sábado, 21 de maio de 2022

UMA MANHÃ DE COR E ALEGRIA NA ESCOLA ANTÔNIO BASÍLIO




Na manhã de hoje, a Escola Municipal Antônio Basílio, em Parnamirim, recebeu as cores mais belas de uma homenagem. O multifacetado artista Francisco Martins foi mais uma vez, alvo de carinho por parte de professores e alunos daquela instituição.

Um grupo de estudantes apresentou as personagens criadas pelo autor e brincante; em seguida compartilhou a leitura, pela primeira vez de forma oficial, do cordel " Um Novo Rei", que trata de cidadania e responsabilidade eleitoral.

O Contador de Histórias, como não podia deixar de fazer, encantou o público infantil fazendo uma performance com os bonecos articulados: Sarauê, Ananias e Roque.

Por último teve a oportunidade de autografar vários folhetos de cordel.


quarta-feira, 18 de maio de 2022

UM DOS PRECURSORES DO CORDEL BRASILEIRO É CEARÁ-MIRINENSE.

     Provavelmente você nunca ouviu falar no poeta João Santana, mais conhecido por Santaninha. Ele viveu durante a época do Império. O véu que pairava sobre Santaninha foi retirado pelos pesquisadores Arievaldo Vianna e Stélio Torquato, dois cearenses que fizeram um excelente trabalho de pesquisa e cujo fruto foi o livro abaixo:


É um livro que deve fazer parte das estantes que guardam o bom acervo sobre a história da Literatura do Cordel Brasileiro. Esse livro foi lançado em 2017.  Cinco anos depois, o poeta e pesquisador Mané Beradeiro, traz à lume um texto inédito, de Rômulo Wanderley, que não chegou a ser conhecido pelos pesquisadores Arievaldo Vianna e Stélio Torquato. 

A importância do texto abaixo é porque faz justiça  a imprensa potiguar, no tocante ao que afirmam os pesquisadores acima citados.

Na página 7 escrevem: " Não há também sequer uma nota nos jornais norte-rio-grandenses consultados na hemeroteca da Biblioteca Nacional no período de 1870 a 1890, à respeito das atividades de Santaninha.."

Se realmente há um período de silêncio na imprensa local sobre o poeta Santaninha, é chegada a hora de anunciar que no Jornal "A República",  edição do dia 31 de dezembro de 1939, o jornalista escreveu a crônica:

MORREU, QUANDO IA RECEBER A COROA DE POETA ...

"João Santana era um poeta negro, que não cantava, como outro qualquer e teria feito, os extensos canaviais da sua terra - o Ceará-Mirim. Moço ainda viajou para o Sul, ambicioso de um céu mais amplo, onde sua imaginação pudesse voar mais alto. Porém, versejou mesmo quase terra-a-terra, como lhe permitia a cultura rasteira. O espaço tinha latitudes e alturas imensuráveis, mas as asas de pássaro não passaram de Remígio. Defeito, talvez dele próprio.

    Nas letras potiguares parece que João Santana é um desconhecido. Não porque tenha sido pequeno ou simplesmente um poeta popular. Os rimadores do povo e para o povo viveram em todas as épocas e chegaram até nós. Mesmo na sua rima barbara possuem um quê de encantador, de mavioso, de original. Aí tivemos o Fabião das Queimadas, conhecido de todos os de ontem e citado por alguns de hoje. É verdade  que o vate de que agora falo está num plano inferior ao nosso amigo Fabião. Mas se de fato existiu, devia não ser esquecido. Quem é vivo também aparece, diz o provérbio. E quem é morto também é lembrado.

    Sebastiana da Quixabeirinha é quem me dá notícias de João Santana. Diz-me que foi um rapaz nascido em Pau Ferro, no município de Ceará-Mirim, na segunda metade do século passado. Viajou para o Sul, como escrevi acima, e, vaidoso de ser poeta, veio rever a família. Porém, quando embarcou de novo para a Côrte, - asseverava-me a velha, com uma convicção da qual eu procurava não duvidar - morreu assassinado em caminho.

    - Por que? perguntei admirado.

    E Sebastiana cada vez mais séria.

    - Por inveja. Ele ia receber a coroa de poeta.

  Um livro de versos chegou ele a publicar, livro que andou de mão em mão versos que ficaram na memória dos seus contemporâneos. Muitas sexagenárias de hoje ainda se recordam de algumas estrofes do medo de Pau Ferro. Naqueles tempos sisudos em que o Carnaval já deixava saudade na mocinha de longas tranças e vestido balão. João Santana não perdia o motivo, embora perdesse a rima: 

    - Se fores para a cidade e vir meu jovem por lá...

    - Sinhazinha não conheço...

    - Na face tem um sinal que eu fiz com um limão nas festas do Carnaval.

    As Sinhazinhas, que no século XIX mal apareciam a janela, bendiziam a chegada de Momo, dias bons em que ninguém tem o direito de ser puritano. Jogavam limão nos namorados, limão de cheiro nos namorados, limão de cheiro. Os ingênuos percursores das lança-perfumes.

    Uma das poesias mais interessantes do livro de João Santana é aquela em que ele conta um escândalo de certa fidalga da Côrte, que por um descuido desses naturais a todos os que amam, viu nascer um garoto da "Cor de azeviche", como diria mais tarde o sambista brasileiro. E, na hora suprema, apelou para a sage-femme a ver se esta encontrava, pelas ruas escuras do Rio de 1880, um menino branco que assumisse, no berço rico, o lugar que o preto iria desonrar.  Inicialmente explica o nosso satirista:

"Neste ano de 80
Quem mais faz menos alcança.
Deu-se três casos na Côrte 
Que o povo traz na lembrança:
- O imposto e o russinho,
 e o outro - o pai da criança."

E arremata ironizando a fidalguia:

"- Pegue este conto de réis.
Vigie se um branco me alcança.
Faça a troca, mas não diga
Quem é o pai da criança.
Foi a parteira com tudo.
Ficou a mãe na esperança .
Nem parteira, nem dinheiro.
Nem o pai, nem a criança."

    O plano da mulher criminosa (naquele tempo julgaram-na criminosa!) foi malogrado pela cobiça da assistente, que desejou apoderar-se do conto de réis. E a viagem de João Santana também malogrou-se. Os seus rivais mataram-no segundo acredita Sebastiana para impedir que ele colocasse a cabeça encarapitada a coroa gloriosa que Camões só mereceu depois de morto."

 ***

No texto de Rômulo Wanderley, ele identifica o berço do poeta o lugar por nome de Pau Ferro, município de Ceará-Mirim-RN. Por outro lado, Vianna e Torquato dizem ter ele nascido em Touros, também no Rio Grande do Norte, no distante ano de 1827. Mas em qual  município nasceu o poeta? Vejamos:

Pau Ferro é a denominação toponímia da atual cidade de Pureza. Touros no ano do nascimento de Santaninha fazia parte do município de  Ceará-Mirim. O mesmo só foi desmembrado em 11 de abril de 1833.


Mané Beradeiro

18 de maio de 2022


 





                           

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

EXPOSIÇÃO DE ARTE EM PAU DOS FERROS VAI DURAR 90 DIAS

 


terça-feira, 17 de maio de 2022

UM RARO LIVRO DE CASCUDO EM MINHA CASA

 Na minha modesta e pequena biblioteca particular eu tenho alguns escritores que são especiais. Entre eles está Câmara Cascudo, o maior do Rio Grande do Norte e  um dos melhores do Brasil. Qual não foi minha alegria quando esta semana eu consegui um livro raríssimo dele, trata-se de "30 Estórias Brasileiras".

Esse livro é muito especial para mim, principalmente pelo registro das estórias populares que nele há. Na capa, a foto de Luísa Freire, Dona Bibi. Cascudo escreve: "Luísa Freire chegou em nossa casa no mês de São João de 1915. Era maior de quarenta anos, viúva e avó. Nascera na povoação de Contendas, perto da Barra de Inácio de Góis. Mocinha, passou para Estivas, Guarapes e daí a Natal no Rio Grande do Norte...Era mulher branca, de olhos castanhos, cabelo fino, conversando fluentemente".

Essa Bibi foi a contadora das histórias que estão nesse livro. 

Francisco Martins

17 maio de 2022


ASSIM DISSERAM ELES ...




"A glória é o sol dos mortos"

Honoré de Balzac

16 de maio 1799 a 18 de agosto 1848


 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

BRASIL PERDEU ARTISTA INTERNACIONAL




Faleceu ontem, 15 de maio, vítima de uma parada cardíaca por embolia pulmonar, aos 34 anos, Diego do Nascimento Lima, colorista e designer gráfico cearense conhecido como DIJJO LIMA.


Nascido em Maracanaú e de origem humilde, concluiu estudos na Escola de Ensino Fundamental e Médio Antônio Martins Filho. Iniciou seu trabalho como colorista em 2014, com “Vampirella”. Em 2017, estreou na Europa com “Doctor Who” e, em 2021, foi contratado pela Marvel para um novo projeto de homenagem a heróis e artistas de origem latina.

Dijjo era um talento reconhecido nacional e internacionalmente. Ganhador do Troféu HQMIX e do Prêmio Al Rio, atuou em títulos como “O Espetacular Homem-Aranha”, “Wolverine”, “Power Rangers”, “X-Man” e “Carnificina”, entre outros. Coloria para a Dark Horse Comics, Image Comics, Awa Studios, Lego, Éditions Glénat BD, Zenescope Entertainment, Dynamite etc. Em 2018, no Prêmio Ringo Awards, foi finalista entre os 5 melhores coloristas do mundo.

Segundo o jornal O POVO, na última semana ele havia postado que duas das obras coloridas por ele estavam entre as 50 HQs mais vendidas no mês de abril de 2022.

Depoimentos: Luke Ross: “"Um artista talentoso que nos deixa! Estava vivendo um momento tão bom em sua carreira, conquistando tantas vitórias. Que perda, que tristeza!" e Mike Deodato Jr.: “Acabei de saber que esse grande colorista e professor faleceu. Minhas condolências à sua família, amigos e alunos".

quinta-feira, 12 de maio de 2022

OS QUADROS CARTONEROS DE FRANCISCO MARTINS

Uma caixa de sapato já usada e que tinha como destino certo o saco do lixo, torna-se nas mãos do cartonero* um material básico para construção de arte. Com ela, o  artista  vai anexando outros objetos ( sobras de tecidos, barbantes, palitos de churrascos, tampas de garrafas,  e.v.a, etc) e de repente, com as cores das tintas, surge um quadro que ele chama de cartonero. Tudo começou em março desse ano de 2022, quando Francisco Martins teve a ideia de fazer alguns quadros. Ciente de que não é nenhum artista plástico, mas apenas um curioso, ele pôs  as mãos no processo de criação e eis que vão chegando os quadros.

O primeiro e o quarto foram ornamentar as paredes  da Residência Terapêutica,  em Barro Vermelho, Natal-RN.



 O segundo, para a Biblioteca Pública Municipal Rômulo Wanderley, em Parnamirim-RN, o terceiro está muito bem protegido na casa de Ana Bethania Rodrigues, em Santa-Cruz-RN.




O quinto é este abaixo. O autor dos quadros pretende fazer no final do ano uma exposição.



*Cartonero:  palavra usada para classificar a pessoa que faz objetos, principalmente livros, a partir de material reciclado, e que usa o papelão, na construção das capas, quadros e outros objetos.


O RIO GRANDE DO NORTE VAI ACOLHER OS RESTOS MORTAIS DE AUGUSTO SEVERO

     Os restos mortais de AUGUSTO SEVERO serão transladados para o Rio Grande do Norte. O Diário Oficial de Estado do RN publicou na edição de hoje, os nomes das pessoas que  formam o grupo de trabalho responsável por essa missão. 

    São 17 titulares. O grupo começa com o Vice Governador Antenor Roberto Soares de Medeiros,  e se estende  com a presença de . José  Marcelo Ferreira Costa (PGE),  Harryson Dantas  Magalhães (FJA),  Fernando Dantas de Resende Filho (ALRN); Francisco Anderson Tavares de Lyra Silva (Prefeitura de Macaíba); Daniel Américo de Carvalho (Prefeitura de Parnamirim); Armando Roberto Holanda Leite ( representante da Família); Leide Câmara (ANRL); Antonio Sérgio Fernandes (BANT); João Ferreira Leal (3º Distrito Naval);  Isaura Amélia de Sousa Rosado Maia (CEC); Luiz Antonio Bezerra Lacerda (FECOMÉRCIO); Joventina Simões de Oliveira (IHGRN); Pedro George de Brito (OAB/RN);  Ângela Maria Paiva Cruz (UFRN); Cleber Pinheiro Costa (Grupo SEMPRE/Macaiba) e Luiz Augusto Maranhão Vale (Grupo Amigos da RAMPA).

    É preciso que se diga que esse grupo não receberá nenhuma remuneração por parte do estado.

terça-feira, 3 de maio de 2022

VANDALISMO NA ESTÁTUA DO MEMORIAL CÂMARA CASCUDO, EM NATAL

 A estátua do Memorial Câmara Cascudo foi vítima de ação de vândalos, que picharam as mãos do homenageado na cor vermelha. Uma atitude inaceitável para com aquele que tanto fez pela nossa cultura brasileira e é o que temos de melhor no Rio Grande do Norte, quando se trata de folclore e seus campos correlatos e outras áreas.

Foto de Adriano Abreu - site da Tribuna do Norte

Várias instituições culturais emitiram nota de repúdio, entre elas o Instituto Ludovicus, o Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.


QUANDO UM ARTISTA ENCONTRA UM MURO

 A arte é uma expressão divina. Ela comunica beleza, harmonia,  sentimentos, vida. A arte transforma e tem a capacidade de fazer o mundo melhor. Quando um artista plástico encontra um muro e a ele são dadas condições para criar, então acontece algo maravilhoso.  Comprovem vocês mesmo o que fez um grupo de artistas da cidade de Parnamirim-RN, que integram o Projeto das Artes, que tem como objetivo fomentar a economia, cultura e lazer, revitalizando os espaços públicos. No projeto não há fins lucrativos, tampouco político. Os comerciantes do bairro e os moradores contribuem conforme suas possibilidades. Tudo começou em 2018, com uma ação na Praça Aluízio Alves, conjunto Jardim Aeroporto, no Parque Industrial.

Jefferson Coquinho, Alexandre Fernandes, Mônica Rocha e Thompson Costa foram os artistas plásticos que pintaram o lindo painel no muro da Escola Municipal Manoel Machado, no Jardim Aeroporto, com o tema "Encanto Nordestino, no qual foram homenageados dois poetas cordelistas: Antonio Francisco (Mossoró-RN) e Mané Beradeiro, o Francisco Martins, que reside naquele bairro.


Os artistas dedicaram várias horas na elaboração do painel, desde a pintura do muro até a arte final. A entrega aconteceu no sábado último, numa ação cultural que começou às 17h e se estendeu até 21h, com apresentações musicais do cantor Abmael e  a turma do Forrozão Sol Luar, além de artesanato, poesia, vendas de livros e cordéis e barracas com lanches 


O Projeto das Artes está de parabéns por ações tão louváveis e enriquecedoras à alma coletiva dos parnamirinenses. É importante dizer que os artistas plásticos citados acima, receberam apoio da equipe que não domina o pincel, mas faz a coisa acontecer: Suila Medeiros, Georgia Regina,Sabrina Menezes e Oreny Júnior.

Continua valendo a frase de Leonardo da Vinci: "A arte  diz o indizível;  exprime o inexprimível, traduz o intraduzível".

sexta-feira, 29 de abril de 2022

LOBATO E LITERATURA INFANTIL - UMA CONVERSA COM AS CRIANÇAS DA ESCOLA MARIA FRANCINETE

 A Escola Municipal Maria Francinete, no bairro Nova Parnamirim,  recebeu na manhã de hoje, 29 de abril, o escritor Francisco Martins que conversou com os alunos sobre Literatura Infantil e Monteiro Lobato.  Ele levou vários livros da década de 50 que foram editados por Lobato, para que as crianças vissem o quanto era diferente o projeto gráfico dos livros infantis.




Contou histórias, declamou cordel, alegrou e se sentiu imensamente grato pela acolhida, afinal  já fazia três anos que  ele não aparecia naquela escola.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

BANCA DE MANÉ BERADEIRO ESTEVE HOJE NA SEEC

 Durante toda a manhã de hoje, 27 de abril,  Mané Beradeiro montou sua banca de cordéis  na Secretaria Estadual de Educação e Cultura, onde  aconteceu uma formação  para professores mediadores de leitura, que atuam nas bibliotecas escolares. O evento foi no auditório Angélica Moura, Centro Administrativo.





UMA NOITE CHEIA DE ALEGRIA E ENCANTO COM OS ALUNOS DA EJA DA ESCOLA EMMANUEL BEZERRA

 Minha vida é uma linda história. Dentro dela há momentos deliciosos, como estes que vivi ontem  à noite, na abertura da Iª Semana Literária da Escola Municipal Estudante Emmanuel Bezerra, no bairro Planalto, em Natal.



Apresentar-se para alunos da Educação de Jovens e Adultos - EJA é sempre uma alegria. Eles têm uma sintonia maravilhosa com o artista.


terça-feira, 26 de abril de 2022

MANÉ BERADEIRO PARTICIPA DA SEMANA LITERÁRIA DA ESCOLA EMMANUEL BEZERRA

 Na noite de hoje, às 19 h, Mané Beradeiro vai se apresentar para alunos e professores da Escola Municipal Estudante Emmanuel Bezerra, no bairro Planalto, em Natal. O poeta fará uma aula show, sobre literatura, baseada em suas leituras ao longo da vida e também declamará poemas de sua autoria.



O poeta volta  à escola oito anos depois da sua primeira visita, que aconteceu em 3 de fevereiro de 2014.  Mané Beradeiro é personagem criado e interpretado pelo escritor Francisco Martins, que desde o ano de 2009 vem se apresentando nas escolas. É com esse nome que o autor também assina seus folhetos de cordéis, hoje com mais de 50 títulos publicados.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

CORDELISTAS CONTEMPORÂNEOS -UM REGISTRO EM 2022 - PARTE I

 Imaginem o mundo sem Zeca Pereira, como seria pobre. Alguém poderá pensar: "mas ele não é tão universal assim. É apenas uma gota no oceano da humanidade". Sim, mas sem a existência dele, esse oceano estaria incompleto. Há homens que não gritam e são ouvidos a milhares de quilômetros da sua localidade. Zeca Pereira é um deles. 


José Pereira dos Anjos - Zeca Pereira

"Do meu sangue fiz a tinta,
Dos cabelos um pincel,
Da palma da mão esquerda
Uma folha de papel
Pra escrever com a direita
Tudo que devo ao cordel"
(ZECA PEREIRA, 2020, P. 413)

Inicio essa resenha enaltecendo o editor, folheteiro, poeta cordelista Zeca Pereira para fazer justiça ao seu trabalho a favor do cordel brasileiro. No roçado da Nordestina Editora, que começou a existir em março de 2016,  já desabrocharam produções literárias que honram as estantes das cordeltecas e dos poetas e pesquisadores que prezam por bons livros. Vejamos alguns:

Cordelistas Contemporâneos - 2017

Além do Cordel - antologia versátil - 2017

O Baú do Medo - coletânea de cordéis de suspense e terror. - 2019

Anuário do Cordel Brasileiro - 2019

O ABC do Cordel, além de Rima, Métrica e Oração - 2020 (manual para quem deseja escrever cordel)

Dicionário Biobibliográfico dos Cordelistas Contemporâneos, - com pequenas biografias de 204 poetas - 2020

Nova Antologia de Cordelistas Baianos - com  30 poetas - 2021

Cordelistas Contemporâneos - 2022

Some-se a isso a grande quantidade de folhetos que a editora lança  constantemente, quer sejam dos cordelistas atuais ou as obras clássicas desse gênero literário. Venho hoje tratar sobre o mais recente trabalho da Nordestina Editora que tem o título "Cordelistas Contemporâneos - Coletânea 2022",  nele temos a oportunidade de conhecermos um pouco do quem vem sendo produzido em cordel  em cinco regiões brasileiras.


A antologia se apresenta  da seguinte forma, no tocante a participação dos  poetas e das poetas cordelistas: ao todo foram 49 participantes, sendo 13 mulheres (27%) e  36 homens (73%).



Quando analiso a faixa etária dos participantes a situação é a seguinte:





O cordel continua encantando todas as idades.  De 32 a 80 anos vamos encontrar nesse livro, pessoas escrevendo sobre os mais diversos assuntos.

Apenas 11 estados se fazem presentes nessa antologia. Devo entretanto adiantar que isso não significa que os poetas são naturais destes estados, com raríssimas exceções,  para os estados de São Paulo, que tem o poeta  Márcio Fabiano e Rio Grande do Sul, com José Heitor Fonseca e os poetas do Pará ( AroDinei Gaia,  Flávio Barjes e Niro Carper). Os demais, todos são nordestinos, poetas que vivem em outras  locais  deste extenso Brasil, longe do seu berço. Esse quadro corrobora que  o  nordestino é inegavelmente o maior semeador e sustentador dessa literatura.



Se foco a participação por Regiões do Brasil o quadro fica assim:






Percebam que existem verdadeiros poetas quixotescos, que sozinhos trazem a presença do cordel nesse livro. Refiro-me a Aurineide Alencar (Centro-Oeste) e a José Heitor Fonseca (Sul). A eles, nossos aplausos, pela coragem e determinação de continuarem levando a literatura do cordel brasileiro.

Há um outro fator que é muito importante levarmos em conta. Trata-se do nível de estudo alcançado pelos poetas. Se outrora, os poetas populares, quer sejam cantadores de violas, repentistas e cordelistas eram tidos  na categoria de homens e mulheres não letrados, hoje a situação é totalmente diferente. Percebam que aqui, dos 49 poetas que compõem a antologia, 33 são graduados e 16  estão entre aqueles  que não informaram ou não  têm um curso superior. Entre os graduados,  mais da maioria buscou especialização e  pós-graduação. Isso não significa que essa turma é maior em qualidade poética que aquela dos 16 não graduados. Não vai ser o nível de formação que fará o poeta. Lembremo-nos de Paulo Freire: "Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes".




Uma coisa é certa, quanto mais subimos na escala do conhecimento, maior se torna a responsabilidade naquilo que produzimos, e isso se aplica ao cordel. 

Feitas as considerações acima, é chegada a hora de avaliarmos a produção literária. 


"Os assuntos são infinitos.
Todos os motivos políticos,
locais e nacionais fazem
nascer dezenas de folhetos"
(CASCUDO, 1953, P.11)

E passados 69 anos depois que Cascudo escreveu "Cinco Livros do Povo", no qual ele vai se debruçar sobre a literatura popular, hoje conhecida como cordel,  nossos poetas continuam a escrever sobre os mais variados assuntos.  Vou resenhar sobre cada texto e estarei publicando por aqui, na segunda e última parte desta postagem. Aguardem.

Sem perder o rumo e o prumo ...


Mané Beradeiro
25 de abril 2022
Parnamirim-RN



Fontes consultadas:

Dicionário Biobibliográfico dos Cordelistas Contemporâneos -  Zeca Pereira - Org. Barreiras-BA: Nordestina Editora, 2020.
 
Cinco Livros do Povo. Luis da Câmara Cascudo. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1953.




sexta-feira, 8 de abril de 2022

CONCURSO DE CORDEL

 A Prefeitura de Caruaru, por meio da Fundação de Cultura (FCC), lança, nesta segunda-feira (14), o I Concurso de Literatura de Cordel – Prêmio Mestre Dila. A iniciativa é promovida em parceria com a Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (ACLC) e tem o objetivo de estimular a produção escrita, como ferramenta cultural de salvaguarda literária, fomentando e revelando poetas e poetisas. O tema é Meu Nordeste – Belezas e Encantos.

Podem participar do concurso poetas e poetisas de todo o Brasil, de qualquer idade, desde que não façam parte da Comissão de Análise ou sejam parentes de até terceiro grau dos integrantes da mesma.

A Comissão de Análise será formada por três membros da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel e um membro da FCC, que será o presidente da Comissão Julgadora. Serão considerados nos textos: criatividade, originalidade, adequação dos recursos poéticos e linguísticos, correspondências dos recursos estilísticos, escrita coloquial ou matuta relacionada com o tema.

Fonte:https://caruaru.pe.gov.br/prefeitura-de-caruaru-lanca-i-concurso-de-literatura-de-cordel-premio-mestre-dila/ Visualizada em 8 de abril 2022

A inscrição é gratuita e ocorre até o dia 14 de abril, podendo ser feita de forma presencial ou através do e-mail concursodeliteraturadecordelcaruaru@gmail.com. O edital com as informações completas pode ser acessado no link: Edital_do_Cordel

A CAVEIRA E O POETA



Quando entrei lá na sala
Ela logo me chamou
Dizendo: "Vem cá meu bem!
Veja só como estou.
Amei tanto esse homem
Que minha carne acabou"

Mané Beradeiro
08 de abril 2022


quinta-feira, 7 de abril de 2022

REVISTA DA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS CHEGA A EDIÇÃO Nº 70


Ela é sem sombra de dúvida um orgulho àqueles que gostam de cultura, refiro-me a Revista da Academia Norte- rio-grandense de Letras que hoje  tem a edição de número 70 circulando no meio cultural. Criada em 1951 a revista conta ao longo desses anos, a história da instituição e da literatura brasileira, principalmente no tocante a esta província potiguar.

É a unica no Brasil, pertencendo a uma academia, que tem mantido  a sua trimestralidade  de forma ininterrupta. São quatro números por ano, e assim vem sendo desde a edição nº 38 (janeiro a março de 2014). Tenho  todas desse ciclo trimestral, além de boa parte dos números anteriores a 2014.  Confesso que sou um admirador da revista e um divulgador da mesma. Quantas vezes levei meus produtos  (pães ou livros)  para um cliente, entregando junto uma revista da ANRL.

Fui até mais além, dediquei horas da minha vida pesquisando o nome de todas as pessoas que escreveram na revista de 1951 até 2018, e o resultado foi um livro cartonero, com o selo da editora alternativa Carolina Cartonera, que tem o título:  Autores e Assuntos nas 50 edições da Revista  da Academia - Norte-rio-grandense de Letras, publicado em 2018, em parceria com a Academia.


Já perdi a conta das vezes que ouvi o Editor Thiago Gonzaga me dizer da importância desse livro para as pessoas que vêm pesquisar sobre assuntos ou autores que  tiveram  trabalhos publicados no periódico. Carece de uma atualização. Afinal são livros assim que nos dão imortalidade!

Parabéns à Academia Norte-rio-grandense de Letras e todos aqueles que fazem a Revista: Diógenes da Cunha Lima (Presidente),  Manoel Onofre Jr (Acadêmico e Diretor da Revista), Thiago Gonzaga (Editor)  e todos os demais imortais que escrevem para a Revista, bem como os que são convidados.


Francisco Martins

07 abril 2022