Hoje eu fui cortar o cabelo. Já
fiz isto incontáveis vezes em minha
vida. Lembro-me que quando pequeno papai me levava ao salão e mandava cortar
meu cabelo na máquina zero, ficava peladinho, parecendo um passarinho quando
começa a criar suas penugens. Fui crescendo, meu cabelo aumentando, sempre
espetado, para cima. Ganhei os apelidos de porco- espinho e cabelo de espeta caju. Não ligava, gostava do meu estilo
vassourinha.
E o tempo nunca me abandonou,
entrou nos meus cabelos, fez morada em suas raízes, mesclou a cor de castanho
escuro para grisalho. Hoje, já não tenho
a cabeleira que ostentava em 1984, a
juba se foi, o leão ficou, era preciso agarrar a vida, conquistar a savana,
contemplar por de sol, vários, inesquecíveis.
Quando hoje começaram a cortar
meus cabelos eu vi que rolavam por sobre a manta, que me protegia dos fios
soltos, pequenas mechas de cabelos brancos. Elas caiam levando minha história,
minha vida, meus dias.
Meus cabelos brancos! Estou
ficando velho? Não! Jamais hei de envelhecer. Sei que meu corpo irá dar
sinais sobre sua validade, minha mente
há de querer esquecer, meu coração pode até teimar em ter febres intensas, o
que ele chama de pressão alta. Mas eu,
meu ser, minha alma, não irá envelhecer. Porque a fonte que eu bebo jorra
eternidade. A luz que eu vislumbro não oscila,
o caminho que trilho me leva a um porto seguro, e o amigo desta jornada
tem uma sabedoria sem igual, convida todos os cansados e oprimidos a lhe
conhecerem, sentir seu fardo leve e seu jugo suave.
Pode embranquecer, fiquem alvos
como a neve, adquiram a cor dos anos, não hei de pintá-los meus cabelos brancos.
08 de agosto de 2012
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