Eu que nasci do barro,
Terra molhada com água,
Que recebi nas narinas
O sopro da divindade.
Eu que fui gerado
Na solidão de um útero,
Plasmado, medido, plantado,
É finalmente exportado
A este "Vale" de lágrimas,
Ouso pedir a Deus, poeta
De todos os poetas,
Senhor absoluto de todos os elementos,
Que a dor seja destruída,
A alegria reconstituída,
Os tetos restaurados,
O pão posto à mesa,
As almas consoladas,
As cicatrizes curadas,
Os culpados julgados,
A natureza refeita.
Eu que do barro nasci
Uno-me à dor de Minas Gerais,
de Brumadinho.
Minh'alma esta imersa na lama.
Francisco Martins
28 de janeiro 2019
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