Em plena safra do Corona Vírus - quando as mãos são constantemente lembradas - eu trago o poema "As Mãos", do poeta Manuel Alegre (Portugal).
Com mãos se
faz a paz se faz a guerra
Com mãos
tudo se faz e se desfaz
Com mãos se
faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se
faz a guerra ─ e são a paz.
Com mãos se
rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de
pedra estas casas mas
de mãos. E
estão no fruto e na palavra
as mãos que
são o canto e são as armas.
E cravam-se
no Tempo como farpas
as mãos que
vês nas coisas transformadas.
Folhas que
vão no vento: verdes harpas.
De mãos é
cada flor cada cidade.
Ninguém pode
vencer estas espadas:
nas tuas
mãos começa a liberdade.
1979.
1979.
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