Diogenes da Cunha Lima
Há exatamente cem anos o presidente dos Estados Unidos consagrou o
segundo domingo de maio às mães (mother’s
day), logo seguido por outros países, inclusive o Brasil. Esse louvor é
antigo. Na Grécia, era feito a Reia, mãe dos deuses. Roma festejou Cibele (Magna Mater), A Grande Mãe. O
catolicismo fez louvor à Virgem Maria (Imaculada Conceição).
A elevada sensibilidade dos poetas tem, há séculos, celebrado a Mãe.
Singular na língua portuguesa, na emoção produzida, a palavra mãe só rimaria
com um múltiplo superlativo de bondade, de renúncia, de amor total. Nesta data lembro as mães sem filhos e, com
carência sofrida dos filhos sem mãe. Vezes, as primeiras inundam com represada
afeição seus eleitos de coração. Os outros, órfãos da presença, parecem viver
um lugar reservado à sua própria solidão. Umas e outros suavizam a privação com
lembrança e prece.
A minha mãe – Dona Nicinha – consagrou-me a Sant’Anna (nasci a 26
de julho), a ter devoção por Santa Luzia, e muito cedo nos ensinou o poder da
oração. Confiante, aprendi a rezar, quatro orações: o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o
Santo Anjo e a Salve-Rainha. Eu deveria ter na mente a imagem sagrada de quem
era dirigida. Rezo o Padre-Nosso imaginando estar à beira-mar com muita gente. Jesus
vem distribuindo pães. Espero, paciente e consolado, a minha vez. Imagino ver,
com a Ave-Maria, Nossa Senhora e a minha mãe de mãos estendidas em benção. O
Anjo da Guarda paira no alto, derramando luz. É o mesmo anjo que nos guiava, na
parede do nosso quarto – meu e de Daladier. Deixei de rezar a Salve-Rainha porque
incorporei o que me disse o meu queridíssimo amigo e mestre Dom Nivaldo Monte.
Ele não gostava de considerar-se degredado,
num vale de lágrimas e ainda mais
gemendo e chorando... Concordei
porque sou um otimista profissional.
As mães dão proteção, carinho,
orientação, mágica presença de apoio permanente. Nunca cortam o cordão
umbilical da vida e do afeto. Os filhos devemos celebrar o seu louvor. Não conheço melhor louvação da que foi feita
pelo poeta Mario Quintana:
Mãe. / São três letras apenas / As desse nome bendito: / Três
letrinhas, nada mais, / Mas nelas cabe o infinito. / É palavra tão pequena – /
Confessam mesmo os ateus – / És do tamanho do céu / E apenas menor que Deus.
As mães têm lugar cativo na eternidade, o paraíso, porque
intensamente amaram.
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