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terça-feira, 22 de outubro de 2019

SOBRE A SÉRIE VERSOS POPULARES - PARTE III - HISTÓRIAS CORDELIZADAS

Joelson Araújo é o autor do livro "Histórias Cordelizadas", o volume 7, da série de versos populares, publicada pela CJA Edições. Confesso que dele não conheço nenhum outro texto, a não ser este conjunto de histórias.  


Joelson Araújo é professor, como também são os outros dois autores já resenhados por aqui. O seu livro  começa com um cordel escrito em  septilha (30 estrofes) e décimas (2 estrofes) que tem como tema  A HISTÓRIA DA BOTIJA. Percebi logo de início  que o poeta tem critividade para desenvolver um texto que prende o leitor, uma característica muito importante àqueles que escrevem. Entretanto, permita-me, poeta Joelson Araújo, pedir sua atenção para as rimas, no tocante ao uso de tê-las no singular ou no plural.  Evite  mesclá-las dentro de uma mesma estrofe.
No segundo cordel: AOS MESTRES, COM CARINHO, o poeta continua  versando suas estrofes em  sete pés, mas termina o poema com uma estrofe em oitava.  É um lindo cântico àqueles que têm a vocação de ensinar. O Eu lírico , ora professor e  outra aluno, vai mostrar o valor deste profissional  que formam "os pilares e as cores do sistema social".

Francisco Régis Lopes Ramos quando afirma  que "o universo do cordel é um caleidoscópio", ele tem toda razão. No cordel é possível enxergamos vários efeitos de imagens, assuntos e por mais que tenhamos lido o mesmo tema em outras produções, percebe-se  que há sempre um texto armado para captar o leitor, é algo como se fosse uma teia de aranha. Joelson Araújo  faz isso quando  escreve sobre a importância da leitura, em "NÓS VAMOS CONTAMINAR O MUNDO COM A LEITURA" e "O LIVRO QUE EU  ENCONTREI".

Desconheço um gênero literário tão rico quanto o cordel. Através dele  o poeta pode produzir textos com roupagens de   história, ficção, humor, política, ecologia, religião,  memória, etc.  Tudo vai depender  do olhar do poeta e da sua maturidade e capacidade para explorar o tema. Em  "Histórias Cordelizadas", Joelson Araújo demonstra ter essa perspicácia. É notória a sua sagacidade nos títulos " As Muriçocas que pararam um forró", "Corrupção - corrupta ação",  "O tesoureiro da prefeitura", " A menina milagrosa".

Por fim,  posso afirmar que após ler e reler "Histórias Cordelizadas" consigo olhar para o autor e vê-lo como um poeta que se expande, que burila suas produções pensando no valor do texto e da sua importância à literatura. Isso é bom. Afinal, a imortalidade do escritor não é na matéria, mas sim no material que ele vai deixar às gerações.

Mané Beradeiro
22 de outubro 2019

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