Por Luis Carlos Freire
TÚMULO DE NÍSIA
FLORESTA: ABANDONADO E SUFOCADO... IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó
DESCARACTERIZADA... AS AUTORIDADES PRECISAM CUIDAR DESSE E DE OUTROS
PATRIMÔNIOS ENQUANTO É TEMPO.
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Professor Luis Carlos , na sessão de terça-feira p.p, no Conselho Estadual de Cultura do RN |
Hoje,
talvez, ALGUMAS pessoas não entenderão o meu gesto, mas importa-me a
certeza de estar no caminho certo e fazendo o papel que pertence a
milhares de omissos. Não sou contra pessoas. Sou contra atos
imperdoáveis que precisam ser interditados a bem da História e da
Memória, e refletidos nas escolas e em todos os ambientes de Cultura.
Sou contra a ignorância ditando hábitos e passando por cima da verdade e
da História. Estamos diante de crimes contra patrimônios históricos de
valores incalculáveis, dilapidados em nome de uma modernidade
inadmissível, assistida em silêncio porque equivocados, de fato, acham
bonito o gesso, o vidro, a lage cheirando a cimento, o porcelanato etc. E
a história que se exploda, pois"a história fede e é feia", diriam...
SOBRE
O TÚMULO E MONUMENTO À NÍSIA FLORESTA - A julgar pelo abandono em que
se encontra, e um prédio construído ao lado do túmulo e monumento à
Nísia
Floresta, brevemente é possível o vermos emoldurado por outras
construções que impedirão totalmente sua
visibilidade. Seria essa a intenção?
Ontem,
apresentei denúncia escrita e verbal, conforme os registros neste post,
junto
ao Conselho Estadual de Cultura e também a encaminhei ao Dr. Diógenes da
Cunha
Lima, Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Todos estão
estarrecido com essa e outra denúncia que o leitor constatará abaixo.
É
intolerável e equivocado assistirmos depredações ao Patrimônio Histórico
em silêncio. A sociedade,
salvas raras exceções (pelo menos apenas uma professora e uma escritora
entraram em contato comigo sobre isso) assiste a tudo silenciosamente.
Depredar o Patrimônio Histórico não é riscá-lo ou pichá-lo. Antes fosse
somente isso. Depredar é descaracterizar, substituindo um material por
outro sem relação alguma com as características originais. Depredar
também é abandonar, é deixar que o povo faça o que bem entender, como a
sufocação que se encontra o túmulo de Nísia Floresta.
Quem
percebe e se preocupa com os crimes e dilapidações feitas aos monumentos
antigos e ao patrimônio histórico, DENUNCIA SEM MEDO.
Cabe
às autoridades o perpétuo zelo a tais elementos, cuidando para que não
sofram
danos ou sejam destruídos. Diante dos altos custos de se ter que refazer
um bem danificado ou destruído, muito melhor é cuidar de sua manutenção
e evitar que receba qualquer interferência. Cabe às autoridade buscar
apoios e parcerias em nível estadual e
federal, antes, e não quando os patrimônios estiverem descaracterizados
ou destruídos. Fica mais caro.
Chega
a impressionar um terreno tão
gigantesco como esse ao lado do túmulo de Nísia Floresta, acharem de
construir um sobrado a poucos centímetros do mesmo. Está-se diante de um
dos
maiores monumentos da História do Brasil. Vêm turistas do mundo inteiro
visitá-lo. Mas hoje mal dá para se fazer uma fotografia, pois as
construções ao lado, que
antes já o poluíam, hoje o sufocam.Não é correto se deixar o túmulo e o
monumento chegar a tal ponto. Está quase abandonado. Não se pode permitir o
estado atual de sufocamento desse importante conjunto histórico.
As autoridades devem buscar parcerias de
todas as formas, urgentemente, para adquirir a área vizinha ao túmulo e
monumento, numa perspectiva que atenda a estacionamento e estrutura logística
em termos turísticos. Em últimos casos pratica-se a desapropriação e indenização aos
proprietários, os quais, com certeza, não se oporão à primeira proposta.
Normalmente, quando faço denúncias, o faço por
minha formação educacional e exercício de minha cidadania. Não o faço por
heroísmo ou como forma de “peitar” pessoas, como alguns assim o proclamam,
ignorantemente. E quando essas denúncias vêm a público logo aparecem
oportunistas cheios de iniciativas “anteriormente feitas” (verdadeiros fake
news criados de última hora para não assumir a omissão). Mas quais
autoridades locais denunciaram? Onde estão os documentos de comprovação?
Os
meus estão em diversos órgãos do estado e da justiça, e podem ser
conferidos, inclusive minha
denúncia foi publicada na Tribuna do Norte recentemente, a pedido do
jornalista
Woden Madruga.Não foi eu que a encaminhei. Ele leu através de um dos
maiores historiadores do Estado, Professor Doutor Cláudio Galvão,
aposentado da UFRN, amigo pessoal, para o qual enviei a denúncia. O que
Woden fez foi pedir a minha autorização, assim como Vicente Serejo
também, chocados com a situação do túmulo e da Igreja Matriz de Nossa
senhora do Ó. Quem não se choca?
IGREJA
MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó - Estamos diante de um fato grave. Em 2009
denunciei à Fundação José Augusto e Arquidiocese a construção de um
altar e nicho na nave direita. Coisa tosca e inadmissível. Repeti a
denúncia,
2014: veja o link
http://nisiaflorestaporluiscarlosfreire.blogspot.com/2014/11/igreja-matriz-de-nisia-floresta-sofre.html
Mas
no caso acima foi sobre a retirada do telhado e madeiramento com AS
IMAGENS DE VALOR INCALCULÁVEL TODAS EXPOSTAS, como se comprova no link
acima. Após a denúncia, mandaram retirar as imagens dois dias depois, e
um nisiaflorestense disse que meu texto era mentiroso, apresentando
fotos com os nichos vazios. A sorte foi eu ter fotografado antes, pois
eu não seria louco de manipular imagens.
Em
2019, neste ano, fiz novas denúncias, após ter ido a um enterro em
Nísia Floresta, quando fiquei sem acreditar no que vi na Matriz de Nossa
Senhora do Ó. Foi tudo ao contrário do que um engenheiro me alegou em
2014, quando fiz a denúncia, e o mesmo, cujo nome não me recordo, me
ligou dizendo que estavam refazendo todos os projetos, cujas obras se
dariam na perspectiva de restauração com total respeito às
características originais da Matriz. Restou-me acreditar, portanto eu
pensava que as obras se seguiram com respeito ao Patrimônio Histórico.
Só fui perceber durante o enterro. Dessa última vez também fiz a
denúncia junto ao Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Norte, Conselho Estadual de Cultura,
Arquidiocese
de Natal, Conselho Regional de Arquitetura, Centro de Documentação Eloy
de
Sousa, Ministério Público e IPHAN, inclusive pedi o tombamento para que
não continuem
assassinando a história.
É
inacreditável olhar o teto do altar-mor da Igreja Matriz de Nossa
Senhora do Ó, em Nísia Floresta e enxergar um crime contra a arquitetura
barroca original. Nos meus estudos sobre o assunto, desde os tempos
universitários, e posteriormente o contato com especialistas de Ouro
Preto e Rio de Janeiro, aprendi que a intenção arquitetônico/sacra da
Matriz de Papari foi revestir todo o altar-mor de alvura, de plenitude
da cor branca, pois é ali que se encontra o Sacrário. Há intenção de se
dar uma conotação celestial, de "céu", de santidade, a partir da própria
arquitetura. Mas, INACREDITAVELMENTE, destruíram o estuque original, e
com ele foram-se os desenhos em alto e baixo relevos, em perfeita
harmonia com todos os demais elementos da Igreja Matriz. Mataram o
Barroco. Mataram a História. Não desaprovo a necessidade de ter sido
necessário reformar a tela que segurava a cúpula/estuque/forro.
Certamente corria o risco de desabar. Mas, se carecia de restauração,
que fosse refeito em respeito às características originais. Isso também é
restaurar. Vejam, abaixom, a fotografia antes da descaracterização e vá
até a igreja conferir a barbaridade feita. É um choque. A madeira preta
matou a beleza arquitetônica do templo e da própria intenção de
transmitir a plenitude celestial ao altar-mor. Veja, abaixo:
Em
2008 o reboco desse estuque desabou. Foi um estrondo na Matriz. Eu
tinha fotografias e desenhei em tamanho natural todos os altos e baixos
relevos, os quais foram moldados novamente em cimento pelo filho da Dona
Moça (do Monte Hermínio)
Finalizando,
é deplorável. Confesso que não
tenho palavras para externar minha repulsa às barbaridades que tenho
visto
acontecer nessa Igreja Matriz e ao Túmulo e Monumento à Nísia Floresta. O
assunto é
patrimônio histórico. Não estamos falando de uma casinha de palha lá no
sítio do seu Pedro. É uma igreja de quase 300 anos, cujas pedras foram
trazidas sob carros de boi, de Morrinhos, cuja argamassa era cal, barro e
óleo de baleia. Arrancaram todo o assoalho das duas naves. Aquilo era
intocável. É arquitetura de época. Se precisasse de substituição da
madeira, que fosse substituído por madeira. Lembro-me que tudo é madeira
nobre. Madeira de lei. Não estavam estragadas. Mas suponhamos que suas
pontas estivessem avariadas, que fosse cortada e se anexasse pedaços
novos, da mesma madeira. Mas colocaram laje. Onde estão essas madeiras. Estão bem guardadas. Elas são peças de valor museológico sem preço.
É patrimônio do município de Nísia Floresta. O mesmo foi feito à
sacristia. Isso é descaracterização pura e simples. Fica meu registro
público de que jamais aceitei isso e
sempre protestei. É o que posso fazer. É o que todos deviam fazer. E
você, o que tem feito?
Algumas
pessoas não entendem a minha denúncia e se valem de colocações ingênuas
ou equivocadas. Mas como pessoa civilizada - que estudou profundamente
História da Arte, que estuda Restauração de Edificações Históricas, e
tem um testemunho de 27 anos de luta em prol da defesa da história e da
memória do patrimônio material e imaterial de Nísia Floresta e região -
não me importo e seguirei o meu trabalho. O qual também deveria ser teu.
Veja,
abaixo, imagens que falam por si: Como se desce de um telhado uma linha
gigantesca de madeira, de quase trezentos anos, quase em perfeito
estado de conservação, sem proteger o ladrilho-hidráulico? Como se
destelha uma igreja de quase 300 anos, sem tirar de dentro delas imagens
originais de mais de 200 anos? Só espero que essas linhas estejam muito
bem guardadas, pois são peças museológicas de valor incalculável.
Observe que é uma árvore inteira. Imagine seu tamanho e quantos anos ela
trazia quando foi arrancada das imediações de Papari. Espero que todo
esse madeiramento, tão valioso quando os demais tesouros internos da
Matriz, estejam muito bem guardados para que possamos criar o Museu da
cidade e alojar esses materiais, pois pertencem ao povo e são
históricos.
Finalizo,
lembrando que a igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, enquanto elemento
arquitetônico e religioso, e o túmulo de Nísia Floresta, e outros
elementos históricos dali, pertence ao povo. As autoridades estão de
passagem mas o povo fica, portanto o povo não pode tolerar tamanho crime
contra a história.
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