Escrever no estilo de cordel não é coisa fácil. Hoje eu recebi um texto de um professor que deseja entrar neste ofício de poeta de bancada. Ele me procurou e pediu para olhar o "cordel" que ele tinha escrito. Quando enviou o texto para mim eu respondi que o poema que ele escreveu estava longe de ser considerado um cordel. Vejam uma das estrofes:
Foi então numa pracinha
Na cidade de Pau dos Ferros
Que o encanto se firmou
Pois encontrou o seu cupido
A chamando de meu amor
Mostrei ao amigo que a estrofe precisava ter no mínimo 6 versos, cada um com sete sílabas poéticas ( chamamos isso de métrica) e que os versos pares ( 2, 4 e 6) terminassem com palavras rimadas.
Muitos pensam que qualquer texto impresso em forma de folheto é um cordel. Ledo engano! O professor acima aceitou o desafio de rever seu texto e reescrevê-lo fazendo uso das três coisas indispensável ao cordel: métrica, rima e oração.
A estrofe com seis versos é denominada de sextilha. A forma mais usada no cordel, ela pode ser feita de 5 maneiras diferentes: aberta ( rimam apenas o versos pares), fechada (rimam todos os versos), solta (rimas presentes apenas no verso 1 com 3 e 2 com 4, ficando o 5 e 6 sem rimas), corrida ( as rimas são assim: versos 1 com 2, 3 com 6 e 4 com 5) e por último a sextilha desencontrada ( as rimas estão presentes nos versos 1 com 4 e 5 ( mesma terminação) e 2 com 3 e 6 também com outra terminação)
De todas as cinco maneiras, a aberta é a mais preferida pelos poetas cordelistas. Por enquanto é só. Breve escreverei sobre a septilha, a estrofe com sete versos.
Mané Beradeiro
Parnamirim/RN, 05 de agosto 2019
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