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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

MALDADES







Nestes vossos pés cravados, onde o sangue rubro lava-me,
Torno-me chão para pisares, espinhos para vos ferir e muitas vezes choro por saber que não correstes, mas calmamente andastes.






Neste vosso olhar diáfano, velo além cingida a minh’alma.
Neste vosso peito aberto, entro chagas adentro, sou estilhaço das mortais granadas, vim das guerras que outrora foram guarnecidas pelo ódio ao vosso amor.
Percorro ferindo todo o vosso corpo, regozijo-me em vê-lo aberto, e por não poder estraçalhá-lo saio triste pelo lado ferido.
Tomo da água que deixastes jorrar, olho vossos olhos translúcidos, e a minh’alma continua presa neste inreprochável plano de me amar.


Vosso corpo ferido, manjado e sujo, e estas espáduas roxas, cuja cruz descascou faz-me querer ser sal e nos vossos ombros vagarosamente adormecer.

16 de maio de 1986

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