quinta-feira, 24 de março de 2022
PRIMEIRO QUADRO CARTONERO DE MANÉ BERADEIRO
terça-feira, 22 de março de 2022
ASSIM DISSERAM ELES ...
"Sem a justiça o que é um rei, senão um bandido coberto de glória? O que é um reino, senão um covil de ladrões?"
Santo Agostinho
segunda-feira, 21 de março de 2022
UM OLHAR SOBRE A COLEÇÃO DEZ MULHERES POTIGUARES - CORDEL
A Casa do Cordel, pelo quinto ano consecutivo, concretizou mais uma edição da Coleção Dez Mulheres Potiguares, que é um projeto voltado a homenagear as mulheres, através do gênero de cordel, onde as autoras escrevem sobre outras. Tenho acompanhado todas as edições, na qualidade de leitor e principalmente como crítico do cordel brasileiro, e até onde sei, o único do Rio Grande do Norte, que tem a coragem de escrever sobre esse gênero e tornar pública a opinião. É bem verdade que há aqueles que falam, mas não escrevem. São palavras soltas ao sabor do vento. As minhas, optei por gravá-las na pedra.
Tal atitude tem seu preço, e acreditem, nem sempre é saboroso como o mel, e isso se dá pelo fato de que o autor ou autora, objeto da crítica, às vezes não aceita ver seu cordel ser analisado de forma tão criteriosa. O que eu quero na verdade é mostrar o zelo que devemos ter por essa poesia. Se há regras que tenhamos a preocupação de segui-las; se há sugestões para melhorar a produção, que tenhamos a humildade de acatá-las. Eu mesmo sou um poeta cordelista que cresci em minha trajetória por ter vontade e disciplina. Muitos erros cometi nos primeiros folhetos, mas não me amarrei a eles. Como dizia Rafael Negreiros: “Não sou estátua para não mudar de posição”.
Feitas tais considerações é hora de
apresentar o que vi na quinta edição da coleção “Dez Mulheres Potiguares”, As
poetas cordelistas foram (por ordem alfabética):
1) Célia Melo (Bombom) - Ana Paula
campos: Mulher de todas as tribos
2) Fátima Régis - Titina Medeiros: A arte e a
resistência de uma atriz potiguar
3) Geralda Efigênia - Eliane Amorim das
Virgens Oliveira: Primeira desembargadora do RN
4) Gorete Macêdo - Maria de Lourdes
Alves Leite: Pioneira na Justiça do Trabalho Potiguar
5) Járdia Maia - Lindalva Torquato Fernandes:
Da Política no Sertão para a justiça no TCE - Ministra TCE
6) Jussiara Soares - Áurea de Gois: A
poetisa de Extremoz
7) Rita Cruz - Daluzinha Avliz: A
Contadora de Histórias
8) Rosa Régis - Dona nenén: A sua arte
deu cores ao galo de São Gonçalo
9) Sírlia Lima - Wilma de Faria: Uma
rosa vermelha e uma líder guerreira
10) Vani Fragosa - Fátima Bezerra: A
esperança fazendo a história.
Li e reli várias vezes os dez folhetos - vou apresentar um quadro geral sobre as observações, caso alguma autora deseje saber a análise que foi feita sobre o seu poema, posso enviar pelo e-mail. Como é do conhecimento de todos, o gênero do cordel possui entre suas características, três que são inegociáveis: métrica - rima - oração. Tratarei disso à luz da Tabela Beradeiriana, que vai nos mostrar a eficiência poética do conjunto dos textos analisados. Nove folhetos têm 32 estrofes e apenas um tem 31 estrofes, em sextilhas, com versos heptassílabos (pelo menos deveriam ser), isto é, sete sílabas poéticas. Assim sendo, considerei para fim da aplicação da Tabela Beradeiriana, que a coleção teria um único texto com 319 estrofes, 1914 versos, dos quais 957 devem ser rimados e ter boa oração.
MÉTRICA: 97, 87%
RIMA = 99,37%
ORAÇÃO = 95,65%
Quais ensinamentos podemos tirar
dessa análise crítica?
2º) Há excelentes poetas cordelistas
no RN mas existem aquelas que ainda precisam solidificar seus poemas.
3º) A Casa do Cordel, instituição que
tem prestado relevante serviço ao Cordel
Brasileiro, não pode achar que um trabalho com dez poetas participantes,
não careça passar pelo crivo de um Conselho Editorial. Se isso tivesse acontecido, com certeza o IAP seria muito maior.
4º) É mister promover um curso de
formação sobre métrica, rima e oração, para que possamos dessa maneira
capacitar os poetas (homens e mulheres) que têm dificuldade no assunto.
2º) Tente na construção do verso
dizer o que pretende, sem causar ruptura na sonoridade.
Exemplos:
“ Em Brasília adentrou na
Câmara dos Deputados”
“ Foi na Faculdade de Nova
Friburgo estudar”
3º) Mantenha-se fiel ao tema que se propôs poetizar. É frustrante o leitor perceber que o autor não tratou sobre o que diz o título do cordel. Nesta coleção “Dez Mulheres Potiguares - 5ª edição” dois folhetos apresentam isso:
Daluzinha Avlis: A Contadora de Histórias -
Não há uma única estrofe que trate sobre as atividades da Daluzinha, no ofício
de contadora de histórias e o registro da Maratona de Histórias, algo tão
singular criado por ela.
As cordelistas têm um bom domínio da rima e oração.
As mulheres que foram temas dos poemas revelam a importância da luta da mulher na cultura e história potiguar
O Cordel Brasileiro, escrito por mulheres, ganha cada vez mais espaço e conquista leitores
As artistas xilogravuristas ( Célia Albuquerque, Cecília Guimarães, Letícia Paregas e Kimberly) fizeram um trabalho louvável.
. O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, em sua sessão plenária, de terça-feira pp, aprovou voto de congratulação pelo conjunto da obra. A proposição foi feita pela Conselheira Sônia Maria Ferreira Faustino e o voto será enviado brevemente à Casa do Cordel, as poetas participantes e à Professora Doutora em Literatura Comparada (UFRN), do Instituto Kennedy e da Rede Pública de Natal - Aparecida Rego, que escreveu a apresentação dessa coleção.
Mané Beradeiro, em 21 de março de 2022.
A imagem que ilustra o artigo foi tirada do seguinte endereço: https://www.soumaisrn.com.br/2022/03/08/coletanea-de-cordeis-homenageia-mulheres-que-fizeram-historia-no-rn-neste-8-de-marco/ Visualizada em 21 de março de 2022.
quarta-feira, 9 de março de 2022
terça-feira, 8 de março de 2022
PLÁCIDO AMARAL É HOMENAGEADO EM CORDEL COLETIVO DA NORDESTINA EDITORA
A Editora Nordestina (Barreiras-BA) especializada em publicações de livros e folhetos sobre o gênero de cordel, dedica-se mais uma vez a homenagear a memória de um vate que partiu. Desta vez, o cordel coletivo é para louvar o poeta Plácido Amaral, que faleceu em 26 de fevereiro último.
Os poetas participantes, homens e mulheres, produziram uma estrofe em décima, com a estrutura de rima: abbaaccddc. A capa tem a assinatura de Ulisses Angello, a editoração do projeto traz o selo da Nordestina Editora, administrada pelo incansável Zeca Pereira, homem de vários instrumentos que descansa carregando pedras.Zeca Pereira |
Aurineide Alencar - Dourados/MS
Antônio Poeta/ Jeremoabo-BA
Zeca Pereira/Barreiras -BA
Rozineide Orlando - Goiana-PE
Manoel Messias A. Matos - Ribeira do Pombal – BA
Mané Beradeiro - Parnamirim-RN
Edivaldo Cordelista - Goiana, PE
Raimundo A. Corado - Barreiras – BA
Rosa Regis - Natal-RN
Cléber Eduão Ferreira - São Gabriel/Ibotirama – BA
Teresinha Vidal de Assis - Fortaleza – CE
Mestra Janete Lainha - Ilhéus-BA
Silva Dias - Irecê - BA
Silvano Lyra - Olinda-PE
16 poetas se uniram para deixar registrado nesse cordel coletivo, a importância e o valor que foi Plácido Amaral para a poesia. Parabenizo a Editora Nordestina por ter este olhar de gratidão àqueles que fazem do versejar uma obra de arte.
Mané Beradeiro, 8 de março 2022
ÀS MULHERES
Tem marco universal
Dedicado às mulheres
Um ser todo especial
Sem elas somos lascados
Correndo todos os lados
Do sertão ao litoral.
8 de março 2022
domingo, 6 de março de 2022
quinta-feira, 3 de março de 2022
domingo, 27 de fevereiro de 2022
O TURISTA
MANÉ EXPÕE SEUS CORDÉIS EM CAMPINA GRANDE/PB
O ENCANTAMENTO DE PLÁCIDO AMARAL
O verso perde o vigor
Métrica se desalinha
A rima chora de dor
Os companheiros que ficam
Nas estrofes testificam
Seu legado e seu valor.
Mané Beradeiro
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
COMO UM OLEIRO
Invado a casa de Dorian Gray e, de repente, me vejo cercado de cores, cores e cores. São cores que se alastram pelo chão, sobem pelas paredes, avançam sobre nós, como a querer devorar-nos. São telas, são tapetes, são mosaicos, são murais enormes se agigantando sobre uma parede e que parecem querer rasgá-la e ganhar a rua, o mundo.
Berilo Wanderley |
Dorian Gray |
E a casa de Dorian, tem essa feição antiga de casa antiga, varandas cheias de calma, jardins adormecidos... Onde, parece, a gente está sempre vendo que _ como diz o poeta Dorian Gray _ "humilde alguém se assenta a um canto e fica a escutar a música das árvores e a lua que chega".
Fonte: O Menino e seu Pai caçador, Berilo Wanderley, FJA/Clima, Natal 1980, p. 45
domingo, 20 de fevereiro de 2022
SEM COVID - SEU CONVITE
sábado, 19 de fevereiro de 2022
A UM AMIGO QUE PARTIU
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
ASSIM DISSERAM ELES ...
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
O CORDEL É O MELHOR SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA NA LITERATURA BRASILEIRA
O leitor de hoje tem ao seu dispor uma quantidade imensa de sites que tratam sobre o Cordel Brasileiro. Neles é possível não apenas ler os poemas, como também ouvir e ver declamações, aulas, oficinas, dicas de livros sobre o tema, etc. Tudo fácil de ser encontrado e ao alcance do internauta. Mas nem sempre foi assim. 43 anos atrás, o estudioso e pesquisador do Cordel Brasileiro, Veríssimo de Melo, escreveu com entusiasmo a mudança que estava chegando nesse gênero literário, era o uso do Micro-Filme. Leia o artigo abaixo e perceba o quanto crescemos.
CORDEL EM MICRO-FILME
Veríssimo de Melo
A literatura de cordel - antes tão humilde, restrita apenas aos mercados e feiras ou nas mãos dos caboclos nordestinos, hoje é motivo constante de teses e debates em universidades dentro e fora do país. Como se explica a ascensão desse tipo de literatura tão pobre nos seus aspectos formais?
Na era da informática e da Comunicação, descobriu-se que o cordel é um dos canais legítimos de difusão da cultura e ideologia dos nordestinos. A partir do século passado, ele desempenha papel relevante na difusão de valores, homens e fatos regionais, nacionais e até internacionais.
A sua eclosão no Nordeste - e não noutras áreas brasileiras, - é ainda um fato que provoca reflexões. Mas já se sabe que aqui ele encontrou condições ideais para sua florescência e sobrevivência. Condições que não ocorreram noutras regiões do país. Modernamente, o cordel vem aparecendo em cidades do centro e sul, como Rio de Janeiro e São Paulo. O que se justifica pela presença maciça de nordestinos nesses Estados e igualmente porque esse tipo de literatura tem público garantido, sendo, portanto, um valor comercial.
Só nas últimas décadas a literatura de cordel passou a interessar a professores universitários e escritores em geral. Várias teses de mestrado já se ocupam de aspectos do cordel, tanto do ponto de vista literário quanto social e cultural. Um conterrâneo nosso, prof. José Gomes Neto, para obtenção do grau de Mestre em Letras, na Universidade Federal de Santa Catarina, escreveu sua tese sobre "O ASPECTO VERBAL NA LITERATURA DE CORDEL". É valioso trabalho de pesquisa, onde examina e estuda paralelismo entre os aspectos verbais na literatura em geral e no cordel, apontando conclusões.
Temos sido testemunhas do enorme interesse que o cordel tem provocado entre professores e escritores do país, que se deslocam até Natal, vez por outra, para adquirir folhetos. Muitos percorrem o Nordeste inteiro à procura de folhetos, comprando exemplares, tomando emprestado, fazendo cópias dos que mais os interessam.
Vemos, assim, que a literatura de cordel já ingressou na era eletrônica. Ou, por que não dizer? - na era biônica, - pois a palavra nova, empregada até mesmo em sentido pejorativo, nada mais significa do que a união da biologia com a eletrônica. É a eletrônica a serviço do homem. E nem se compreenderia a eletrônica sem essa vinculação ao homem.
O cordel ganhou agora um raio de ação muito mais vasto. Pode ser estudado por qualquer pessoa, em qualquer parte. O que antes era pobre lazer de caboclos semi-analfabetos, - hoje é matéria-prima para estudos e debates universitários de âmbito nacional e até internacional.
A República, 17 novembro 1979.
Não há dúvidas: o cordel é o melhor símbolo de resistência na literatura brasileira. Ele passou por várias fases, foi lavrado pelas mãos de homens e mulheres do povo e aos poucos foi fincando suas raízes e sendo o juazeiro na flora literária. Vem as secas, falta água, morre tudo ao seu redor, mas o Cordel permanece com vigor.
Mané Beradeiro
Parnamirim-RN, 11 de fevereiro de 2022
NATAL EM 1979
A cidade por ser um organismo vivo cresce com o passar dos anos. Lembro que quando cheguei para morar em Natal, no ano de 1981, havia poucos edifícios. Ir do Centro até Lagoa Nova I, então, uma viagem. Hoje Natal, Parnamirim, Extremoz, São Gonçalo e Macaíba estão juntas. O limite geográfico é quase imperceptível.
Foto: Jornal "A República".
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
terça-feira, 8 de fevereiro de 2022
HELENROSE VAI LANÇAR LIVRO PARA AJUDAR QUEM VIVE O LUTO
Inúmeras famílias estão perdendo entes e pessoas queridas, e sabemos na pele o como o processo de luto é muito difícil.
Esse material foi desenvolvido como um apoio para a elaboração do maior sofrimento da vida de alguém. Indico não somente para quem está passando por esse momento, mas a todos que desejam ajudar quem esteja vivendo o luto. Nele você encontrará experiências e exercícios que viabilizam o processo do luto.
Sobre a autora:
Helenrose Oliva Valin da Rocha, casada, mãe. Pedagoga, Especialista em Avaliação do Ensino - Aprendizagem, autora de livros infantis cristãos, Contadora de Histórias, Líder do Ministério de Crianças da Igreja Batista de Presidente Epitácio/SP
Preço: R$ 29,90
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VIAGEM A PIRANGI, NO TÚNEL DO TEMPO, COM DIOCLÉCIO DUARTE
Fim do veraneio no litoral potiguar. Muitas famílias foram para Pirangi, hoje município de Parnamirim-RN. Trago para o deleite dos leitores, a crônica escrita por Dioclécio Duarte. Uma página repleta de testemunho e saudade. Um texto com 83 anos.
PIRANGI
Cinco intermináveis horas em cavalo "chotão"... Atravessamos, primeiramente, espessa mata. Depois marchávamos ao longo do tabuleiro para, em seguida, nos enterrarmos nas areias movediças das dunas.
Inúmeras mangabeiras que, mais tarde, desapareceram ao corte das foices e machados assassinos eram ornamentos dos terrenos arenosos.
Os homens ignorantes dos crimes que cometiam transformaram os troncos das árvores raquíticas em caçuás e sacos de carvão vendido na cidade por preços ínfimos.
E eu sei que ainda hoje não parou a devastação. As saborosas mangabas diminuíram. Custo a descobrir dentro das enormes cuias que, antigamente, as pretas velhas conduziam na cabeça oferecendo à porta das casas ricas.
Entre as mangabeiras, desordenadamente, os batiputás surgiam. Os antigos aprenderam com os índios a fabricação do óleo que empregam na cozinha do peixe, dando-lhe gosto especial.
De quando em vez se erguia um cajueiro florido.
As mangabeiras, as árvores de bati e os cajueiros são as frutas preferidas desses sítios. Somente na proximidade da praia é que se desvendam os altivos coqueiros.
Depois... O tempo correu veloz. Amigos morreram. Não mais existe o professor Mendes, um homem alto e magro, de extrema palidez. Andava sempre de luto e tossia como se a tísica lhe roesse continuamente os pulmões cansados.
Onde está a família Pulga? As meninas envelheceram e abandonaram a praia carregada de filhos. Deixou de fazer rendas a velhinha de cabelos brancos entre cujos dedos esguios os bilros cantarolavam para dormirem ao contacto da almofada de palha.
Isso foi há muitos anos. Eu não passava de uma criança travessa que gostava de apreciar as jangadas e ouvir a história feiticeira dos pescadores.
Os meus amigos pescadores! Mas eles não me acompanham... A paisagem primitiva não aparece perante os meus olhos.
Pirangi no meu tempo de menino era uma praia alegre. As ondas não tinham a irritação das suas irmãs. O mar era suave o tranquilo. Permitia que andássemos, com água pela cintura, 500 metros ou mais sem receios de precipícios e ressacas.
Era um mar generoso e amigo. Quando as jangadas chegavam carregadas de "xaréus", "ciobas", "galos", "cavalas", "serras", "dourados", "garoupas", ajudava a arrastá-los até a areia da praia, onde a algazarra era enorme.
Voltei agora a Pirangi. Não conhecia a estrada. Em lugar do animal bisonho corria o automóvel. Tudo para mim estava mudado. Os pescadores perderam também a confiança na amizade do mar.
Poucas as jangadas. Botes raros. Apenas meia dúzia de "currais" roubam a bravura do pescador e o seu contacto destemeroso com o oceano. Os "currais" simbolizam a preguiça. E não pertencem ao pescador. Ficam os seus donos embalados e sonolentos nas redes até a hora em que os empregados vão colher a safra das armadilhas nocivas.
Foram os tresmalho substituídos pelos "currais". Os pescadores desertaram. Não encontram ocupação. Um "curral" exige o serviço de seis homens. O tresmalho de trinta. Mas o tresmalho é mais trabalhoso, como a jangada e o bote são mais arriscados. Escasseiam os peixes. Passam fome os pescadores. Os "currais" destruíram os cardumes e mataram o animo dos pescadores. As praias perderam também a existência pitoresca e encantadora.
Pirangi é uma vítima, pobre vítima da indolência dos homens e do espírito displicente da autoridade que preferia deixar de cumprir a lei a experimentar incômodos, desatendendo a compadres e correligionários, a quem era difícil esclarecer e mostrar o erro de não ser patriota.
DIOCLÉCIO D. DUARTE
Jornal "A República", 9 de fevereiro de 1939, página 3.