
Resolveram se unir
Foram pra chama do fogo
Esquentar e decidir
Qual o doce mais gostoso
Impossível resistir
Quando estavam conversando
Foi chegando o mamão,
Todo em tira, bem lavado,
Deitou-se em prontidão
Esperando por alguém,
Um rei da vegetação.
Não tardou ele chegar
Abacaxi majestade,
Suculento, picadinho,
Com cara de caridade,
Revelando ao mamão
Ser senhor da docidade.
O fogo disse: - Eu sei,
Já ouvi alguém cantar
Que quando se ama muito
É preciso se entregar.
O calor uniu foi tudo
E o doce foi se montar.
E a festa foi tão bonita,
O queijo foi convidado,
Ficou bem perto do doce,
Num salão todo enfeitado
Até que veio o poeta
E comeu tudo apressado.
Fim
Mané Beradeiro
25 de novembro 2019
Resolveram se unir
Foram pra chama do fogo
Esquentar e decidir
Qual o doce mais gostoso
Impossível resistir
Quando estavam conversando
Foi chegando o mamão,
Todo em tira, bem lavado,
Deitou-se em prontidão
Esperando por alguém,
Um rei da vegetação.
Não tardou ele chegar
Abacaxi majestade,
Suculento, picadinho,
Com cara de caridade,
Revelando ao mamão
Ser senhor da docidade.
O fogo disse: - Eu sei,
Já ouvi alguém cantar
Que quando se ama muito
É preciso se entregar.
O calor uniu foi tudo
E o doce foi se montar.
E a festa foi tão bonita,
O queijo foi convidado,
Ficou bem perto do doce,
Num salão todo enfeitado
Até que veio o poeta
E comeu tudo apressado.
Fim
Mané Beradeiro
25 de novembro 2019
domingo, 24 de novembro de 2019
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
terça-feira, 19 de novembro de 2019
ANLIC PARABENIZA OS CORDELISTAS PELO SEU DIA
A Academia Norte-Rio-Grandense de Literatura de Cordel -ANLiC através da sua Diretoria vem externar votos de louvor a
todos os poetas cordelistas do Rio Grande do Norte e do Brasil, nesta
data de 19 de novembro, Dia do
Cordelista, desejando que a arte poética continue sendo um instrumento
de conscientização e libertação do povo brasileiro, em todas as suas
nuances. Que a literatura produzida por cada poeta cordelista tenha a
métrica do respeito, a rima da tolerância e a oração da solidariedade.
Antonia Mota do Nascimento
Presidente da ANLiC
Presidente da ANLiC
UM CADERNO DE ESPANTOS É O NOVO LIVRO DE NELSON PATRIOTA
Nelson Patriota, escritor, imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras - ANRL, vai lançar amanhã, 20 de novembro, o seu mais recente trabalho literário: "Caderno de Espantos seguido de vaticínios na língua do não".
Curioso título que talvez leve o leitor a pensar que se trata de algo relacionado ao terror ou ao medo, nada disso. O autor escrevendo para o blog Papo Cultura explica " O que denominamos aqui de “caderno de espantos” – repositório de fatos
da vida interior –, guarda alguma similitude com os earworms. Dito de
outra forma, são mensagens que passam sub-repticiamente pelo pensamento e
que, de tão casuais, raramente lhes damos alguma importância. Como
quando solfejamos uma canção que se faz presente em nós, mas que não
sabemos explicar por quê."
Então, quem desejar prestigiar o escritor é só comparecer à sede da ANRL, Rua Mipibu, nº 443, bairro Petrópolis, Natal, a partir das 18 h. Para saber mais é só clicar no link: Neslon Patriota fala do seu novo livro.
segunda-feira, 18 de novembro de 2019
SEIS POETAS DO RN PARTICIPAM DO CORDEL COLETIVO SOBRE TEMA INDÍGENA
"UM GRITO INDÍGENA EM CORDEL" este é o título de um folheto com 46 estrofes, todas em seis versos (sextilhas), escrito de forma coletiva, com a participação de 46 poetas de vários estados brasileiros (Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Amazonas, Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul)
O cordel trata sobre o universo indígena, seus elementos vitais e a conscientização política de que devemos atender o grito destes nativos, preservando a floresta e sua cultura.
Mané Beradeiro, Luciano Melo, Nando Poeta, Tereza Custódio, Ismael André e Marciano Medeiros foram os poetas do Rio Grande do Norte que participaram deste cordel coletivo. O trabalho teve a direção e organização de Zeca Pereira, diagramação de Lucas Ramos e a capa de Flávio Bajes. A impressão traz o selo da Nordestina Editora.
100 ANOS DE OSWALDO LAMARTINE SERÃO LEMBRADOS PELA ANRL
Dando continuidade a programação dos 83 anos de fundação da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras - ANRL, amanhã, dia 19, às 17 h terá início no Salão Nobre, as comemorações alusivas aos 100 anos de nascimento de Oswaldo Lamartine.
Palestra com Vicente Serejo, mesa redonda com Manoel Onofre Jr, Tarcísio Gurgel, João Batista Pinheiro Cabral e Abimael Silva acontecerão nesta tarde. Depois, no salão térreo, haverá a abertura da exposição fotográfica "O Voo da Acauã", de Candinha Bezerra e exposição de livros e manuscritos de Oswaldo Lamartine.
domingo, 17 de novembro de 2019
O RACISMO NO CORDEL BRASILEIRO
Na Semana da Consciência Negra eu quero trazer aos leitores a forma como era apresentado o negro dentro do cordel brasileiro. O racismo era forte! A imagem do negro estava sempre negativa e nunca positiva, tudo quanto era ruim se atribuía à cor negra. Escolhi algumas estrofes e versos de vários títulos de cordéis só para que possamos ter uma amostra do quanto o negro era desvalorizado no seio artístico cultural.
"Peleja de Manoel do Riachão com o Diabo", narrativa poética de Leandro Gomes de Barros, que data de 15 de abril de 1955 (64 anos).
"Riachão estava cantando
Na cidade do Açu,
Quando apareceu um negro
Da espécie de urubu
tinha a camisa de sola
e as calças de couro cru"
"A Malassombrada Peleja de Francisco Sales com o Negro Visão" , algumas edições trazem o título: A Mal Assombrada Peleja de Francisco Sales com o Negro Visão", eu mantenho o título da Coleção da Casa Rui Barbosa (RJ).
Francisco Sales Arêda |
É comum no cordel brasileiro a figura do diabo ser personalizada sempre como um homem negro.
...
"Nisso alguém falou na portaPediu licença e entrou
Era um negro estranho e feio
Que a todo mundo assombrou
Com uma viola velha
Junto de mim se sentou".
Num dos clássicos de José Pacheco, "A chegada de Lampião no Inferno", o quadro não é diferente no tocante a ter "cão" na cor preta.
...
"Morreram 10 negros velhos
Que não trabalhavam mais..."
...
"leve 3 dúzias de negro
Entre homem e mulher ..."
...
"E reuniu-se a negrada
Primeiro chegou Fuxico
Com um bacamarte velho
Gritando por Cão de Bico
Que trouxe o pau da prensa
E fosse chamar Trangença
Na casa de Maçarico"
...
"Satanás com esse incêndio
Tocou um búzio chamando
Correram todos os negros
Os que estavam brigando
Lampião pegou olhar
Não viu mais com quem brigar
Também foi se retirando"
Isso era tão comum, que é difícil encontrar nos textos poéticos da época algum cordel que não apresentasse o mal desta maneira. Vejam também o cordel " A mulher que deu a luz a um satanás" , da autoria de José Soares, o poeta repórter.
..."Os médicos apavorados
Naquela situação
Diante de um fenômeno
Que não tinha explicação
Não sabia distinguir
Se era um bebê ou um cão"
....
Dizem que o satanás
Era preto e muito forte
Mais não tinha experiência
Foi sequestrado pro norte
Não chegou aqui ainda
Porque não tinha transporte".
José Bernardo da Silva |
Até mesmo em romances, como é o caso da história de "Mariana e o Capitão do Navio", de José Bernardo da Silva, publicado em 7 de abril de 1951( 68 anos passados) quando o texto se portava a um negro rico, ainda assim era vítima do racismo.
No cordel acima temos Jorge, negro, rico, presidente de uma ilha no Japão, que se apaixona por Mariana e dela não recebe nenhuma esperança.
...
"A moça disse senhor
Quem lhe deu tal liberdade,
Olhe sua posição
E a sua qualidade
Pois em casar-me com negro
Eu nunca tive vontade"
Mais adiante, Mariana também vai falar:
"...Mesmo eu não caso com negro
Nem que S. Antonio me peça"
E é dela também a expressão:
"Sai-te cururu fardado
Cor de noite de escuro"
As fotos dos autores nos mostra que todos eles eram negros, exceto Leandro Gomes de Barros, que era branco e tinha olhos azuis. Isso prova o quanto ficou forte a ideia do racismo no coletivo e foi preciso muitos anos para que se construísse uma nova forma de pensar sobre o negro.
Ações estas que estão sendo feitas e implantadas pelo próprios poetas cordelistas, atualmente homens e mulheres. Mas isso é tema para um próximo artigo, brevemente.
Mané Beradeiro
17 de novembro de 2019 REFERÊNCIAS:
DUARTE, Manuel Florentino e outros. Literatura de Cordel - Volume I - Antologia. São Paulo(SP): Global Editora.
LITERATURA Popular em verso: Antologia Tomo I. Rio de Janeiro(RJ): Ministério da Educação e Cultura - Casa de Rui Barbosa, 1964.
VIANNA, Arievaldo. Leandro Gomes de Barros - o mestre da literatura de cordel - vida e obra. Fortaleza(CE): Edições Fundação Sintaf. Mossoró(RN): Queima Bucha, 2014.
sábado, 16 de novembro de 2019
MANÉ BERADEIRO PARTICIPA DE MESA SOBRE O CORDEL
O poeta Mané Beradeiro vai ser o mediador da mesa, que hoje à tarde, às 18h, terá a participação de Marco Haurélio, Rosilene Alves de Melo e Marília Melo de Oliveira que debaterão sobre o tema "As base que tornaram o cordel patrimônio imaterial: argumentação histórica". O evento acontece na Praça Padre João Maria, Centro, em Natal, dentro da programação do 4º Círculo Natalense do Cordel.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
EM PARNAMIRIM MAIS UMA ESCOLA REALIZA O PROJETO "O MEU PÉ DE LARANJA LIMA"
Quantas palavras podem ser usadas para serem sinônimos de paixão? Diversas! E às vezes essas palavras estão materializadas em gestos, ações que transformam um momento em encanto. Foi assim na tarde do dia 13 de novembro último, quando a escola Municipal Maria de Jesus, Bairro Nova Esperança, em Parnamirim/RN, culminou o projeto O Meu Pé de Laranja Lima, que homenageia o escritor José Mauro de Vasconcelos.
Francisco Martins se fez presente, quando na oportunidade falou para os alunos e professores sobre a vida e a obra do autor José Mauro de Vasconcelos, sua ligação com o Rio Grande do Norte. Houve uma exposição dos 21 livros escritos por José Mauro de Vasconcelos, bate papo e até foi plantada uma laranjeira, que os alunos e professores deram o nome de "Zezinho".
Francisco Martins ganhou como recordação desse momento um colete que representa Manoel Valadares, O Portuga, que Zezinho amou tanto.
Já se foram 50 anos (2018) que o livro mais conhecido de José Mauro de Vasconcelos foi lançado e ainda continua sendo um sucesso e venda e emocionando leitores. Em 2020 estaremos celebrando 100 anos de nascimento.
Parabenizamos a Escola Maria de Jesus, através da sua gestão e equipe pedagógica, que deu todo apoio à Mediadora de Leitura Francisca Batista Galvão para a realização desse projeto.
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
LIVRO PERDIDO EM ÔNIBUS COM DEDICATÓRIA DE MÃE PARA FILHO CHAMA A ATENÇÃO NA INTERNET
O pai de Karoline Dias, de 20 anos, chegou com um item inusitado em casa na última segunda-feira. Não um presente ou uma supresa, mas um exemplar do livro "Meu pé de laranja lima", do escritor José Mauro de Vasconcelos,que encontrou em um ônibus da linha 56 da viação Galo Brancoem São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Um detalhe na obra chamou a atenção da jovem: uma dedicatória de quase uma página inteira de uma mãe para o filho de seis anos que tinha acabado de aprender a ler. A mensagem foi escrita em 2002.
A estudante de produção audiovisualconta que, quando leu a mensagem, soube imediatamente que precisava encontrar o dono do livro perdido:
— Por ser um livro velho já pensei que pudesse ter algum valor sentimental. Quando abri e li a dedicatória, falei "nossa, a pessoa que perdeu deve estar sentindo muito", porque eu tenho vários livros com dedicatória. Quando vi que era da mãe do garoto, que deu para ele quando tinha seis anos, pensei "cara, vou publicar na internet para ver se acho o dono do livro" — explica a jovem, que postou no mesmo dia em seu Twitter a foto da capa e da dedicatória.
"Filho, este é só mais um livro de tantos que já lhe presenteei, e darei muitos outros. Sou sua maior incentivadora para a leitura. O ser humano que lê é culto e sábio. O futuro só a Deus pertence, lhe darei sempre minhas mãos e meu apoio para vê-lo feliz, culto, honesto e realizador dos seus sonhos", diz um trecho do texto.
"Este livro, Allan, é um presente dos dias de criança. Você é uma criança linda, aos 6 anos na alfabetização lendo e escrevendo tudo. Estou muito orgulhosa de você. Te amo muito, fique com Deus e um grande beijo."
Foi bastante para deixar Karoline encantada. A jovem conta que ama ganhar livros de presente, especialmente se vier com uma mensagem carinhosa. Das cerca de 80 obras que têm em sua estante, ao menos 20 possuem dedicatória.
— Eu sempre gostei de ler e as pessoas da minha família quando perguntavam que livro eu queria sempre me presenteavam com livros com dedicatória — disse a universitária. — Se o livro fosse meu não ia querer perder no ônibus. Só de a mãe dele ser a maior incentivadora dele... Achei legal.
De sua coleção, uma de suas dedicatórias favoritas é a de um autor. Ela conta que estava fazendo um trabalho na casa de Luís Carlos Prestes Filho, quando ele a presenteou com um exemplar de "O maior espetáculo da Terra", seu último livro sobre carnaval. Além da mensagem, dedicada a ela e a toda sua família, a jovem ganhou ainda um convite para o sambódromo.
Enquanto o carnaval não chega, Karoline segue na busca por Allan. As únicas informações que tem, além de seu primeiro nome, é a data do presente, 30 de setembro de 2002, e que ele é provavelmente de Charitas, bairro da região oceânica de Niterói.
Ela tem esperanças de encontrar o dono, já que a postagem tem ganhado cada vez mais repercussão.
— Estou super curiosa para ler — afirma a estudante sobre a obra, que é considerada um clássico da literatura infantojuvenil brasileira, com adaptações para TV e cinema.
(Matéria publicada no jornal O GLOBO, edição de 13 de novembro de 2019)
A DIGNIDADE, DE LONGE OU DE PERTO TEM O SABOR DE BREVIDADES
Visão, tato,
paladar, olfato e audição, cinco sentidos que fazem parte do sistema sensorial
humano. Coisas dadas pelo Criador, assim
como a Graça. E se principio este texto trazendo o nome daquele que nos fez é
porque desejo manifestar minha gratidão a Ele em ter os cinco sentidos
maravilhosamente funcionando. Àqueles
que não tem a fé, sem a qual é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6), abraços-os
(fazendo uso do tato) e digo que aceito seu posicionamento, mas
permitam-me lembrar uma máxima de Edgar Barbosa: “O poder de duvidar não é
maior que a faculdade de crer”2
E foi
por causa dos sentidos acima que aprendi a admirar um homem bom e um bom
homem. Com ele tenho a alegria de
conviver e aprendo quando o escuto ou simplesmente quando não fala, mas se
comporta com uma elegância tamanha, que também ensina. E como eu sei que há
homens que não se contentam simplesmente em ter apenas os cinco sentidos
funcionando harmoniosamente, este que admiro, também externou o sexto sentido
que vem através da escrita, e é em seus livros que eu fui buscar deleite.
Foi em 2007
que ele publicou “A Dignidade como
patrimônio”, um livro que trata sobre a biografia do seu pai Diomedes Lucas
de Carvalho, embora para o autor, ele considere ser apenas “um caderno de notas
puxadas da memória” (2007,p.17). Compreensível, pois o autor faz desse trabalho
a sua obra de abertura no mundo da literatura e traz em si a certeza de que
está entrando numa guerra de muitas batalhas, onde a arma é a palavra e já
disse o poeta:
Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entretanto lutamos
Mal rompe a manhã
(ANDRADE, 1979, P. 172)
Lutar com palavras
É a luta mais vã.
Entretanto lutamos
Mal rompe a manhã
(ANDRADE, 1979, P. 172)
É
um livro cheio de registros não apenas do genitor, mas também de fatos
históricos de Cuiité e outras localidades da Paraíba. O autor não mediu
esforços para fortalecer suas afirmações, fazendo uso das notas de rodapé, que
enriquecem mais ainda a biografia. Fico a imaginar o quanto custou e doeu ao
escritor fazer este ensaio biográfico. Com certeza, a ida ao passado assegura o
que escreve Elias José: “As nossas
lembranças nunca são só nossas. Nelas
estão envolvidos os nossos parentes, amigos e conhecidos”6 (2012,
P.42) . Começa bem!
Li “De
Longe e de Perto”(2012) e viajei com ele, através das suas crônicas e tendo
como transporte a imaginação e como combustível a narrativa do “encabulado”, acelerei os quatro ventos e
também me fiz presente em todos os lugares onde ele esteve, As crônicas de viagens são um caleidoscópio que encantam
crianças e adultos. Entreguem um mapa
mundi a este homem, uma caixa de alfinetes e peça para ele marcar os países que
ainda não foi, serão poucos.
Contar
histórias é envolver, é prender o
ouvinte ou leitor da forma mais sutil e deixar que ele seja também participante
da trama, vá ao texto e passeie por entre as linhas e tenha a liberdade de
sentir as personagens reais ou fictícias que o autor trabalha. Em “Brevidades”(2019), a palavra
escrita vem com o sabor das memórias,
enroladas em pequenas crônicas, servidas em bandejas, assim como os bolos que
deram nome ao livro, nos lembra o autor.
Nota-se que a cada obra o escritor vai amadurecendo e concordo com
Fraçois Silvestre, quando afirma que ele, o autor, apresenta um texto
primoroso, sem ser pedante. Ler “Brevidades” não apenas me deu conhecimento
sobre música, educação, sertão, cinema, etc, mas me fez pensar nas minhas memórias.
A esta altura,
alguns leitores já sabem sobre quem estou escrevendo. Os que ainda não o
conhecem, apresento. É Ivan Lira de Carvalho,
magistrado, professor universitário, membros de diversas associações
culturais, entre elas a Academia Norte-rio-grandense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte e o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Homem que enaltece sua terra,
suas origens, seu berço e com muito esmero a literatura. Não canso nem minto ao
escrever que ouvir ou ler é receber a sonoridade de uma lira e ter a certeza
das seguras raízes de um carvalho.
Francisco Martins
13 de novembro 2019
REFERÊNCIAS:
1) ANDRADE,
Carlos Drummond de. Drummond Antologia Poética. Rio de Janeiro(RJ): Livraria
José Olympio Editora, 1979
2) BARBOSA,
Edgar. Imagens do Tempo. Natal(RN): Editora Universitária, 196
3) CARVALHO,
Ivan Lira de. A dignidade como patrimônio.Natal(RN): Metropolitano, 2007
4) __________.De
Longe e de Perto. Natal(RN): Sebo Vermelho, 2012
5) __________.Brevidades.
Natal(RN): Caule de Papiro, 2019
6) ELIAS,
José. Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo. São
Paulo(SP): Paulus, 2012.