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sexta-feira, 9 de maio de 2014

LÁGRIMA



Para Beth - que perdeu seu tesouro


Eu não sei bem explicar
Como foi que sucedeu
Eu só sei é garantir
Que a coisa assim se deu
Dentro do coração humano
Água e sais  se juntaram
E fortemente se abraçaram
E a lágrima nasceu.

Criada desta junção
Perfeitamente cresceu
E logo percebeu
Que dentro do coração
Não poderia ficar.
Tentou navegar no sangue
Mais este se recusou
Carona à lágrima dar.

“-Estarei prisioneira
Neste coração humano?”
Indagou a lágrima.
“-Não, você há de partir
Nos sentimentos da alma!”
Respondeu o sangue rubro.

E a lágrima, então sozinha,
Nutria-se de imagens e ações,
Vestia-se de momentos
Banhava-se nos pensamentos
Calçava a ALEGRIA, trazia na cabeça
Um diadema de FELICIDADE.
Era a lágrima rica naquele tesouro


Foi quando um dia,
Oh! Que dia! A lágrima
Dormiu. Levaram-lhe
ALEGRIA e FELICIDADE
Quando acordou sentiu
Tamanha dor.
Sem pedir ao sangue
Caiu na correnteza,
Andou por todo o corpo
E o tesouro não achou.

Veio o dia, veio  a noite,
A lágrima cansada
Perguntou ao coração:
“-Se aqui não está meu
Tesouro:  Alegria e Felicidade,
Onde poderei acha-lo?”
Coração,  acelerou e disse
A quem perguntou:
“-Pegue o trem da SAUDADE,
Desça na estação dos olhos
E busque na praça da face
A razão do seu viver".

Eu não sei bem explicar...
Mas foi assim que  choramos
Pela primeira vez  e ainda hoje,
O trem da saudade  vai e vem
Do coração à  Estação dos Olhos.

Francisco Martins
Parnamirim – RN, 9 de maio de 2014

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