Quem tem oitenta e três
É para
ser bem lembrado
Nem todos
chegam aqui
Com saúde
e aprumado
Olhem pra
Clóvis e vejam
Um homem
bem arretado
Seu vigor é um orgulho
E sua
força tão potente
Faz a gente perguntar:
O que tem
em sua mente?
Que
segredo guarda Clovis?
Descobrirei
minha gente!
Cabra macho como ele
Tá
difícil de encontrar
É igual a
goladim
Não se vê
mais nem plantar
É
preciso ter cuidado
E o DNA
guardar.
Para ter
esta saúde
O segredo
é lutar
Acordar
antes do galo
Botar ele
pra cantar
E dizer
ao astro rei:
-Nasça o Sol neste lugar.
Eu escutei uma história
E agora irei
contar
Do jeitinho
que ouvi
Em cordel
vou transformar
Nada nela eu
aumentei
Nisso pode
acreditar
Onde isto se passou
Foi num
vale bem fecundo
O lugar
era Palmeiras
Se vai lá
em um segundo
Desde que
o pensamento
Seja
claro e profundo.
A família
Pimentel
Sendo
Clóvis, patriarca,
Maria seu
doce mel,
Debaixo
daquele teto
Era ele
coronel.
Mandava no seu roçado
Os filhos
obedeciam
Fosse
noite, fosse dia
As ordens
eles cumpriam
Os dias
iam passando
Era
assim que eles viviam.
Naquele torrão bendito
Onde o solo é germinoso
Nasce
tudo que se planta
É terreno
primoroso
Água
corre pelos pés
Todo
fruto saboroso.
Clóvis sempre foi traquino,
Incansável
no labor
Não mijou
fora do caco
Nem tinha
medo de dor
Sempre
enfrentou a vida
Com
coragem e amor.
Certo dia em Palmeiras
Uma burra
adoeceu
Clóvis
disse:- Vou curá-la!
Vejam o que aconteceu
Para
matar a bicheira
“Doutor” Clóvis
prometeu.
A burra desconfiou
Daquele “doutor” franzino
Mas sem
ter veterinário
Aceitou o
seu destino
Ser
tratada em Palmeiras
Em um turno vespertino
Untou com
a gasolina
Riscou
‘fosco’ na bicheira
A burra
ficou ferina
Soltou o
verbo e gritou:
-Eu não
sou uma lamparina!
Clóvis disse: “ tenha calma,
Tá
passando a sua dor.
Logo
ficará curada
Acredite
no doutor”
A
burra pulava tanto,
Sentindo
forte fervor.
Por todo o canavial
Este fato
se narrou
A fama do
Doutor Clóvis,
Carniceiro
se espalhou,
Só perdia
para Zumba
Mas a burra melhorou!
No
terreiro apareceu
Um galo
todo tristonho
E pra
Clóvis esclareceu
Que a
galinha morreria
Pois do
papo adoeceu
Clóvis disse ao Garnizé:
“−Viúvo
não vai ficar
Eu vou lá
no galinheiro
Sua
mulher irei curar
Eu sou
Clóvis Pimentel
Doutor
espetacular”
O Galo
agradeceu
E pediu
em seu clamor:
“─não vá
usar gasolina
Na
penosa, meu amor,
Não quero
vê-la sofrendo
Nem
chamuscada de dor”
“−Vou
fazer uma cirurgia
Traga uma
linha fina
Pois é
hoje o grande dia
Que agulha vai costurar
O papo
daquela cria”
Quem viu a operação
Testemunha
o alarido
Das
galinhas no chiqueiro
Gritando
por seu marido
“Nos
acuda desse médico
Com ele
estamos perdido”
No final deu tudo certo
“Clotilde”
convalesceu
Viveu
mais uns cincos anos
E o galo
agradeceu
A ação do
doutor Clóvis
Que
jamais esmoreceu.
É difícil
de se achar
Terra
rodará 100 anos
Para
outro batizar
Teve tino
pro comércio
E bodega
foi montar.
Na Bodega de Palmeiras
Tinha
muito pra vender
Sortida
igual aquela
Dava
gosto de se ver
Guaraná,
fanta, grapete
Bolacha
pra se comer.
Clóvis vendia fiado
Sem ter medo de perder
Sabia que
aquela gente
Fazia por
merecer
Comprovava
a caderneta
O que
tinha a receber.
Hoje seus
olhos atestam
Tudo isso
que viveu
Por isso
como poeta
Respeito
o sogro meu
Agradecendo
a Deus
A filha
que ele me deu.
Finalizo o cordel
Pedindo a
compreensão
Daqueles
que são seus filhos
Em cima
deste torrão
Que
cuidem sempre dos pais
Em toda
ocasião.
Mané
Beradeiro
22 agosto 2022
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