Nós, os boêmios sob a proteção da noite, decretamos e promulgamos a Constituição da República Independente do Bairro do Recife.
Art. 1º - A República Independente do Bairro do Recife será organizada sob a forma de frevocracia, regime anarco-musical, exercido por boêmios, músicos e poetas.
Art. 2º - Ficam instituídos como símbolos do Bairro do Recife, a garrafa e a radiola de ficha.
Art. 3º - São cores da bandeira do Bairro do Recife, o verde-cana, o amarelo-cerveja e o azul-madrugada.
Art. 4º - Todos são iguais perante a primeira dose e desiguais depois da décima-dose.
Art. 5º - Todos os boêmios terão assistência gratuita com direito a albergue e soro glicosado e farão jus a um seguro-etílico.
Parágrafo único - os bêbados, para fins de direito, são equiparados aos menores.
Art. 6º - O Bairro do Recife é território da paz, das lutas amorosas e da felicidade compartilhada.
Art. 7º - No Bairro do Recife, situado ao lado de baixo do Equador, fica abolido o pecado.
Parágrafo único - Todas as noites serão noites de lua.
Art. 8º - No Bairro do Recife o sistema de preços é capitalista e o sistema de pagamento das contas é socialista.
Art. 9º - Fica criado o tabelionato de Notas para registrar conversas e promessas noturnas com fé de ofício.
Art. 10º - Fica criado o patrimônio Histórico-Etílico com o objetivo de preservar todo o ecossistema lirico alcoólico do Bairro, tombados desde já os bares 28 e o de Waldemar Marinheiro.
Nota: não sei quem é o autor ou autora desse texto. Consegui dentro de um livro antigo, esquecido entre as páginas.
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