quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LEITURINO NO ENÉAS


Foi ontem, à noite, na Escola Estadual Enéas Cavalcanti, em Ceará Mirim, que Leiturino ( Francisco Martins) se apresentou para os professores daquela instituição. Após a contação de histórias de trancoso e facécia, o escritor falou sobre o seu projeto Momento do Livro e fez doações de alguns livros para a platéia. Voltar ao Enéas Cavalcanti é sempre muito prazeroso. Meus agradecimentos a equipe de diretores, coordenadores, professores e demais funcionários. Fico aguardando o envio das fotos para posterior postagem sobre o evento.

UM SONHO INESQUECÍVEL


Não faz muito tempo que sonhei algo maravilhoso. Nos sonhos as coisas acontecem sem grandes explicações. É o inconsciente que domina e administra tudo. Pois bem, sonhei que estava em Ceará-Mirim já com meus quarenta e cinco anos de idade, passeando no átrio do Mercado Central, quando de repente olho para o Casarão dos Correias e vejo que alí não funciona nenhuma loja, apenas uma residência. Curioso, aproximo-me e peço para conhecer aquela casa por dentro. A senhora que me recebe tem cabelos brancos, parecendo flocos de algodão, usa um vestido floral e sorrindo me diz:
-Pode entrar moço.
Entro e fico encantado com a beleza dos móveis e utensílios que existem ali dentro. Pergunto se posso subir e conhecer a parte do pavimento superior. A senhora permite e me acompanha na subida da velha escada de madeira. Lá em cima os quartos também guardam seu explendor. E então meto a mão no bolso, retiro a máquina digital e peço permissão para fotografar.
-Que máquina estranha! Diz a senhora. Toda brilhosa e pequena. A que temos aqui em casa é grande e preta.
Foi quando eu notei que estava numa outra dimensão do tempo. Olhei para o Mercado, vi que ao redor não havia revestimento nenhum de asfalto. Carros, pouquíssimos trafegavam por ali. Muitos homens cavalgavam. Vi um jeep descendo pela Rua do Patu.
Já na calçada do Casarão dos Correias eu pergunto que dia e mês é hoje.
A senhora responde-me indagando:
-Como assim? Você não sabe que dia e mês é hoje?
-Por favor. Que dia e mês é hoje?
-Dezoito de agosto meu filho.
-De qual ano?
-Escuta aqui, você tem problemas? Estamos em mil novecentos e sessenta e seis.
Meu coração bateu forte, acelerou. A respiração tornou-se ofegante e corri em disparada à rua Boa Ventura de Sá. Caiu a ficha. Eu tinha voltado ao tempo. Biologicamente estaria com apenas dois anos de idade. Entrei na rua Boa Ventura de Sá e vi duas araras passeando nos fios da rede elétrica. Tudo Rico e Dona Francisca no balcão da sua bodega. Dr. Rivadávia e Idalina Pacheco na área da sua casa, Dona Ana, saindo com uma lata para buscar água na cisterna da casa de Chico Martins ( meu avó).
Eu vi isto e muito mais no sonho maravilhoso. Passei pelas pessoas na velocidade de um raio, pois o que eu almejava ver mesmo era meus avós maternos. Quando cheguei na esquina e meus olhos volveram-se para dentro daquela mercearia, contemplei um balcão de madeira verde-oliva, uma geladeira antiga, muitas prateleiras, e lá dentro um homem alto, de cabelos brancos, com 63 anos. Era meu avó, o inconsciente ainda resistiu ao sonho, o suficiente para eu ouvi-lo dizer:
-Mimosa, venha cá ver as araras catarolando no fio da energia.
Minha avó apareceu, pequena, cabelos longos e pegando nas mãos do gigante Chico Martins olhou as araras gritarem: "É o padre, é o padre!".
Acordei e não esqueci o sonho que me portou ao dia 18 de agosto de 1966.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

JORNAL DE HOJE E O MOMENTO DO LIVRO

Amanhã, sexta-feira, o Jornal de Hoje, trará em sua edição uma matéria sobre o Momento do Livro. projeto de divulgação e valorização dos escritores potiguares. A entrevista sai no caderno cultural da jornalista Daniela Pacheco.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CARTAS PARA MEL - VI

A DROGA QUE ATRASA E A GRAÇA QUE LIBERTA

Por Flávio Rezende*

Minha doce a amada Mel, estamos atravessando o período carnavalesco do ano 2010, data que marca alguns acontecimentos muito importantes da vida de painho, motivo pelo qual escrevo esta carta hoje, para que possa servir de reflexão para você no futuro.

Exatamente 30 anos atrás, seu pai começava, aos 18 anos, vivências na área da recreação emolduradas pelo consumo liberado de bebidas alcoólicas. Era o tempo da cerveja gelada com ovo de codorna e batata frita. Tendo um dinheirinho a mais, saia um filé com fritas ou caipirinha com calabresa de tira gosto.

Com os hormônios em ebulição, o rock tocando nos aparelhos de som - bem diferentes dos que deve estar usando quando ler esta carta - curtíamos festas embaladas pela onda “discoteca” e por pesos pesados do rock internacional, como Santana, Yes, Pink Floyd, Janis Joplin, Beatles, Elvis, Rick Wakeman e tantos outros igualmente eleitos à época.

Influenciado por alguns amigos, seu pai experimentou e passou a usar cigarro, maconha e loló. No começo de maneira esporádica, de acordo com as sobras da mesada, sempre mais direcionada naquele tempo para a “birita” mesmo.

O tempo foi passando e outras substâncias foram chegando, recebendo guarita de uma parte dos jovens, estando seu pai no meio. A cocaína foi a mais devastadora destas drogas que chegaram e foi, infelizmente, lentamente se instalando entre nossa geração.

Apesar do consumo ser recreativo e com um pano de fundo cultural e social, o tempo passou e poucos conseguiram largar. O que era algo eventual começou a ser usual e, o que era uma diversão, começou a ser um grande problema.

Nos anos 90, comecei a ter interesse por questões espirituais e estive na Índia, conhecendo Sai Baba, chamado de “guru” daquela abençoada terra, incorporando assim em minha vida interesses outros e, começando também, um forte desejo de deixar tudo: álcool, tabaco, maconha, cocaína e até o consumo de carnes em geral e açúcar branco.

Minha linda Mel, seu pai passou 20 anos de uma maneira ou de outra consumindo as substâncias acima descritas. Mesmo sendo tendente ao bem, nunca prejudicando uma outra pessoa, as drogas de alguma maneira, inutilizam vidas e atrasam projetos.

O uso contínuo de uma ou de várias drogas, de maneira mais acentuada ou leve, conduz os usuários à prática da mentira, ao egoísmo, à perda de memória, desagregação familiar, uso inadequado de veículos, sexo irresponsável e a uma série de outras ações, sempre negativas e perigosas.

Doce Mel deve ter, é claro, alguém que vem nessa balada há muito tempo e nunca aconteceu nada, nem a nível individual, com sua própria saúde, nem causou nenhum mal a coletividade. Esses poucos alguéns são raros.

Durante os vinte anos em que estive envolvido, mesmo que de maneira leve e recreativa com essas substâncias, enterrei alguns amigos, presenciei acidentes, brigas, roubos, prisões, ouvi muitas mães aflitas, mulheres com lamentos e filhos órfãos da presença dos pais.

As drogas tornam as pessoas egoístas em todos os níveis, fechadas, estressadas, sem saúde e com mania de perseguição. Ela destrói lentamente e, às vezes, aceleradamente, todas as grandes conquistas de um ser humano: a serenidade, a família, o trabalho, a disposição de ajudar o próximo e o amor universal.

Sabendo que a cada nova droga incorporada morria um pouco do que ainda tinha de bom dentro de mim, comecei a ficar cada vez mais incomodado com os goles, as tragadas, as cheiradas e as noitadas sem fim.

Numa terça-feira carnavalesca, dez anos atrás, no ano 2000, cheirei cocaína em Pirangi e voltei para casa. Não consegui dormir. Sozinho, virei na cama para lá e para cá, agitado, sem fôlego tentava e não conseguia. Aflito olhei o retrato de Sai Baba na parede e supliquei com força, “Swami me tira desse imprensado, não quero mais usar nenhuma droga, por favor!”.

Minha querida e doce Mel, o que chamam de uma graça, um pedido atendido, um milagre, aconteceu com seu painho. Da quarta-feira de cinzas do ano 2000 até hoje, este carnaval de 2010, nunca mais, em tempo algum, usei mais nenhum tipo de droga.

A alegria com a vitória foi tanta que fui deixando outros vícios como cigarro e até a carne. Hoje, painho luta para não usar mais açúcar branco e derivados do leite e ovo. Como já lhe disse em outras cartas, eu e sua mãe somos ovo-lacto-vegetarianos, mas quero me tornar um vegano, não comer nada de origem animal.

Ainda temos várias coisas a serem deixadas de lado, nada do que fica para trás deixa saudade. Avançamos felizes e saudáveis abandonando vícios e posturas que não nos fazem bem.

Deixo esse alerta para você e para Gabriel, pois as drogas atrasaram minha missão espiritual com a Casa do Bem em vinte anos. Hoje tudo já estaria bem mais adiantado caso tivesse dito não às drogas.

Mas estou bem. Estou firme e feliz. Retomei a missão dez anos atrás, muitas coisas maravilhosas aconteceram e milhões de outras acontecerão.

Sobrevivi e digo para você e para toda a sua geração que o poder das novas drogas é mais devastador ainda. As do meu tempo mataram muitos, destruíram outros moralmente e desestabilizaram muitos socialmente.

Mel, as novas drogas viciam ao primeiro contato. No seu tempo devem ser potencialmente mais fortes. Assim como muitos trabalham pelo bem, outros tantos inventam e fabricam a morte para ficar mais ricos.

Não siga por este caminho. A vida é muito mais colorida sem drogas. A vida é muito mais saudável sem psicotrópicos. A vida é muito mais interessante quando estamos serenos, tranqüilos e conscientes do que estamos fazendo.

Hoje estou mais vivo que ontem e, amanhã, estarei mais disposto e mais eficiente para a prática do bem. Vem comigo, eu e sua mãe convidamos você e Gabriel para viver a vida de maneira clara, brilhante, cheirando apenas as rosas e fumando só o ar, o puro ar que vamos buscar onde ele estiver.

Você decide, falo por experiência própria, não vale ir por este caminho, a luz está na sobriedade, na verdade, no amor pela família, pelos semelhantes e por um corpo saudável e limpo.


* É escritor, pai de Mel e Gabriel e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

RELATO DE UM PALETÓ

Nasci na Alemanha, do outro lado do mundo. Durante muito tempo vesti um senhor branco, de olhos azuis, alto, empresário. A maioria das vezes que ele me usava era quase sempre para ir ao templo.
Fiz com ele, o senhor Hewrich Goth este percuso várias vezes. Com o passar do tempo cheguei até mesmo a decorar os hinos cantados naquela Igreja. Mas, um dia, a esposa do senhor Hewrich Goth faleceu. Naquela ocasião ele estava comigo. Logo depois do enterro, chegou em casa, abriu o guarda-roupa e começou a selecionar algumas peças velhas para serem doadas. Eu seria uma delas. Fui jogado numa caixa, levada a um navio e quando desembarquei estava na América Latina, Brasil, Natal.
Fiquei triste, pois logo percebi que numa cidade onde o clima é tão quente, dificilmente alguém usaria um paletó preto, fabricado para países de clima frio. Seria meu fim. Mãos pegaram-me de forma estranha, sem carícias, seguraram-me pela gola, fizeram movimentos bruscos para cima e para baixo, como quem desejasse fazer cair algo preso em mim. Com certeza, pensei, este sujeito nunca usou um paletó. Estava certo. Eu seria seu primeiro paletó. Levou-me para casa, com orgulho mostrou-me à esposa e já foi agendando minha estréia.
-Irei vesti-lo domingo, quando for à Igreja.
Outra vez Igreja! Estava destinado a ser um paletó clérigo? E foi assim que em Natal, por três anos eu frenquentei com aquele ancião os cultos daquele templo. Então, um dia, ele deu-me a um homem que aparentava ter uns trinta anos. Para este eu seria também seu primeiro paletó. Fui trabalhar à noite, numa recepção de um bar temático, em Ponta Negra. Dois anos seguidos, recebendo muita fumaça de cigarro, ouvindo confissões de bêbados e vendo o sol nascer. Foi maravilhoso, bem diferente de tudo aquilo que havia vivido desde quando morava na Alemanha.
Entretanto, despediram meu senhor. Ficou sem emprego e para ele eu não teria função nenhuma. Temi ser jogado na primeira cesta de lixo. Mas, esse meu senhor soube retribuir as noites que o protegi do sereno e do frio. deu-me um banho seco, guardou-me numa ombreira, pôs sobre mim um grande saco plástico e deixou-me no armário. Fiquei ali por muito tempo, a vida acontecia lá fora e eu não sabia de nada. Parecia que estava num sarcófago. Um ano, dois, anos, três anos. Nenhum templo, nenhum bar, nada de festas de aniversários e casamentos. Definitivamente estava morrendo. Quem iria querer um paletó preto, velho, já usado? Mas, o calor dos trópicos havia reservado uma experiência descomunal para um paletó alemão. Fui pela terceira vez doado a um outro senhor, na faixa de quarenta e cinco anos. Disse para mim mesmo: com este sei que irei todos os domingos a um culto. Estava enganado. Ele levou-me a sua irmã e esta fez uns arranchos sobre mim, pôs uma pipa nas costas, cola colorida nas mangas, flores estampadas e então eu renasci. Hoje eu sou uma peça indispensável na fantasia do Palhaço Leiturino. Vivo! Danço, corro, brinco e quando um dia eu deixar de existir poderá alguém exclamar: Descança em paz trabalhador do riso e das histórias infantis.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

COMENTANDO MINHAS LEITURAS 11/2010


Livro: Nós sofre, mas nós glosa
Autor: Augusto Macedo
Editora Clima - 1987 - 60 páginas
Leitura: 10.02.10

Foi em maio de 1987 que Carlos Lima, leia-se CLIMA, editou o pequeno livro de bolso "NÓS SOFRE, MAS NÓS GLOSA".
Augusto Macedo, poeta que veio lá de Santana do Matos estreiava na literatura com esse primeiro livro. Glosa é a poesia que tem como arte desenvolver o pensamento do mote. O mote geralmente é oferecido por alguém, no sentido de elogiar, criticar ou fazer uma análise da pessoa.

Veja o exemplo:
Mote: Quem casa e mora com sogra tem sarna pra se coçar.

Glosa: Depois de feita a manobra não há jeito que dê jeito, tem tudo que é defeito quem casa e mora com sogra.
É sofrimento de sobra mas ninguém pode evitar, o jeito é se conformar quem nasceu com essa sorte, até na hora da morte tem sarna pra se coçar. (página 21)
É um livro cheio de glosas líricas, satíricas e fesceninas.

MOMENTO DO LIVRO PARA PROFESSORES DO ENÉAS CAVALCANTE


Terça-feira, 23 de fevereiro, Francisco Martins estará participando das atividades da semana pedagógica da Escola Estadual Enéas Cavalcante, em Ceará Mirim-RN, onde irá expor a todos os presentes, professores dos três turnos, como vem funcionando seu projeto de incentivo à leitura, o Momento do Livro.
Após a explanação, o escritor fará uma apresentação de Leiturino (Palhaço) para o público presente. O evento será à noite, às 19 hs, na sede da própria escola.

ANDE POR AÍ COM MANÉ BERADEIRO


Caricatura de Mané Beradeiro, arte de Cimara Cláudia, estampada em camisa t-shirt.
Disponível para venda em todos os tamanhos.
Preço R$ 25,00 (vinte e cinco reais).
Pedidos através do e-mail: maneberadeiro@hotmail.com

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

INGRESSOS A VENDA PARA A ABERTURA DO MOMENTO DO LIVRO 2010

Os ingressos para o show de abertura do Momento do Livro 2010, já estão a venda, na Siciliano do Midway Malll. Adquira o seu e seja um parceiro deste projeto.

Preço: R$ 10,00 (dez reais)
Data do show: 30 de março
Hora: 19
Local: auditório da Siciliano (Midway Mall)
Participação: Mané Beradeiro (contador de causos e declamador de poesias matutas).
Maiores informações: letrasreais@hotmail.com ou 9178 0954

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

CARTAS PARA MEL V

O vale tudo, vale médio e o vale nada

do cenário mundial

Por Flávio Rezende*


Minha querida e doce Mel, seu pai, sua linda mãe Deinha e seu carinhoso irmão Gabriel vivem neste momento os primeiros dias do segundo mês do ano 2010, fevereiro, conhecido no calendário gregoriano como o mês do carnaval, uma festa que hoje, serve tanto para relaxar e alegrar famílias e gente de bem, como para a prática de abusos de diversas ordens, com predominância para a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e a prática de sexo sem cuidados, causando problemas futuros para muitos seres.

O nome fevereiro vem do latim “Februarius”, que intitulava as festas em que os romanos festejavam Juno ou Februa, deusa das purificações.

Aqui em Natal, cidade onde moramos, um tema domina a sociedade atualmente. No bairro que habitamos, Ponta Negra existe um belo cenário que deverás conhecer futuramente - espero que da maneira que o observamos hoje e, que, é quase unanimidade, deve ser preservado do avanço das edificações.

A sua preservação é lei, mas nas proximidades, muitos prédios e casas foram construídos. Até o momento todos dentro de um tamanho que deixa o Morro do Careca, esse cenário ao qual me refiro, maior que tudo, sobressaindo sobre o concreto, à beleza natural de sua duna e vegetação nativa.

Recentemente a prefeitura local concedeu a um empresário o direito de construir um prédio perto do Morro do Careca. Com a licença concedida ele começou a obra. Um amigo do seu pai, jornalista Yuno Silva, descobriu a construção e viu que ela ia manchar essa paisagem natural.

Com ajuda de muitos outros começou um movimento. O então prefeito deu razão à turma de Yuno e mandou parar a obra. O tempo passou e uma nova administração assumiu e baseada em decisão de um conselho, liberou. O construtor se animou. No dia seguinte, a prefeita voltou atrás e proibiu. O construtor broxou e reclamou.

Analisando tudo isso, nestes primeiros dias de fevereiro, mês de festas e de idas e vindas, percebemos que as leis são assim: feitas para valer, mas nem sempre valem tudo. Às vezes valem médio e, às vezes, não valem nada.

Tudo bem que às vezes deixam de valer para beneficiar a população, como no caso citado, mas se lei é lei, como podem ter tantas interpretações, derivações, indefinições?

A impressão que está dando neste caso e em tantos outros, é que são feitas de maneira a valerem de acordo com a vontade dos mais poderosos ou da pressão de grupos.

Vejamos, os americanos invadem outros países e pintam e bordam no quintal dos vizinhos. Para eles vale. Quando alguém faz algo contra eles, não vale de maneira nenhuma.

Para algumas religiões, vale matar em nome de Deus, mas morrer de maneira nenhuma. A lei espiritual deles só vale para a interpretação deles.

O cara que aluga um imóvel destaca aspectos da lei que o beneficiam. Já o inquilino só quer ver valendo a proteção à sua condição.

A lei penal vale menos para quem tem dinheiro. Enquanto o pobre vai preso bem rapidinho e para sair é uma novela, o rico nem mesmo entra, já sai. A lei é a mesma, mas vale mais para uns, médio para outros e, não vale nada para alguns.

O texto que orienta a vida dos católicos, protestantes, evangélicos e muitas outras denominações é o mesmo. Para uns vale andar de bermuda, para outros não. Para uns pode trabalhar no sábado, para outros, médio e alguns outros, não total. Uns encontram no texto recomendação para não comer carne, outros dizem que isso não tem nada a ver.

A igreja católica e todas as demais religiões proíbem terminantemente que seus padres, pastores, monges ou místicos tenham envolvimento sexual, principalmente com menores. Não pode! Lendo notícias diariamente percebemos pessoas comuns denunciando o envolvimento desses religiosos nestes atos e, quase nenhuma punição. No dogma não pode, na verdade, pode médio, pode pouco e às vezes, pode mesmo, ao menos assim tem sido.

Minha amada e querida Mel, apesar de regulamentarmos a vida social, esportiva, política e religiosa com leis, decretos, recomendações, bulas e tantas outras invenções eternizadas em livros e em computadores, registradas em cartórios, em constituições e em encíclicas, o que pode e o que não pode são relativos, depende de uma série de circunstâncias.

Impotentes assistimos a esse festival de hipocrisia, de regulamentações nem tanto reguladoras de fato, mas você pode ter uma certeza, o amor de sua família por você tem validade certificada no coração e, por isso mesmo, vale tudo, pois se a frase diz que “a vida é como o mar com várias marés", nosso oceano de carinho por você é imutável na maré que vai e na maré que vem, pois o amor, o puro amor, não tem regulamentação posto que divino, flui lá de dentro e vale por todo o sempre.

Eu, sua mãe Deinha e seu irmão Gabriel torcemos para que no seu tempo, as leis estejam aperfeiçoadas e, valendo, para que a sociedade saiba se guiar, por recomendações que tenham valia e, principalmente serventia, pois melhor que uma lei, é uma conduta que leve a sociedade à justiça social, à paz e à convivência fraterna.

A principal lei que a humanidade deve seguir é a solidariedade entre todos os povos.

* É escritor, ativista social, pai de Mel & Gabriel e jornalista em Natal/RN (jornalistaflaviorezende@gmail.com).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ASSIM DISSERAM ELES ...

"O homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer"

Schopenhauer

PARA NÃO ESQUECER

Dia 30 de março, às 19 horas, no auditório da Livraria Siciliano, no Midwal Mall, em Natal, o show de abertura das atividades do MOmento do Livro 2010, com Mané Beradeiro.
Reserve seu lugar. Ingressos R$ 10,00 (preço único)

Maiores informações: letrasreais@hotmail.com ou 9178 0954

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Se você já passou por uma dor de barriga grande, sabe como é o aperréio. O negócio traz cólicas, suor frio, agonia, enfim é uma peleja dos cão do inferno. Nesses causos, eu já contei sobre a diarréia sofrida por Iberê Ferreira, dentro de um avião, sem banheiro. Hoje eu quero falar de um outro momento, desta feita, o estrupiço aconteceu com LUIS TAVARES, um gigante que viveu em Natal, "que tinha o corpo do tamanho de Hulk e o coração do tamanho de um passarinho". Luis era largo, grande como um guarda-roupa de Jacarandá, Maçaranduba ou Peroba. Era uma boêmio da Natal dos anos 40.Pois bem, LUIS TAVARES foi para um forró, no interior do Rio Grande do Norte, depois de tomar umas e outras, sentiu um treme-treme nas tripas e percebeu que a coisa estava esquentando, procurando uma saída. Ele estava todo de branco, trajando um belo terno de linho. Deixou a moça no salão e pediu licença para ir ao banheiro.No interior era costume fazer o banheiro fora das casas, distante uns vinte metros ou mais da porta da cozinha. Luiz fez lá suas necessidades e quando procurou papel higiênico, não tinha nada, nem um tiquim sequer.-E agora? Pensou ele. Foi quando olhando para cima, percebeu que dormia um pombo. Não pensou duas vezes. Passou o penoso na bunda e depois o soltou.Estava ele se vestindo, já certo que voltaria ao salão do forró, quando o pombo pratica sua vingança, mais que merecida. A ave espanou-se todo, melando o terno de Luis, deixando todo cheio de pintas, parecia uma catapora de merda. Para Luiz acabou-se a festa, que teve que fugir por uma seca de arame farpado.Se trate, viu? Se tiver dor no fígado, tome chá de língua de vaca, reumatismo, de tipi, dor no estômago, milona é o melhor remédio, para ventre preso o negócio é marcela e para limpar o sangue não tem nada mais eficaz que raiz de carnaúba branca. Pedra nos rins? Chá de quebra pedra e para catarro e difuso, catanduva é a solução.


Causos da nossa terra. Garimpado por Mané Beradeiro.

Fonte: De Líricos e de Loucos, Augusto Severo Neto, Ed. Clima. 1980, páginas 14 e 15.

COMENTANDO MINHAS LEITURAS 10/2010


Livro: Como vejo o Mundo

Autor: Albert Einstein (1879-1955)

Ed. Nova Fronteira, 1981 - 213 páginas

Leitura: 29.01.10 a 03.02.10



É um livro interessante. As anotações nele existentes são referentes ao período que antecedeu a IIª Guerra Mundial e a criação do Estado de Israel. Eistein escreve sobre suas preocupações com a ética moral, política e religiosa daquele tempo. O livro foi publicado em 1953 com o título: "Mein Weltbild".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CONFIRMADO SHOW DE ABERTURA DO MOMENTO DO LIVRO 2010

Mané Beradeiro, o cidadão da lendária e mítica São Sarauê, irá " descer do jumento" no auditório da livraria Siciliano, no Midwal Mall, na noite de 30 de março, às 19 horas, para realizar um show com duração de uma hora, com contação de causos e poesias matutas, fazendo desta forma a abertura oficial do projeto MOMENTO DO LIVRO em 2010.
Para quem não conhece esse projeto, ele vem sendo realizado nas escolas públicas da Grande Natal, levando às crianças, jovens e adultos, contação de histórias, palestras e shows com o palhaço Leiturino e Mané Beradeiro, personagens vividos pelo escritor Francisco Martins, gestor do Momento do Livro.
O projeto tem a particularidade trabalhar com textos de escritores potiguares. Divulgando e valorizando o escritor da terra, ao mesmo tempo que incentiva os alunos à prática da leitura. A Livraria Siciliano cedeu o auditório para a realização do evento.
Quem desejar fazer a reserva, entre em contato pelo telefone 9178 0954 ou pelos e-mails: maneberadeiro@hotmail.com
momentodolivro@hotmail.com
letrasreais@hotmail.com
Preço único de dez reais e toda a renda será revertida no uso do projeto Momento do Livro, que não conta com nenhum patrocínio financeiro. Seja você um colaborador deste projeto. Assista ao show e conheça o que vem sendo feito nas escolas públicas através do Momento do Livro.