Francisco Martins*
A
escritora Zelma Bezerra Furtado de Medeiros, que também é poeta e pesquisadora
foi a idealizadora e fundadora da Academia Feminina de Letras do Rio Grande do
Norte - AFLRN, em 22 de abril de 2000.
Ao
longo destes 14 anos de existência a
Academia Feminina de Letras vem ganhando espaço no seio cultural e
prestando serviço à comunidade. Também em Mossoró existe a Academia Feminina de
Letras e Artes Mossoroense- AFLAM, fundada por Maria de Fátima de Castro, em 17 de agosto de 2007.
Ambas
as instituições têm sido Arcádias vivas e atuantes na cultura do Estado, porém,
a ideia de se ter uma academia feminina no Rio Grande do Norte não nasceu com Zelma Bezerra Furtado de Medeiros, bem antes dela pensar nisto,
precisamente 48 anos antes da fundação
da AFLRN houve em Natal uma instituição
fundada com este propósito.
A
grande curiosidade é que as duas
academias femininas nasceram no mesmo mês, a primeira do Rio Grande do
Norte em 1952 e a segunda em 2000. Até as datas estão bem próximas,
respectivamente 21 e 22 de abril.
Vamos
então conhecer esta história. A Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras - ANL já estava em funcionamento desde 1936,
portanto, há 16 anos. Naquela época, o Presidente era Paulo Viveiros. As mulheres sentiram então o desejo de fundar
a sua academia, embora reconhecessem que Palmira e Carolina Wanderley eram
imortais da ANL e que esta escolhera três mulheres para compor o quadro de
patronas: Nísia Floresta (Cadeira 2), Isabel Gondim (Cadeira 8) e Auta de Souza (Cadeira 20).
O
certo é que no dia 28 de fevereiro de 1952, um grupo de mulheres formado por
Nara de Oliveira Cristina Coelho,
Helione Dantas, Nívea Andrade e Raimunda Paiva começaram a dar corpo a
esta ideia. Já nesta primeira reunião ficou decidido que a instituição seria
conhecida pelo nome de Academia Feminina de Letras Berta Guilherme.
Berta
Guilherme, que na verdade se chamava Maria Albertina Guilherme, foi uma professora do Atheneu, a primeira
mulher a ensinar Filosofia no Estado. Sobre ela, escreveu recentemente o
acadêmico Jurandyr Navarro: Era uma mulher de ação dotada de espírito
operoso. Para ela, toda vitória alcançada era prelúdio de
outra seguida vitória. Eloquente a sua
participação intelectual, do seu
tempo, ao ponto de ser homenageada com a criação de uma Arcádia
literária, intitulada Academia de Letras “Bertha Guilherme”, tributo raro nos
anais culturais da nossa terra..
Em março de 1952 é feita mais uma reunião,
desta vez na residência de Nívea
Andrade. Nela, além de definirem a data da sessão de fundação, também é
escolhida a diretoria que fica assim constituída: Presidente: Helione Dantas, Vice Presidente: Neide Gadelha, 1ª Secretária: Nívea Andrade, 2ª
Secretária: Cristina Coelho, Tesoureira:
Teresinha Paiva, Bibliotecárias: Maria do Rosário Porpino e Alix Guerra C.
Lima. Trinta patronas foram escolhidas.
A
comissão entra em contato com o
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e agendam a sede desta
instituição para ser o local da sessão
de fundação, que acontece na noite de 21 de abril de 1952. Naquela noite, a
oradora escolhida é a Dra. Myriam Coely de Araújo. A sessão foi presidida pelo
Secretário Geral do Estado, Américo de
Oliveira Costa e contou com a presença de Palmira Wanderley que recordou nomes
de mulheres na literatura potiguar e falou sobre Berta Guilherme.
Estava
fundada a primeira Academia Feminina de Letras do Rio Grande do Norte.
*Escritor,
poeta, guardião da Biblioteca Padre Luis Monte, da Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras.
Referências:
NAVARRO, Jurandyr. Professora
Maria Albertina Guilherme. In: LIMA. D.C.; BARROS, E.C.A.C. (Org.). Construtores da Ágora Soberana Potiguar –
Múltiplas Memórias – Professores do Atheneu Norte-Rio-Grandense (1892/anos
1960). Natal: Ed. Infinita Imagem, 2014. p.205.
Tribuna do Norte, Natal, 29 fev 1952. Revista da Cidade, p.2.
_____________, Natal, 25 abr
1952. Revista da Cidade, p.2.
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