quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DUAS ANCIÃS

Eu vi duas senhoras sentadas.
Duas anciãs, num banco da Praça Paz de Deus.
As duas tinham cabelos brancos, pareciam flocos de algodão.

As duas tinham rugas, que serpenteavam nas faces, tais quais rios que correm para a eternidade.

Eu vi duas senhoras sentadas.
Uma tinha a aparência que a vida já havia passado,
a outra trazia no rosto a esperança de que amanhã viveria mais e mais.

Parnamirim - RN, 05 de julho de 2007

(livro: Degustando Poesia, página 78)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

111 ANOS QUE CASCUDO VIVE


Se é verdade que ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém, Câmara Cascudo completa hoje 111 anos de existência.
Câmara Cascudo provou com a sua existência terrena que a morte não tem poder. Pois ele permanece nosso, vivo, em suas obras. Morreu? Diria que não, ele transportou-se deste mundo para uma dimensão maior. É lá que o encontraremos, e é agora neste mundo não visível para os mortais, que Câmara Cascudo recebe de Dhália os mais carinhosos cafunés.
Parabéns Câmara Cascudo.
Foi para ele que Zepraxedi escreveu estes versos:
Nome internacional, o homem que sabe tudo,
parabéns minha Natal, Salve Câmara Cascudo
Todo mundo fica mundo para ouvir o que ele diz.
Remove pela raiz os causos mais complicados
É Câmara sem deputado, o formidável Luiz.

UM ANO PARA SER E FAZER DIFERENTE: DEPENDE DE VOCÊ

Terminamos mais um ano. Os homens são sedentos pelas frações do tempo, quer sejam em séculos, décadas, anos, meses, dias, horas, minutos, segundos. Isto vem de longe, duma época bem distante. Contar os dias é algo tão peculiar do ser humano, assim como é próprio do rio correr à foz.
Mas os grandes, aqueles que constroem um mundo a parte e vivem numa dimensão muito mais superior, não se preocupam com o fator tempo, aliás no que tange ao transcendental o cronos não existe.
Há pessoas que passam por aqui muitos anos, no entanto, nada edificam, são adeptos da pior filosofia da existência: a normose, que assim é definida pelo grande mestre Hermôgenes: “Os maus hábitos cristalizados como normais pela sociedade, tais como o consumismo e a corrupção”.
E o pior é que a grande maioria segue a normose e não sabe. São escravos sem horizontes a libertação. Que em 2010 sejamos capazes de fazer um ano diferente em nossa vida. Sejamos idealistas e não e apenas sonhadores, pois a diferença entre este e aquele é que o idealista luta para realizar aquilo que sonha.
Que os homens possam no ano vindouro ser mais poetas, cantar a vida, viver a fé. Que cada mulher cultive durante todo o ano novo não apenas a beleza exterior, mas sobretudo a interior.
Que os pais tenham sabedoria para transmitir aos filhos. Que os professores, ah! os mestres, bem a eles desejamos um 2010 paradisíaco. Aos jovens deixamos a tarefa para que cada um possa vir a obedecer a si mesmo, não sem freios, sem limites, sem horizontes, mas com foco. Pois aquele que não obedece a si mesmo é regido pelos outros.
E às crianças, tesouro de cada lar, que para elas haja em 2010 uma Civilização de Amor. Feliz Ano Novo!

(Francisco Martins, publicado na coluna Vale das Letras, no blog: www.chamine2.blogspot.com em 30 de dezembro de 2009)

O HUMOR DE MANÉ BEDAREIRO


Não podíamos terminar 2009 sem contar um causo, não é verdade? Então hoje vamos falar sobre o sofrimento vivido por Iberê Ferreira. Eis como tudo se sucedeu: estava Iberê, Agnelo Alves e Fernando Bezerra viajando num jatinho da Força Aérea Brasileira-FAB, quando de repente o avião começa a balançar, provocar solavancos e tudo isto foi criando um mal-estar a Iberê Ferreira. Ele começa a suar frio. O pior ainda viria, quando descobriraram que aquele jatinho não tinha banheiro. Iberê estava suando às bicas, sentido fortes cólicas, apertando a barriga e temendo fazer o serviço ali mesmo nas calças. O coitado estava feito cobra que perde o veneno: inquieto e iriitado.
Mas, como para tudo há solução, Fernando Bezerra sugeriu que ele usasse a pasta.
__Essa não, comprei na Europa e foi uma nota.
Aí então, o piloto vendo o sofrimento de Iberê lembra que havia uma maleta de emergência. Agnelo ajuda a esvaziar a maleta e finalmente, Iberê com ela agarrada, faz frecheira para os fundos do jatinho, onde agacha-se e se alivia. Enquanto isto, lá na cabine, Agnelo e Fernando riscam fósforos para debelar o mau cheiro produzido pelos gazes.
Foi a cagada aérea mais célebre da história política do Rio Grande do Norte.

Causo adaptado do livro: Causos 2001, de valério Mesquita. Edição 2001, páginas 49/50.

ASSIM DISSERAM ELES ....


"Angústia é a saudade de Deus"

Prof. Hermôgenes.

Fonte: Silêncio, tranquilidade, luz. 1999, página 35.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

OS MISERÁVEIS

Não sei se quem defende que a medicina seja um sacerdócio, são os mesmos que aceitam que se paguem cachês de mais de 200 mil reais, aos que têm o dom do sagrado... Porém, o que sei mesmo é que não se faz mais sacerdotes como antigamente.
E bote antigamente nisso! Ta lá no fabuloso livro de Victor Hugo, “Os miseráveis”, que em 1815, o senhor Charles Myriel era bispo de Digne. E esse bispo era digno mesmo: não possuía bem algum; trocou a sua residência, de quartos suntuosos e amplos, para viver nas instalações acanhadas do edifício do hospital; dividia o seu salário de 15 mil francos, entre os necessitados, a ponto de ficar com apenas 1000 francos para as suas despesas pessoais... O fato é que “somas consideráveis passavam em suas mãos, sem que lhe acrescentasse o menor supérfluo ao que lhe era necessário...”.
Pois bem, o senhor Myriel era não só um sacerdote, mas um sábio também. Veja o que ele, certa vez, disse em uma de suas pregações: “Pecar nunca é o sonho do anjo. Tudo que é terrestre está sujeito ao pecado. O pecado é uma gravitação... errem, caiam, pequem, mas sejam justos”. E justiça seja feita, a Prefeita de Natal - voando como uma borboleta, gravitando pelos céus, se esquecendo que o mundo não se limita apenas à beleza de suas asas... – pecou.
Pecar, segundo o filósofo Jean-Yves Leloup, “é errar o alvo”. E a Prefeita errou feio neste natal de Natal. Errou o alvo, e por isso pecou, ao gastar milhares e milhões de reais na iluminação natalina, na realização de mega-shows, etc. etc. quando o foco, o alvo, deveria ter sido outro. Eu sei a importância do “pão e circo” para a população... Mas sei também da importância do que alertou o bispo Myriel: “Coloquem pobres, famílias, velhas senhoras e criancinhas dentro dessas habitações, e verão a febre e as doenças!”.
E a Prefeita, deslumbrada com as suas asas, esquecendo a calamidade da gripe suína batendo em nossas portas, preferiu aderir à ilusão da comédia que a realidade da tragédia. E é trágica, acanhada e pífia a política de saúde do nosso município: postos sucateados, faltando médicos, faltando vigilantes, faltando medicamentos; enfermeiras sendo “obrigadas” a assumirem o papel de médicos (pense que vai ser interessante agora, tê-las do nosso lado respondendo judicialmente por deslizes profissionais. Afinal, sofrimento que se sofre junto, se torna menos sofrível...), entre outros absurdos...
Tudo bem, eu sei que a sabedoria Eclesiástica nos diz: “Nada de novo debaixo do sol”, mas não foi para isso que a “lepidóptera” Prefeita foi eleita... Milan Kundera afirmava que “quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira”. Portanto, a prefeita precisa completar o seu ciclo biológico com urgência: quem sabe voltando a ser lagarta de novo, com os pés bem plantados no solo passe a enxergar melhor os problemas de Natal (só cuidado para não cair, nos diversos buracos da nossa cidade!).
Termino, lembrando-o, caro leitor: se pecar – Ai meu Deus, haja sacerdote para tanto pecado! -, é errar o alvo, estaríamos pecando em colocar toda a culpa só nas asas da Prefeita. Claro que somos também culpados. Não foi à toa que o magnífico Nelson Rodrigues, um dia, se lamentou: “Em Brasília somos todos inocentes e somos todos cúmplices...”. E a nossa cumplicidade, em aceitarmos políticas desastrosas em nossas cidades, tem que ter um fim. Basta de pagar tantos impostos (o IPTU de Natal aumentou, pra que?)! Basta de continuarmos ignorantes e omissos! Afinal, o bispo Myriel, aquele mesmo pobre de Jó, já gritava: “Vergonha é fica r toda a vida ignorante... aos ignorantes, ensinem o máximo de coisas que puderem; a sociedade é culpada por não ministrar a instrução gratuita; ela é responsável pelas trevas que produz. Uma alma cheia de sombras é onde o pecado acontece. A culpa não é de quem pecou, mas de quem fez a sombra”...
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A CURA INDESEJADA

“Que não seja imortal, posto que é chama,

Mas que seja infinito enquanto dure”

(Vinícius de Morais)

Penso que São Paulo se equivocou ao dizer que o amor tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Não é bem assim. Afinal, o amor, como alertava Drummond, é bicho instruído. Portanto, ele pode pular o muro, subir na árvore em tempo de se estrepar: “Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escore do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca/ às vezes sara amanhã”.

E o danado é que às vezes sara mesmo. Mas, e o amor é doença para sarar? Claro que é. Se não fosse, Camões não teria dito: “Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente”.

Padre Antônio Vieira (duvido que alguém escreva melhor do que ele) também considerava o amor uma doença - que deveria ser incurável, mas, infelizmente, tem cura. E quais são os remédios do amor, segundo Padre Vieira? São apenas quatro, mas com um poder de curar extremamente potente...

O primeiro remédio é o tempo. Por isso que Cupido, deus do amor, é pintado como criança, pois “não há amor tão robusto que chegue a ser velho”. O passar das horas faz com que as flechas de Cupido percam a potência; que o amor que é cego passe a enxergar; que suas asas cresçam e ele voe para bem longe... o tempo gasta o ferro com o uso, diz Vieira, que dirá o amor! “O tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto...”.

O segundo remédio, para curar o amor, é a ausência. Ora, se com a proximidade as flechas de Cupido correm o risco de não nos atingirem, que dirá com a distância... “A ausência tem os efeitos da morte: aparta, e depois esfria... tudo esquecido, tudo frieza”. E o fogo que arde sem se ver, com a distância, vira um deserto polar.

O terceiro remédio é ainda muito mais poderoso do que os dois anteriores. O seu poder de ação é quase instantâneo: a ingratidão é mortal para o amor. “Se o tempo tira do amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo”. E o danado é que só os amigos são ingratos. Era por isso que Nelson Rodrigues dizia que “só os inimigos são fiéis”, já que estes nunca serão ingratos e nem nos trairão. Não foi a toa que Cristo se queixava de que semeando grandes benefícios nos corações dos homens, se colhia maiores ingratidões...

Por fim, se o amor foi capaz de resistir até aqui - embora duvido que exista amor que consiga vencer: o tempo, a ausência e a ingratidão-, chegou a vez do mais eficaz de todos os remédios, o que até hoje, ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto, que nada mais é do que conseguir um outro amor. “Dizem que um amor com um outro se paga”, alerta Vieira, “mas o certo é que um amor com um outro se apaga”... as estrelas conseguem brilhar nas trevas, no entanto, numa luz ainda maior que é o Sol, elas desaparecem, deixam de brilhar...

Infelizmente, o mundo está se curando do amor. Hoje, os relacionamentos são pelos celulares e internet, ou seja, ausentes e distantes. E com o passar do tempo serão tão frios que as terminações nervosas, que os unem, ficarão anestesiadas, e “o amor que não é intenso”, adverte Vieira, “não é amor”... Triste humanidade que não consegue debelar um vírus de uma gripe suína, mas que é extremamente “competente” para destruir o vírus do amor...

Francisco Edilson Leite Pinto Junior

Professor, médico e escritor

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

CURSOS DE VERÃO UNP

A UNP promoverá vários cursos de férias, 30 ao todo, nas mais variadas áreas, com valores que oscilam de R$ 20,00 a R$ 300,00. Tem para todos os públicos. Compareça ao lançamento e comprove.

CARTAS A LUCAS

Querido filho,
Agora entendo perfeitamente o porquê de Machado de Assis, ter dito: “Não transmiti a ninguém o legado da nossa miséria...”. É claro que o Bruxo do Cosme Velho percebeu que este mundo não era digno das crianças... Agora entendo mais ainda, quando Nietzsche gritou para que todos ouvissem: “Deus está morto!... E nós o matamos. Como podemos nós, os assassinos entre os assassinos nos consolarmos?!”.
Pois é... matamos Deus, quando aceitamos que o dinheiro público, ao invés de ir para os hospitais, fiquem alojados nas cuecas - e agora também nas meias - de centenas de milhares de desonestos engravatados; matamos Deus, quando permitimos que pessoas morram de fome, enquanto essa mesma cambada de desonestos engravatados nos roubam diariamente; matamos Deus, quando deixamos as nossas crianças fora das escolas, pois o dinheiro foi desviado para pagar os mensalinhos e mensalões da vida...
Pois é meu filho, a humanidade - caminhando em passos de formiga e sem vontade-, se dirige, rapidamente, para sua autodestruição. Terremotos, tsunamis, enchentes, etc. etc. tudo isso, é nada mais nada menos do que o universo nos dizendo: “Pare! Reflita! Mude!”.
Veja meu filho, chegamos ao ponto de que ninguém aceita mais uma generosidade. No meu último artigo, em que dei de presente um lenço e um livro (“A arte da guerra”) aos derrotados pelo FLAMENGO, no brasileirão de 2009, sabe o que foi que recebi em troca? Uma enxurrada de e-mails mal criados! Principalmente dos torcedores do Vasco. É isso mesmo, meu filho: quanta ingratidão! Logo eu, que tanto admiro o desprendimento, o desapego e a falta de ambição do time crusmaltino, confesso que fiquei estarrecido com esse comportamento... eu não merecia isso... eu não merecia...
Até e-mails me chamando de louco, recebi. Mas, esquecem estes que me acusam, de que louco, segundo Chesterton, é aquele que perdeu tudo menos a razão. E razão tenho eu, quando ofereço de presente (eu sei: a gentileza neste mundo é um crime também) o livro “A arte da guerra”. Até por que, quando eles nos acusam de termos ganhado devido à ajuda do STJD, dos juízes, dos times do Corinthians e Grêmio, assim o fazem por desconhecerem o que diz Sun Tzu, na página 26: “O chefe habilidoso conquista as tropas inimigas sem luta; toma suas cidades sem submetê-las a cerco; derrota o reinado sem operações de campo muito extensas. Com as forças inatas, disputa o domínio do império e com isso, sem perder um soldado, sua vitória é completa... esse é o método de atacar com estratagemas, de usar a espada embainhada”.
Acusam-nos, por desconhecerem que temos uma arma ‘secreta’, descoberta pelo grande (mas, que poderia ser maior se não tivesse o péssimo gosto de torcer pelo Fluminense) Nelson Rodrigues: “Para o FLAMENGO, a camisa é tudo. Já têm acontecido várias vezes o seguinte: — quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o FLAMENGO não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”.
É meu filho... para viver neste mundo - onde não existe o diabo e sim “homem humano”, como dizia Guimarães Rosa-, é preciso mais do que nunca ter sempre em mente as sábias palavras de Cristo: “Pai, perdoa-os! Pois eles não sabem o que fazem”... e não sabem mesmo, pois se soubessem já teriam mudado de time.
Um grande beijo daquele que te ama muito,
Edilson Pinto
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor

O SHOW DO SECAT É UM EXEMPLO A SER SEGUIDO


O sagrado momento no qual uma aluna autografa seu livo, ladeado pelos pais.




Carlos Crecêncio, Francisco Martins e Chico Campos




Josenilda, Supervisora do SECAT


Com Gibson (Guardião da História do Ceará Mirim), e a poetisa Vera


O pequeno escritor, uma semente que fará bem à sociedade.


O público presente.


Dois alunos representaram o Barão e a Baronesa do Vale.

As colunas do SECAT e convidados à mesa.

Evento: Ceará Mirim em prosa, verso e música.



Data: 17 de dezembro 2009



Local: Espaço Cultural Prefeito Roberto Varela - Ceará Mirim-RN



Realização: SECAT-Centro de Ensino.








SECAT PROMOVE NOITE DE AUTÓGRAFOS

O SECAT- Centro de Ensino realizou ontem à noite, no Espaço Cultural Prefeito Roberto Varela, uma noite de autógrafos com os alunos das 5ª séries que produziram textos sobre o tema: Ceará Mirim em verso, prosa e arte.
Belíssimo trabalho , digno de todos os aplausos. Os alunos e toda a diretoria, professores e supervisores estão de parabéns. Estiveram presentes ao evento familiares, alunos e diversas representações de artistas locais, poetas, escritores, músicos, etc. Vejam as fotos acima.

domingo, 13 de dezembro de 2009

BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE IV


Dando continuidade as postagens sobre a temática de brinquedos antigos. Trago hoje os carros de lata. Toda criança da década de sessenta e meados de setenta chegou a ter entre seus brinquedos um carro de lata. Praticávamos a reciclagem e nem sequer sabíamos da importância que tinha nossa tarefa de fabricar carros com latas de óleo, de sardinha, roladeiras com latas de leite, telefones com latinhas de leite condensado, etc.
Os carros de lata permancem ainda hoje vivos, mas não como brinquedos do cotidiano das crianças, e sim como peças de arte. Eu nunca fui um grande artesão para fazer esses carros, o máximo que consegui era algo semelhante a foto, o mais simples que poderia existir. Já meu irmão, o Chico Novo, mais velho do que eu, este sim, sabia abrir um lata de óleo ou várias e juntá-las formando um bonito carro de lata.

sábado, 12 de dezembro de 2009

FOTOS DO ENSAIO DA ORQUESTRA SANFÔNICA




ORQUESTRA SANFÔNICA POTIGUAR


Pela primeira vez a Orquestra Sanfônica Potiguar realizou um ensaio aberto ao público. O evento aconteceu na Praça André de Albuquerque, berço de Natal. Fui lá presenciar. Gostei de tudo que vi. A Orquestra é uma das 20 existentes no Brasil (na Alemanhã há mais de 200).
Ela é formada por músicos das mais variadas faixas etárias e tocam não apenas forró, mais também compositores como Straus, Otoniel Menezes, Carl Orff, Carlos Gomes, etc.

BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE III


Jogo da Onça, é bem provável que ainda seja capaz de nos depararmos com pessoas que jogam num tabuleiro igual a este. Jogo da Onça era constante na minha infância, tanto pela manhã, mas principalmente à noite, quando riscávamos as calçadas, desenhando o tabuleiro para jogarmos. A Pedra maior é a onça, as demais são os cachorros. O jogo tem a lógica de empurar a onça, com os cachorros para dentro do triângulo, que é a forca, onde definitivamente a onça será morta. Jogo simples e no entanto encantador.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

APARÍCIO FERNANDES E SUA FÉ

"Bebe o vinho da tua taça e depois sorri à taça vazia, porque depois da morte existirá apenas a misericórdia ou o nada", com estas palavras do poeta persa, Omar Khayamm, quero escrever algo sobre a fé vivida pelo escritor Aparício Fernandes.
Embora eu não concorde plenamente com o pensamento do poeta acima, respeito sua filosofia. Assim também como não sou adepto da religião que Aparício Fernandes viveu, mas reconheço que com ela e através dela ele foi melhor do que sem a mesma. Aparício Fernandes acreditava na doutrina Espírita, pregada pelos Kardecistas.
De seu próprio punho assim ele escreveu: "Acredito na teoria das vidas sucessivas e na evolução do espírito através das incursões à matéria"¹. Acreditava fortemente em Deus e no que dependeu dele teve paz com os homens. A morte nunca foi problema para ele, sobre ela ele afirmou: " A morte é a coisa mais importante da vida, porque somente ela é certa e inevitável"².
Eis aqui, mais um pouco sobre Aparício Fernandes. Poeta, escritor, trovador, antologista, pai amável, esposo apaixonado, amigo de ouro e tantas outras qualidades. Breve escreverei sobre ele e sua família.


¹ Obras Completas de Aparício Fernandes, página 97. Campeão Gráfica Editora Ltda. 1983
² Idem, página 61

O ÚLTIMO LIVRO DE LUIS CARLOS GUIMARÃES


Dia 14 de dezembro, às 19 horas, na Livraria Siciliano do Midway Mall, acontecerá o lançamento de um livro de contos escrito por Luis Carlos Guimarães ( In Memoriam) e seu filho Ricardo Luis Lins Guimarães. Quem já conhece as poesias de Luiz Carlos Guimarães sabe da preciosidade que pode aguardar nesta obra. O título do livro é: As Duas Borboletas do Entardecer.

BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE II


Quando criança eu tive a alegria de brincar com o TRATOR DE CARRETEL. Esperava que mamãe me desse um carretel de madeira, quando a linha acabava. Então eu ia em busca do material para fazê-lo. Precisava de dois pedaços de parafina, uma borracha, a metade de um fósforo e com a faca fazia dentes nas laterais do carretel. Estava feito. Dava corta, girando várias vezes o palito preso ao elástico e quando soltava ele enfrentava todos os obstáculos. Que fantasia eu vivi com meu Trator de Carretel.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PAULO BEZERRA E SUAS NOVAS CARTAS


Se você é daquele leitor que gosta de conhecer coisas do sertão, mais ainda do Sertão do Seridó, então você não pode deixar de ler as obras de Paulo Bezerra. Ele já esreveu três livros sobre esse assunto, e todos no estilo epistolográfico.
Iniciou com Cartas dos Sertões do Seridó, depois veio Outras Cartas dos Sertões do Seridó e agora lançou Novas Cartas dos Sertões do Seridó.
Lê-los é ter a sensação de que estamos montado num cavalo bom de sela, é sentir em cada palavra o sabor de uma umbuzada, o cheiro da vegetação vindo das serras e tantas outras coisas boas que o sertão nos propicia. Mas é também marcar um encontro com a história e a cultura daquela civilização à parte. Aprender sobre o comportamento daquele povo e região. Em suma: indispensável a todos quantos desejarem se aprofundar nas grotas da literatura do Rio Grande do Norte.

BRINQUEDOS DE ANTIGAMENTE I


Na década de setenta, quando eu morava na cidade de Ceará Mirim, havia sempre em frente as grandes casas comerciais, além do próprio mercado público, adolescentes e rapazes com carros de pescoço. Eles serviam para brincar, mas também para ganhar um dinheiro extra, levando as compras que eram feitas nos armazéns até as residências dos clientes. Os carros de pescoço perderam seu espaço para os carros de mão. Lembro-me bem que lá em Tudo Rico existiam vários carros iguais a este para levar as bancas das feiras.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CONSELHO DE CULTURA FAZ CONFRATERNIZAÇÃO DO FINAL DE ANO

Nesta terça-feira, dia 8 de dezembro, o Conselho de Cultura do Rio Grande do Norte esteve reunido em sua confraternização de final de ano. Presentes Paulo de Tarso, Presidente do Conselho de Cultura, Diógenes da Cunha Lima, Presidente da Academia Norteriograndense de Letras, Enélio Lima Petrovick, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Dorian Gray Caldas, Ivan Meira Lima, Deífilo Gurgel, Sonia Maria Fernandes Ferreira entre outros convidados. Foi uma tarde muito bonita, com alegria e cultura.











































































































domingo, 6 de dezembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Tem coisas que acontecem na vida que são realmente cômicas e até constrangedoras. O causo que vem a seguir aconteceu naquela época em que Lavoisier Maia era Governador do Estado do Rio Grande do Norte.
A sede do governo era no Palácio Potengi, no centro da cidade. Lá havia um policial militar, corneteiro, com apelido de Maribondo. Cabia a Maribondo anunciar pelo toque marcial da corneta, tando a chegada quanto a saida do governador.
Aconteceu porém, que um dia, Maribondo tomou todas as que podia. Bebeu, farreou e chegou para trabalhar no Palácio Potengi só o projeto de homem. Era uma ressaca braba. Passou a noite ouvindo nos bares a música que mais fazia sucesso naquela época.
Maribondo estava presente apenas em corpo no trabalho. Adormeceu, sua mente vagava em outra dimensão. Fora então subitamente acordado para anunciar com a corneta a chegada do Governador Lavoisier maia que acabara de chegar ao Palácio Potengi.

Levanta-se Maribondo, mais perdido que cachorro quando cai de um caminhão de mudança. E sem ter consciência do que fazer ou que tocar. Leva a corneta aos lábios e toca aquilo que primeiro vem à sua mente: " Ô coisinha tão bonitinha do pai, ô coisinha tão bonitinha do pai..."



Foi uma situação e tanto.


São causos da nossa terra garimpados por Mané Beradeiro.

Fonte: Causos 2001, de Valério Mesquita. Página 47/48



HELICARLA MORAIS LANÇA SEU PRIMEIRO LIVRO


Amanhã, à noite, dentro das festividades culturais que acontecem por ocasião da Festa da Imaculada Conceição, Padroeira de Ceará Mirim, a jovem Helicarla Morais lançará seu primeiro livro, que tem como título: Três Rios dentro de um homem: Nilo Pereira em Imagens do Ceará Mirim.

Nilo Pereira foi um grande escritor nascido no vale do Ceará Mirim, que agora, no próximo dia 11 de dezembro, se vivo fosse, estaria completando 100 anos de nascimento.

QUEM FOI APARÍCIO FERNANDES?

Aparício Fernandes é considerado o maior antologista do Brasil. Elaborou com seus amigos Zalkind Piatigorski e Magdalena Léa 34 antologias sobre trovadores brasileiros, no período de 1962 a 1965. Fora isto escreveu outros 60 livros.
Estreou com o livro SONHO AZUL, publicado em 1961. Ele é natural de Acari-RN, onde nasceu no dia 16 de dezembro de 1934. Filho de José Fernandes de Oliveira e Verônica Fernandes de Oliveira. Aos 6 anos Aparício Fernandes perdeu a mãe. Morava em Macau, cidade da qual seu pai fora prefeito. Toda sua infância e adolescência foi vivida em Macau.
Em 1952 Aparício Fernandes embarca no navio Itahité, às 22 horas do dia 4 de abril, com destino à cidade do Rio de Janeiro. Tinha ele 17 anos. Chega a cidade maravilhosa no dia 10 de abril daquele ano.
Lá, no Rio, Aparício Fernandes desafia a vida, luta, estuda, trabalha e com grande força de vontade vai subindo os degraus da vitória. A experiência de sua vida e tudo quanto ele passou para ver concretizado seus objetivos ele traduz neste pensamento: "A diferença entre um sonhador e um idealista é que este último luta para realizar aquilo que sonhou".
Realmente Aparício Fernandes foi um idealista. Fez muito pela cultura brasileira, divulgou poetas dos quatros cantos do Brasil, cantou que "o livro é luz diferente que nos aclara a razão. Mais vale um livro na mente que uma lanterna na mão". E assim vamos conhecendo Aparício Fernandes, um homem que deixou não somente um legado literário, mais também uma lição de vida para seus familiares e brasileiros.

ASSIM DISSERAM ELES


"Com um sorriso a mulher consegue metade das coisas. A outra metade obtem chorando"

Aparício Fernandes

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Mais um causo que tem como palco a cidade de Assu. A história de hoje tem como artista principal ALMÁQUIO. O tempo foi naquele em que a inflação habitava os quatros cantos deste país de forma galopante. Pois bem, ALMÁQUIO foi fazer uma farra no cabaré. Procurou o mais chique da cidade. Bebeu, jantou, dançou e foi até para os "finalmentes" com aquela que o acompanhava. Depois pediu a conta. A dona do cabaré lascou uma cifra gigantesca e ainda por cima. mesmo sem ALMÁQUIO perguntar nada, ela foi logo dizendo:
--Agora, por conta do aumento da gasolina não podemos cobrar menos. Tem que ser assim.
ALMÁQUIO pagou, nada reclamou. Quando estava saíndo, a dona da pensão, sentindo que a facada fora grande e que corria o risco de perder um freguês, falou toda carinhosa:
--Marquinho quando você volta?
ALMÁQUIO respondeu na bucha:
--SÓ QUANDO TIVER XIBIU À BUJÃO DE GÁS. PORQUE À GASOLINA SAI MUITO CARO...!

São causos da nossa terra, pérolas colhidas por Mané Beradeiro na literatura potiguar.

Fonte: Causos 2001, de Valério Mesquita, páginas 48 e 49. Edição 2001

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

APARÍCIO FERNANDES, UM GRANDE ESCRITOR POUCO CONHECIDO NO RN

Neste mês de dezembro estarei dando ênfase à obra de Aparício Fernandes, escritor natural de Acari, que viveu sua infância em Macau e quando jovem foi tentar a vida no Rio de Janeiro. Portanto, se você desejar conhecer um pouco de Aparício Fernandes, o maior antologista do Brasil, fique atento às postagens que serão disponibilizadas nesse blog. Dezembro é o mês de nascimento de Aparício Fernandes, se vivo fosse estaria em 2009 completando 75 anos.
Ele já é um dos nomes a ser trabalhado pelo projeto Momento do Livro no ano de 2010.

O ANJO DO TEATRO ALBERTO MARANHÃO


Quem visita o Teatro Alberto Maranhão, em Natal, certamente lembra-se de ter sido recepcionado pelo senhor Pedro Salustino de Andrade. Ele sabe a história daquele teatro, também pudera, é um referencial quando se trata do TAM. Vive ali nada mais nada menos que cinquenta e oito anos, desde o dia 25 de janeiro de 1950, quando da gestão do prefeito de Natal, Wilsom Miranda.
Naquela época o TAM estava sob a responsabilidade da Prefeitura de Natal e diz o anjo do TAM que muitas vezes não havia recursos suficientes para cuidar do teatro. Quando isso acontecia, Pedro Salustino de Andrade saia pelo comércio pedindo gêneros de material de limpeza para conservar a casa de espetáculo de Natal.
Fez isso não apenas uma vez, mais várias e tantas quantas foram necessárias. Saia a pé, andando da Ribeira até os limites da capital, onde ficava o 16º Batalhão de Infantaria Motorizado. Por tais atitudes e dedicação, cabe a Pedro Salustino o título de Anjo do TAM. A Diretoria do teatro reconheceu os serviços prestados por Pedro e homenageou com uma placa onde registra os cinquenta anos de dedicação àquela casa.
Pedro é morador da Rua Alípio Bandeira, Quintas, tem treze filhos, doze netos, dois bisnetos. Viu muitas companhias de teatro chegando ao TAM e emociona-se ao lembrar a despedida de Procópio Ferreira, que aconteceu no palco desse teatro em 1979.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dr. ODILON DE OLIVEIRA UM ORGULHO NACIONAL

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta. Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das grades, ele perdeu a liberdade. 'A única diferença é que tenho a chave da minha prisão'.

Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País.


Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte.
'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil.' No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crim
e encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado.
Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. 'No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil
. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta.
'Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.' Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.' Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.
Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.' O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança.'

ESTE MERECE NOSSOS APLAUSOS!
POR ACASO A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL PRECISA SABER?

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


E para encerrar o mês de novembro com chave de ouro, Mané Beradeiro nos conta hoje um causo que aconteceu com Francisco Martins Alves Neto, quando ele fora seminarista diocesano, isso foi lá pros idos de 1983. Neto, como era conhecido, foi convidado pelo Cônego Ruy Miranda, então pároco de Ceará Mirim, para acompanhar o missionário Frei Damião, nas missões populares que estavam acontecendo na praia de Maracajaú-RN.
Numa das noites das missões Cônego Ruy não pode ficar naquela localidade, pois foi vitimado por uma forte dor de dende. Neto fica sozinho com Frei Damião.
À noite, o frade capuchinho fez a pregação para uma grande multidão e, como sempre, após a homilia, dava a bênção do santíssimo aos presentes. E é aqui que começa o humor do causo, acompanhem.
Frei Damião para dar a bênção do santíssimo precisava usar uma veste litúrgica conhecida por VEU DE OMBRO. Ele entra na capelinha e pede ao seminarista (Neto), falando bem baixinho:
--Dê-me o véu de ombro.
Neto entende: "Padre Ruy tá onde?" e responde:
--Foi para Ceará Mirim, com uma grande dor de dente.
Novamente o frade capuchinho pede com voz calma, porém muito baixa:
--Dê-me o véu de ombro.
Desta vez Neto, entendeu errado de novo, achava que ele tinha perguntado: "Qual é o seu nome?" e respondeu:
--Neto.
Frei Damião olhou bem sério para Neto e falou mais alto um pouco:
--Dê-me o véu de ombro!
O pobre do seminarista, com todo aquele barulho das beatas que cercavam a capelinha e não deixava entender o que o frade falava, mais uma vez interpretou de forma errônea:
--Sou daqui mesmo, de Dom Marcolino, distrito de Maxaranguape.
Foi a gota d'água. O Capuchinho berrou literalmente aos ouvido do seminarista:
-DÊ-ME O VÉU DE OMBRO! VOCÊ É MÔCO, DOIDO?
Aí sim, o seminarista largou o véu de ombro nas espáduas do Frei Damião, e fez com tanta força que mais parecia um vaqueiro pondo uma cangalha num jumento.

domingo, 29 de novembro de 2009

MANÉ BERADEIRO GANHA SUA CARICATURA


A artista plástica Cimara Cláudia, que trabalhou aqui em Natal e agora reside em São Paulo, Capital, foi a criadora da caricatura de Mané Beradeiro, personagem que o escritor Francisco Martins Alves Neto realiza dentro do projeto Momento do Livro.
Agora, a arte de Cimara Cláudia fará parte dos textos que são postados neste blog, com o título:O Humor de Mané Beradeiro, onde são contados causos da nossa literatura potiguar.
Aguardamos comentários dos leitores sobre o desenho acima.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ASSIM DISSERAM ELES...


"Há gente que muito fala, sem quase nada dizer. É mais sábio quem se cala para escutar...e aprender".

Aparício Fernandes, escritor (1934-1996)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A CRONOLOGIA DA MULHER

Aos dez anos algumas ainda bricam. Há até aquelas que seguram bonecas.
Aos quinze anos, inegavelmente estão desabrochadas no jardim da vida. São flores femininas, mulheres em expansão.
Aos vinte anos, acham-se no direito de voar, corpo e mente há muito que já perderam a definição do que seja limite. Para elas há tão somente o céu e o horizonte, únicas verdades a conquistar.
Aos trinta anos, muitas delas já acalentam nos braços o fruto de um amor. Têm nos filhos a expressão máxima da sublime vocação da mulher.
Aos quarenta anos, estão no topo. São lobas aguçadas, mulheres maduras, que preferem caçar a serem escolhidas.
Aos cinquenta anos, contemplam o lar (quando ainda existem) reúnem-se com amigos (as), buscam algumas rejuvenescer o corpo.
Aos sessenta anos, deleitam em celebrar as vitórias dos netos. Sonham em descansar. Algumas sustentam a família com o que recebem da aposentadoria.
Aos setenta anos, mãos frágeis, pernas que se negam a manter a velocidade de alguns anos atrás, elas representam para nós nosso patrimônio maior.
Aos oitenta anos, quando ainda a temos conosco. somos ricos, pela pessoa que são, experientes, vividas.
Aos noventa anos. Ah! quem dera que em cada casa deste Brasil pudéssemos ter uma mulher anciã. Bem cuidada, alimentada, sadia, com cabelos brancos, olhos brilhantes e voz baixa a nos falar da beleza que é ser mulher.

Extraído do livro: Degustando Poesia, de Francisco Martins, ano 2007, páginas 66/67.

REPELENTE BARATO E EFICAZ

Taí um coisa barata, prática e eficaz. Abra um limão e espete cravos-da-índia espalhe por áreas da sua casa e verá que os mosquitos irão embora. Comprove. Faça um teste. Diga não às investidas do mosquito da dengue e a muriçoca.

domingo, 22 de novembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


O causo de hoje aconteceu na Redinha, numa época muito remota, quando não havia diversão por lá. Um dia chegou naquelas bandas um circo, tão pobre, mais tão pobre que era iluminado à base de carbureto. O circo não tinha arquibancadas, cada um levava seu próprio banco para assistir o espetáculo. O circo iria apresentar uma cena sobre a Paixão de Cristo e contratou para o elenco dois moradores da Redinha: Ferrinho e Luiz Jatobá, os dois tomaram umas pingas antes do espetáculo e quando chegou a hora já estavam prá lá de quentes. Ferrinho seria o Cristo e Luiz Jatobá o soldado que chegava no horto para prendê-lo.
O diálogo da cena deveria ser assim:
(Luiz) --Quem é o Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu!
(Luiz) --Vim prendê-lo por ordem de Pôncio Pilatos.
Mas diante da grande quantidade de cana ingerida pelos artistas. A coisa tomou outro rumo e aconteceu desta forma:
(Luiz) --Quem é Jesus Cristo?
(Ferrinho) --Sou eu, e daí?
(Luiz) --Teje preso, por ordem do delegado.
(Ferrinho) estendendo a mão com o polegar para cima: --Ok, may friends!
É o fraco!

Causos da nossa literatura, garipado por Mané Beradeiro.

Fonte: Contribuição Norte-Americana à vida natalenses, de Protásio Pinheiro de Melo, Brasília 1993, página 77.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ASSIM DISSERAM ELES...



"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

guima_rosa.gif (2444 bytes)

João Guimarães Rosa.

*27 de junho de 1908

+ 19 de novembro de 1967


UM GRANDE DESAFIO - PARTE II


Terminei a primeira parte de ULISSES, livro de James Joyce. A leitura teve início no dia 4 de novembro p.p; Esse primeiro capítulo tem apenas dezoito páginas, mas confesso a vocês que seu conteúdo ultrapassa.
Com alegria eu digo a alguns intelectuais que estou lendo ULISSES e tem aqueles que conseguem me incentivar a continuar a leitura, mas encontro também quem não se identificou com a obra. Relembro então as palavras de Ezra Pound: " Ulisses não é um livro que todo mundo irá admirar, ...mas é coagido a ler a fim de ter uma idéia nítida do ponto de chegada de nossa arte, em nossa profissão de escritor"¹. Isso serve de consolo. Numa tarde, conversando com uma professora de português, ela me disse: "Você só vai gostar mesmo deste livro quando estiver lendo pela quarta vez". E diante desta experiência eu faço minhas as palavras do proprio James Jayce "Ou se crê ou não se crê, não é?"
E como ULISSES não é um livro para ser lido a primeira vez num pouco espaço de tempo, debruço-me no universo das palavras e expressões na esperança que a Trindade que tudo conhece dê-me inteligência e perseverança In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.

A saga continua... e se o amigo visitante tiver algum material sobre essa obra e desejar compartilhar comigo ficarei muito grato.


¹ Joice e o estudo dos romances modernos. Ed Mayo. Ano 1974

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO


Em Acari vive um homem que é conhecido por Zé de Nequinho, aliás em Acari as pessoas são sempre conhecidas assim, por apelido. Na época que lista de telefone tinha valor, Acari teve a sua totalmente preenchida com alcunhas dos cidadãos. Mas, voltemos a Zé de Nequinho. Estava este cabra trabalhando pela manhã, numa fazenda daquele município, realizando a árdua tarefa de colher algodão. A temperatura elevada fervia os miolos do cérebro. Zé de Nequinho e outros homens aguardavam ansiosos a hora do almoço. E, finalmente chega o tão esperado momento. Vão os trabalhadores famintos e sedentos em direção à casa do patrão, onde receberiam além de sombra e água fresca, o almoço da cozinha sertaneja.
Pois bem, neste dia, o prato principal servido foi cuscuz com leite. Zé de Nequinho comeu até não caber mais nada naquela pança abençoada. Finda a refeição, é comum permitir que os serviçais tirem alguma sesta, algo mais que meia hora e menos que uma. Aconteceu porém que nosso glutão armou a rede no alpendre da casa do patrão e ficou lá, dormindo de forma pesada.
O patrão percebeu que todos os trabalhadores voltaram à colheita do algodão, menos Ze de Nequinho. Vai até a rede, balança os punhos, acorda-o e diz:
--Trabalhar Zé! Tá na hora, todos os outros já foram.
Zé levanta um pouco a cabeça, arruma o lençol debaixo da orelha e responde:
--Vou nada. Eu vou é dormir.
E o patrão quis saber:
--Por quê?
Veio a resposta:
--Ôxente! Tu não serviu cuscuz com leite? Pois lá em casa quando a gente come cuscuz não faz mais nada não, vai é se deitar e dormir até o outro dia.
Disto isto, Zé de Nequinho balançou a rede com o pé na parede do alpendre e se pôs a dormir.

Fonte: Causo narrado por Laércio. Tendo esse recebido do próprio Zé de Nequinho.