Casar? eu caso, mas tem umas condições
Tu que é homem corajoso, vaqueiro caatingueiro,
Vive em tudo que é apartação,
Se agarra com barbatão,
Quebra mato, acama cipó.
Faz mil estripulias montado no alazão.
Tu, que se diz conhecedor das coisas deste sertão,
Que já viu anos a fio o inverno não chegar,
Que sabe dizer as horas oiando o sol se bulir, o gangão relinchar.
Eu pergunto:
-Tu sabe o que é amar?
Não me arresponda agora! Deixe eu prosear.
Amar é ter o encanto do boi mandingueiro
É viver acezuado pras coisas do coração
É também ter no alforje, muito mais do que pão.
É encurralar o egoísmo ,rebater olhar reimoso, cabremar judiação.
Amar é tresmalhar de
tudo que não presta e pode nos separar.
Essas são as condições. Nosso trato no papel.
Moço, nós nem sequer namoremo! Né verdade?
Mas, se tu entendeu tudo direitim, se monte no alazão,
Pule cerca, suba serra, galope a felicidade, se apeie no meu
olhar,
Quero ser tua marrã, nos teus braços enramar.
Ser cancela que se abre para fazer desejos teus.
E no chão do coração,
nenhuma cerca vai ter.
Vou plantar o meu jardim – muçambê vai florescer.
(Mané Beradeiro – Parnamirim-RN, 7 de novembro 2016)
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