Não por meio de José
Seu noivo tão comportado
Na vila de Nazaré
A coisa ficou difícil
Prá falar o que não é.
Pois é que naquele tempo
O noivado diferente
Já comprometia moça
Em corpo, alma e mente
Tudo que acontecesse
Envolvia muita gente.
Maria era direita
Moça virgem tão singela
Por Deus foi escolhida
Para a missão mais bela
Ser a mãe de um bruguelo
Todo feito dentro dela.
Nesta gravidez tão ímpar
José não participou
Guardou a sua semente
Só depois ele plantou
Mas isso é outra fala
Que o Evangelho narrou.
O certo é que Maria
ficou toda abismada
Quando ela viu o anjo
Não sabia de nada
Mas tão logo lhe foi dito
Respirou aliviada.
Gabriel, anjo de Deus,
Trouxe grande emoção
Quando disse a Maria
Darás luz à Salvação
O seu nome é Jesus
Divindade neste chão.
Maria ficou alegre
Por tudo que sucedeu
Só mesmo amor tão grande
Para o povo Judeu
Resgatando neste mundo
Pobre, rico e ateu.
Sua prima Isabel
Também grávida ficou
Estava já barriguda
Quando Maria chegou
Em visita tão bendita
Que João estribuchou.
E o tempo foi passando
Maria com barrigão
Varia a sua casa
Pré-Natal não teve não
Dentro daqueles meses
Foi bela a gestação.
Fecho os olhos pra vê
Maria com seu José
dizendo ao bom marido:
"-Tá pertim de vê com'é
A cara deste menino
Filho do nosso Javé".
Um dia Cesar Augusto
Deste mundo Imperador
Ordenou contar o povo
Pra saber o seu valor
E Maria com José
Foram ao censo sem tremor.
A Belém eles chegaram
Não havia hospedagem
Maria sentiu as dores
E não foi desta viagem
José ficou nervoso
Quase perde a bagagem.
Coisas poucas meu leitor,
Uma manta para frio,
Um bornéu com rapadura,
Uma esteira só do fio
Da palha da carnaúba.
Era tudo atavio.
Toda casa que falou
Um lugar para deitar
Recebeu foi longo não!
"-Aqui não há mais lugar
Vá aperrear uma cega
E me deixe descansar".
A noite então chegou
De maneira tão intensa
E Maria com José
Em situação tão tensa
Debaixo daquele céu
Não perderam sua crença.
José olhou Maria
Lhe falou do seu amor
Disse eu creio em Deus
Vai passar a sua dor
Entre o céu e a terra
Manteremos o temor.
Maria ergueu a fronte
Viu a noite estrelada
Seu corpo era vulcão
Toda cêlula inflamada
O menino nasceria
Sem parteira e sem nada.
Cansados só lhe restaram
Na cidade de Belém
Ter o teto num estábulo
E por cama, vejam bem,
Capim na manjedoura
Nunca dado a ninguém.
Foi ali naquele quadro
Pintado por mão divina
Que Maria deu a luz,
Creia, pensa, imagina
Burro, boi, vaca e galo
A lição que nos ensina.
Um menino nos foi dado
Cantam os anjos em glória
Na terra há esperança
Tudo agora é história
Do amor universal
De quem brota a vitória.
Naquela noite Maria
Viu o céu com os portais
Tudo quanto era santo
Faziam seus recitais
Pois naquela manjedoura
Não teria outro jamais!
Agora você já sabe
Como foi que Jesus nasceu
Não teve"Papai Noel"
Mas ele nos aqueceu
Trazendo às nossas vidas
Esperança a quem perdeu.
Faça com quê o Natal
Seja então em sua vida
Um tempo de meditação
Para grande acolhida
Abra o seu coração
de maneira desmedida.
Deixe nele habitar
O Rei que dá alegria,
Que traz paz e comunhão
Na eterna calmaria
Festeje seu nascimento
Com amor e melodia
Fim
Mané Beradeiro - 10 de dezembro de 2012
Viciada em ler cordel! Adorei este!
ResponderExcluirParabéns pra o colega!