No dia 25 de agosto, final da tarde, eu estive com a Professora, poeta e ativista cultural Flauzineide Moura, que me recebeu em sua casa, onde conversamos sobre o mais recente livro (Flor de Sal) que ela organizou e publicou, com os perfis biográficos de várias mulheres alampeanas.
Fui buscar informações sobre este trabalho e sai de lá com muitas informações sobre a trajetória da ALAMP.
A ASSOCIAÇÃO E SEU OBJETIVO
ALAMP - uma sigla que se formos perguntar a algumas pessoas, com certeza elas dirão que não sabem o significado. Não é para ficarmos surpresos, pois quando se trata de cultura, infelizmente, a quantidade de pessoas que abraçam esta causa é ínfima, comparada a outras áreas. Mas isso não tira a grandeza da entidade que eu apresento aos meus leitores.
Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares - ALAMP tem como principal objetivo difundir a cultura das mulheres do Rio Grande do Norte, dentro dos campos artístico e literário, possibilitando que elas sejam vistas, ouvidas e tenham empoderamento cultural.
A história da ALAMP é como a de uma mulher, cheia de fases, repleta de esperanças, regada por sonhos, alimentada com a resistência.
Com apenas três anos de fundação, a ALAMP mostra que veio para enriquecer a cultura do Rio Grande do Norte e ser um porto seguro para muitas mulheres que são literatas, escritoras, poetas, cordelistas, contistas, jornalistas, trovadoras artistas plásticas, pintoras, artesãs, fotógrafas, desenhistas, atrizes, humoristas, contadoras de histórias, etc.
A ALAMP é como o colo materno, sempre acalentando, àquelas que as procura. Por tal razão está sempre em crescimento. Atualmente já conta com mais de 170 associadas. É com certeza uma das maiores instituições culturais e inclusiva do RN.
COMO NASCEU A ALAMP
Dezessete anos passaram
Foi tudo muito encantado
Quando li pra meus alunos
O meu livro muito amado
Para mim tudo era belo
Meu poetizar singelo
Um sonho há tempo esperado
(Flauzineide Moura)
O alicerce da ALAMP tem o nome de Projeto Difusão da Literatura Feminina Potiguar -PDLFP, idealizado e criado pela Professora Flauzineide Moura, que de 2003 a 2016 realizou um excelente trabalho de divulgação das escritoras potiguares, pelas escolas do Rio Grande do Norte. Flauzineide conta essa história na entrevista abaixo.
OS LIVROS PUBLICADOS
Os frutos colhidos ao longo desses três anos é que além dos projetos culturais que são desenvolvidos com o público, a ALAMP já publicou seis livros:
1) "Antologia Literatura Feminina Potiguar" (2017)
2) "TANTOCANTO em versos e prosas" (2018)
3) " A Mulher em Estações" (2019)
4) "SEMEAR Poesias para crianças" (2019) o primeiro livro voltado para o público infantil
5) "Bendita a mulher e a sua literatura" (2019).
6) "Flor de Sal - Perfis Biográficos" (2020)
Sobre este livro vamos conhecer um pouco mais, com a entrevista que a Presidente da ALAMP - Flauzineide Moura deu a este bloguista.
1) O que a motivou a organizar o livro?
Início do ano letivo de 2003 eu lia poemas de meu primeiro livro " Poética Minha" para meus alunos da Escola Estadual Berilo Wanderley, em Natal. Após a leitura, certo dia um aluno perguntou: "Neidinha essa mulher é do Rio ou de São Paulo?" Respondi cuidadosamente. A seguir outra pergunta: "Ela é viva ou morta?" Respondi feliz que era viva. Veio a terceira pergunta: "Ela é nova ou velha?" Hesitei em responder, mas respondi (rsrsrs). Terminou a aula e fui para casa me fazendo várias perguntas. Encontrei algumas respostas pesquisando no Google e pensei: já sei o motivo dessas interrogações. Fiquei reflexiva e cheguei a uma conclusão: pesquisar e pesquisar, mas não encontrei contemporânea, perguntei de diversas formas, mas não consegui e foi por acaso, no corpo a corpo que encontrei as primeiras escritoras potiguares. Fiz o convite para elas irem ter com meus alunos e elas aceitaram. No dia marcado recebemos Aldenita Sá Leitão e Leda Marinho Varela. Foi um encontro inesquecível, projetamos um lindo sarau. Elas levaram de presentes livros autorais e uma Antologia da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil - AJEB/RN, coordenada por Aldenita. A antologia era composta por 11 mulheres. Amei!Já havia convidado outros escritores que não puderam ir. Chegando em casa refleti e criei o Projeto Difusão da Literatura Feminina Potiguar. Daí tudo fluiu, fui pesquisando, conhecendo-as, convidando-as e elas foram chegando e eu senti que estava no caminho certo. Não demorou muito e fomos formando um grupo que crescia a cada dia. Fui convidada por Aldenita a ser membro da AJEB e lá conheci tantas outras mulheres, entre essas estava Zelma Furtado, que era a Presidente da Academia Feminina de Letras do RN.
Estudando o meu projeto eu vi que era produtivo, instigante e motivador para meus alunos e juntar mulheres progressistas, me realizou, tudo era mais fácil para todas as partes.
Agora sim, responderei a sua primeira pergunta. O que me motivou a projetar está Coletânea? Foi trazer as histórias mais completas(hoje às biografias estão acrescentadas por mais informações... rs) e em um mesmo livro, pois essas biografias estavam separadas em diversos livros autorais e Antologias.
Agora através da Coletânea Flor de sal - Perfis biográficos, em mãos a pesquisa está bem mais acessível e todos(as) podem saber mais sobre essas escritoras e artistas da ALAMP em um só livro.
2) Quais foram as principais dificuldades encontradas?
Não sei se você vai acreditar, mas não houve dificuldade, foi super prazeroso fazer esse livro. Criei um grupo só com as partícipes e no grupo combinávamos tudo.
3) Quantas mulheres participam?
O projeto estava previsto para 50 partícipes, confesso, achei que não alcançaria meu objetivo, pra minha surpresa, elas foram chegando e somamos 84 mulheres potiguares e uma gaúcha convidada que é parceira nossa desde 2016, quando organizamos juntas, Dra Juçara e eu e fizemos nossa primeira "Antologia Literária Feminina Potiguar"
4) Teve alguma convidada que declinou da participação?
Não! Ao contrário, três alampeanas arrependeram-se de não terem vindo conosco
5) Qual a importância dessa obra para a literatura ?
Do meu conhecimento, a Flor de sal - Perfis biográficos é a maior coletânea em tratando-se de histórias de mulheres potiguares, são 354 páginas dedicadas às mulheres e mais duas páginas com as partituras do "Hino Oficial da ALAMP", com letra de versos de Ângela Rodrigues, Ninita Lucena e Socorro Evangelista.
Música de Roberto Lima. As orelhas trazem a letra do nosso Hino.
Assim sendo nosso livro contribue para somar-se ao que já existe na história da literatura norte-rio-grandense.
6) A edição foi de quantos exemplares?
Chegamos a 886 exemplares.
7) Teve ou haverá algum lançamento pelas redes sociais?
Ainda não, já pensamos e repensamos, gostaríamos que esse momento fosse comemorado como sempre fazemos com muitos sorrisos, abraços e felicidades. Aguardemos...
8) Qual o preço do livro e onde pode ser adquirido?
Modéstia à parte, (rsrs), essa riqueza custa apenas R$ 30,00 e pode ser adquirido com as coautoras, é só escolher com qual delas você quer fazer contato e marcar pelas redes sociais de cada uma onde elas estão divulgando.
9) Flauzineide tem outro projeto para 2020?
Fizemos em julho o lançamento de um projeto meu, intitulado ALAMP alumiando em cordéis, onde já apresentamos a Série 1 com
Vinte histórias e um só mote: Mulheres alampeanas.
Estamos produzindo a série 2 para lançarmos no mês de setembro.
Fechamos uma parceria com o Programa "Quintal da Tarisca" toda quinta feira, é exclusivo com a ALAMP, e sob o comando de Tarisca, nossa alampeana humorista.
Temos também a cada 15 dias, aos sábados a "Vitrine ALAMP" com a mediadora alampeana, Dra. Núbia Frutuoso que entrevista as pioneiras do PDLFP, nosso projeto que é o berço da ALAMP.
A convite do Programa "Cultura no Ar" estamos participando do supracitado programa, com recitações em áudios de autoria de nossas alampeanas. É um programa que acontece aos sábados às 19h na Rádio Princesa do Vale em Assu.
10) Como você avalia em geral a participação das academias e associações literárias no RN?
Cada uma tem seus méritos e frutos e desenvolvem suas ações dentro de seus objetivos e projetos.
Projetos e ações:
ALAMP - Alumiando em cordeis - Vinte Histórias e um só mote: Mulheres Alampeanas.
Caminhada das Flores Potiguares
ALAMP Solidária
Quintal da Tarisca
Vitrine ALAMP
Cultura no Ar ( Rádio Princesa - Assu/RN)
Francisco Martins
14 setembro 2020