quinta-feira, 7 de abril de 2022

A CASA DO CORDEL FARÁ SARAU NESTE SÁBADO

 Uma boa oportunidade para quem desejar ter contato com a cultura popular vai ser oferecida neste sábado, numa realização promovida pela Casa do Cordel. Será o SARAU POÉTICO COM APRESENTAÇÕES CULTURAIS, que vai começar às 8 h, tendo como local  o CECAFES, situado à Rua Jaguarari, 2454, bairro de Lagoa Nova.



terça-feira, 5 de abril de 2022

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA - 55 ANOS DE INSTALAÇÃO


 O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte completa hoje, 5 de abril, 55 anos. Foi criado pelo Governador Monsenhor Walfredo Gurgel. Transcrevo na íntegra a Ata de Instalação do Conselho Estadual de Cultura.

Aos cinco (5) dias do mês de abril do ano de mil novecentos e sessenta e oito (1968), em uma das salas do Teatro Alberto Maranhão, realizou-se a sessão de instalação oficial do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Estiveram presentes os seguintes Conselheiros: Dr. Jarbas Ferreira Bezerra - Presidente; Comendador Luis da Câmara Cascudo; Dr. Alvamar Furtado de Mendonça; Dr. Américo de Oliveira Costa e Dorian Gray Caldas. Deixaram de comparecer os Conselheiros Dom Nivaldo Monte, Dr. Ivan Maciel de Andrade e Dr. João Batista Cascudo Rodrigues. Além das presenças citadas, compareceram a Instalação do Conselho Estadual de Cultura, funcionários e jornalistas da imprensa falada e escrita desta capital. Às dezessete horas e dez minutos (17,10), o senhor presidente deu por aberta a sessão e logo em seguida, declarou instalado oficialmente o Conselho Estadual de Cultura. Esclareceu que mesmo com a falta de alguns conselheiros, era necessária a sua instalação com urgência para que fossem iniciados os trabalhos e entrar em contacto com o Conselho Federal de Cultura. Prosseguindo, o senhor presidente solicitou que nessa mesma sessão, fosse escolhido o vice-presidente, porque, pelo decreto de criação do Conselho de Cultura, o presidente era automaticamente o Secretário de Educação e Cultura. A votação foi efetuada por escrutínio secreto, sendo eleito o conselheiro Alvamar Furtado de Mendonça, por quatro contra um (4x1) votos, o qual foi dado ao conselheiro Américo de Oliveira Costa. Absteve-se de votar o conselheiro Luis da Câmara Cascudo por sentir-se dimissionário. Em seguida, o senhor presidente deu conhecimento à mesa de que no período de 22 a 24 do corrente mês, realizar-se-á em Brasilia, o Iº Encontro Nacional dos Conselhos de Cultura. Informa que o Encontro  terá dois objetivos fundamentais: 1º levantamento objetivo da realidade cultural regional com vista à elaboração do Plano Nacional de Cultura; 2º articulação dos Conselhos Estaduais com o Conselho Federal de Cultura para unidade de orientação e solução dos problemas regionais de Cultura. Acrescentou, que para esse Encontro, o Conselho de Cultura enviará um representante. Nesse sentido pediu a opinião dos senhores conselheiros de ser o representante indicado pelo presidente ou escolhido pela mesa. Os senhores conselheiros, por unanimidade acharam que o representante ideal seria o próprio presidente. Este alegando suas inúmeras viagens ao Sul do país por seus afazeres à frente da Secretaria de Estado da Educação e Cultura, declinou de seu nome em favor da pessoa do vice-presidente, o conselheiro Alvamar Furtado de Mendonça, que como seu substituto oficial, ficaria com a incumbência de representar o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte. Quanto ao requerimento de demissão apresentando pelo conselheiro Luis da Câmara Cascudo, o senhor presidente deixou para ser apreciada na próxima reunião do conselho. O conselheiro Luis da Câmara Cascudo usando da palavra explicou que os motivos que o levaram a este ato estavam claros no seu pedido de exoneração e eram os mesmos que o fizeram demitir-se do Conselho Federal de Cultura. Adiantou ainda que estaria à disposição do Conselho Estadual  de Cultura tanto quanto possível. Facultada a palavra e como nenhum conselheiro fizesse uso dela, o senhor presidente encerrou a sessão, agradecendo o comparecimento dos senhores conselheiros desejando que o Conselho Estadual de Cultura se mantenha firme nos seus objetivos, pois acha que não se deve olhar unicamente para a educação, mas , também para o nível cultural da população. Finalizando, o senhor presidente convocou outra sessão para a próxima terça-feira, dia nove (9), às 17 horas na Secretaria de Estado da Educação e Cultura, a fim de tratar do expediente para o Iº Encontro Nacional de Conselhos de Cultura e escolha da comissão que ficará encarregada de preparar o anteprojeto do Regimento Interno do Conselho Estadual de Cultura. Não havendo nada mais a tratar no momento, eu, Mariza Pinheiro de Moura, Secretária do Conselho Estadual de Cultura, lavrei o presente termo que vai por mim assinado, depois de lido e aprovado por todos os conselheiros. Mariza Pinheiro de Moura


sábado, 2 de abril de 2022

RÔMULO CHAVES WANDERLEY - UM HOMEM QUE BEM SERVIU A CULTURA

 Amanhã, domingo, 3 de abril é a data natalícia do escritor Rômulo Chaves Wanderley, que veio ao mundo em 1910 , tendo como palco a cidade de Assu. Seus pais se chamavam Rodolfo Chaves Wanderley e  Júlia da Silva Wanderley. Ele, de Assu, ela de Mossoró. Muito cedo, o menino Rômulo começou a escrever poemas nos jornais de Assu, e mesmo quando se mudou para Angicos, não deixou de contribuir com os periódicos da sua terra natal.


Em 1937, então com 27 anos, veio morar em Natal. Trabalhou no jornal "A República", começando como revisor e depois foi redator. Deu suas contribuição para outros jornais, como "O Diário de Natal", mas foi na "Tribuna do Norte", onde ele sedimentou sua trajetória jornalística, mantendo por muitos anos, a coluna "A Nota da Manhã", iniciada em 1950.

Foi professor, do Atheneu e da Faculdade de Filosofia,  advogado ( formado na turma de 1945),  Secretário Geral do Governo José Varela, Procurador  do Tribunal de Contas do Estado (Governo Aluízio Alves). Fez parte de algumas instituições culturais do Rio Grande do Norte, entre elas a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, onde  por 17 anos foi o ocupante da cadeira 16 e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Veríssimo de Melo assim descreve a imagem física de Rômulo Wanderley: " cabeleira leonina, gordo e lento, era espírito alegre e bonachão,  amando o bom papo, a boa pilhéria (nos velhos tempos regada à cerveja ou vinho português), e sem pressa até mesmo de atravessar rua movimentada".

Como escritor teve as seguintes obras publicadas:

1) Uma Tempestade num copo d'água ( crônicas), 1951

2) Arca de Noé (perfis de deputados), 1952

3) A geografia Potigar na sensibilidade dos poetas (ensaios), 1962

4) Canção da terra dos Carnaubais (poemas). 1ª edição 1965, 2ª ed 2010

5) Panorama da poesia Norte-Rio-Grandense. 1ª 1965

6) Luis da Câmara Cascudo e os trovadores (louvação em prosa e verso), 1966

7) Noções de história e geografia do Rio Grande do Norte - Volume I, 1968

8)  Romance da vida e dos milagres do Padre João Maria  - 1968

9) História do Batalhão de Segurança, 1969

10)  Noções de história e geografia do Rio-Grande do Norte - Volume II, 1972, obra póstuma

Deixou alguns trabalhos inéditos, como por exemplo o romance  "Tabatinga".  O texto original encontra-se guardado no IHGRN.

Casou com Maria Amélia Pinheiro Wanderley, gerando  três filhos: Berilo Wanderley ( escritor, poeta, cronista), Gilberto Wanderley (médico) e Maria Leonora, que faleceu aos 11 anos.

Faleceu no dia 7 de janeiro de 1971, aos 60 anos e 9 meses. Rômulo Chaves Wanderley é Patrono da Biblioteca Municipal de Parnamirim, que está celebrando 50 anos de criação.

Francisco Martins


Fontes

Patronos e Acadêmicos -  Volume II - Veríssimo de Melo -  Editora Pongetti - Rio de Janeiro, 1974

A Grande Pesquisa -  Homenagem aos 80 anos  da ANRL (1936-2016) -Francisco Martins - 8 Editora - Natal, 2016

Memória Acadêmica - Leide Câmara - Editora IFRN - Natal 2017 - páginas 306 a 308.


O BARÃO E O QUEIJO

 Eis uma informação gastrônomica sobre um produto da culinária potiguar:  José Maria da Silva Paranhos, o famoso Barão do Rio Branco, provou do queijo do Seridó. Quem nos garante isso é Câmara Cascudo, numa Acta Diurna de 20 de abril de 1945, publicada em "A República", onde lemos: "Meu Pai possuía, e não mais pus os olhos em cima, uma carta autografada de Rio Branco, muito espirituosa, agradecendo uma remessa de queijos do Seridó"



quarta-feira, 30 de março de 2022

ASSIM DISSERAM ELES ...




"Só domina quem se domina. Só se domina quem se possui. Só se possui quem se conhece e só se conhece quem sabe refletir".

Dom Nivaldo Monte

segunda-feira, 28 de março de 2022

UMA BIBLIOTECA NA PROVÍNCIA DO RN


 

Em 8 de março de 1868, numa das salas do antigo Atheneu, prédio que hoje não existe, foi inaugurada a Biblioteca Pública Provincial, que funcionou até novembro de 1909.  Recebia uma frequência mensal de 150 a 200 leitores.

Fonte: Natal em 1877, Acta Diurna, Luis da Câmara Cascudo, jornal "A República", em 16 de janeiro de 1944.


quinta-feira, 24 de março de 2022

PRIMEIRO QUADRO CARTONERO DE MANÉ BERADEIRO




Este é o meu primeiro quadro cartonero. 70% dele tem material reciclado: palito de churrasco, tampinhas de garrafas, papelão e retalhos.
Ele vai ornamentar uma das paredes da Residência Terapêutica no Barro Vermelho, em Natal.

terça-feira, 22 de março de 2022

ASSIM DISSERAM ELES ...

 



"Sem a justiça o que é um rei, senão um bandido coberto de glória? O que é um reino, senão um covil de ladrões?"

Santo Agostinho

segunda-feira, 21 de março de 2022

UM OLHAR SOBRE A COLEÇÃO DEZ MULHERES POTIGUARES - CORDEL

 



A Casa do Cordel, pelo quinto ano consecutivo, concretizou mais uma edição da Coleção Dez Mulheres Potiguares, que é um projeto voltado a homenagear as mulheres, através do gênero de cordel, onde as autoras escrevem sobre outras. Tenho acompanhado todas as edições, na qualidade de leitor e principalmente como crítico do cordel brasileiro, e até onde sei, o único do Rio Grande do Norte, que tem a coragem de escrever sobre esse gênero e tornar pública a opinião. É bem verdade que há aqueles que falam, mas não escrevem. São palavras soltas ao sabor do vento. As minhas, optei por gravá-las na pedra.

Tal atitude tem seu preço, e acreditem, nem sempre é saboroso como o mel, e isso se dá pelo fato de que o autor ou autora, objeto da crítica, às vezes não aceita ver seu cordel ser analisado de forma tão criteriosa. O que eu quero na verdade é mostrar o zelo que devemos ter por essa poesia. Se há regras que tenhamos a preocupação de segui-las; se há sugestões para melhorar a produção, que tenhamos a humildade de acatá-las. Eu mesmo sou um poeta cordelista que cresci em minha trajetória por ter vontade e disciplina. Muitos erros cometi nos primeiros folhetos, mas não me amarrei a eles. Como dizia Rafael Negreiros: “Não sou estátua para não mudar de posição”.

Feitas tais considerações é hora de apresentar o que vi na quinta edição da coleção “Dez Mulheres Potiguares”, As poetas cordelistas foram (por ordem alfabética):

1)    Célia Melo (Bombom) - Ana Paula campos: Mulher de todas as tribos

2)     Fátima Régis - Titina Medeiros: A arte e a resistência de uma atriz potiguar

3)    Geralda Efigênia - Eliane Amorim das Virgens Oliveira: Primeira desembargadora do RN

4)    Gorete Macêdo - Maria de Lourdes Alves Leite: Pioneira na Justiça do Trabalho Potiguar

5)    Járdia Maia - Lindalva Torquato Fernandes: Da Política no Sertão para a justiça no TCE - Ministra TCE

6)    Jussiara Soares - Áurea de Gois: A poetisa de Extremoz

7)    Rita Cruz - Daluzinha Avliz: A Contadora de Histórias

8)    Rosa Régis - Dona nenén: A sua arte deu cores ao galo de São Gonçalo

9)    Sírlia Lima - Wilma de Faria: Uma rosa vermelha e uma líder guerreira

10) Vani Fragosa - Fátima Bezerra: A esperança fazendo a história.

        Li e reli várias vezes os dez folhetos - vou apresentar um quadro geral sobre as observações, caso alguma autora deseje saber a análise que foi feita sobre o seu poema, posso enviar pelo e-mail.  Como é do conhecimento de todos, o gênero do cordel possui entre suas características, três que são inegociáveis: métrica - rima - oração. Tratarei disso à luz da Tabela Beradeiriana, que vai nos mostrar a eficiência poética do conjunto dos textos analisados. Nove folhetos têm 32 estrofes e apenas um tem 31 estrofes, em sextilhas, com versos heptassílabos (pelo menos deveriam ser), isto é, sete sílabas poéticas. Assim sendo, considerei para fim da aplicação da Tabela Beradeiriana, que a coleção teria um único texto com 319 estrofes, 1914 versos, dos quais 957 devem ser rimados e ter boa oração. 

 O Resultado foi este:

MÉTRICA: 97, 87%

RIMA = 99,37%

ORAÇÃO = 95,65%

 A média geral do Índice de Aproveitamento Poético dessa coleção foi de 96,63%. Algumas participantes obtiveram o IAP de  100 %, e outras menos, mais nenhuma ficou abaixo  de 92%. O que é digno de aplausos.

Quais ensinamentos podemos tirar dessa análise crítica?

 1º) É preciso sempre ter a preocupação de mandar revisar o texto poético, antes de   entregá-lo para a impressão final.

2º) Há excelentes poetas cordelistas no RN mas existem aquelas que ainda precisam solidificar seus poemas.

3º) A Casa do Cordel, instituição que tem prestado relevante serviço ao Cordel  Brasileiro, não pode achar que um trabalho com dez poetas participantes, não careça passar pelo crivo de um Conselho Editorial. Se isso tivesse acontecido, com certeza o IAP seria muito maior.

4º) É mister promover um curso de formação sobre métrica, rima e oração, para que possamos dessa maneira capacitar os poetas (homens e mulheres) que têm dificuldade no assunto.

 Outras observações são importantes que se façam, são elas:

 1º) Há uma carência grande da presença de imagens poéticas nos folhetos. É preciso que o poeta saia da linguagem comum e traga ao seu texto elementos que causem ao leitor emoções, devaneios e vontade de continuar lendo outros poemas desse autor.

2º) Tente na construção do verso dizer o que pretende, sem causar ruptura na sonoridade.

                     Exemplos:

               “ Em Brasília adentrou na

                 Câmara dos Deputados”

 

               “ Foi na Faculdade de Nova

                 Friburgo estudar”

 

3º) Mantenha-se fiel ao tema que se propôs poetizar. É frustrante o leitor perceber que o autor não tratou sobre o que diz o título do cordel. Nesta coleção “Dez Mulheres Potiguares - 5ª edição” dois folhetos apresentam isso:          

 Daluzinha Avlis: A Contadora de Histórias - Não há uma única estrofe que trate sobre as atividades da Daluzinha, no ofício de contadora de histórias e o registro da Maratona de Histórias, algo tão singular criado por ela.

 Lindalva Torquato Fernandes - Da Política no sertão para a justiça no TCE - Ministra do TCE - Também aqui não encontramos nada que diga respeito à presença da homenageada no Tribunal de Contas do Estado - TCE.

 Finalmente há coisas boas a serem ditas sobre a coleção em pauta:

As cordelistas têm um bom domínio da rima e oração.

As mulheres que foram temas dos poemas revelam a importância da luta da mulher na cultura e história potiguar

O Cordel Brasileiro, escrito por mulheres, ganha cada vez mais espaço e conquista leitores

As artistas xilogravuristas ( Célia Albuquerque, Cecília Guimarães, Letícia Paregas e Kimberly) fizeram um trabalho louvável.

. O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, em sua sessão plenária, de terça-feira pp, aprovou voto de congratulação pelo conjunto da obra. A proposição foi feita pela Conselheira Sônia Maria Ferreira Faustino e o voto será enviado brevemente à Casa do Cordel, as poetas participantes e à Professora Doutora em Literatura Comparada (UFRN), do Instituto Kennedy e da Rede Pública de Natal - Aparecida Rego, que escreveu a apresentação dessa coleção.

Mané Beradeiro, em 21 de março de 2022.


 A imagem que ilustra o artigo foi tirada do seguinte  endereço: https://www.soumaisrn.com.br/2022/03/08/coletanea-de-cordeis-homenageia-mulheres-que-fizeram-historia-no-rn-neste-8-de-marco/  Visualizada em 21 de março  de 2022.

quarta-feira, 9 de março de 2022

ASSIM DISSERAM ELES ...




"O SOL É A SOMBRA DE DEUS"

Miguel Ângelo

terça-feira, 8 de março de 2022

PLÁCIDO AMARAL É HOMENAGEADO EM CORDEL COLETIVO DA NORDESTINA EDITORA

 A Editora Nordestina (Barreiras-BA)  especializada em publicações de livros e folhetos sobre o gênero de cordel, dedica-se mais uma vez a homenagear a memória de um vate que partiu. Desta vez, o cordel coletivo é para louvar o poeta Plácido Amaral, que faleceu em  26 de fevereiro último.

Os poetas participantes, homens e mulheres, produziram uma estrofe em décima,  com a estrutura de rima: abbaaccddc.  A capa tem a assinatura de Ulisses Angello,  a editoração do projeto traz o selo da Nordestina Editora, administrada pelo incansável Zeca Pereira, homem de vários instrumentos que descansa carregando pedras.
Zeca Pereira
O folheto, cuja edição será de 500 exemplares, tem a presença dos seguintes poetas, nomes na ordem do folheto:

José Heitor: José Heitor Fonseca - Caçapava do Sul - RS
Aurineide Alencar - Dourados/MS
Antônio Poeta/ Jeremoabo-BA
Zeca Pereira/Barreiras -BA
Rozineide Orlando - Goiana-PE
Manoel Messias A. Matos - Ribeira do Pombal – BA
Cícero Pedro de Assis - São Paulo - SP
Mané Beradeiro - Parnamirim-RN
Edivaldo Cordelista - Goiana, PE 
Raimundo A. Corado - Barreiras – BA
Rosa Regis - Natal-RN
Cléber Eduão Ferreira - São Gabriel/Ibotirama – BA
Teresinha Vidal de Assis - Fortaleza – CE
Mestra Janete Lainha - Ilhéus-BA
Silva Dias - Irecê - BA
Silvano Lyra - Olinda-PE

16 poetas se uniram para deixar registrado nesse cordel coletivo, a importância e o valor que foi Plácido Amaral para a poesia. Parabenizo a Editora Nordestina por ter este olhar de gratidão àqueles que fazem do versejar uma obra de arte.

Mané Beradeiro, 8 de março 2022

ÀS MULHERES

 



O dia 8 de março
Tem marco universal
Dedicado às mulheres
Um ser todo especial
Sem elas somos lascados
Correndo todos os lados
Do sertão ao litoral.


Mané Beradeiro
8 de março 2022


domingo, 6 de março de 2022

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O TURISTA



André Felipe Pignataro Furtado de Mendonça e Menezes


Rio Grande do Norte. Ano de 2025.


Um turista desembarca no aeroporto, e logo toma um táxi. O destino é algum hotel na Via Costeira. No caminho, motorista e passageiro desenvolvem o seguinte diálogo:


- Bom dia, Dr. Para onde vamos?
- Bom dia, amigo. Meu hotel fica na Via Costeira. Faz 4 anos que estive aqui pela última vez. Ainda me lembro dos nomes das ruas do nosso caminho: você vai pela Bernardo Vieira, depois entra na Salgado Filho, aí pega a Roberto Freire, e pronto.
- Vejo que o senhor está desatualizado. Por aqui, tudo mudou. Com essas coordenadas, o senhor não chegaria nunca no seu destino. Ainda bem que eu sou nascido e criado em Natal e sei do que o senhor está falando.
- Como assim, “tudo mudou”?
- Pois é. Começou no segundo semestre de 2021. A Bernardo Vieira agora chama-se Nevaldo Rocha; a Salgado Filho agora é Agnelo Alves; a Roberto Freire é Avenida do Futuro; e a Via Costeira é Eixo Belas Praias.
- Puxa, quantas mudanças! Bom, hoje eu vou descansar da viagem. Mas amanhã eu vou para a Redinha comer ginga com tapioca. E quero ir pela Ponte Newton Navarro.
- Ih, Dr. Vou logo avisando que a ponte agora chama-se Governadora Wilma de Faria. A Redinha também mudou de nome. Agora é Praia dos Ingleses. Alguém descobriu um cemitério de anglicanos lá. Aí acharam que o novo nome seria mais comercial para os turistas.
- Meu Deus! Amigo, ainda bem que você é bem informado e está me avisando de todas essas mudanças.
- É, Dr. Eu tenho tudo anotado aqui num bloquinho. Às vezes, até eu me confundo com os nomes.


No sábado, o passageiro telefona para o mesmo taxista e combina a corrida de volta do Eixo Belas Praias (ex-Via Costeira) para o aeroporto. O taxista chega no horário combinado e o passageiro embarca.


- Gostou da viagem, Dr.?
- Sim. A sua terra é muito bonita. Mas, além daquelas ruas que mudaram de nomes, vi que algumas praças também sofreram com essa coisa toda. Me desculpe a sinceridade, mas vocês parecem não se importar com a memória, a cultura e com o sentimento de identidade de povo.
- Que é isso, Dr.? Isso é besteira. São só nomes. O mundo é feito de mudanças.
- Se você pensa, assim....tudo bem. Quanto tempo até o aeroporto Aluízio Alves?
- Dr., não ficou sabendo? O aeroporto agora chama-se Lavoisier Maia.

MANÉ EXPÕE SEUS CORDÉIS EM CAMPINA GRANDE/PB

 


O poeta Mané Beradeiro está desde ontem até amanhã, participando da 24ª Consciência Cristã, que acontece na cidade de Campina Grande-PB.





O poeta expõe seus folhetos de cordel e lança o mais recente trabalho " A Fé e a Paciência de Abraão", além de manter contato e fazer amizades com cordelistas da PB e outros estados.


(Mais recente cordel)

O ENCANTAMENTO DE PLÁCIDO AMARAL

 



Quando o poeta se encanta
O verso perde o vigor
Métrica se desalinha
A rima chora de dor
Os companheiros que ficam
Nas estrofes testificam
Seu legado e seu valor.

Mané Beradeiro

Ao poeta Plácido Amaral


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

COMO UM OLEIRO

     Invado a casa de Dorian Gray e, de repente, me vejo cercado de cores, cores e cores. São cores que se alastram pelo chão, sobem pelas paredes, avançam sobre nós, como a querer devorar-nos. São telas, são tapetes, são mosaicos, são murais enormes se agigantando sobre uma parede e que parecem querer rasgá-la e ganhar a rua, o mundo.

Berilo Wanderley
    E ali é o mundo desse homem que vive em febre permanente de pintar, de traçar esboços, olhos voltados unicamente para as cores de onde arranca a beleza que sua sensibilidade e seu talento fazem cada dia mais renovada. Me espanta a capacidade de renovação sobre o que fez ontem desse inquieto pintor, que me acostumei a admirar numa amizade lenta e que vem de muitos anos. Me espanta descobrir cada vez que vejo um trabalho novo de Dorian Gray uma feição diferente uma experiência nova, que o faz nunca repetido sobre si mesmo. Agora mesmo, nesta visita que faço ao seu atelier, o pintor mostra-me umas pinturas sobre madeira, feitas com uma técnica que não sei exprimir nem repetir aqui, e que nem parecem ser do mesmo artista, que pintou aqueles quadros em volta.

Dorian Gray
    Ninguém vê o Dorian Gray dispersando tempo, na rua. Vive na sua oficina, como um operário dedicado ao trabalho sob as ordens severas de um patrão severíssimo. Esse patrão que deve ser  _ só se explica assim _ o amor confiante que tem da obra que faz. Esse mesmo amor que leva um oleiro a permanecer de olhos vidrados na jarra que brota do barro que se molda nas suas mãos, enquanto a roda da sua engrenagem gira e gira, a esquecer-se do mundo que grita, se transforma e se desmorona à sua volta.

    E a casa de Dorian, tem essa feição antiga de casa antiga, varandas cheias de calma, jardins adormecidos... Onde, parece, a gente está sempre vendo que _ como diz o poeta Dorian Gray _ "humilde alguém se assenta a um canto e fica a escutar a música das árvores e a lua que chega".

Fonte: O Menino e seu Pai caçador, Berilo Wanderley, FJA/Clima, Natal 1980, p. 45

domingo, 20 de fevereiro de 2022

SEM COVID - SEU CONVITE





Eu sei que 2022 está também difícil, como foi o ano anterior.
Eu sei que você pode temer em me abraçar.
Eu sinto que muitos dirão: " não se aproxime dele!"
Mas deixe-me dizer que estarei ardentemente esperando por você.
Meu inteiro ser quer se abrir aos seus olhos e encantar.
Dizer a minha história, fazer você vibrar em cada página e desejar cada capítulo, como o vigia espera a manhã.
Venha, abrace-me, sou o livro literário.
Sem covid
Seu convite!


Francisco Martins
20 fevereiro 2022

sábado, 19 de fevereiro de 2022

A UM AMIGO QUE PARTIU




    Nesta sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022, aos 62 anos, encantou-se o poeta, escritor e memorialista Eduardo Gosson, em decorrência de complicações da COVID-19. Gosson foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN e presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN por várias gestões. Deixou publicada quase uma dezena de livros.
    Há cerca de uns dez anos, Eduardo Gosson veio até a minha casa, na Cidade Verde, com uma proposta de filiação à UBE. Além de me propor o ingresso na UBE, convidou-me para integrar a comissão julgadora do prêmio Eulício Farias de Lacerda, que teve como vencedor o confrade ubeano Paulo Caldas Neto, com o trabalho “No ventre do mundo”, que virou livro na coleção de ensaios Deífilo Gurgel, publicado em 2021 pelo selo Nave da Palavra.
    Eduardo Gosson sempre foi um entusiasta da literatura, escrevendo poemas, crônicas e textos memorialistas. Inclusive, convidou-me, em 2018, para organizar uma coletânea de contos e crônicas para UBE, livro que foi publicado em 2019. Na apresentação desta obra, Eduardo Gosson, dentre outras coisas, afirmou: “A literatura é uma forma superior de espiritualidade e aos escritores cabe essa difícil missão: proporcionar o prazer estético, valorizar a cultura e prezar pela harmonia e pela paz entre os povos”.
    À frente da UBE, conseguiu que o Assembleia Legislativa do RN e a Câmara Municipal de Natal homenageassem a escritora potiguar Nati Cortez (1914 - 1989) através da consagração do dia do seu natalício (08 de setembro) como o Dia Estadual (no RN) e o Dia Municipal (Natal), do livro infanto-juvenil.
    Eduardo Gosson, ao longo de sua vida, foi um incansável ativista cultural, mesmo lidando, por muitos anos, com a doença de Parkinson.
    Certa vez, ele veio até a minha casa trazendo uma das atas de reunião da UBE para colher a minha assinatura. Então, comentou que estava esperançoso de se operar no exterior, para ver se conseguiria ficar livre do Parkinson. Estava buscando formas de levantar os recursos necessários para a cirurgia. Infelizmente, seu coração fraquejou e ele, após passar por uma intervenção cardiológica ficou sem condições de enfrentar nova cirurgia, pois seria de alto risco. Além disso, Eduardo Gosson sofreu muito com a perda de um dos seus filhos gêmeos (Fausto Gosson), levado pelas drogas em 2012.
    Estive em sua casa, várias vezes, participando de reuniões da UBE. Numa dessas ocasiões, como se aproximava o término de um dos seus últimos mandatos – e ele não poderia mais se recandidatar –, convidou-me para ser o seu substituto na presidência da UBE (e aquele foi o segundo convite da mesma natureza feito a mim por ele). Com um sorriso, agradeci a deferência e confidenciei a ele que, em decorrência das inúmeras atividades da minha carreira de escritor, não poderia aceitar tal honraria. Aí, nessa ocasião, ele me perguntou o que eu achava do nome da escritora Tereza Custódio. Disse a ele que era um excelente quadro e que daria todo o meu apoio. Para o bem da UBE, Tereza Custódio, poeta, contista e romancista premiada aceitou o convite, foi eleita e soube honrar a presidência que ocupou durante o biênio de 2020/2021.
    Eduardo Gosson sempre será lembrado como um dos grandes presidentes da UBE/RN, de significativa atuação. Empenhou-se admiravelmente nos eventos denominados Encontro Potiguar de Escritores – EPE, sempre trazendo bons palestrantes e mostrando o seu valor de líder à frente dos destinos da UBE. Estava sempre atento aos eventos culturais no estado e nunca recusou convites para comparecer e palestrar, mesmo com todas as dificuldades decorrentes de sua doença. Confesso que nunca vi alguém tão forte, determinado e disposto a superar adversidades.
    Eduardo Gosson parte nessa manhã chuvosa de Natal, como se os céus chorassem a sua perda. Deixa-nos um exemplo de compromisso com a literatura, de amor pela família e, acima tudo, de uma resiliência a toda prova, que nunca o fez desistir de lutar em prol da UBE e de levar o seu nome aonde quer que fosse.
    Querido confrade Eduardo: siga avante para os campos eternos, onde você poderá dormir ao lado do seu querido filho Fausto Gosson.
Que nessa derradeira viagem, você consiga o lenitivo para suas dores e alcance a leveza e a libertação de todo o sofrimento vivido ao longo dos anos.
    Você foi um bravo guerreiro. Agora, sua luta acabou. Sua memória viverá para sempre em cada um nós. Descanse em paz.

José de Castro, escritor e poeta (UBE/RN, SPVA/RN)