quarta-feira, 2 de outubro de 2013

CICLO VITAL

Francisco Martins - com 1 ano de idade
Quando eu era criança tinha medo de Papangú, da Viúva Machado, do bicho Haja – Pau.
Às vezes tinha medo do escuro, de ficar longe da minha mãe. Tinha medo de atravessar as enchentes no caminho da escola.
Tinha medo de crescer.

Quando me tornei adolescente, tive medo de descobrir meu corpo.
Quando descobri, tive medo de não poder controlar a usina produtora de desejos, que dele fluía tal qual vulcão.

Quando me tornei homem continuei tendo alguns medos.
Medo de desemprego, de solidão, da falsidade, de injustiças, enfim; continuo com medo de desamor.

Quando eu for embora, partir desta esfera limitada, deste ciclo vulnerável, desta vida tão frágil, não terei medo. Lá, do outro lado, a dimensão que me aguarda é repleta de segurança, paz, felicidade, amor.

Viverei, eternamente, sem medo, contemplando quem me fez quem me trouxe à vida, quem me deu a vida.

Francisco Martins 

Parnamirim – RN, 21 de agosto de 2006

Um comentário:

Adélia Costa disse...

Não haverá mais a dor, nem o sofrer...