terça-feira, 17 de agosto de 2021

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: OZANY ESTREIA NA LITERATURA INFANTIL

 


Comprei esse livro para o acervo da biblioteca da qual sou patrono. Li e parabenizo a autora e ilustradora pela beleza da obra. É livro de chegada de Ozany Gomes, que traz ao leitor três histórias repletas de ensinamento às crianças. Ao lê-lo eu me lembrei dos textos de Lobato, onde aprendíamos coisas do mundo e tão necessárias ao nosso crescimento cultural. Gostei e recomendo e deixo meus aplausos para a homenagem que foi feita a um escritor (na segunda história).

Francisco Martins

sábado, 14 de agosto de 2021

RETRATO DE HELOÍSA

É domingo, estou em casa e enquanto me preparo para ir às corridas penso em minha namorada. Heloísa chama-se ela, e é de uma vaga cidade “Pureza” - que eu suponho florida e doce, graças a uma dessas associações que nos vêm à cabeça e ficam lá morando, até que a expulsemos à força de uma decepção. Heloísa tem apenas seis meses de Rio, dos quais cinco me pertencem por direito de descoberta e conquista.

No começo do nosso namoro eu ficava a imaginar o que ela vira em mim de notável para me querer tanto: sou um homem feio. Talvez eu, moço da cidade, deva ter parecido à Heloísa a antítese viva de tudo quanto ela conheceu anteriormente em matéria de rapaz. Assim raciocinava, encerrando o assunto. Quando nos conhecemos, houve em nós uma reciprocidade de espantos. Heloísa se espantou de mim , eu me espantei de Heloísa. Haverá melhor base para o amor? Tanto não há que nos amamos logo. Se bem recordo, disse eu então a Heloísa: “Mas é o campo na cidade!” - e foram estas as primeiras palavras que ela escutou de minha boca. Por atrapalhação ou cortesia, a sua resposta veio no mesmo tom de trocadilho: “Na cidade, sim, e com muito prazer!” Rimos e ficamos namorados. E aos poucos nossos nomes foram se diluindo ao calor de conversas semelhantes, ao ponto de, quinze dias depois desse primeiro diálogo, trocarmos frases assim: -A cidade virá ao campo amanhã? Ao que eu, Esmeraldo, respondia: -A cidade chegará às sete e meia em ponto.

Chegava, e tinham início as conversas, que giravam mesmo, entre um abraço e dois beijos, sobre campo e cidade. Se falávamos do campo Heloísa simulava desembaraço, cosmopolitismo, rindo comigo de suas coisas físicas e humanas, as quais eu reduzia, com alguma habilidade, à matéria anedótica. Heloísa é de riso fácil: sua risada se perdia por entre as árvores do subúrbio, quieto àquela desora em que ficávamos de conversa no portão. Mas quando ela gargalhava com inteira franqueza e convicção era quando tocava a sua vez de analisar a cidade, criticá-la, interpretá-la. Aqui ela ria toda, com olhos, cabelos e uma boca armada de muchochos que se me afiguravam claramente boca, cabelos e olhos do campo. Não que Heloísa não gostasse da cidade. É que o seu raciocínio era feito de um feno especial, muito claro e muito campestre. Residindo no arrabalde de uma grande metrópole era como se continuasse a viver na sua longínqua e humilde “Pureza”. Vê-se daí como somos diferentes, o que talvez explique a nossa mútua afinação amorosa.

 Nasci nesta cidade, da qual nunca me apartei. Fui criado por uma velha tia que, passando desta para a melhor, me transferiu a um internato para órfãos, do qual fugi aos treze anos para levar a vida solta que ainda hoje, com vinte e cinco anos e a profissão de corretor de corridas, ainda gozo. Já Heloísa teve a organizada e tranquila vida de moça da roça. Por isso Heloísa tem base, tem constância e tem consistência, três coisas que me faltam. Sou em tudo um flutuante, enquanto Heloísa é sedimentada como um edifício de arranha-céus, ruim imagem de cidade à qual recorro para explicar um objeto do campo. Mas a rigor este já não é o retrato de Heloísa. Foi o retrato de Heloísa. Porque, a partir do dia em que nos conhecemos, Heloísa mudou, embora não se aperceba e até negue, quando acusada. Curioso como Heloísa cisma de me conhecer. Tenho algumas entradas no xadrez, dois processos por coisa de somenos, a polícia de três Estados gostaria de me segurar. Azares da profissão.

Contei tudo a Heloísa, num domingo em que fomos à Quinta da Boa Vista e subitamente me senti comovido de vê-la assim abandonada no relvado, os olhos macios pousados em mim, o cabelo irisado de pingos de sol. Mas não se deu por achada, nem desta nem das outras vezes em que voltei a falar-lhe de minha vida. Muda sempre de assunto, não sem antes afirmar ter penetrado a essência da minha interioridade, a de lá arrancado, não sei a força de que ganchos, uma palavra estranha e nova para mim: o adjetivo “bom” que ela põe na boca  com sonoridade de qualificativo evidentemente campestre:

 -Você quer é se fazer de mau, Esmeraldo. Mas eu sei que você é bom. Diz, sorri, me abraça. E eu, consultando a cumplicidade da rua, com o rabo do olho, beijo-a na boca. Esta penúltima operação é sempre necessária: Heloísa tem medo da língua da vizinhança. Se Heloisa me quer, raciocino friamente, é uma função daquela crença, da qual rio abertamente, embora vá alimentando com palavras e até com atos a matéria prima de tão inusitada suposição. Por ser do campo, Heloisa pensa que todo mundo é de lá. Daí o mal entendido. Mas voltemos ao namoro. Para cinco meses de romance está a parecer que a cidade tem caminhado com vagar. Não tanto, conforme passo a expor sem grande quebra de discrição, antes a bem da cidade, ou da verdade mesma. Ao correr desses meses, Heloisa tem descerrado suas faldas, se deixado rasgar, como uma colina macia, na alma e outras geografias. Devagar, é verdade, porque há em Heloisa uma inata tendência para dizer não! à cidade, ao mesmo tempo que sabe ir exigindo coisas. Por exemplo: os nossos primeiros encontros tinham certa intermitência. Verificavam-se no portãozinho da pensão onde mora Heloisa, às terças, quartas e sábados. Mas com jeito e vagar Heloisa foi reclamando maior assiduidade, que o campo tem as suas reivindicações. Encontro diário era uma delas, e eis-nos dependurados todas as noites na cancelinha do jardim da pensão, até lá para depois das dez. Encontro e passeio diário pelas ruas penumbrentas do bairro são sinônimos, sabeis ó namorados que não andais aos bandos. Eis-nos, pois, de braço-dado, alargando nossos conhecimentos: Heloisa, da cidade específica e da cidade submersa que dorme em mim; eu, do campo que há nela, cada vez menos nela. Digo assim porque - verifico com desprazer - Heloisa tem mudado. Já não é filha de Maria, nem vai à Igreja aos domingos, como era seu hábito. Primeiro deixou atrasar a mensalidade, até então paga pontualmente à Virgem. E ultimamente refuga com brusquidão os recibos que padre Domingos, supondo-a doente, manda cobrar por intermédio de seu Doca, o sacristão.

Faz planos para o futuro, lamenta o tempo que perdeu bobamente em “Pureza”; encasquetou-se-lhe na cabeça a ideia de mandar buscar a prima Lúcia, “que está mofando naquela terra onde o diabo perdeu as botas”. Diz assim e sorri - um sorriso da cidade mesmo. E eu fico a procurar nas suas pupilas um pouco da terra e do vento da sua longínquo e ensolarada “Pureza”. Não distingo traço: nada daquele mundo flutua agora nas líquidas e escuras pupilas de Heloisa. E de tudo o que mais me preocupa, ao ponto de cogitar numas férias e viajar - viajar para o campo - de tudo, o que mais me preocupa é o seguinte: Heloisa vai ter um filho. 

Homero Homem

14 de Março de 1953

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CRONOLOGIA DE UM POETA EM MÚLTIPLOS DE QUATRO

Quando tive 4 anos eu fiquei estupefato,
Como pode ser assim?
A vida é feita de fatos!
E toda minha imaginação,
Meus reinos,
Minhas perguntas,
Que fim levarão?


 
Quando eu tive 8 anos
Meu ninho era perfeito
Aconchego e beijos
Não me faltavam

Quando tive 12 anos
O mundo já tinha me dito:
As respostas chegam devagar,
As perguntas é que são sempre ligeiras,
Mas a vida nem sempre é infância.

 


Quando eu tive 16 anos
Já planejava ser capitão do navio
Da minha existência
E preparava cartas náuticas dos
Mares que não conhecia.
 

Quando eu tive 20 anos
Conhecia estradas diversas
Caminhos que me levavam
E traziam ao ponto de partida
E eu contemplava as margens
Sem soltar a bússola.





Quando eu tive 24 anos
Conhecia feras e esferas
Sabia discernir a chegada 
Das estações e sonhava 
Com a primavera.

Quando eu tinha 28 anos
Não ligava para o calendário da existência
A eternidade corria em minhas veias
E meu futuro não era escuro

 
Quando eu tinha  32 anos
A vida estava deveras pesada
Meus pés eram chumbos
Minhas asas atrofiadas
Um coração fechado
 
Quando eu tinha 36 anos
Mutações começaram  a acontecer
Folhas de sulfite se agarram a mim
Palavras brotavam com mais sapiência.
Germinava um escritor.

 
Quando eu tinha 40 anos
Era ousado como as águas de um rio
Valente como o vento que adentra na floresta
Mas tinha um segredo adormecido.
E os livros guardados como vinhos
Foram servidos aos amigos.


Quando eu tinha 44 anos
O sertão nordestino apossou-se
Da minha alma. Mandacaru e  Teiú
Moldaram um poeta personagem.
Um cordelista nascia entre cactos
E versos carentes da métrica e rima.

Quando eu tinha 48 anos
Trazia comigo uma apostila
De erros e acertos
Uma certeza que tudo
Deve ser e ter a medida certa.

 







Quando eu tinha 52 anos
Estava cada dia mais liberto
Felicidade ou não são momentâneas
O que importa é enfrentar os dragões 
E não desistir dos sonhos que devem ser
constantes.



Quando eu fiz 56 anos
(E isso não faz muito tempo)
Elaborei planos de escalar montanhas
Respirar ares mais puros
Descobrir ninhos de gaviões
Ousar viver!

Quando eu fizer 60 anos
Daqui a três anos
Ganharei medalha de ouro
Nas Olimpíadas de Paris.

Francisco Martins
12 e 13 de agosto de 2021

ASSIM DISSERAM ELAS ...

 

 "... a história da humanidade é uma pirataria que não tem fim. O mais forte, sempre que pode, depreda o mais fraco. Só quando a Justiça for uma realidade, em vez de ser um ideal, é que as coisas mudarão de rumo"

Dona Benta.

 

Fonte:  Aventuras de Hans Staden, de Monteiro Lobato. Editora Brasiliense Ltda, São Paulo, 9a Ed, 1954, página 17.

O CIRCO CHEGOU






O poeta Diógenes da Cunha Lima trouxe a beleza do circo para dentro de um livro. Cabe ao leitor dá nome a esta casa de espetáculo. Algumas personagens foram traçadas com a arte de Iaperi Araújo, que ilustrou o livro. Coube a Ivan Lira de Carvalho chamar a atenção do público, escrevendo o texto das orelhas. Lá dentro, antes da abertura do show, Diógenes, Iaperi e Racine Santos falam da importância do circo. Após essa breve apresentação, o ledor chega à pagina 15 onde as luzes dos poemas começam a cintilar e vão brilhar até o final do espetáculo. Vá ao circo. Ah, antes que eu esqueça, ao meu eu dei o nome de Baobá Circo.


Francisco Martins, que também é o Palhaço Leiturino


11 de agosto 2021

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

JAMAIS DIREI...

Eu não posso, pois "posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13)

Eu não tenho, pois "Meu Deus suprirá, segundo as suas riquezas na glória de Cristo Jesus, cada uma de minhas necessidades" (Filipenses 4:19)u

Que tenho medo. "Poque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (2 Timóteo 1:7)

Que tenho duvidas ou falta de fé, porque eu tenho " A medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Romanos 12:3)

Que eu sou fraco, porque "O Senhor é  a força da minha vida" (Salmo 27:1) e "O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas" (Daniel 11:32)

Que Satanás tem domínio sobre minha vida, "porque maior é aquele que está em mim do que aquele que está no mundo" (1 João 4:4)

Que estou derrotado, porque "Deus em Cristo sempre me conduz em triunfo" (2 Coríntios 2:14)

Que não tenho sabedoria, pois "Cristo Jesus foi feito por Deus sabedoria para mim" (2 Coríntios 1:30)

Que estou doente, pois "Pelas suas pisaduras e fui e sou sarado" (Isaías 53:5)

Que estou preocupado e frustado, pois estou "Lançando sobre Ele, toda a minha ansiedade, porque Ele tem cuidado de mim" ( 1 Pedro 5:7)

Que estou condenando, pois "Agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" ( Romanos 8:1)

Obs: este texto não é da minha autoria, mas eu o conservo em um caderno há mais de trinta anos)

CONVERSA DE CANCELA: VOLTANDO PARA CASA

 A tarde terminava com o sol se pondo entre as carnaubeiras.  Uma imagem linda de ser vista, um descanso à alma do homem que retornava à casa  após uma dia de labuta  lavrando a terra.

Tão logo pegou a estrada,  eis que nosso campesino se encontra com Mota, seu vizinho que também voltava do trabalho. Mota gostava de prosear, tinha conversa para tomar menino das garras do papa-figo e até mesmo fazer bode tomar banho de chuva.

−Boa tarde meu amigo!

─ Boa tarde!

─ Ainda está com a visita do seu cunhado?

─ Sim, não vejo a hora daquela criatura voltar para  Santa Cruz

─ Por quê?

─ Meu amigo sabe que eu não sou miserável, mas aquele rapaz é uma estrovenga.

─ Então é trabalhador?

─ Antes fosse. Quando digo estrovenga refiro-me  à  vontade que ele tem de comer. Agora eu entendo o ditado: parente é como praga de gafanhoto: come tudo.

Pois está na hora do senhor ensinar a ele que  aranha vive do que tece.

─ Eu? Imagina se vou me meter nisso, ele  é metido a valentão e eu não quero  criar problema no meu casamento por causa de cunhado ademais em buraco de cobra tatu não entra.


 

E assim, enquanto caminhavam, os dois homens mantinham a conversa recheada de sabedoria popular, os famosos adágios, provérbios que vão passando de geração a geração.  Já chegando  próximo da casa de Mota, esse falou se despedindo:

É ditado da cutia: o sol se pôs, acabou-se o dia; mas é ditado da raposa: o sol se pôs, ainda se faz muita coisa.

 

Mané Beradeiro

Parnamirim-RN, 12 de agosto 2021

 

As ilustrações são de Perci Lau. Fonte: Almanaque Globo Rural, ano 1, 1987, página 139.

 

UM LIVRO BROTADO NA ILHA DAS FLORES

 


 Você sabia que Graciliano Ramos escreveu "Vidas Secas" em apenas três semanas? A história estava pronta em sua cabeça, toda estruturada, apenas aguardando a oportunidade de ser datilografada. Ele a criou quando estava preso na Ilha das Flores, em 1936. O livro foi lançado dois anos depois, pela Editora José Olympio.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O LIVRO DE LOLA




Maria Julia e Lola vivem uma aventura nas páginas deste livro. Destinado aos adolescentes," O livro de Lola", escrito por Lino de Albergaria, com ilustrações de Thaís Linhares, vai narrar a relação entre uma avó e a sua neta. Até que ponto Lola pode ir para salvar a sua avó? Qual é o problema crucial de Maria Julia? O texto repleto de encantamento e magia vai transportar o leitor ao mundo de fantasia que é tão forte na fase da adolescência. Chamo a atenção para beleza das letras capitulares e as ilustrações que são lindas.

Francisco Martins
11 de agosto 2021

terça-feira, 10 de agosto de 2021

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO - SERMÃO DE GUERRA

 


Um jovem Pastor Protestante, durante um sermão no culto dominical, para os soldados que estavam acampados na Base Americana em Natal,  na famosa Trampolim da Vitória, pregou assim: "De todos os vícios, a bebida é certamente o pior. Quando bebem, vocês perdem o controle dos seus atos e ficam atirando com as pistolas de forma contra os inimigos. Ora, estando bêbados, não acertam no alvo"

UM MÊS DE SAUDADES DE ZILDA LOPES DO REGO

 Ontem, 9 de agosto, foi celebrada a missa do 30º dia de falecimento de Zilda Lopes do Rego. O culto aconteceu na Igreja Santa Terezinha, bairro Tirol, em Natal.  Ao final da missa, o poeta e escritor Francisco Martins leu uma homenagem à Zilda Lopes do Rego.


 

Escrever apenas em uma lauda o que foi Zilda Lopes do Rêgo é limitar toda uma vida que sempre floriu e deixou produções por onde passou.

Não farei em prosa,  pois sei que ficarei muito a dever sobre a memória dessa mulher tão especial. Permitam-me  externar quem foi Zilda Lopes do Rêgo, com o gênero poético  em versos brancos. Ei-lo:

Zilda  Lopes foi menina que Pau dos Ferros  viu nascer

Foi  flor que desabrochou para   a Cultura embelezar

Foi mulher que teve a fibra do ofício administrar

Foi guerreira,  educadora,  Conselheira  espetacular

Dona Zilda neste solo, nesta terra em que viveu

Jogou sementes da saudade  no coração daqueles

Que com ela conviveu.

Tinha paixão por livros, por papel, por jornais, pela dose de uísque, por  um papo no celular

Falava horas sem parar.

Ah!  Dona Zilda, lembro bem daquele olhar, do sorriso tão materno quando meu nome entoou

Levando-me para o Conselho onde hoje eu estou.

Vou abrir o portão, que entre Dona Zilda, no Céu, pois, cá, em nossos corações,

Zilda Lopes do Rego é  a mais linda plantação.

É flor de mandacaru

É roçado de algodão

É velame e macambira

É Juazeiro florido

É solo deste sertão

Zilda Lopes é xanana que embeleza as ruas da cultura

É amiga, mãe de Pinto, é saudade de montão!

 

Francisco Martins

05 de agosto 2021

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

10 ANOS SEM SALDANHA

 


Hoje 09 de agosto, a Comissão Norte Rio-grandense de Folclore homenageia o Cordelista Zé Saldanha em seus 10 (dez) anos de encantamento! O poeta Zé Saldanha permanece vivo entre nós, através de suas poesias!

Zé Saldanha é saudade
Neste mundo do cordel
Seus versos nos são alentos
Que lembram o menestrel
Dez anos na eternidade
Um poeta que é Nobel

Mané Beradeiro

COMENTANDO MINHAS LEITURAS: VIRA, VIRA, VIRA LOBISOMEM





Lúcia Pimentel Góes, natural do estado de São Paulo é a autora deste livro "Vira, vira, vira lobisomem". A história começa verdadeiramente quando Lobisô completou sete anos e ao longo da sua existência, sempre de sete em sete anos transformações acontecem na vida dessa personagem. É um livro que traz uma mensagem muito bonita sobre as estações da vida. A autora tem mais de 160 títulos publicados e é ganhadora de vários prêmios. As ilustrações são de André Neves.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

VÔ E VÓ

 

Ser avô é ter asas para buscar as coisas que os netos querem
Ser avó é se deixar pintar com as cores da infância que não vivemos, mas que estão na aquarela dos sorrisos infantis
Ser vô e vó é saber que a idade já permite ultrapassar as barreiras, todas elas, sempre em nome da felicidade infantil.
Ser avô e avó é poder baixar os óculos até a ponta do nariz e falar:
"Ai, no meu tempo não era assim. Que se dane o tempo!"
"Ei de ver você crescida!"
"Tome tento minha flor"


Finalmente ser avô e avó em 2021 é ser herói da vida!


Francisco Martins
28 julho 2021


CANÇÃO DO CANAVIAL - PARTE I - A ORIGEM

 


quarta-feira, 21 de julho de 2021

A "ALMA PATRÍCIA" DE UM ESCRITOR PROVINCIANO COM FAMA MUNDIAL

 

Amanhã, dia 22 de julho, às 16h30m a Academia Norte-rio-grandense de Letras vai comemorar os 100 anos do lançamento do  primeiro livro  de Luis da Câmara Cascudo, que foi lançado em 1921, "Alma Patrícia". Segundo Câmara Cascudo, o livro "foi um sucesso de livraria e de crítica, João Ribeiro disse que era "um exemplo de cultura provinciana". Osório Duque Estrada disse que era uma "porcaria". Ainda não me decidi entre os dois"¹. A impressão de "Alma Patrícia" foi feita em Natal e custeada pelo pai do escritor, o Coronel Cascudo. Finalmente o jornalista Vicente Serejo está vivo para ver esse momento. Ele chamou a atenção da necessidade de ser reeditado esse livro quando assim escreveu em 6 de julho de 1986: "Na área cascudiana, pelo menos um título seria imprescindível: "Alma Patrícia", de Luiz da Câmara Cascudo ..."².  A acadêmica Sonia Faustino também escreveu sobre o livro, quando publicou "De como Câmara Cascudo se tornou um autor consagrado", que foi lançado no antigo bar e restaurante Kasarão, em Natal, na noite de 3 de outubro de 1986³. "Alma Patrícia" esta longe de ser "uma porcaria" como disse Osório Duque Estrada. Acolhemos com aplausos o que escreveu  Moacy Cirne: " ...uma obra de crítica, traz as marcas de um autor preocupado com a produção literária do Rio Grande do Norte, fato esse bastante positivo como proposta intelectual...Sem dúvida, para a cultura local, foi uma obra importante; Cascudo já se revelava um bom escritor, com invejável bagagem intelectual para a época". É preciso dizer que  "Alma Patrícia", edição fac-similar, tornou-se possível graças a escritora Eulália Duarte Barros, atual ocupante da Cadeira 13, da Academia Norte-rio-grandense de Letras, cujo fundador e primeiro ocupante foi Câmara Cascudo. Eulália Barros patrocinou todas as despesas da edição, numa atitude louvável.

 

Francisco Martins

21 de julho de 2021 


Fontes pesquisadas

1) Reportagem "O movimento literário em Natal peca pela dispersão", jornal "O Poti", edição de domingo, 12 de janeiro de 1958. 

2) Vicente Serejo, "Por uma bibliografia de edições raras do Rio Grande do Norte ", jornal "O Poti", suplemento, Coluna Estante, edição de 6 de julho de 1986.

3) ___________. Cena Urbana . Jornal "Diário de Natal", edição de  3 de outubro e 1986.

4) Moacy Cirne. Alma Patrícia, em Dicionário Crítico Câmara Cascudo. Organizador Marcos Silva.


 

BIBLIOTECA NACIONAL DIVULGA EDITAL PARA O PRÊMIO LITERÁRIO BN 2021

Há mais de 20 anos, a Fundação Biblioteca Nacional realiza o Prêmio Literário Biblioteca Nacional.

Neste ano, o Edital prevê oito categorias de premiação:

  • Poesia – Prêmio Alphonsus de Guimaraens
  • Romance – Prêmio Machado de Assis
  • Conto – Prêmio Clarice Lispector
  • Tradução – Prêmio Paulo Rónai
  • Ensaio Social – Prêmio Sérgio Buarque de Holanda
  • Ensaio Literário – Prêmio Mario de Andrade
  • Literatura Infantil – Prêmio Sylvia Orthof
  • Literatura Juvenil – Prêmio Glória Pondé. 

    Excepcionalmente este ano, assim como em 2020, o Edital não incluirá a categoria Projeto Gráfico - Prêmio Aloísio Magalhães, pois a logística de recebimento e encaminhamento dos exemplares à comissão julgadora mostrou-se inviável diante do fechamento da Biblioteca e do regime de trabalho remoto instituído como medida de contenção do Coronavírus.

    Para participar, as obras devem preencher as seguintes condições:

  • estar em primeira edição;
  • terem sido publicadas no período de 1º de maio de 2020 a 30 de abril de 2021;
  • terem sido escritas em língua portuguesa;
  • terem sido publicadas por editoras brasileiras;
  • estar em conformidade com a Lei do Depósito Legal (Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004);
  • possuir número de registro ISBN (International Standard Book Number) válido no Brasil;          As inscrições devem ser feitas exclusivamente por meio da plataforma Prêmio Literário Biblioteca Nacional, de 07 de julho a 20 de agosto. Leia o edital completo no link https://www.bn.gov.br/edital/2021/edital-publico-premio-literario-biblioteca-nacional-2021

quarta-feira, 14 de julho de 2021

RN TEM LEI QUE INCENTIVA O CORDEL





RIO GRANDE DO NORTE



LEI Nº 10.950, DE 13 DE JULHO DE 2021.


Institui diretrizes de incentivo e fomento à Literatura de Cordel nas escolas públicas e privadas do Estado do Rio Grande do Norte, e dá outras providências.


A GOVERNADORA DO ESTADO RIO GRANDE DO NORTE: FAÇO SABER que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:


Art. 1º Ficam instituídas diretrizes de incentivo e fomento à Literatura de Cordel nas escolas da rede pública e privada em todo o Estado do Rio Grande do Norte.


Art. 2º São diretrizes de incentivo e fomento à Literatura de Cordel nas escolas:

I - contribuir para o conhecimento da comunidade escolar acerca da cultura popular brasileira;
II - estimular a cultura de literatura popular em verso;
III - extinguir a discriminação relacionada à cultura regional nordestina;
IV - fomentar o reconhecimento identitário norte-rio-grandense através desse gênero literário;
V - valorizar o contributo de cordelistas para a cultura do Estado do Rio Grande do Norte;
VI - ampliar no âmbito escolar o acesso a uma multiplicidade de gêneros literários como parte integrante do processo educacional.

Art. 3º O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, bem como os Municípios potiguares, dentro dos seus espaços de competência legislativa, poderão criar diretrizes específicas para o fomento da Literatura de Cordel nos equipamentos públicos de educação.


Art. 4º O Poder Executivo deverá regulamentar a presente Lei. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal/RN, 13 de julho de 2021, 200º da Independência e 133º da República.



FÁTIMA BEZERRA
Getúlio Marques Ferreira