"Deus fez o homem, deu-lhe trinta anos de vida e assegurou-lhe um destino de felicidades sobre a terra. Em seguida fez o burro, dando-lhe a condição de ser escravo do homem, com direito de viver cinquenta anos. O burro pensou, pensou, e refugou vinte. Logo depois, o Senhor fez o cão, para o ofício de guardar o homem e roer um pedaço de osso, com trinta anos de existência. O cão achou que dez lhe bastavam e abriu mão do resto. Por fim, criou Deus o macaco, a quem deu cinquenta anos de vida, com o ofício de fazer rir o homem. O macaco coçou a cabeça, fez uma careta e dispensou vinte anos: para palhaço, bastavam-lhe trinta.
E aí entrou o homem, com o seu pedido velhaco, que o Senhor prontamente atendeu:
_ Vinte anos que o burro não quis, vinte que o cão enjeitou, vinte que o macaco recusa, dai-nos, Senhor, eu ficarei com eles.
E assim se explica a vida do homem: até os trinta, vive forte e feliz; dos trinta aos cinquenta, com os encargos de família, vive a idade do burro; dos cinquenta aos setenta, de sentinela à família, vive o tempo do cão; e afinal, dos setenta aos noventa, vive a parte do macaco, fazendo rir a família com a sua rabugem e a sua caduquice."
Você provavelmente já leu a história acima ou talvez tenha ouvido. Ela é propagada pelas redes sociais, contada em conversas de amigo e outros meios. Eu mesmo sou testemunha disso. Já não sei quantas vezes escutei alguém contar essa história. Mas quem é o autor ou a fonte dela?
Hoje, gostaria de fazer justiça a isso. Chamo então a atenção do leitor para a existência do escritor Xavier Marques, baiano, natural de Itaparica, que viveu entre os anos de 1861 a 1942. Veja sua biografia clicando aquiXavier Marques.
Foi ele o autor do livro " A Cidade Encantada", publicado em 1919, coisas de 105 anos passados, onde vamos encontrar a publicação do apólogo.
Eis aí as fontes que chegam para escoimar a falha de que esse texto é de autoria ignorada.
Francisco Martins
2 de setembro 2024
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