"Se queremos encontrar os segredos do Universo, pensemos em termos de energia, frequência e vibração."
Nikola Tesla
"Se queremos encontrar os segredos do Universo, pensemos em termos de energia, frequência e vibração."
Nikola Tesla
O cordelista Mané Beradeiro e o seu ajudante de ordem, o jumento Ananias, alegraram na manhã de ontem, o 1⁰ Seminário PICS-SUS - Práticas Integrativas Complementares na Saúde, que aconteceu no auditório da unidade FACEX, na avenida Deodoro, em Natal.
Mané e Ananias foram mestres do cerimonial, apresentando os palestrantes, com estrofes poéticas, em cordel.
Ela preparou com muito carinho, um caderno literário para presentear o seu pai. O presente começou a receber os textos em 1 de abril de 1970, tendo como solo a cidade de Ceará-Mirim-RN. Na dedicatória que ela escreveu em 2 de agosto de 1970 ( 55 anos passados) ela diz
"...Mas tarde na sua velhice, passando as humildes folhas deste caderno lembrarás da sua filha que lhe estima"
O trabalho de copiar esse material terminou em 31 de julho de 1970, e organizadora assim escreveu:
"Papai: com esta poesia fica encerrado este caderno, o qual dedico-lhe todas as afeições filiais, é como uma recordação nunca esquecida, para quando no futuro folhea-lhes este, lembrarás sempre da sua filha que muito lhe quer;
Maria do Socorro Fernandes"
Este presente, hoje tão raro de ser dado a um pai, faz parte do acervo da minha biblioteca particular. A organizadora é minha irmã, a mais provecta da família, porém, é a que tem o espírito mais jovial de todos nós, os seus irmãos e irmãs.
Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915 -1992), um dos maiores poetas populares do Brasil, é o autor da sextilha abaixo:
Imóvel de estilo eclético, símbolo da história política e arquitetônica do Seridó potiguar, será incluído no rol de bens protegidos do Rio Grande do Norte.
O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte (CEC/RN), por unanimidade, opinou pelo tombamento da residência que pertenceu ao Desembargador Thomaz Salustino Gomes de Melo, localizada à Praça Desembargador Thomaz Salustino, nº 134, no centro histórico da cidade de Currais Novos. A decisão foi tomada em sessões consecutivas da Câmara Técnica do Patrimônio Cultural Material, e do Pleno do Conselho, realizadas nos dias 21 e 22 de julho de 2025, respectivamente.
A proposta de tombamento foi apresentada pela Fundação José Augusto, com base em provocação de Inácio José Salustino Soares, e contou com parecer técnico da arquiteta Aramires França, que atestou a relevância histórica, arquitetônica e cultural do imóvel. Edificada no início do século XX, a casa representa um exemplar significativo do estilo eclético, com elementos ornamentais e simbólicos típicos da arquitetura historicista, além de compor o conjunto urbano tradicional de Currais Novos.
Para o Conselheiro Antonio Gentil, relator da matéria da Câmara Técnica, o prédio é detentor de valor histórico e “possui relevância cultural e beleza arquitetônica”, o que justifica o tombamento.
Segundo o voto-vista do Conselheiro Ivan Lira de Carvalho, relator do processo no Pleno do CEC, o imóvel “é dotado de dignidade suficiente para merecer proteção pública, por encarnar valores históricos, estéticos e identitários da cidade e da região”. Destaca ainda a originalidade do projeto arquitetônico, com composição simétrica, elementos decorativos clássicos e simbologia vinculada à trajetória do proprietário — magistrado, industrial e político de destaque no Rio Grande do Norte do século XX.
Thomaz Salustino foi Deputado Estadual, Juiz de Direito, Desembargador e Vice-Governador do Estado, além de figura relevante na indústria mineral brasileira, como fundador da Mina Brejuí, maior produtora nacional de scheelita por décadas. Seu papel como articulador político e benemérito do Seridó reforça a importância da preservação de sua residência, que também se insere no núcleo urbano tradicional de Currais Novos, próximo à Matriz de Sant’Ana e a edificações centenárias.
A decisão do Conselho também prevê o encaminhamento de ofício ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, solicitando a apuração de eventual responsabilidade por alterações recentes no imóvel que possam ter comprometido sua integridade arquitetônica, em atenção ao disposto nos artigos 62 e 63 da Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais).
Com essa medida, o Conselho Estadual de Cultura reafirma seu compromisso com a valorização do patrimônio cultural do Rio Grande do Norte, fortalecendo a identidade regional e a memória coletiva das cidades do interior. O tombamento ainda será formalizado por ato administrativo próprio, a ser editado pelo órgão executivo estadual competente.
Mais informações podem ser obtidas junto à Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Cultura, pelo e-mail ceculturarn@hotmail.com ou pelo telefone (84)98719-4534.
Thiago Gonzaga é o editor da revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras-ANRL, desde 2014. Escritor com vários livros publicados e uma história de superação. Os seus dias trazem o tempero que a sobrevivência suplica para tornar a vida mais agradável. Desde muito cedo aprendeu a lição de que é preciso buscar os sonhos e a eles se agarrar como quem se abraça a um tronco de árvore em um leito caudaloso.
Parte da história de Thiago Gonzaga foi contada no gênero de poesia, em cordel, em texto da autoria do poeta Manoel Cavalcante, cujo título é: "O Menino Livro".
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Raimundo Nonato da Silva |
Segue
a lista os livros e plaquetes lidos,
seguindo a ordem da leitura:
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Cadernos de anotações das leituras |
de
2025
Estórias de Lobisomem
(regionalismo e folclore).
Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti, 1959. Leitura 24 de março 2025
Varal das memórias – Coleção Mossoroense, 1988. Leitura 26 de
março 2025.
Figuras e Tradições do
nordeste. Rio de Janeiro,
Irmãos Pongetti, 1958. Leitura 26 de março 2025
Quarteirão da fome. Rio de Janeiro, Pongetti, s/d. Leitura 27
e 28 de março 2025
Memórias de duas épocas:
Adauto Câmara, exemplo de uma geração idealista. Mossoró no espaço e no tempo,
centenário do município. Rio
de Janeiro, Pongetti, 1967. Leitura 2 de abril 2025
Serra do Martins: os homens,
o tempo e os fatos. Rio de
Janeiro, Gráfica Olímpica Editora/ Mossoró, Coleção Mossoroense, 1978. Leitura: 3 a 10 de abril 2025
Entre sol e poeira. Coleção Mossoroense, 1987. Leitura 9 e 10
de abril 2025
Árvores de costado: histórias
que a história esquece. Coleção
Mossoroense e ALRN, 1981. Leitura 11 e 15 de abril 2025
Província Literária. Rio de Janeiro, Pongetti, 1953. Leitura 15
e 16 de abril 2025
Somando os dias do tempo. Rio de Janeiro, Pongetti, 1973. Leitura 22
a 25 de abril 2025
O Dia do silêncio de José
Aoem Estigarriga Menescal.
Coleção Mossoroense, 1988 – Leitura 8 de maio 2025
Jerônimo Rosado – uma vida
com a dimensão de um século.
Coleção Mossoroense, 1987 – Leitura 8 de
maio de 2025
Adauto Câmara (Separata da revista da Academia
Norte-rio-grandense de Letras, nº 3, 1955) – Coleção Mossoroense, 1988. Leitura: 8 de maio 2025
A Escola de outro tempo
(professores de Mossoró).
Pongetti/Coleção Mossoroense, 1968. Leitura 10 a 12 de maio 2025
Vidas errantes. Coleção Mossoroense, 1989. Leitura 23 de
junho 2025
À sombra dos tamarindos. Coleção Mossoroense, 1979. Leitura 26 e
27 de junho de 2025
Roteiros da Zona Oeste. Rio de Janeiro, Pongetti, 1952. Leitura 2
a 5 de julho 2025
Foram
dezoito títulos lidos, além de pesquisa em jornais da época, garimpando
informações e curiosidades sobre a vida e a obra de Raimundo Nonato.
A história dessa ocorrência está contada por Câmara Cascudo:
"São cinzas mornas. José da Penha Alves de Souza, 1875/1914 capitão do Exército, homem de excepcional vibração intelectual, jornalista, orador, crítico literário polemista, voltou ao Rio Grande do Norte tentando interromper o ritmo das sucessões governamentais mantidas pelo partido dominante. Criou uma figura desconhecida para o povo, o tribuno político. Levou a propaganda para a rua da capital e das vilas do interior. Não era possível vencer, mas os fulgores de uma eloquência semeadora de energia construtora clarearam o próprio ambiente. Apresentou José da Penha um oficial do Exército, Leónidas Hermes da Fonseca. Foram, em 1913, meses tumultuosos que a imprensa local registra. Jamais se repetiu outra intensidade que empolgasse em tal nível o espírito coletivo. Voltando de suas incursões ao interior, doente e cansado, já descrente do seu candidato, José da Penha teve sua residência continuamente cercada, sob vários pretextos. Era o casarão em que me criei, desaparecido para dar lugar ao Grande Hotel, da Praça José da Penha.
Na noite de 20 de julho de 1913, durante pouco mais de vinte minutos, segundo uns, uma hora, segundo outros, a cidade foi sacudida pelas descargas de armas de repetição. José da Penha, dentro de casa, com alguns amigos, não possuía recursos de reação, além de sua coragem pessoal. Apareceu uma bandeira branca e o fogo cessou. O tempo soprou nessas recordações que ainda vivem na memória popular. Uma página comum e triste só glorificadora da vítima cujo nome no local é uma resposta e um depoimento."
FONTE: Raimundo Nonato, em "Árvores de Costado - Histórias que a História esquece" 1981, p.38
O poeta Mané Beradeiro terminou de escrever mais um texto em cordel. O poema tem como título "Raimundo Nonato, o filho da vitória". Narra a história de Raimundo Nonato da Silva, natural de Martins-RN, que em 1919, aos 12 anos de idade sai com sua mãe e outras pessoas com destino a Mossoró, fugindo da seca.
O cordel mostra a trajetória vitoriosa desse menino, pobre, negro, analfabeto, que consegue vencer os obstáculos da existência. Um texto épico da literatura local. De trabalhador da bagaceira, engraxate, acendedor de lampiões, jornalista, professor, advogado e por último, magistrado, as lições de Raimundo Nonato ainda são válidas no percurso existencial do presente século.Poema escrito no período de 29 de abril a 16 de julho de 2025, com 102 estrofes no formato de setilhas, totalizando 714 versos que estão distribuídos em seis partes:
1ª O Menino do engenho Marizeira
2ª O Escova-botas
3ª O Mestre
4ª A Família
5ª O Escritor e a Cultura
6ª O Relógio do Tempo
Para construir esse poema, o autor se debruçou sobre vários livros que foram escritos por Raimundo Nonato. Finda a leitura do cordel, o leitor vai encontrar 26 referências biográficas da vida de Raimundo Nonato, além de um QR Code que levará o ledor à bibliografia de Raimundo Nonato.
O cordel-livro vai ser lançado somente no mês de outubro, com data já marcada, para o dia 9 de outubro de 2025, às 16 h, no auditório do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN. E em seguida, às 17 horas, será realizada dentro do Programa "Quinta Cultural" a palestra sobre o biografado, tendo como oradores o autor do cordel e José Gaudêncio Diógenes Torquato, ocupante da cadeira que tem como patrono Raimundo Nonato da Silva.
Mané Beradeiro é o primeiro no Rio Grande do Norte a receber esse prêmio. Sua ida foi possível porque familiares, amigos e amigas contribuíram para as despesas da viagem.
No momento que foi chamado para receber troféu Baobá e o certificado da premiação, o poeta agradeceu a Deus e lembrou os momentos vividos ao longo deste período de 2009 a 2025.
Francisco Martins também conhecido pelo nome artístico de Mané Beradeiro, viajará amanhã, quinta-feira, dia 10 de julho, com destino a Belém-PA, onde vai receber o Prêmio Baobá, considerado o Oscar dos Contadores de História.
Mané Beradeiro foi indicado para esse prêmio por causa do seu profícuo trabalho como contador de histórias, no formato de oralidade e também pelas histórias contadas nos seus folhetos de cordel. Desde 2009 que ele anda pelas escolas e outras instituições mostrando o quanto é bom ouvir histórias e aprender sobre nossa cultura. Em 2010, ele começou a escrever cordel e desde então tem se aprimorado nesse gênero literário, com uma produção atual que se aproxima dos 70 títulos.
O prêmio Baobá é nacional e a cada ano a premiação acontece numa capital escolhida previamente, a 9ª edição vai ser em Belém. Mané Beradeiro é o primeiro poeta e contador de histórias do Rio Grande do Norte a receber esse prêmio. Sua ida está sendo custeada pela ajuda recebida de amigos, amigas e familiares. A entrega acontecerá dia 12 de julho.
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Dom Nivaldo Monte |
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Dom Alair Vilar |
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Dom Costa |
Mané Beradeiro