sexta-feira, 5 de junho de 2020

O PADEIRO DE JESUS



Shalon Adonai!

Moro na cidade santa,

A Jerusalém histórica

Onde bate meu coração.

Sou judeu, trabalhador,

Com as mãos eu sovo a massa

E é ela meu ganha-pão.

Sou padeiro de profissão.


Trabalho de madrugada,

Junto ao forno, com calor,

Mas permitam-me relatar

Algo sobrenatural

Que aconteceu comigo

E mexeu com meu fervor.


Era o tempo  da Páscoa

A cidade estava cheia

Muitos pães encomendados

Tinha eu para fazer

Quando chegou uma mulher

E pediu um pão maior.


“Esse pão” – falou ela – “vai às mãos de um santo”.

Os meus pães são poemas

Que escrevo com o trigo,

Ponho água e ponho sal,

Come-se sem correr perigo.


E eu fui fazer o pão.

Nunca, em toda minha profissão,

Vi um fato como aquele.

Ao sovar o pão da ceia.

Cada vez que eu batia

O meu coração doía,

Via sangue na bacia.


Eu pensei que estava louco!

Como pode isso ser?

O pão em minhas mãos

Gemia, sangrava e eu sem saber o porquê.

Troquei pra outra bacia

E fui terminar o pão.

Ouvi vozes de soldados, gritos de multidão

Quando vi na massa abrir, sulcos de chicoteação.


Eu caí naquele chão e supliquei ao meu Senhor:

Que se passa? O que é isso?

Foi aí que apareceu um anjo na oração

A resposta estava dada. Entendi forte visão.

Eu fui por Ele escolhido pra sovar aquele pão,

Símbolo do sacrifício, do corpo todo moído,

Servido na crucificação.


O pão feito por mim, por Jesus foi abençoado,

Por Ele mesmo rasgado e dado aos seguidores.

Dele comeu os Apóstolos, um por um recebeu

E eu, de longe vi o Pão Vivo descido do Céu.

 

Francisco Martins

Parnamirim-RN – 05 de junho de 2020