Há dias que não sei o que me passa
eu abro o meu Neruda e apago o sol
misturo poesia com cachaça
e acabo discutindo futebol
mas não tem nada não
tenho o meu violão.
Acordo de manhã, pão com manteiga
e muito, muito sangue no jornal
aí a criançada toda chega
e eu chego a achar Herodes natural.
Mas não tem nada não
tenho meu violão.
Depois faço a loteca com a patroa
que sabe nosso dia vai chegar
e rio porque rico ri à toa
também não custa nada imaginar.
Mas não tem nada não
tenho meu violão.
Aos sábados em casa
tomo um porre e sonho
soluções fenomenais
mas quando o sono vem
e a noite morre
o dia conta histórias sem iguais.
Mas não tem nada não
tenho meu violão.
Às vezes quero crer,
mas não consigo
é tudo uma total insensatez
e aí pergunto a Deus
escute, amigo
se foi pra desfazer
porque é que fez?
Após bacharela-se em Letras, o poeta Vinícius Moraes entra na Faculdade de Direito, em 1930 e três anos depois conclui o curso. Em 1933 publica seu primeiro livro: O CAMINHO PARA A DISTÂNCIA.
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