segunda-feira, 30 de abril de 2018

A NATAL QUE EU CONHECI ... VICENTE SEREJO

No dia 30 de abril de 1989, o jornal O POTI publicou dentro da série  "A Natal que eu conheci" a seguinte crônica escrita por Vicente Serejo ....




“Não faz muito tempo. Quando cheguei a Natal, saindo de Macau no ônibus de Chico de Gustavo, hoje Empresa Cabral, aqui encontrei uma cidade que era grande aos meus olhos, talvez magicamente maior que a de hoje, por suas ruas compridas, suas praças grandes, seus prédios enormes.
Cheguei em 1960, quando Natal cantava os versos da canção de Aluízio Alves, “que vinha do sertão, lá do Cabugi, para sanar o sofrimento do seu povo”. Era a campanha e dela eu só tinha notícias vagas nos meus nove anos.
Aqui chegando, arrastando tudo quanto tinha vida, conheci muito intimamente, uma praça: a Praça Pedro Velho. Naquele tempo ela não era cívica, não tinha palanque de solenidade e não ouvia dobrados.
No centro, assim cercada de árvores muito bem podadas, tinha um coreto. Foi lá que um maluco encheu de espanto a cidade pacata quando resolveu pedalar durante cinco dias sem parar um instante, nem para fazer aquilo. Passei madrugadas controlando suas pedaladas, eu que descobrira nele a primeira imagem de herói.
Ora, tinhas árvores podadas. Fícus muito verdes e muito bem cuidados, sem a praga dos lacerdinhas e sem defensivos. Praça de canteiros cheios de flores, de uns sapatinhos de Nossa Senhora e de umas florzinhas vermelhas e leitosas.
E tinha uns tanques. Uns enormes tanques de cimento, cheios de água. Naqueles tanques, onde se dizia ser um perigo alguém mergulhar, moravam algumas tartarugas que comiam pipocas, sob o olhar severo dos vigias.
Uma noite, a praça encheu-se de pavor, com a notícia de que um homem tinha tirado toda a roupa e mergulhado num dos tanques. Veio a polícia e saiu o pobre homem cercado de soldados. Era um bêbado, quem sabe, cheio de muito calor e muito álcool, desejando apenas um banho para refrescar.
Mas, não era só a praça. Do lado tinham os campos e neles a imagem de uma grande construção que começava e que só teria nome e forma alguns meses depois. O Palácio dos Esportes. Acompanhei os arcos de suas fachadas sendo erguidos dia a dia, até que recortassem o céu em meias-luas, como até hoje.
O busto de Pedro velho não era, como é hoje, uma coisa tão cívica assim. Era um busto com pedestal de granito e cimento e a mesma e incansável mulher de bronze a ofertar ao fundador da República, entre nós, um ramalhete de flores. Ora, flores de bronze, é claro, mas flores de qualquer maneira, homenagem da cidade ao político.
Depois, quando o civismo chegou, então o busto de Pedro Velho saiu do centro da praça, que ficou maior e mais cheia de pedras e desenhos no chão. Foi para perto do palanque, ali do lado da Prudente de Morais. Foi também a mulher de bronze, que os meninos apalpavam suas formas.
Hoje, a bem da verdade, a praça Pedro Velho não diz muito. É uma coisa entre o lembrado e o esquecido, um lugar de desfiles de escolas de samba, corrida de bicicleta, desfile do 7 de setembro, de tudo. Mas, não diz nada.
Para viver, outra vez, é preciso que se olhe a sua fotografia antiga. O quadro que foi, no início dos anos sessenta, revive no lance de olhar dessa fotografia que colocaram aqui, diante dos olhos, muito perto do coração. A velha praça, onde tirei uma fotografia ao lado da minha tia morta e que carrego até hoje, com seu sorriso de carinho que nunca esqueci”.
 Já se foram 29 anos e Natal está assim...
 (foto)


quinta-feira, 26 de abril de 2018

VALE A PENA VER DE NOVO FRANCISCO MARTINS!

Esta postagem foi feira na tarde de ontem no blog Rio de Leitura. Tomei liberdade de compartilhar com vocês.


 



Parnamirim tem saboreado muitas experiências leitoras com o escritor Francisco Martins em suas bibliotecas escolares.  

          E o leitor - esta entidade tão única - tem manuseado, afortunadamente, suas obras e, então, quando o lê, se transforma em "Doutor Buti", em "Mané Beradeiro", no "Palhaço Leiturino""Macaco Sarauê" e em tantos personagens criados pelo autor. E como Martins tem sido metamorfoseado em meninos e meninas deste "Rio" neste movimento!  

          A Escola Municipal Eulina Augusta, no dia 25 de abril de 2018, levou o também secretário do Conselho Estadual de Cultural do RN para uma justa homenagem.  Os alunos apresentaram suas obras em forma de canções, peças teatrais, e, obviamente, muitas leituras.     


        


      Hoje as crianças do bairro de Santa Tereza são tudo o que leem e (con)vivem com os escritores a partir de iniciativas como esta de hoje, da mediadora de leitura da Escola Eulina.  E, depois de anos de convivência em nossas escolas, fundem-se crianças em 'Martins' e vice-versa.  

          A foto abaixo ilustra as mil faces de algumas centenas de leitores de nossa cidade em reações quando ouvem/lêem o escritor Francisco Martins  




terça-feira, 24 de abril de 2018

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO: ÀS ALTURAS


Cefas Carvalho, jornalista, apaixonado os 4 pneus e o estepe  pela poeta Jeanne Araújo, escreveu recentemente numa rede social, que a poeta tem a capacidade de lhe levar às alturas. Tão logo Mané Beradeiro tomou conhecimento dessa revelação aconselhou o amigo:
Cefas, sempre que uma mulher lhe levar às alturas, tenha consigo um paraquedas, pois nunca sabemos se ela pretende nos soltar.
Jeanne Araújo deu o troco, mandou dizer que devemos levar dois, pois o primeiro elas furam. Arre égua!

A NATAL QUE EU CONHECI ... LÊDA MARINHO


No dia 16 de julho de 1989, o jornal "O POTI" publicou a seguinte crônica escrita por Lêda Marinho ...
 
Nascer em Natal foi um prêmio do destino e nela viver, me deleitando com a sua beleza, uma dádiva dos deuses.

Natal criança, foi linda. Tinha tudo para crescer bela e bem sucedida.

Nas minhas evocações, vejo Natal da Praça Pio X, com o seu coreto em forma de avião e seus canteiros com “espirradeiras”, que compartilhavam e escondiam os namoros dos adolescentes.

Vejo Natal tão provinciana, inocente e poética, que as paixões se tornavam mais ternas e os namoros mais românticos. Esse romantismo se refletia na Praça da Jangada, na Praia de Areia Preta, onde os namorados tinham opção de desligar a luz do poste (existia interruptor) para melhor apreciarem a luz do luar. Esse luar enigmático e mágico que o natalense conhece bem, clareando mentes e desembaraçando pensamentos.

Vejo Natal da Ribeira, do teatro Carlos Gomes, do cais da Tavares de Lira onde eu embarcava nos barcos à vela, que deslizavam nas águas do rio Potengi, outrora límpidas e brilhantes como um espelho. As travessias para a Redinha tinham sabor de aventura e me transportavam a outro mundo. Lá, eu encontrava um grande gênio, o preto velho Cutruca, figura lendária, que na sua linguagem simples cantava: “Que cobra danada é a cascavé, ela mordeu no pé, é a cascavé”. No mágico rio Doce, eu me banhava e parecia sair purificada, mas nos atoleiros dos mangues minha imaginação só vislumbrava feiticeiras e duendes.

Nas missas do Convento Santo Antônio, eu aspirava o cheiro do incenso e me sentia levitando até o teto da Igreja, todo pintado de anjos e nuvens, dando impressão de um céu bem próximo.

Natal dos terços de Maio, na velha Catedral de calçadas largas, que serviam de confidentes e abrigo para os jovens apaixonados.

Natal do Grande Ponto com o seu famoso bar “O Botijinha” que não tinha portas por ser aberto noite e dia.

Natal da sorveteria Cruzeiro, do Restaurante Acapulco e da AABB, na Avenida Deodoro, que com sua quadra tão simples servia de ginásio para as competições esportivas.

Natal do Seminário São Pedro, onde os seminaristas ainda crianças arrastavam pesadas batinas negras, se comportando como verdadeiros padres. Eu os achava tristes, porém bonitos.

Natal do Colégio da Conceição, de moral rígida e rigorosa, onde durante treze anos fui sua aluna obediente, ingressando depois na Faculdade de Filosofia, onde o Dr. Edgar Barbosa foi meu mestre, conselheiro e amigo.

Natal dos tempos dos “banhos a vapor”, simples e artesanais na casa do sr. Teodósio, uma vez que, as academias com suas sofisticadas saunas eram privilégio das grandes cidades.

Natal dos passeios no bonde de Petrópolis, que me levava às balaustradas da rua Getúlio Vargas, de onde eu podia observar aquele mar imenso e lindo que acalentava os meus sonhos de menina-moça e adormecia minha tristeza. Tinha, também, o poder de guardar os meus segredos. Diante dele eu confessava minhas obsessões ocultas, meus erros, meus desejos clandestinos e como um bom amigo, ele cuidava das minhas escoriações emocionais. Natal sempre foi minha receita de vida melhor, constantemente despertando o meu otimismo, a minha energia, o meu humor e a minha confiança.

Natal das festas da Padroeira, na Praça André de Albuquerque, repleta de barracas cheias de prendas e sonhos que eram disputados num jogo de roleta.

Natal do namoro avançado com os norte-americanos, ficou com fama de exagerada e leviana. Mesmo assim, esse romance foi uma coisa positiva pois soltou mais os freios sociais e eliminou certos preconceitos, tornando-a mais irreverente e cativante.

Essa foi a Natal criança, companheira da minha infância, que me embalou nos seus braços infantis. Cidade colorida, costumava me presentear um arco-íris sobre as dunas e delas descia me envolvendo em sinfonias de vida, dissolvendo minhas crises existenciais. É difícil escapar ao fascínio de Natal que tão bem soube robustecer minha alegria e teve a medida exata para me abrigar com as minhas existências.

Hoje, olhando a minha cidade, me sinto afagada por seu abraço e experimento essas sensações tão fáceis de definir porque representam felicidade. Saboreando suas conquistas, desejo que o progresso não destrua a sua poesia natural, a sua paisagem e a sua canção. (LÊDA MARINHO VARELA DA COSTA é funcionária do tribunal Regional do Trabalho, na 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Natal). (Correspondência para o Setor de Pesquisa do Diário de natal/O Poti – Av. Rio Branco, 325 – Natal/RN).
29 anos depois Natal  está assim:

PROCURAM-SE HOMENS VIRTUOSOS

Antigamente os homens, em sua maioria, eram enormes na alma e no espírito, tão grandes em virtudes que elas se associavam ao físico e as portas precisam ter as alturas certas. Era o tempo em que a simples palavra valia muito mais do quê um contrato.

ALUNOS DE MACAIBA ESTÃO DESCOBRINDO A OBRA E A ARTE DE FRANCISCO MARTINS

A Escola Municipal Dayse Hall, no bairro Campinas, em Macaiba-RN, dentro do projeto Doce de Leitura,  duas turmas do matutino estão estudando a vida e a obra do escritor Francisco Martins, sob a orientação dos Professor Pedro Teixeira de Lima e Joselita Alves Sobrinho. O Professor Pedro já é um amigo de longas datas, um homem dedicado ao seu ofício, trabalhando em Macaiba e Parnamirim, que foi homenageado pela Câmara do Município de Parnamirim - com a Comenda Nísia Pereira Lima Machado - em reconhecimento pelos seus trabalhos prestados à Educação.
Professor Pedro Lima e esposa
Os alunos da Escola Dayse Hall estão visitando o blog do escritor, lendo folhetos de cordéis, bem como outro gêneros de textos textuais e brevemente será agendada a visita do escritor àquela instituição, oportunidade em que alunos e professores conhecerão  o autor e as personagens que ele dá vida.



domingo, 22 de abril de 2018

HÁ FESTA NO CÉU

Mãe hoje é o seu aniversário.  Comecei o dia pensando em você. Abri os olhos e logo agradeci a Deus pelos anos que você viveu conosco.
A festa de hoje é noutra dimensão. Prometi a mim mesmo não lamentar a sua ausência. Já escrevi poemas de saudades, chorei sendo homem  com lagrimas de crianças, mas hoje eu quero  mamãe dizer parabéns! Se a vida continua apos o casulo corporal,  receba mãe querida meus abraços e infinitos beijos em sua alma.
Quantos  estão consigo! Muitos dos meus que  partiram. Quanta felicidade celestial existe e que somente é possível ver pela fé.
Continuamos aqui, seus seis filhos, tocamos a vida, o mundo nos é pesado, como fora para você.
Mãe,  cante em sua festa aquelas canções que tanto gostava de entoar quando estava trabalhando na máquina de costura, ficarei atento, meus olhos hão de fitar o ceu e  meus ouvidos acolherão a sonoridade da sua voz!

Francisco Martins

sábado, 21 de abril de 2018

AS CARTAS QUE IMAGINAMOS EXISTIR

O município de Parnamirim viveu na última semana uma realização marcante nas suas ações culturais, refiro-me  a comemoração da Semana do Livro e da Leitura, que foi bastante intensa, com atividades em todas as escolas da rede municipal, envolvendo alunos e professores do Ensino Fundamental I e II e da Educação de Jovens e Adultos-EJA. O ponto alto da semana foi o Circuito de Escritores, na quarta-feira, dia 18 de abril, onde no Parque Aluízio Alves, várias tendas deram abrigo às obras e seus autores que recebiam o público visitante.
Tive o privilégio de fazer parte deste seleto grupo de escritores e foi exatamente pensando na importância do evento, que vislumbrei enquanto leitor, os frutos deste trabalho  sendo colhidos e cada vez mais surgindo afluentes do projeto Parnamirim - um rio que flui para o mar da leitura. Creio firmemente que a educação é a única  maneira de sairmos  deste lamaçal em que vivemos, um país sem segurança,  sem saúde, sem valorização do homem em sua expressão máxima - de imagem e semelhança do Criador. E foi crendo no sucesso do  projeto Parnamirim - um rio que flui para o mar da leitura, que audaciei (permitam-me  transformar o substantivo em verbo) ver essa cidade um exemplo nacional e escrevi o texto abaixo:


 CARTA DE UM PAI NUM FUTURO QUE HOJE SONHAMOS

Parnamirim- 18 de abril de 2118

Querido filho,

É com alegria que hoje eu quero lembrar a você o centenário da I Semana Municipal do Livro e da Leitura, que aconteceu nesta cidade de Parnamirim. Eu não era nascido, mas meus pais me contaram o quanto foi emocionante aquela semana.
Mamãe tinha apenas sete anos e papai nove, ambos era estudantes da rede municipal. As escolas eram precárias de material, mas imensamente ricas de aconchego e criatividade por parte dos Mediadores de Leitura e alguns gestores.
Lembro ainda hoje que mamãe falou do dia 18 de abril como um acontecimento mágico, encantador, onde no que outrora era o Parque Aluizio Alves foi palco do Circuito de Escritores. Papai chegou a conhecer e abraçar Salizete Freire, viu Geraldo Tavares personificado de Monteiro Lobato; mamãe dançou ao som do violão de José Acaci, cirandou com Dorinha Timóteo, encantou-se com as declamações de Antonio Francisco. E ambos escutaram Francisco Martins, o Mané Beradeiro, a falar da construção dos seus livros e poemas.
Sabe filho, cem anos de história estamos relembrando e o tempo fez nessa cidade, ou melhor, os professores fizeram algo que muitos sequer chegaram a ver o fruto maduro, que é hoje a cidade ser reconhecida nacionalmente como a capital da leitura. Por tal razão, filho querido, peço-lhe encarecidamente que hoje ao visitar o monumento dos heróis da leitura, deponha aos pés daquelas estátuas de homens e mulheres uma coroa de flores em gratidão pelo que eles fizeram pela nossa cidade.
E não esqueça que entre aqueles homens e mulheres tem o suor e a vida daquela que devemos nossa existência, a minha bisavô Angélica Vitalino.
Vá filho, leve nossa gratidão, pois gratidão não se guarda.

Seu pai

***




Ao escrever o texto acima eu tive o desejo de ser grato a todos os Mediadores de Leitura que trabalham com este trio maravilhoso: Aracy Gomes, Geraldo Tavares e Angélica Vitalino dentro do projeto acima citado. Disponibilizo o texto no grupo do whatsapp do qual faço parte e quando pensava que o assunto ficaria na carta que criei, eis que sou tocado e choro com a resposta que Angélica Vitalino  escreveu, indo 200 anos antes da data da minha, mergulhando no dia 18 de abril de 1918 e assim se expressa:

 CARTA DE UMA AVÓ PARA O NETO QUE AINDA NÃO NASCEU

Parnamirim, 18 de abril de 1918

Querido neto, graça e paz!

Espero que, ao receberes estas poucas linhas, estejas gozando de saúde.
Quando nasceres, muitos tombarão mortos por um tostão qualquer e a terra será tomada de violência. Mas haverá alguns poucos que deixarão legados de bondade para outras gerações.
Aqui ouço Olavo Bilac, sob o som de morteiros da guerra, como a dizer de homens como estes que nascerão:
"Ah! quem nos dera que isto, como outrora inda nos comovesse!" Sim, ainda germinará gente que altera desejos, que adota filhos como seus, que agrada ao paladar, que acorda a memória, que coleciona chapéus e se apega a jabutis. Gente que comove gente só com o viver.
Os países avançarão e recuarão, mas haverá nascido poetas que doam livros, que visitam instituições e, mais, que sorriem para as crianças. É sem depender de "Semanas" instituídas.
Quando este homem nascer, cante pra ele em seu berço azul. Ele ajudará muitos a navegar rios. Alteie um sorriso pro menino, nunca dantes dado a alguém. Ele dará esperança em versos a meninos e meninas. Apresentará o nosso Deus sob a égide de fantoches e palhaços, com gargalhadas e livros pendurados em barbantes. 
Ele será revestido de criatividade e  phina estirpe, por isso nine de forma especial. E seu sobrenome terá variante de Martinus e ele se sacrificará como um guerreiro. Para acalmar, terá um frágil coração que o relembrará seus limites. Para a riqueza, terá amigos, muitos, Duas, em especial, por ele  zelará em oração, de perto ou de longe.
Escrevo esta missiva em nome do Rei e sob a luz do lampião. De próprio punho e letra, deixo registrado que a obra deste homem, que ainda nascerá, resistirá ao tempo.
Teu avô manda-te dizer que vá e mostre gratidão, pois gratidão não se guarda.

 ***

Que poderei dizer? Nada! Apenas receber as palavras e com elas me cobrir como quem se agasalha numa noite fria com a riqueza de um edredom.

CMEI- NOSSA SENHORA DA GUIA CELEBRA SEMANA DO LIVRO E DA LEITURA

Para que existem os livros literários? Para dar alegria e emoção àqueles que  leem. Mas, quem os escreve, os seus autores, são duplamente abençoados, pois são muitas vezes convidados  a verem suas personagens saltarem das páginas do livro e se tornarem reais neste mundo tão carente de ludicidade. Foi assim que ontem, o escritor Francisco Martins viveu  esses momentos, quando esteve no CMEI- Nossa Senhora da Guia, em Emaús - Parnamirim, nos turnos matutino e vespertino. A turma da manhã trabalhou o livro Doutor Buti,  onde as  crianças deram vida as personagens e o vespertino resgatou  Monteiro Lobato, com as personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo.





Em ambos os momentos, após as apresentações, o escritor  fez sessão de autógrafos para as crianças que adquiriram folhetos de cordéis e o livro Doutor Buti. Parabéns à equipe do CMEI Nossa Senhora da Guia, que entende a importância que deve ter o livro na vida das crianças.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

ESCRITOR FRANCISCO MARTINS PARTICIPA DA SEMANA DO LIVRO E DA LEITURA EM PARNAMIRIM

A cidade de Parnamirim-RN está realizando desde segunda-feira última, até amanhã, diversas atividades culturais, envolvendo o livro e a leitura, com o seu público estudantil, dentro da Semana Municipal do Livro e da Leitura. O escritor Francisco Martins como é sempre lembrando pela comunidade escolar, indo às escolas com seus personagens e suas a ações  lúdicas, foi convidado para integrar na manhã de ontem, quarta-feira, o Circuito de Escritores que aconteceu no Parque Aluízio Alves,  junto com outros  escritores como Salizete Freire, Geraldo Tavares, José Acaci, Dorinha Timóteo, Ana Cláudia Trigueiro, Drica Duarte, Weid Souza, que pela manhã e à tarde estiveram recebendo os alunos nas tendas literárias e falando um pouco sobre suas experiências e os livros.
Alunos ouvindo a Professora Ângela 



 Na manhã de hoje, o escritor Francisco Martins foi convidado para  fazer parte da Caravana Literária, num pequeno cortejo com os alunos e professores da Escola Municipal Professora Luzanira Maria da Costa Cruz, no bairro Passagem de Areia. O evento aconteceu nos dois turnos, mas, o escritor só pode se fazer presente pela manhã, quando teve contato com seu público infantil. É nessa Escola que estuda o aluno Miguel Lucas, o responsável  pela criação do livro Doutor Buti.

Francisco Martins e Miguel Lucas
 Esses momentos vividos nas escolas trazem muitas emoções aos escritores, hoje, por exemplo, a pequena  Sofia, aluna da Escola Luzanira, chegou até o escritor Francisco Martins e externou sua alegria de conhecê-lo e disse: -Você é o meu escritor favorito! Diante de uma declaração dessa - diz o escritor - é impossível não ter o coração acelerado e os olhos molhados de felicidade.

Francisco Martins e Sofia


 Amanhã, sexta-feira, o escritor ainda tem agenda a ser cumprida, na Escola Municipal Nossa Senhora da Guia, bairro Emaús, naquela cidade.

 


segunda-feira, 16 de abril de 2018

AGENDA CULTURAL PARA ABRIL 2018

Dia 17 de abril - terça-feira - 14 h - Mané Beradeiro na Escola Municipal Nestor Lima - Passagem de Areia - Parnamirim-RN

Dia 18 - quarta-feira - manhã e tarde - Francisco Martins - Parque Aluízio Alves - Cohabinal - Parnamirim - no Circuito de Escritores - dentro das celebrações da Semana do Livro e da Leitura.

Dia 19 - quinta- feira - 9 h - inauguração do Cantinho da Leitura  Escritor Francisco Martins- na Unidade de Saúde Básica de Passagem de Areia - Parnamirim - RN, ação desenvolvida pela Escola  Municipal Professora Maria Luzarina.

Dia 20 - sexta-feira - 10:30 e 16:30 - visita do escritor Francisco Martins  à Escola Municipal Nossa Senhora da Guia, em Emáus - Parnamirim-RN.

Dia 25 - quarta-feira - 14 h - visita do escritor Francisco Martins à Escola Municipal  Eulina Augusta - Nova Esperança - Parnamirim-RN.

COTIDIANO - COM ALEX MEDEIROS


quarta-feira, 11 de abril de 2018

SALADA DE MANÉ BERADEIRO

Ingredientes:
3 filezinhos de frango assado e cortado
Legumes cozidos no vapor (batata inglesa, chuchu e cenoura)
Repolho fatiado
2 bananas maduras, cortadas em rodelas
Coentro
2 colheres de sopa de creme de leite.
Modo de fazer:
Numa frigideira refogue bem o repolho. Em seguida acrescente o frango, depois os legumes e por último as bananas. Mexa sempre, polvilhe o coentro ao seu gosto e quando as bananas estiverem douradas, desligue o fogo e ponha o creme de leite.
Ao servir use azeite de oliva.

terça-feira, 10 de abril de 2018

A NATAL QUE EU CONHECI ...OSWALDO DE SOUZA


 Em 23 de abril de 1989,  o jornal "O POTI" publicou a seguinte crônica de Oswaldo de Souza ...


“Nasci em Natal e moramos os quatro anos da 1ª Guerra Mundial, em Areia Branca. Em 1916, meu pai me colocou no internato do Colégio Diocesano Santo Antônio, que ficava no prédio onde hoje se encontra o Convento Santo Antônio, na rua do mesmo nome. Depois, meus pais vieram para Natal novamente e eu fiquei estudando externo lá mesmo.

Terminando os estudos no Colégio Santo Antônio, estudei durante 2 anos em Recife, no Colégio Americano Batista. Depois retornei a Natal onde comecei os meus estudos de ginásio no Atheneu. O Atheneu ainda era aquele que demoliram. Não sei porque destruíram, é a aversão que temos das coisas antigas. Para que destruir aquele Atheneu, que não era nenhuma obra arquitetônica? Só para construir aquela coisa horrorosa que está lá hoje!

Fiz vestibular de Direito, em Recife. Acontece que eu nunca quis, eu detestava Direito, não tinha vocação para Direito, meu negócio era arte, mas minha mãe fazia questão que eu fosse doutor, anel no dedo e diploma na parece, coisa que para mim não tinha a menor importância – eu nunca liguei para isso: a minha intenção sempre foi estudar música. Eu já tocava um pianinho.

Mais tarde pedi a transferência da Faculdade de Direito do recife para o Rio de Janeiro, onde tencionava fazer vestibular de música no Instituto Nacional de Música, como fiz.

Eu saí de Natal em 25 de maio de 1925. Em janeiro de 26 fiz vestibular para Escola de Música. A faculdade de Direito fiz até o 3º ano. Não aguentava. No terceiro ano eu achei que era uma falta de consciência minha. Depois me formei em compositor de música popular brasileira. Fiz recital em diversas cidades do Brasil, a crítica sempre foi muito receptiva. Em Natal eu nunca fui convidado nem para tocar berimbau, mas eu não guardo mágoas.

Tenho muitas recordações da época que morava aqui. Nós moramos na casa que ainda hoje existe ali no cruzamento das ruas Potengi com a Prudente de Morais.

Aquela casa teve os projetos e a própria construção de um italiano que apareceu aqui em Natal, o Miguel Micucci que também fez o edifício da Prefeitura. Ele construiu a Prefeitura e depois outras casas, como o chamado Castelinho de Moisés Soares, que já foi demolido, onde está hoje o banco que fica na esquina das ruas João Pessoa e Deodoro, em frente ao Centro Cearense.

Depois que ele fez a Prefeitura, papai (Cícero Franklin de Souza) queria fazer uma casa, pediu então que fizesse umas plantas. Ele fez o primeiro projeto; papai não gostou, fez o segundo e papai também rejeitou, o terceiro projeto é aquele que está lá (fotos). Eu ouvi dizer que estão querendo demolir. É uma pena. Nós sentimos um desamor muito grande pelas coisas daqui, de tradição.

A construção se não me engano é de 1919, foi a casa mais importante construída naquela época, era a casa de melhor destaque. Ela é muito bem construída, papai era um homem muito caprichoso e mandou fazer tudo de primeiríssima ordem, todo material daquela casa, por exemplo, papai mandou buscar no Pará, as paredes são bem largas, parece até uma fortaleza. Ela está hoje muito bem conservada. Do projeto original, só foi mudado o telhado do alpendre que circula a casa, aquilo era coberto com uma telha francesa, pareciam lâminas de amianto.

A casa era muito grande e confortável, nós éramos quatro pessoas, meus pais, eu e meu irmão. Tinha quatro quartos, salas amplas, uma sala de visitas que se chamava sala de música, sala de jantar, um escritório que era naquela torrinha, ali era o escritório do meu pai, uma copa, uma despensa, um banheiro, uma ampla cozinha, quarto de empregada, que mais lembrava um apartamento. A casa era muito boa, ainda hoje é uma bonita casa de Natal.

Naquele tempo os bangalôs estavam na moda, então com muito esforço Mucucci fez a casa inspirada nesse tipo de construção da época, como o sobradinho da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa e o Castelinho de Miguel Soares que eu já citei. Do tipo bangalô só existiam estas três casas em Natal, depois foram construídas outras.

Moramos lá muitos anos, até papai se aposentar, depois fomos para a Bahia. Papai vendeu a casa a um senhor Júlio Maia, de Mossoró. Depois foi vendida aos Ferreira de Souza.

Divertimento: era só cinema, o Royal que ficava onde hoje é o prédio da Prefeitura, na Vigário Bartolomeu e o Politeama, na Ribeira. O primeiro sorvete que eu provei na minha vida foi no cinema. Não existia gelo, a gente soprava o gelo para esfriar.

Depois de morar em várias cidades, voltei para Natal a convite do então governador Aluízio Alves, no início da década de 60, para fazer um levantamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte. Eu sou funcionário aposentado do SPHAN.

Quando cheguei, achei a cidade triste, era outra cidade, parece que não era mais aquela que eu conhecia. Eu andava nos bairros como Lagoa Seca, Alecrim e no próprio Tirol, ali onde é o Aero Clube, a cidade acabava ali. Na realidade, a cidade cresceu demais, isso me surpreendeu. Mas Natal conserva sempre esse jeitinho gostoso, esse jeitinho que só nós sabemos. Eu gosto muito dessa cidade. Eu acho a cidade um encanto, eu não queria outra cidade para morar.” (Oswaldo de Souza é Músico e Compositor). (Correspondências para o Setor de Pesquisa e Microfilmagem do Diário de Natal/O Poti. Av. Rio Branco, 325 – Natal/RN).
29 anos depois Natal  está assim ...


Nota do blogueiro: Oswaldo de Souza faleceu em Natal, no dia 20 de maio de  1995, aos 91 anos.