Felipe
Bernando, um dos homens mais ricos de Caicó, nas décadas de 30 a 50 do século
passado, não sabia fazer um “o” com uma quenga, mas tinha talento para o
comércio.
- O
segredo do meu sucesso está na ecolomia, quem ecolomiza
tem. Era sua máxima preferida.
Sua fama
correu por toda a região do Seridó e um dia um jovem bateu em sua porta à
noite:
-Oh, de
casa!
-Oh, de
fora! Quem fala?
-É um
visitante
-Que
deseja?
-Quero
uma aula prática de economia
-Pois não,
pode se apear. Fique à vontade, como se
em sua casa estivesse.
Felipe
percebeu que seu aluno visitante era homem de recursos financeiros, estava com
um cavalo de raça, ornado com bons arreios, sela boa e acessórios de montaria
caprichados.
Apresentaram-se
à luz da lamparina. Depois de um certo tempo, Felipe apagou a lamparina com um
sopro e ficaram conversando no escuro: “Ecolomia
é a base de toda a riqueza da humanidade” sentenciou o professor. E assim a
conversa se prolongou por um por tempo. Foi quando Felipe disse que ali tinha
mostrado na prática a economia de querosene e do pavio de algodão.
-Agora
vou acender a lamparina
-Espere!
Falou assustado o visitante
-Que foi?
Quis saber Felipe
-Deixe eu
vestir minha calça, pois tão logo o senhor apagou a lamparina eu a tirei para
não gastar o fundo da mesma.
É como
diz o ditado: em terra de sapo, de cócoras com ele.
Mané
Beradeiro
Referência: o conto foi construído com base nas histórias que li em "João Bernardo de Medeiros (Seu Humor)", de Manoel Medeiros, Natal-RN, Gráfica Santa Maria, 1990.
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