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domingo, 4 de fevereiro de 2018

AS TRÊS COMADRES



A menina do vaqueiro ficou sendo muito amada

Por toda a região sua fama era dada

No resguardo da mulher vieram ao pé da serra

Três pessoas bem prendadas.
 

Uma era raizeira, trouxe nas mãos um facheiro

Deu ao nobre vaqueiro, falando num linguajar bem rasteiro:

-Compadre, pelas horas que canta o dia, pelo frio que veste a serra,

Pelo peixe escondido na loca e o boi que vagueia no mato.

Eu entrego um facho de luz – pra alumiar os caminhos desta sua fia – nos passos do Bom Jesus!
 

A segunda visitante, rezadeira do sertão, sacerdotisa do povo, pastora de coração,

Com ramos de pião-roxo expulsou daquele lar,  a ação do mau olhado,  com a seguinte oração:

-Ia Jesus andando pelas ruas de Nazaré

Quando encontra Pedro – sentado num lugar qualquer.

“Que tens tu, Pedro?” – Perguntou o Salvador

“Tenho mau olhado” – que fariseu me botou.

Jesus  com pião roxo – ligeiro Pedro curou.
 

A terceira que entrou, numa bacia jogou, moeda de quarenta reis,

E  sentenciou:

-Vamos cobri-la com água, lavar a nossa cabrita.

Para que durante a vida seja forte a sua sina,

Nunca lhe falte  dinheiro, nem amor a essa menina!
 

E assim, após o banho, dentro de um caçuá,

Dormia bem protegida de tudo quanto é mal

A semente do vaqueiro, mandacaru sem igual.

 

Mané Beradeiro

Parnamirim –RN, 05 de setembro 2017


ACOMPANHE ESTA HISTÓRIA POÉTICA LENDO OS TEXTOS ANTERIORES NOS LINKS ABAIXO:

Pedido
A Resposta da donzela
Núpcias sertanejas
Desejo de buchuda
O Parto

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