A avó estava na sala vendo novela. Era um olhar na tela e outro no crochê que suas habilidosas mãos trabalhavam, entre uma cena e outra a vovó perguntou:
__ Rejane, cadê Tiago?
__ Está brincando lá na área de serviço mamãe. Respondeu a filha.
__ Sei não, pra mim ele está aprontando alguma, Tiago não é menino de ficar tão quieto.
Rejane foi lá queria ter a certeza de que seu filho brincava inocentemente. Chegou sorrateiramente e ficou vendo-o sentado, junto com seus carrinhos. Volta à sala e informa a avó:
__ Tiaguinho brinca comportadamente.
E enquanto mãe e avó se entretiam na novela, Tiaguinho divertia-se com seus brinquedos. Mas, como toda criança, não demorou muito a buscar alternativas, estava ficando monótonas aquelas cores, aqueles carros.
Foi então que ele observou, vindo ao seu encontro, uma criaturinha diferente. Barrigudo, sem pescoço, caminhando de formar tão peculiar. A cabeça de Tiago funcionou assim: “Olha só, um brinquedo que anda sozinho!”
A criança ficou por alguns instantes vislumbrada com o desempenho daquele “brinquedo”. Era divergente de todos os demais. Abria a boca e dela saia uma língua enorme que capturava insetos na parede. Não tinha rodas e não era duro como a matéria prima dos seus brinquedos. Parecia fofo. Será? Bem, em caso de dúvida nada melhor que averiguar.
E lá se foi Tiaguinho em direção a ele. Puxou-o pela perna, viu que a mesma esticava, arrastou-o até perto de si, e qual não foi sua surpresa quando o soltou e ele pulou.
Se Tiago já fosse grande teria exclamado: “Magnífico é tudo o que eu quero para brincar”. Puxou-o novamente, mas desta vez não o soltou. Com a mão direita em forma de concha, segurou o sapo pelas costas e passou friccioná-lo no piso daquela área de serviço.
A barriga do anfíbio quando em atrito com o piso provocava um barulho assim: ronc, ronc, ronc. Tiago fazia este movimento repetidamente. E o infeliz do sapo, com braços e pernas abertas, tentava inutilmente se libertar.
Lá na sala, mãe e avó estavam compenetradas na novela. É bem verdade que ouviam um ruído diferente vindo lá das bandas de onde estava Tiaguinho, e foi só quando a televisão passou aos comerciais que novamente a avó aconselhou a filha:
__Vá lá, veja o que meu neto está fazendo.
Rejane levantou-se, aproveitaria e tomaria água. Ouviu-se então o grito de Rejane:
__ TIAGO SOLTE ESTE SAPO PELO AMOR DE DEUS!
Tiaguinho obedeceu, e o sapo com a barriga já bastante vermelha de ralar naquele chão fugiu dali imediatamente.
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