domingo, 24 de junho de 2012

AS PLANTAS DAS CAATINGAS


A Benedito Vasconcelos

Irei falar de três árvores
do Nordeste com valor
Três plantas da Caatinga
Que Benedito (1)  estudou
Informações preciosas
Que em livro transformou.

Vejo  o pé de umbu
Que vive mais de cem anos
Com seu tronco  tão pequeno
E nisto  não me engano,
Com casca da cor de cinza
E com porte mediano (2)

A árvore é xerófila,
Coisa que não sei dizer
E também caducifólia
Se você quiser saber
As flores são  todas brancas
Perfumosas  pra valer.
 
Quando vem a floração
O sertão se embeleza
Natureza ganha brilho
Sertanejo chora, reza
Louvando Deus no céu
Que todo poder encerra.

O melhor da floração
Acontece sem se ver
Quando é de madrugada
As flores abrem sem tremer
É festa no umbuzeiro
Pela safra que vai ter.
 
Trezentos quilos de fruta
Se prepara  cada planta
Para produzir melhor,
É a safra sacrossanta
Umbuzeiro verdadeiro
No sertão desta  pujança.

Do fruto é feito suco,
Umbuzada e licor,
Esteira e a batida,
Coisa boa sim senhor!
Inté um surupió (3)
Que alimenta melhor.

Não pense que eu falei
Tudo de um  umbuzeiro
Pois esta planta fornece
Riqueza  ano inteiro
Ao que vive no  sertão
De Antonio Conselheiro.

No seu tronco há também
Escondido lá no chão
Cafofas, canangas, cuncas, (4)
Saciando de montão
A fome do sertanejo
Tão carente deste pão.

São batatas que dão água
Túberas   medicinais.
Escoburto,verminose,
Diarreias, coisas tais
Cura “´árvore sagrada
Do Sertão” (5)  do Nunca Mais.

E agora de joelho
Diante do Criador
Deposito minha mente
Com oração e louvor
Pra falar do Juazeiro
Que tem grande seu valor.
 
Das plantas deste Nordeste
Ela faz o sol pensar:
“Queimo tudo neste chão
Sem apelo e reclamar,
Só não seco Juazeiro.
Meu juízo vai tostar”.

É verdade meu leitor
De todas deste sertão
O Juá é planta viva
Que dá sombra de montão
Ao gado e ao homem
Seja qual for estação.

Se tudo ao seu redor
Está seco,  cor de cinza
O Juazeiro fornece
Nas trilhas da Caatinga
A beleza das folhagens
Que o sol não desatina.

Loquiá já foi chamado
Pelos índios carijós,
Laranjeira de vaqueiro
Existente entre nós
Forragem alimentar
Para a fome feroz.

O  seu fruto é redondo
tem  a  vitamina “C”
Deles pode fazer vinho
Moscatel  pra se beber
Lá na sombra do Juá
Sertanejo  tem lazer.

 Juazeiro é bendito
A florar em plena seca
E abelha sem o néctar
Faz do Juá a sua Meca
Produzindo  mel tão puro
Que dá ânimo  ao jeca.
 
 Não se fala do Juá
Sem citar o seu poder
No uso da medicina
E o povo quer saber
Para que serve aquela
Planta diga aí sem  tremer.

Da casca se faz um banho
Que espuma prá valer
Por causa da  saponina (6)
Cura xanha pode crer
E as folhas do Juá
Botam  asma pra correr.

 Benedito diz também
Em seu livro que eu li (7)
Que trata males do sangue
Pra você ser mais feliz
Fígado e o estômago
Com o Juá eu aprendi.

Sertanejo já usava
No seu banho o Juá
Como fonte de xampu
E tônico capilar.
Para escovar os dentes
É só  raspa aplicar.
  
Agora eu dou psiu
Pra falar da Sabiá
Que é mimosa de nome
Ninguém pode duvidar
Pequenina no seu porte
Mas boa de se plantar.

Quem neste sertão respira
Testemunha sem calar
As estacas e forquilhas
Que podemos contemplar
As cancelas e mourões
Onde o gado vai passar.

Tudo é madeira nobre
E banquete sem igual
Aos bichos do sertão
Que não fazem nenhum mal
Boi, ovelha e cavalo
E bode fenomenal.

Sabiá também se presta
Para lenha e carvão
Dela se extrai o álcool
Disso eu sabia não
Viva o livro que li
Grande fonte de lição.

Lá na serra do olhar
Onde brota o amor
Sentimento é guardado
Em baú que tem valor
Todo ele sabiá
Pro cupim não causar dor

Ela é nobre madeira
Que suporta fel e sal
Vinte anos são precisos
Para penetrar o mal
Por isto a Sabiá
É planta tão divinal.

Para encerrar o cordel
Falta pouco eu dizer
De árvore tão bendita
Que estou a conhecer
Serve ela de remédio
E é bom você saber.

É a casca empregada
No uso cicatrizante
E o chá da parte viva
Às tripas é atuante
Além de limpar os brônquios
Quem respira ofegante.
 
 Agradeço ao Senhor
Inspiração recebida
Que na forma de cordel
Externei tão merecida
Três plantas do meu nordeste
A muitos desconhecidas.

Mané Beradeiro
22 de junho de 2012

NOTAS DO CORDEL
 
1)            Benedito Vasconcelos Mendes é um estudioso da problemática nordestina. Natural de Sobral-CE. Vive em Mossoró. Graduado em Engenharia Agronômica na Universidade Federal do Ceará. É Doutor em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz”, da Universidade de São Paulo.
2)           O umbuzeiro geralmente não tem mais de 6 metros de altura.
3)           Esteira é uma espécie de doce e  Surupió é um pirão feito com o suco do umbu  com farinha de mandioca.
4 ) Cafofas, cunangas e cungas são os nomes populares atribuídos a raiz do umbuzeiro. Xilopódios (túberas) que são comestíveis e servem para saciar a forme e a sede, são também chamadas  de batatas de umbu.
 5) O escritor Euclides da Cunha, em sua obra “Os Sertões” denominou o umbuzeiro de árvore sagrada do sertão.
 6) Saponina é a substância que tem a propriedade de produzir espuma.
 7) O livro, objeto deste cordel, foi “Plantas das Caatingas (Umbuzeiro, Juazeiro e Sabiá)”. Coleção Mossoroense, Fundação Vingt-Um Rosado, 2001.




terça-feira, 19 de junho de 2012

ASSIM DISSERAM ELES ...

" Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição"

Carlos DRUMMOND de Andrade

quinta-feira, 7 de junho de 2012

COM CHUVAS E CAOS FUI BUSCAR O MEU

Somente um escritor do calibre de Lima Neto para me fazer ir ontem à noite ao lançamento do seu 4º livro. Chovia torrencialmente em Natal, o trânsito estava um caos. Mas mesmo assim  com chuva e caos fui buscar o meu exemplar e  abraçar o amigo, e é claro, pedir o autógrafo. Aqui estou eu, com ele e Priscila Scalabrin, amiga com quem também tive a alegria de trabalhar. Parabéns Lima Neto, já estou me debruçando sobre seu livro.

CAPAS DOS CORDÉIS DE MANÉ BERADEIRO SERÃO CRIADAS PELA ARTISTA PLÁSTICA CIMARA CLÁUDIA

Cimara CLáudia
Cimara Cláudia, caricaturista,  designer gráfico, desenhista e ilustradora está  criando os desenhos de todas as capas dos cordéis e das poesias populares de Mané Beradeiro. Cimara tem sido uma grande colaboradora deste trabalho. Foi ela quem fez a caricatura de Mané Beradeiro e o banner de abertura deste blog. Breve  teremos por aqui a divulgação dos desenhos feitos por ela. Atualmente  mora em Nilopolis-RJ. Atende pedidos pelo e-mail  cimara-chan@hotmail.com. Visite e conheça  um pouco mais desta jovem e talentosa artista em: cimaraclaudia.blogspot.com

terça-feira, 5 de junho de 2012

SPVA FARÁ ASSEMBLEIA GERAL DIA 9 DE JUNHO

Natal, 31 de maio de 2012.

O Presidente da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte - SPVA/RN, no uso de suas atribuições legais (Art, 19°, Item III, do Estatuto), convoca os seus membros e associados para uma Assembleia Geral deliberativa, sábado dia, 09/06/2012, às 18:30 horas em primeira convocação e às 19:00 horas, em segunda convocação, com qualquer número de presentes na sede do IFRN- Av. Rio Branco- Cidade, Alta- Natal-Rn.

Pauta:

• Avaliação das atividades realizadas no I semestre de 2012;

• Preparativos para o Aniversário da SPVA/RN.


MAURÍCIO CARDOSO GARCIA
PRESIDENTE

AMANHÃ LIMA NETO CONCEDE NOITE DE AUTÓGRAFOS

O escritor Lima Neto lança amanhã, à noite, na Livraria Saraiva, shopping Midway Mall, o seu quarto livro "As Palavras e seus sabores".  São crônicas já compartilhadas com seus leitores fiéis, em seu blog. Lima Neto tem crescido bastante, não somente em produção, mas também em qualidade literária. Seu estilo é burilado, sem no entanto perder aquele carisma e a impressão que é o próprio autor  conversando conosco. Vale a pena prestigiar este  escritor jovem e talentoso, nesta noite de autógrafo de quarta-feira.

sábado, 2 de junho de 2012

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO

DEUS "FALANDO" POR MEIO DE MARCELINHO

Este causo é verdadeiro, aconteceu  com Marcelinho, que hoje faz seis anos de vida. Marcelo sempre foi uma criança muito esperta, saudável e cheia de criatividade. Estava ele brincando, quando as horas foram se acentuando e chegou o momento de dormir. Não poderia mais se prolongar em suas brincadeiras, pois no outro dia tinha que despertar cedo para a escola. A mãe, Harijane, lá na sala, sentencia para o filho: "-Marcelinho arrume seus briquedos e vá dormir, está na hora!". Marcelo pondera, mas ouve da mãe a irredutível resposta: "-Nem um minuto a mais, vá dormir agora, caso contrário DEUS BRIGA COM VOCÊ, não desobedeça!". Foi aí, nesta hora, ouvindo aquelas palavras, aqui escritas em caixa alta, que Marcelinho teve uma idéia genial. Pensou e pôs o plano em ação, lá, em seu quarto, com os brinquedos espalhados sobre a cama, Marcelinho engrossou a voz o mais que pode e falou com aquele tom sagrado e celestial: "MARCELINHO, MARCELINHO, PODE BRINCAR SÓ MAIS UM POUQUINHO DEPOIS VOCÊ VAI DORMIR!". Disse isto em direção a sala e depois, com sua voz,  alertou a mãe: "-Você ouviu mamãe? Deus disse que eu podia brincar só mais um pouquinho!". Coisas de crianças, que crescem, tornam-se adultos e nos corações maternos jamais deixarão de ser crianças.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A TURMA DO RIO DA LEITURA

Da esquerda -> Glória, Aracy, Geraldo e Angélica

Há coisas nesta vida
Que é preciso registrar
Há momentos tão sublimes
Que são impossíveis não lembrar
Vejam a história que eu vou contar
É de um grupo coeso,
Forte, denso, verdadeiro,
Formado por quatro mulheres jubilosas
E três homens altaneiros.

Tem a Glória, tão celeste,
Riso franco, inconteste,
Jovem de grande valor,
Noiva de um doutor,
Propriedade do Senhor.

Bem juntinho, agarradinho,
Pulando de emoção, eis que surge Aracy,
Braço forte na missão,
Que também  tem Jesus, sua fonte e salvação.
Mulher que não tem medo de nenhuma
Assombração, pois trabalha com Rebouças,
Prá quem já fiz louvação.

E o dia vai passando,
Chega a tarde tão quieta,
Bate o ponto Aldenice
sem ter pressa pra viver,
são mais de 20 anos
entre livros pode crer.

 Vou à rua da alegria,
Na casa da gratidão,
Bato a porta da amizade,
Vem Geraldo me atender,
Gordinho que nem preá,
No sertão a verdejar.
Ele é luz neste projeto
Do Rio que vai pro mar.
Homem assinalado, selado
E separado prá Festa de Jeová.

E as águas desse Rio
Trazem histórias de montão,
Cada escola leitora
É fonte de alimentação,
Graça aos afluentes,
Professores em ação.

 Todo rio tem alma
Que expressa seu viver,
E no Rio da Leitura
Diferente não pode ser.
Tem Angélica Vitalino,
Mãos de anjo a abençoar,
Esta turma da leitura,
Trabalhando sem parar.
É a bússola do projeto
Que orienta para o mar
Sua força vem de Deus,
Melhor fonte não há.
Eu falei já das mulheres
E dois homens eu citei,
Falta um,  peixe pequeno,
Piaba sem projeção,
O seu nome é Martins
E não carece explicação.
(Mané Beradeiro  - Parnamirim-RN,   29 de maio de 2012)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

ESCOLA MUNICIPAL RUBENS LEMOS RECEBEU VISITA DO ESCRITOR FRANCISCO MARTINS

Hoje, quinta-feira, pela manhã e à tarde estive visitando a Escola Municipal Jornalista Rubens Lemos, em Parnamirim-RN. No turno matutino falei para crianças sobre a importância da leitura e fiz para elas um pequeno show com mágicas e malabares.












À tarde, regressei para assistir os alunos  maiores. Eles fizeram uma apresentação sobre  produção textual, produziram um livro( as turmas da 8ª ´serie) e também tiveram uma oportunidade de  verem Mané Beradeiro contando causos e declamando a poesia matuta. Foi um dia  singular na vida deles e também na minha.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

MARCADAS AS ELEIÇÕES PARA AS VAGAS DA ANRL

Agnelo Alves

João Batista Machado

Benedito Vasconcelos
Dia 30 de maio, às 17 hs, a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras irá realizar Assembléia Ordinária, em sua sede, à Rua Mipibu, 443, Petrópolis, para preenchimento das vagas das cadeiras 4, 32 e 38, que anteriormente eram respectivamente ocupadas por Enélio Lima Petrovich, João Batista Cascudo Rodrigues e América Fernandes Rosado Maia. Quais são os nomes fortes a ocuparem estas vagas? Escreveram-se Agnelo Alves, jornalista, político e escritor (cadeira 4); João Batista Machado, jornalista e escritor (cadeira 32) e Benedito Vasconcelos, escritor, professor (cadeira 38).

NATAL NA GESTÃO DE GENTIL FERREIRA 1935 A 1940 - PARTE V

Na postagem de hoje, aprendemos que a atual Praça Cívica,  também conhecida por Pedro Velho, em Petrópolis, já foi  bem maior. Leia  abaixo e verá:

"A atual Praça Pedro Velho resultou da transformação de uma área antiga fronteira à residência oficial dos Governadores do Estado. Considerando-a grande demais e diante do seu estado de abandono, o Prefeito Gentil Ferreira promoveu a sua redução ao espaço suficiente para um jardim público moderno, com duas partes laterais distintas e separadas por avenidas de tráfego de veiculos: uma destinada a jogos e a outra a diversões para crianças.
Vê-se, no clichê, a parte central da Praça Pedro Velho, representando a metade da antiga area deserta, cuja outra metade foi aforada em lotes particulares com a condição de neles construirem em curto praso predios modernos, como se vê ao fundo.
A Praça Pedro Velho constitue hoje o ponto mais frequentado da cidade. É toda mosaicada, cuidadosamente ajardinada lugar preferido para retretas e festas publicas. Nesse trabalho a Prefeitura teve de despender grandes somas, assim como nos melhoramentos complementares da pavimentação das avenidas circundantes."

Período: 1935-1940

O HUMOR DE MANÉ BERADEIRO

Ananias e Mané Beradeiro
SABONETE  DO LEITE DA BURRA

É este o principal produto de  higiene e beleza, mais desejado e procurado pelas mulheres na Europa. O  sabonete feito do leite da burra.  Esclarecemos que burra é aqui sinônimo de jumenta, pois a burra que conhecemos não fornece leite. Pois bem,  o certo é que um  homem da capital resolveu presentear sua esposa com o tal sabonete  feito do leite da burra. Mandou comprá-lo em Paris. A mulher recebeu, agradeceu, cheirou o presente e viu que o mesmo é muito  agradável. Num sábado, pela manhã, quando o casal se preparava para ir ao sítio, distante alguns quilômetros da capital, a mulher, antes, foi banhar-se com o tal sabonete. Entrou no carro cheirosa, igualzim a penteadeira de viúva. Exalava perfume por tudo que era buraco. O marido até chegou a  dizer: "-Minha querida, você parece até um pé de bugari florido!". E lá foi o casal para a fazenda. Logo na primeira cancela, do lado da cerca, tinha um burro mulo pastando, quando o carro parou o asno levantou o focinho e deu uma relinchada sonora. Até aí tudo normal, mas o danado é que o animal saiu em disparada, paralelo a cerca, acompanhado o carro, e a ele foram chegando jumentos e cavalos. O marido vendo aquillo, percebeu que tudo era fruto do tal sabonete usado pela mulher. E olha que o cavalo e o jumento já estavam  prontinhos, em ponto de bala! A mulher, suava dentro da cabine e ao esposo restou tão somente parar o veículo, descer, colher vários ramos de cravo-de-urubu e passar no corpo da sua amada. Só assim, os equídeos a deixaram em paz! E banho com sabonete de leite de burra, nunca mais!

Moral do causo: Quem se banha com sabonete de leite de burra procura um jumento  para chamegar.

Dica: aconselho a leitura do texto de Iaperi Araújo, "Leite de Burra", publicado na coluna do jornalista Vicente Serejo, em 5 de maio último., "Jornal de Hoje". http://jornaldehoje.com.br/leite-de-burra/

SEM PALAVRAS (?)

O chargista Ivan Cabral diz muito nesta imagem. Com ela podemos entender perfeitamente a afirmação do escritor Roger Mello quando diz: "Para mim não há diferença entre palavras e imagens, tudo é igual".