terça-feira, 30 de maio de 2023

A ONÇA DO RIO PARDO (MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA)...


Eu devia ter treze anos. Minha irmã mais velha sempre nos levava à fazenda do seu sogro, onde passávamos o fim de semana. A propriedade dista 90 quilômetros da cidade, de maneira que percorremos longa distância sem ver uma única casa. É mato dos dois lados da estrada de terra. Alguns trechos formavam túnel de árvores nativas quilômetros a fio, de maneira que era comum nos depararmos eventualmente com manadas de pacas, antas, capivaras, Caititu (porco do mato), veados, seriemas, tamanduás, jaguatirica, anta, cutia e todo tipo de fauna daquela região.

Obviamente que havia onças-pintadas, mas essas não percorriam locais com barulho, de maneira que só se viam os seus rastros pela estrada ao amanhecer, acaso o motorista descesse do carro. Nas praias dos rios se veem pegadas em abundância.

A fazenda era cortada pelo imenso e caudaloso rio Pardo, que fazia uma curva sinuosa a uns trezentos metros dali. Raros homens adultos empreendiam atravessar esse manancial a nado.

A sede da fazenda guardava um silêncio que nunca mais experimentei. Seus únicos sons são proporcionados pelos pássaros e a bicharada que, de vez em quando, rosna na mata. Durante a noite as matas, campinas e pastos são pincelados de luzinhas vagantes que na verdade são olhos.

Como a própria cidade onde morávamos era emoldurada de matas e rios, não era de estranhar o seu aspecto bucólico, mas vivíamos a experiência interessante do silêncio pleno, luz e geladeira a gás. E sem o lampião, tudo era breu. Ficávamos sentados nos bancos da varanda do casarão, conversando e olhando para aquela placa do horizonte invisível, preto, rompido pelo azul escuro do céu, furado de pontinhos reluzentes. Nunca vi céu mais lindo.

Durante o dia, eu e minha irmã costumávamos percorrer a fazenda, apreciando tudo. A começar por um pequeno rio que ficava atrás do casarão. Rasinho e com nuvens de lambaris.Andávamos no mato à cata de marolo, goivira, ingá e outras frutas do mato, deliciosas e inesquecíveis.

Nesses passeios silvestres gostávamos de correr dentro dos túneis que as capivaras e antas constroem. São caminhos redondos, esculpidos naturalmente pelo vai e vem desses animais dentro dos arbustos altos. Quase um labirinto. Andar por essas tocas era diferente de rasgar o mato à mão para avançá-lo, portanto sentíamos a desenvoltura dos bichos, como se o fôssemos.

Recordo-me de uma experiência com uma onça, certa vez, quando passeava sozinho nesses labirintos misteriosos, mas atraentes. Assim que deixei o túnel, dei-me com as margens do assustador rio Pardo. As águas caudalosas emitem um som único e indescritível. As copas gigantes das árvores parecem seres fantásticos quando sombreiam as águas. É uma presença indescritível de algo que só se sente estando ali.

Na outra margem do rio uma multidão de ariranhas entrava e saia de suas tocas no barranco ribeirinho. Mais adiante, numa pequena enseada, dezenas de capivaras tomavam sol na prainha de areias alvas. Pareciam contemplar o silêncio daquele paraíso. São impressionantes as delícias da natureza. Elas proporcionam um misto de medo e envolvimento irresponsável naquelas peles, naqueles couros, seduzindo-nos.

Eis que nesse estado de natureza olho para a mata ribeirinha e dou-me com a visão de uma onça pintada sobre o braço de imensa ingazeira. Deitada despreocupada e elegantemente. Um portentoso exemplar. Tal e qual essa bela espécie da fotografia aqui postada. Logicamente que não era essa, mas exatamente igual. Havia entre nós a distância da largura de duas BR, de maneira que ela poderia ter-me tornado sua refeição num disparo de segundos. Se eu entrasse na água, elas são excelentes nadadoras. Se eu subisse numa árvore, elas são exímias escaladoras. Correr seria em vão.

Fiquei como um toco, fincado ali sem movimento. Logo aquele ser de beleza extraordinária saltou na água e deu na outra margem, num nado impressionante. As capivaras irromperam dali, desaparecendo como se entrassem nas árvores. Fiquei observando, almejando vê-la novamente, mas a mata era muito fechada. Então disparei para a sede da fazenda. Coração ameaçando sair pela boca.

Doido é quem quer amizade com onça. Para mim, animais silvestres pertencem às matas, devem ser louvados e nada mais. Eles estão no espaço deles. Sempre tive aversão a quem fere qualquer animal. Mas, por falar em onça, as pegadas da onça-pintada assustam. São grandes e carimbam pesadamente o chão. A pata dianteira é bem maior que a traseira. A dianteira tem uns 12 cm de comprimento e uns 13 cm de largura. A pata da pegada traseira tem uns 11 cm de comprimento a 10 cm de largura, com almofada grande e arredondada. Os dedos são arredondados e sem marcas das unhas.

À noite, durante as conversas de lampião, meu cunhado disse que ela estava alimentada, e jamais me faria mal. Ou talvez estivesse interessada na manada de capivaras do outro lado do rio. Talvez ela dormisse naquele momento e minha presença a despertou.

As onças sentem cheiro numa profusão incomparável. São iguais aos indígenas que adivinham alguém chegando de longe. Ele orientou que eu não fosse mais por ali sem companhia. A peonada dali só anda de faca e arma de fogo. As onças se afastam ao menor barulho. Jamais se aproximam de lugar com ronco de motores ou converseiro. Assim também são as sucuris.

Pois bem, essa é a história de uma onça que estava em paz em seu habitat, eu a perturbei, e ela, por alguma razão, me poupou, Seguem outras imagens. Elas, no caso, são imagens reais do rio Pardo contornando a cidade em que nasci. Essas matas tiveram parte comigo. Esse rio conheceu a minha infância. Quantas vezes saltei de sua velha ponte de madeira e nadei até a margem como que acabara de experimentar o feito de um heroi…


AUTOR: Luiz Carlos

domingo, 28 de maio de 2023

GILBERTO ARANHA - CONTISTA FORA DO CANON POTIGUAR


Quantos livros de literatura de prosa foram publicados na década de 30 do século passado em Natal?  Quais escritores tiveram notoriedade naquela época? Quais passaram  de forma tangencial e que  ficaram esquecidos nas estantes de bibliotecas?

Recorro a  quem bem sabe do assunto e trago ao leitor que  no final da década de 20 e depois já nos anos 30, Policarpo Feitosa dispunha suas obras "Flor do Sertão"(1928), "Gizinha" (1930, "Alma Bravia" (1934), "Encontros do Caminho"(1936), "Os Moluscos (1938). Edgar Barbosa  publica em 1937 "História de uma Campanha" e em 1938, José Bezerra Gomes apresenta ao público o seu primeiro romance "Os Brutos".  Depois  disso as próximas produções em prosa já irão pertencer à década seguinte.

Importante deixar bem claro que  no tocante ao gênero conto,  a produção praticamente não existia. Gurgel nos ensina  que as primeiras tentativas foram frustantes nos anos de 1914 e 1915 e somente em 1961 Newton Navarro  publica "O Solitário Vento de Verão", livro de conto. Chego com estas informações,  preparando o terreno  para que possa deitar a semente deste artigo.

No dia 24 de janeiro de 1931 faleceu   em Natal Gilberto Aranha,  aos 15 anos de idade. Menino inteligente, leitor e infelizmente doente. Não sei  qual foi a causa da sua morte.   Queria dizer aqui neste artigo quem foram seus pais, mas enquanto pesquisava surgiu uma incógnita  sobre o assunto e estou tentando resolver. Tão logo tenha a solução publicarei sobre a filiação.

Gilberto Aranha era potiguar,  nascido em 1916. Deixou um livro póstumo, e após a sua morte o mesmo foi lançado em 1932. Foi um livro de contos, com qualidade textual, aprovado pela crítica do Rio de Janeiro e até onde saiba, totalmente ignorado na província potiguar. Terra de Senna  lhe dedicou uma resenha no jornal  "Diário Carioca", que  publico abaixo, na qual é possível perceber que  Gilberto Aranha foi  sem sombra de dúvidas um bom contista. Ele não consta no cânon dos escritores consagrados, mas passa agora, 92 anos após a sua morte, a constar na lista dos contistas esquecidos e revelados do Rio Grande do Norte.



Leia a resenha feita por  Terra de Senna e tire suas conclusões.

"ASPECTOS DA VIDA"

Aspectos da Vida...Viu-os, sentiu-os, uma criança de quinze anos.    Na idade precisa em que nós abrimos os olhos à vida, ávidos de sensações, numa tentativa hercúlea, humana, de aprender a viver com a felicidade e o infortúnio dos outros. Por isso, aos quinze anos, todos nós pretendemos ver muito, todos nós desejamos ver e sentir com toda a força dos nossos sentimentos...

Invade-nos, então, a tristeza dos males alheios. E porque alçamos bem alto os nossos sentimentos, aparecemos aos olhos dos que não sabem ver, ao juízo dos que não sabem sentir, como a efigie clássica da tristeza da raça. Gilberto Aranha, a criança que escreveu "Aspectos da Vida", foi, como todos nós, um pesquisador tenaz da vida. Não quis, porém, o destino que as suas observações se amadurecessem com a própria vida.

Teria sido bom? Teria sido mau? Um destino que corta, no seu início, uma vida como a de Gilberto Aranha, é sempre mau. Para os verdadeiros artistas, um sofrimento é uma página de Arte. E uma página de Arte não será a felicidade suprema de um artista? Gilberto Aranha escreveu o seu "Aspetos da Vida" quando começava a viver. Entretanto, não procurou mascarar a vida com as falsas pantomimas - caricaturas de felicidade - que a própria vida sabe criar e onde os mais incautos de espírito ... ( inlegível) ... de autoras e atores.
Gilberto deixou-se ficar espectador somente. Índice, portanto, de uma mentalidade construtora. Seus contos são bem feitos. Porque suas personagens vivem a existência que não poderiam deixar de viver, porque são o reflexo ou o stigma de um destino.
    "Irmãos na desgraça, amigos na ventura", é uma página em que sentimentos antagônicos se entrechocam. Bondade e egoísmo. A história simples de dois homens que se tornaram felizes um dia:   "Inesperadamente felizes, deixaram ficar naquele albergue de miséria e nas ruas lúgubres, por onde arrastaram os seus andrajos e a sua indigência, o espectro da fome a torturar outras vitimas".
Não será isso, na sua chocante realidade, um aspecto da vida?
                                                     
Há quadros da mais viva emoção, traçados, embora ligeiramente, pela mocidade inquieta de Gilberto Aranha. Citemos, ao acaso, um dos mais expressivos: "A enfermeira". Um episódio da seca é tratado pelo moço escritor com segurança absoluta e acentuado poder descritivo. Em "Estranho amor", nota-se. por certo, uma suavidade afetiva, tocada, aqui e ali, de uma ingenuidade amorosa e moça. Marina, entretanto, não constituirá a imagem fugace da "felicidade aparente", que tanta gente conhece?
"Aspectos da vida" é um livro bom. Extremamente bom. Por que, mostrando alguns dos seus maus aspectos, deixa sempre entrever uma sombra de bondade ou uma ilusão que, suaviza afinal, as asperezas de um determinismo inquietante.
Gilberto Aranha morreu cedo. Fechou os olhos, quando mais desejaria abri-los para o mundo.  Fugiu-lhe, sem dúvida, a felicidade maior.
Mas para os que muito lhe queriam, essa felicidade não fugiu de todo.
Porque ele nos ficou, para sempre, na simplicidade adolescente e boa dos seus escritos e na visão do que ele viria a ser nas nossas letras, se tivesse conseguido vencer o seu próprio destino. 

 Terra de Senna

Esta história não termina aqui. Ainda há bastante terreno para ser explorado. Aguardem novas notícias.

Francisco Martins
28 de maio de 2023


Fontes:

GURGEL, Tarcísio. Informação da Literatura Potiguar. Natal: Argos, 2001. 

(Pesquisa no site da Biblioteca Nacional - Hemeroteca)

DIÁRIO DE NATAL, edição de 17 fevereiro de  1907

DIÁRIO CARIOCA, edição 25 de janeiro de 1931.

DIÁRIO CARIOCA, edição 9 de abril de 1932.

DIÁRIO DE NATAL, edição de 21 de fevereiro de 1949

O POTI, edição de  19 de  janeiro de 1975.



sábado, 27 de maio de 2023

MANÉ BERADEIRO E LIMA NETO FALARAM DE LIVROS E LEITURA PARA ALUNOS DO CEI

 A manhã de ontem, sexta-feira, foi muito especial. Eu e Lima Neto  estivemos com os alunos das unidades do Centro de Educação Integrada-CEI,   localizadas na Roberto Freire e Romualdo Galvão, onde  falamos de nossas experiências como leitor e escritor.


A participação dos alunos aconteceu de forma presencial, mas também remota, através da plataforma Meet, onde eles, nas salas de aula assistiam a nossa conversa e podiam formular perguntas pelo chat. Lima Neto mostrou como a literatura e o ato de escrever não é nenhum bicho de sete cabeças. É acessível a todos nós. Para se tornar escritor não precisa fazer nenhum curso específico.


Mané Beradeiro, por sua vez, levou a mensagem de que também é possível escrever na linguagem popular sem perder a beleza de uma construção textual. Deu exemplos dos escritores Renato Caldas, Zépraxedi, Kydelmir Dantas e de obras escritas por ele mesmo. O jumento Ananias colaborou com a conversa.


Parabenizamos a escola pelo sucesso do evento e a participação dos alunos que aconteceu de forma intensa.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

MANÉ BERADEIRO E LIMA NETO FAZEM APRESENTAÇÕES EM UNIDADES DO CEI

 Na manhã desta sexta-feira, 26 de maio, o poeta Mané Beradeiro divide o palco com o escritor Lima Neto em duas apresentações, que irão acontecer  nas unidades  do Centro de Educação Integrada - CEI  da Romualdo Galvão e Roberto Freire, respectivamente às 8 h e 10 h.


O evento acontece no encerramento da Semana Literária, com os alunos do Ensino Fundamental II. Na oportunidade os dois escritores estarão falando para o público sobre o universo da leitura e suas formas, principalmente mostrando que para fazer arte literária basta ter a sensibilidade, criatividade e buscar  a forma que deseja expressar a criação, seja ela culta ou popular.





Mané Beradeiro apresentará alguns escritores populares e também mostrará as suas obras. Lima Neto ficará com a parte da escrita culta  e os escritores clássicos, não deixando de apresentar textos de sua autoria.

Lima Neto




sexta-feira, 19 de maio de 2023

A ÚLTIMA VELA DA VIDA


Hoje, 19 de maio, se vivo fosse José Dorgival estaria completando 66 anos. Partiu deixando grande saudade nos corações daqueles que o amam. Eu sou declaradamente um deles. Dorgival foi mais do que um amigo, foi um irmão. Quantos momentos felizes vivemos juntos! Assistimos jogos de futebol, a Copa do Mundo, compartilhamos nosso pão com outros irmãos da Igreja e isso só fazia crescer a amizade. Ele foi durante muitas vezes o meu assistente de palco, auxiliando Mané Beradeiro e o Palhaço Leiturino, em minhas apresentações nas escolas e igrejas. Viajamos juntos para Campina Grande, onde ele ficou vendendo meus cordéis, durante a Consciência Cristã. Confiava-lhe segredos e ele retribuía com os seus. Ríamos das nossas mancadas, choramos quando preciso foi.
Hoje eu vi um vídeo dele apagando a vela do bolo, quando completou 65 anos. Foi a última vela da vida.
Isso me fez pensar o quanto a nossa existência é efêmera. Ah, meu amigo! Quanta falta você me faz! Como é doloroso perder quem amamos. O consolo que tenho é a fé que partilhamos: o morrer para o cristão é lucro. Então, do lado de lá, onde a eternidade é sua morada, desejo feliz aniversário! Obrigado por tudo. Esta é assim como a vela do seu bolo, a minha última crônica, sim, a última, pois se amanhã ou depois escrever outra, será depois da última. Vivamos em mundo paralelo, eu do lado de cá, você Dorgival, sem dor, sem angústia, no melhor lugar do mundo que os que crêem em Jesus, aspiram viver: o Céu!.



Francisco Martins

19 de maio de 2023

terça-feira, 9 de maio de 2023

ORMUZ BARBALHO LANÇA ÂNCORA NO CEC



O escritor Ormuz Barbalho fará logo mais às 16 h, na sede do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, palestra sobre o seu mais recente livro: O Navio dos Proscritos. Ormuz tem vários livros lançados e pertence ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, a Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes Pedro Simões Neto e outras mais.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

MOMENTO COM ANANIAS: OS DOIS BURROS DE CARGA

 


ISAURA ROSADO SERÁ EMPOSSADA NA NOITE DE HOJE NA ANRL

 






QUINTA CULTURAL SERÁ COM IAPERI ARAÚJO FALANDO SOBRE MANXA


Escutar Iaperi
É deveras prazeroso
Por isso eu lhe aviso
do momento precioso
Nesta Quinta Cultural
Na Cidade do Natal
Encontro maravilhoso.

Mané Beradeiro

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A MÃE DO BANDIDO


O dr. Generino Semifusa

se levantou pra defender o réu.

- Senhores, o bandido que se acusa

é o tipo mais perfeito do bandido.

Não tem moral nem religião - é increu

O crime perpetuou-o, foi cometido

com a agravante de - premeditação.

É homicida e ladrão.

(Enxugou o suor. Toda a platéia 

escutava essa enorme verborréa).


- Mas, senhores jurados, vós sabeis

que a pérola nós vamos encontrar

numa ostra, enterrada sob a lama.

Este bandido de alma pervertida,

possui um sol que brilha em sua vida.

Pelo processo lido, vós vereis

um ponto importantíssimo, que a trama

do inquérito escondeu. Vou revelar

que esta alma pelo crime emperdenida,

que é capaz de matar por um vintem

assim como faz mal, pratica o bem.


Este homem que vós ides condenar

tem mãe. É uma velhinha já de oitenta,

a quem, filho exemplar, ama e sustenta.

Essa velhinha vós ides matar!


(O promotor, um bacharel careca

nervoso se assuou na própria beca.

Os jurados, deveras comovidos,

intimamente pensavam na mui gasta dirimente

da "privação dos sentidos".

O próprio juiz sentia a entalação

da mais profunda e inédita emoção)


Para encurtar esta enfadonha história

vou dizer a verdade nua e crua.

O defensor ficou cheio de glória

e o tribunal jogou o homem na rua...


Dez minutos depois, uma velhinha

já tremula, falou ao defensor:

- Venho beijar-lhes as mãos, senhor doutor!

Nossa senhora sempre o acompanhe...


Semifusa ficou todo nervoso.

- Mas quem é a senhora? perguntou.

- Eu sou, doutor, a mãe do criminoso...

E o doutor Generino retrucou:

- Minha pobre velhinha, não estranhe,

... eu nem sabia que ele tinha mãe!


FONTE: Baú de Turco

AUTOR: Sá Poty

ANO: 1932, 3ª edição, pág, 84 a 86

Editor Pedro Lopes - Recife-PE











sexta-feira, 28 de abril de 2023

AS ARAPUCAS LITERÁRIAS DE SOBREIRA


Francisco Sobreira é um contista cativante. Quando o leitor tem a oportunidade de ler um dos seus contos, vai confirmar o que escrevi.
São cenários simples, com as personagens que a gente encontra no nosso cotidiano. Ele arma arapucas em suas histórias. Eis que acabo de ler o conto "ELA", na revista 74 da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Fez-me lembrar de Provérbios 2:16 " A sabedoria também o livrará da mulher adúltera, da estranha que lisonjeia com palavras".



FONTE: Imagem do escritor coletada do blog Papo Cultural, visualizada em 28/04/23 às 10:03

quarta-feira, 26 de abril de 2023

CAROLINA CARTONERA VAI PRODUZIR MAIS UM LIVRO COM ALUNOS

Hoje pela manhã realizei de forma virtual este encontro com os alunos e alunas do 5⁰ ano, da Escola Estadual Professora Stella Gonçalves, sediada no Alecrim, em Natal. Foi a primeira conversa sobre a produção de um livro cartonero, que eles vão escrever. No livro trataremos sobre a patrona da escola e a própria instituição. Hoje eles aprenderam o que é livro cartonero, onde surgiu este movimento, e por último apresentei um pouco da biografia de Carolina de Jesus, que é a patrona da Carolina Cartonera. Breve teremos outro encontro virtual.

terça-feira, 25 de abril de 2023

O NAVIO DOS PROSCRITOS, 5 LIVRO DE ORMUZ BARBALHO


O NAVIO DOS PROSCRITOS, livro escrito por Ormuz Barbalho Simonetti, conta a saga de 2.500 almas, a bordo de um navio de cruzeiros, que em virtude da pandemia, achou-se sem autorização para atracar em ilhas/cidades, propagadas no roteiro, como também no porto de Lisboa que seria seu destino final.
Após dias de negociações entre a diplomacia de Portugal e da Espanha, foi autorizado o desembarque dos passageiros na Espanha. O desembarque se deu em um ancoradouro para consertos de navios, na cidade de Cádiz. Eu era um desses passageiros.

O lançamento será no próximo dia 26 de abril de 2023, quarta-feira, na sede da OAB-RN, Rua Barão de Serra Branca - Candelária - Natal/ RN, a partir das 17 horas.

Contamos com sua presença.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

CARROSSEL DA LEITURA

Espalhem esta boa notícia
Que estamos anunciando
O carrossel da Leitura
Já está girando

Release Carrossel de Leitura

Precisamos nos armar de livros e nos livrar de armas! No dia 20 de abril, data do fatídico massacre de 1999, nos Estados Unidos, quando dois alunos mataram outros 12 estudantes e uma professora, o Projeto Carrossel da Leitura promoverá, em Nísia Floresta, um encontro literário com alunos e professores do ensino infantil. “É com grande satisfação que iremos receber o projeto Carrossel da Leitura pela primeira vez em nosso município, promovendo o interesse pela Leitura e fomentando a circulação, a apreciação e distribuição de obras potiguares voltadas para Literatura Infantil. Outra alegria é ter uma professora da cidade entre os autores que irão se apresentar aqui.” Declarou a Secretaria de educação de Nísia Floresta, Valéria Aquino.
O Carrossel da Leitura abriu sua temporada 2023, no Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado na última terça-feira(18), às 14h, com 300 crianças e professores de seis escolas da educação infantil de São José do Mipibu. “Tivemos uma tarde inteira de atividades quando também comemoramos o dia do aniversário de Monteiro Lobato. Para nós é uma alegria nos unir com o Projeto Carrossel da Leitura e proporcionar essa magia da literatura infantil para nossas crianças.“ Afirmou Lucia Martins, Secretaria de Educação de São José de Mipibu, que estava fantasiada de Emília, mergulhando fundo na proposta.
O Carrossel vai girar por 10 cidades levando autores de livros infantis contadores de história. Para Nisia Floresta, próximo dia 20, estão confirmados Ana Cláudia Trigueiro com o livro :João e Maria do Engenho; Eliete Marry com “O feitiço de Malícia”; e José de Castro com “Brincadeiras Poemantes”. Para os autores, momento de muita alegria. “ Um projeto precioso de fomento à leitura. Estou muito feliz em fazer parte. Contando aqui as horas para o Carrossel começar a girar aqui na minha cidade, gratidão.” Agradeceu a autora e Contadora de história Eliete Marry, que faz parte do corpo docente da Educação Infantil do CMEI Maria Palmira Miranda Galvão Gondim de Nísia Floresta.
O Carrossel da Leitura teve início em 2019 com o objetivo de promover o interesse pela leitura e fomentar a circulação, apreciação e distribuição de obras potiguares voltadas para a literatura infantil. A ação é realizada por meio de encontros interativos com autores, eventos formativos e distribuição gratuita de livros para crianças e bibliotecas das Escolas Municipais e Estaduais do Rio Grande Norte. Lucas Silva de 6 anos de idade disse que gosta muito de livros e quer mais encontros como esse. Ele estava acompanhado pela professora Ana Claudia, do Cemei Therezinha Alves. “ Eu gostei de tudo. Amei cada momento. Precisamos de mais iniciativas como esta.” Solicitou a professora que se divertiu bastante com a turminha.
O projeto continua movimentando a leitura deixando, em cada cidade, as obras a serem expostas em um uma estante móvel que será doada para a biblioteca municipal - o Carrossel da Leitura Itinerante - Escritor Junior Dalberto. Ao todo são 10 oficinas formativas (3 presenciais e 7 no formato online) para os educadores e mediadores de leitura de cada região. “ O projeto Carrossel da Leitura é uma semente de esperança que a gente germina no coração destas crianças. A leitura é capaz de propiciar um aprendizado prazeroso e significativo que pode sim promover um mundo mais humano,” declarou a contadora de história, Ana Leopoldina.
A iniciativa literária conta com patrocínio da Cosern, por meio da Lei Câmara Cascudo. A próxima cidade que receberá a ação literária será em Currais Novos, dia 23 de maio. Inscreva-se no youtube (carrosseldaleitura2420) siga as redes sociais do @carrosseldaleitura, convide os professores para conhecer o Projeto e ajude a literatura potiguar a girar !
Outras informações e marcação de entrevistas pelos telefones:
(84)994546815 e (84) 996283152
Serviço :

Ana Cláudia Trigueiro – João e Maria do Engenho
Ana Cláudia Trigueiro nasceu em Natal, em 1973. É formada em psicologia e apaixonada por
literatura. Adora ler e mais ainda escrever: contos, crônicas, histórias infantis e romances. Autora de vários livros (8 publicados). Já foi premiada em alguns concursos. Todos retratam histórias e lugares da nossa terra potiguar em contos e romances.


Eliete Marry – O feitiço de Malícia

É Pedagoga, graduada em Letras, Especialista em Literatura. Professora, Contadora de histórias. Autora dos livros infantojuvenis: Poemas encantados da Fadinha Lily e O Feitiço de Malícia. Acadêmica da Academia de Letras do Brasil Campo de Goytacazes/RJ. Membro da SPVA/RN. ALAMP/RN/Mulherio das Letras Nísia Floresta.


José de Castro – Brincadeiras Poemantes

José de Castro, mineiro-potiguar natural de Resplendor/MG. Mora no RN desde 1976. Autor de 18 livros, sendo 15 deles destinados ao público infantil. Tem dois livros de poemas
para adultos e um de humor. Participa de inúmeras coletâneas. Membro da SPVA/RN e da UBE/RN. Ocupa a cadeira 11 da Academia Internacional Poetrix.