sábado, 15 de julho de 2023

RIMA, MÉTRICA E ORAÇÃO: UMA CONVERSA ESCRITA SOBRE CORDEL

 


Em tempos remotos, nos primórdios da nossa literatura popular, mesmo que muitos versassem em composições mais simples, como por exemplo, em quadrinhas, percebe-se, quando vamos à literatura da época, que havia um cuidado desmedido com um elemento denominado métrica.

É certo que poderia ser que alguns sequer soubessem o que vinha a ser esse elemento, mas, automaticamente, ele aparecia pela sonoridade. Afinal, a poesia sempre andou em “par e passo” com a música.
Na cantoria, desde os trovadores medievais se percebeu que as frases postas para o recital ou para a cantiga careciam de uma “medida certa”. Quando faltava ou sobrava, isso interferia diretamente no compasso musical ou recitatório. Assim, ao longo dos anos, a poesia popular, as cantigas populares e principalmente a literatura popular em folhetos de cordão, ou para cordão, logo denominados com maior sonoridade de cordel, no mais português dos termos, foi se moldando a esse conjunto de regras, principalmente por se ter a necessidade de cantá-la em obediência a um compasso medido, mesmo que intuitivamente.
A literatura popular em folhetos de cordel é uma espécie de gêmea da cantoria nordestina (ou vice-versa), de forma que muitos cantadores foram ou são literatos dessa vertente, como muitos cordelistas também bebem, beberam ou beberão na fonte da cantoria. E ambas carecem de obediência às regras pré desen volvidas por esse ciclo evolutivo. Sem o rigor dessas regras, a poesia perde em encanto e qualidade, uma vez que em tudo que fazemos precisamos observar o regramento, que é matriz de toda ou qualquer invencionice humana.
Há de se admitir que a tarefa de escandir versos não é algo de fácil compreensão. Eu, por exemplo, por muito tempo não tive consciência desse regramento. Lia folhetos para cordel costumeiramente e absorvi a forma. Era, como é, algo que flui naturalmente na sonoridade. Mas, o mais desatento e desinformado dos leitores, logo percebe ou deixa perceber ao ouvinte, quando lê que algo está errado quando no texto lido há desmetrificação.
Como é desagradável ler poesia popular sem métrica.
Experimentamos dois exemplos rasteiros:
O Brasil está de luto,
O povo passando fome,
O emprego não existe,
A pátria perdeu o nome,
É muito certo o ditado:
Quem não trabalha, não come.
(Marcos Teixeira)
Ao ler essa estrofe setessilábica, o leitor desliza numa sonora lógica, logo cantante, sem empecilhos linguísticos ou dissonância rítmica.
Agora, experimentemos a mesma estrofe com uma desmetrificação proposital:
O Brasil está certamente de luto,
O povo passando fome.
O emprego não existe,
O nosso país perdeu o nome,
É muito certo o ditado,
Quem não trabalha não come.
(Marcos Teixeira).
A leitura ou a cantiga dessa estrofe com o acréscimo de sílabas nos primeiro e quarto versos, são suficientes para emaranhar a tônica dos versos na rítmica do leitor, percebe?
Tornou-se comum haver embate de escritores com pseudos escritores de literatura popular, principalmente da poética do Cordel, quanto a esse assunto. Enquanto alguns somos defensores das métrica e rimas corretamente aplicadas, há outros que, por desconhecerem ou desaperceberem essa gritante diferença, ignoram, desdenham e desusam a mais importante característica da literatura popular…
O cordelista potiguar Marciano Medeiros é um desses observadores contumazes da forma. Seus trabalhos são exemplos da perfeição técnica que reúnem o conjunto perfeito em harmonia: rima, métrica e oração. Esse é o tripé mágico da cantoria, como do cordel. Veja um exemplo na estrofe setessilábica em sextilha, de Marciano Medeiros:
No seu trabalho notório
Essa autêntica figura,
Gostava de poesia
Essa mensagem tão pura,
Escrevendo belos versos
Pra nossa literatura.
(Folheto: Diógenes da Cunha Lima nos trilhos da poesia – Marciano Medeiros)
São seis versos de sete sílabas poéticas compondo uma estrofe biográfica conforme propôs o autor.
Assim como em Marciano, que não é cantador, nos cordéis escritos por cantadores também, costumeiramente, se encontra a fidelidade formal defendida pelas regras dessa modalidade literária.
No caraubense José di Rosa Maria, exímio poeta das letras e da viola, achamos muita qualidade expressada e grafada em suas Obras, mesmo que aqui interesse apenas a forma. Vejamos:
Mesmo assim, meio confusa
Lembrou num certo momento,
De uma amiga que fez
Na sala de ensinamento,
Que residia sozinha
Num simples apartamento.
(Folheto: A Mãe do Filho do Lixo – José di Rosa Maria)
O exemplo acima repete a tônica do primeiro exemplo. Estrofe de seis versos em sete sílabas poéticas, com rimas rigorosamente dentro dos padrões predefinidos e sem repetição.
Parece-me que das minhas leituras habituais de literatura popular, extraio a seguinte observação: diferente da progressão natural de qualquer ciclo evolutivo, com o cordel ocorre uma espécie de contralógica, de tal forma que é nos trabalhos mais antigos onde encontramos maior fidelidade a essas regras.
Citaria muitos dos cordelistas contemporâneos e vários dos séculos XIX e XX, desde os notoriamente conhecidos, como Leandro Gomes de Barros e Manoel D’Almeida Filho em uma época, Patativa do Assaré e Antônio Teixeira em outra e Francisco Gabriel Ribeiro e Nando Poeta em dias atuais, todos como zelosos metrificadores em três momentos distintos desta literatura.
Os livretos de literatura popular em folhetos de cordel, ou mesmo essa modalidade literária impressa em livros, como é o exemplo de autores contemporâneos como Antônio Francisco e Marcos Teixeira, com os livros Dez Cordéis num Cordel Só e Uma Corda de Cordéis, respectivamente, a poesia ou o poema pode aparecer  em forma diversa da sextilha, sendo comuns a décima setessilábica e a décima decassilábica, vindo essas modalidades certamente da Cantoria nordestina de viola.
Merecendo destaque em ambas as variações, o olhar atento dos escritores para a forma e a obediência às métrica, rima e oração.
Assim como citamos bons exemplos de observância à norma, é possível citar inúmeros autores que a ignoram. Outros que até desdenham quando são confrontados ou simplesmente advertidos quanto ao tema.
Fato é que, com o advento da democratização da arte gráfica pela expansão da informática e dos computadores, perdeu-se o controle editorial de certos impressos. O folheto de cordel talvez seja o que mais sofreu essa mudança. Hoje, é bem possível um autor escrever, compilar e ele mesmo editar e publicar um trabalho. Assim, não raros são os exemplos de inobservância da norma, desde gramática e ortografia, até rima, métrica e oração, no caso do cordel.
Posiciono-me na defesa de uma linha editorial. Principalmente nas Academias e organizações formais, pois assim, necessariamente, antes da publicação o material deverá ser submetido à revisão ortográfica e, principalmente, formal. Assim, evitando-se deficiências várias de múltiplos pontos de vista.
A temática pode ser “modernista”, mas essa pretensa escola literária tem que ser trabalhada pela ótica de suas regras. Não deve ser feita unicamente pela vontade do escritor, mas necessariamente pela absorção das técnicas, como ocorre com toda ou qualquer arte.
Tenho me deparado com coisas que me assustam, sendo repassadas como cordel. Textos esdrúxulos do ponto de vista estético e ortográfico, com rimas apenas fonéticas e às vezes “monotônicas”.
É comum que os observadores das regras se sintam retraídos em observar algo dissonante no trabalho de algum colega, mas isso não deve existir. Observador e observado devem fazer do momento da observação um exercício de aperfeiçoamento da técnica e solidarizarem-se numa troca profícua de saberes para maior valorização crítica do que se produz.
Sabemos da importância da mensagem, do passar a mensagem, mas entendemos que sem essa busca pela técnica não nos firmaremos tão cedo enquanto escola literária e, ainda, não conseguiremos ocupar espaço nas searas didática, acadêmica e  editorial.
BIBLIOGRFIA
MOTA, Leonardo. Poesia e Linguagem no Sertão Cearense. A. J. de Castilho, Rio, 1921.
MEDEIROS, Marciano. Diógenes da Cunha Lima nos Trilhos da Poesia. Serra de São Bento, 2010.
ROSA MARIA, José di. O. A Mãe do filho do Lixo. Fundação Ving Tun Rosado. Mossoró. 2010.

Marcos Teixeira é poeta repentista, cordelista e escritor. Membro da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel e da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore. Autor de Uma Corda de Cordéis, O Dueto Ética e Moral à Luz da Filosofia, A Bomba da Salvação, O Julgamento do Machado, A Janela e outros...
Texto copiado de https://foque.com.br/rima-metrica-e-oracao-uma-conversa-escrita-sobre-cordel/

COMITIVA DO IHGRN REVISITA A VIAGEM DE LEÃO VELOSO DE 1861

 

1861. A província do Rio Grande do Norte andava a cavalo e a burro e, saindo pelo rio Potengi, em Natal, a navegação de cabotagem ligava as pontas do Rio Grande pelo litoral e daqui para fora pelos competentes serviços da companhia de navegação pernambucana.

 A província compreendia o que é hoje o Estado do Rio Grande do Norte com uma área de cerca de 53 mil quilômetros quadrados, 0,62% do território nacional, 23 municípios, 6 comarcas e 27 paróquias e uma população de mais ou menos 200 mil habitantes.

 O presidente da província, Pedro Leão Veloso, não só sabia disso como, no ano de 1861, partiu com uma comitiva para conhecer o sertão. Era subir a sela no cavalo e percorrer léguas, comendo poeira, seja sol a pino, à tardinha, à noite, ou mesmo viajando pela madrugada fria e tranquila, por caminhos ainda desabitados, em distâncias entre serras, açudes, rios perenes ou não, no meio da mata, repousando em fazendas hospitaleiras, recebidos festivamente nas cidades com fogos, girandolas e banda de música.

 A comitiva partiu de Natal no dia 16 de julho de 1861, às oito horas da manhã no vapor Jaguaribe. Além de Leão Veloso, sabe-se que formavam a comitiva, o inspetor da tesouraria provincial, João Carlos Wanderley; o engenheiro Ernesto Augusto Amorim do Valle; o ajudante de Ordens, Manoel Ferreira Nobre e o jornalista Francisco Othilio Álvares da Silva que registrou tudo em reportagens para o jornal O Recreio.

 Uma viagem que duraria 44 dias, passando por Assú, Príncipe (Caicó), Imperatriz (Martins), Mossoró, Jardim (Jardim do Seridó), Macau e as vilas de Apodi, Pau dos Ferros e Portalegre e que agora, 162 anos depois, em 2023,  Honório de Medeiros, André Felipe Pignataro e Gustavo Sobral, em uma comitiva do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), pretendem refazer.

 Não vão à navio e nem a cavalo, tampouco na marcha cavalar dos 44 dias, vão de carro, em três etapas, em viagens de quatro dias, e aos mesmos pontos visitados pela comitiva de Veloso. A primeira etapa da viagem está marcada para 27 de julho, com saída de Natal rumo à Macau, seguindo o itinerário. O mais é aguardar os relatos da viagem.

 A comitiva

Em 1861, a Comitiva do presidente da Província Leão Veloso saiu para uma viagem de 44 dias pelo sertão do Rio Grande do Norte. Foram e voltaram de navio e percorreram o sertão a cavalo. Agora, em 2023, Honório de Medeiros, André Felipe Pignataro e Gustavo Sobral pretendem refazer o itinerário em uma Comitiva do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

 Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), mais antiga instituição cultura do Estado, fundada em 1902, abriga biblioteca, arquivo e museu.

Honório de Medeiros é professor de Filosofia do Direito e Direito Constitucional, ensaísta, escritor, autor de Poder Político e Direito, Massilon e História de Cangaceiros e Coronéis. 

André Felipe Pignataro Furtado de Mendonça e Menezes é advogado e pesquisador, diretor de pesquisa do IHGRN.

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve e publica está no site pessoal gustavosobral.com.br.

MANÉ BERADEIRO E SUAS HISTÓRIAS NO PROJETO DAS ARTES

 


domingo, 2 de julho de 2023

TORPEDO DE MANÉ BERADEIRO 050/2023


Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és.

Grande semelhança com a citação abaixo:

1 Coríntios 15:33

"Não se enganem: As más companhias corrompem os bons costumes.”



sexta-feira, 23 de junho de 2023

A CONVERSA QUE EU NÃO TIVE COM A POETA NÍSIA BEZERRA DE MEDEIROS

 



FRANCISCO MARTINS: QUAL FOI A SUA EXPERIÊNCIA COM A DOR?

NÍSIA BEZERRA:  Toquei a dor com as mãos, e senti medo. Ah! se você soubesse! o sabor de sangue, o gosto de dor que eu sinto no peito. Sou feita de dor, doendo, na minha dor meio amarga, eu sinto o mundo, estrangeiro.

 FM: O QUE É QUE LHE DÁ MEDO?

 NB: O amor, a amizade, o querer bem. O desamor, o desalento, a traição. A mistura disto tudo que é a vida.

 FM: SE PUDESSE VOLTAR AO TEMPO O QUE VOCÊ FARIA?

 NB: Um tempo para nascer de novo. Ser outro alguém, e não morrer tanto como eu morro.

 FM: O HOMEM É UM BICHO SELVAGEM? COMO VOCÊ CONTEMPLA?

NB:Preciso olhar frente a frente. Ver de perto se as certezas dos homens têm sentido. É bicho selvagem no absurdo ato de viver.

 FM: NÍSIA BEZERRA É UMA MULHER DE FÉ?

 NB: A minha fé é fraca. É como um rio que seca no estio. Eu quero a fé de Abraão e Jacó. Eu quero mais esperança cada dia que chegar.

 FM:   Para encerrar: Você é poeta?

NB: Sou terra seca, terra molhada, húmus de terra. Eu nunca fui poeta, nem asceta. Sempre fui peregrino.


Nota: Conforme anuncio no título, essa conversa nunca foi real. Perguntas e respostas foram montadas a partir da leitura que eu fiz do livro "Grito Interdito", Natal-RN, 2022.

 

PRIMEIRA SEMANA DE JULHO TEM A EDIÇÃO Nº 75 DA REVISTA DA ANRL




Na primeira semana de Julho sai a edição 75 da revista mais esperada do Rio Grande do Norte. Lê-la é se alimentar do que há de bom na literatura potiguar. Sou leitor e colecionador deste periódico trimestral, que tem o olhar laboral de Manoel Onofre Jr, Diretor e Thiago Gonzaga, Editor. A capa do número 75 é de Zaíra Caldas.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

DA VEZ QUE MILTON SIQUEIRA ESCREVEU COMO POETA MATUTO

O Poeta Milton Siqueira (1911-1988) considerado um dos representantes da poesia marginal, escreveu também na linguagem sertaneja. A prova disso está no livro Emoções.


 Truvuada

Ao colega José Praxedes, o maior poeta vaqueiro do nordeste

Chuva, relampo e truvão,

Essa noite foi bunito,

So se uvia a exprosão

Pulos artos infinito!


O pai da boa cuaiada

Tava brabo qui nem feria,

E sapecava as espada

Dos relampo nas esferia!


Cabra trimia de medo

Quando as luz alumiava

Sub os serrote e os penedo,

E os curisco os ceu riscava!


Os aniná dos pulero

E os outro dos currá,

Correro tudo ligero,

Pra mode se ocurtá!


Era grande a tempestade,

Paricia tiroteio

Ou metraia de verdade,

Ou o qui dizê nem seio!


Na minha rede inroscado,

Rezava a Nosso Sinhô,

De frieza intiriçado,

E trimendo de pavô!


Uma faisca caiu

Numa oitica veia,

Uma zuadão se uviu

Pru riba de nossas teia!


Pensei cum eu ca cum migo,

O mundão hoje se acaba,

Pru mode qui isso é castigo

Que sub os mortá disaba!


As ventania chiava

Como as cascavé zangada,

E as têia arrebentava

Numa fura indimonhada!


Pru toda parte curria

Um riacho invulumoso,

Os bucho dos rio inchia

Cumo dragão pavoroso!


Qui São Jiromo nas vala,

Pru toda sua bondade,

Rezava as muié na sala

Do meu vizinho e cumpade!


Os truvão arribombava

Cumo bomba de canhão,

Os relampo arrelampava

Como boca de vurcão!


Os chão tava qui nem papa,

Dave lama nos jueio,

Hoje aqui ninguem inscapa,

Tive no imo esse anseio!


Eu tinha me alevantado

E abrido a minha jinela,

Mode inspiá assustado

A frevura da panela!


O ceu simiava um pote

A chuvê chuva pra baxo,

E as terra era um caçote

Merguiando num riacho!


A tão danidas trumenta

Cuma essas do sertão,

Ninhuma corage infrenta,

Nem se fô Napulião!


Mondé

Ao Veríssimo de Melo e ao Câmara Cascudo


Fulô, eu não sou preá,

Mode caí im mondé...

Tu tem no peito, muié,

Um gato maracajá...


A tuarma é cascavé

Pricurando invenená

Meu coração a briá

Chêio de amô e de fé!


Num sou Adão, traidera,

Muié ruim, fuxiquera,

Mode cumê a mação!


És irismã da seipente,

Te finguindo dinucente,

Mode eu caí no arçapão!


FONTE: Milton Siqueira, Emoções. Rio Grande do Norte - 1950.







quarta-feira, 14 de junho de 2023

UM EXCELENTE ENSAIO SOBRE JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS

 


O ABC DE PAULO FREIRE

 


TERESINHA; 93 ANOS DE FE E VIDA


 Teresinha Fernandes, 93 anos completados ontem.  Uma mulher que tem a força do sertão dentro si. Natural de Caraúbas, só estudou até a terceira série primária, pois muito cedo teve que assumir a responsabilidade de criar os irmãos. A falta dos bancos escolares não tirou dela a possibilidade de ser doutora na arte de viver. Venceu os obstáculos, e como os rios que descem em busca do mar, Teresinha foi adquirindo sabedoria de vida. Para conhecer mais um pouco sobre ela convido a assistir o vídeo abaixo: A VESTIMENTA DA VIDA -CORDELIZANDO OS DIAS DE TERESINHA.



sábado, 10 de junho de 2023

O DUPLO TÍTULO DO AMÉRICA EM 1919


Na antiga revista “Vida Sportiva” (Rio de Janeiro), edição nº 91, de 24.05.1919, pode ser encontrada uma fotografia de Arnaldo da Costa e Silva, atacante e capitão do América Futebol Clube, de Natal, segurando a taça de campeão do torneio organizado pela Liga Sportiva Natalense, encerrado em 16.02.1919.

Ainda naquele mesmo ano de 1919, entre 22 de junho e 17 de agosto, o América sagrou-se campeão da Taça Itala Toselli, organizado pela Liga de Desportos Terrestres, e que é reconhecido como o primeiro Campeonato Potiguar de futebol da história.

A mesma “Vida Sportiva”, edição nº 112, de 18.10.1919, traz uma fotografia do time do América, campeão de 1919, noticiando a vitória sobre o time da Liga Estadual, por 2x1, aparentemente, numa partida amistosa para comemorar a conquista do campeonato.
Apesar do duplo título em 1919, é contabilizado apenas um título para o América, que, curiosamente, um século depois, em 2019, também sagrou-se campeão potiguar de futebol.




André Felipe Pignataro - 10.06.2023

quinta-feira, 8 de junho de 2023

segunda-feira, 5 de junho de 2023

ASSIM DISSERAM ELES...

 

"Percebi que, colocando as primeiras coisas em primeiro lugar, teremos as segundas a seguir, mas, colocando as segundas em primeiro, perdemos ambas "

C.S. Lewis

quarta-feira, 31 de maio de 2023

ANANIAS DECLAMA "O SOFRIMENTO DO JUMENTO"

 


O SOFRIMENTO DO JUMENTO

 Jumento é o animal
que o mundo inteiro conhece
humilde enquanto pequeno
escravo depois que cresce
entre os irracionais
é ele o que mais padece.

São inúmeros os maltratos
do infeliz animal
o dono além de açoitá-lo
de uma maneira brutal
ainda joga em seu lombo
um peso descomunal.

No trabalho mais pesado
é ele que colabora
trabalhando o dia inteiro
não tem sossego uma hora
ainda tem a barriga
toda marcada de espora.

Durante as horas do dia
ao trabalho, vive preso
e quando a noite aparece
do enfado, fica teso
e depois que fica velho
o dono dá-lhe o desprezo.

Assim vive o pobre bruto
cumprindo a sentença dura
muitas vezes com o dorso
coberto de pisadura
os cascos estropiados
que o solo duro lhe fura.

O jumento quando nasce
traz seu destino traçado
de receber a cangalha
ainda ser chicoteado
e depois que anoitecer
ainda dormir peado.

É quem carrega a ração
para o gado e as ovelha
é quem transporta tijolos,
barro, água, areia e telhas
tem gente, que por escárnio
ainda lhe corta as orelhas.

O jegue, pelo enfado
cansa, se deita e se rela
quando não é na cangalha
o dono bota uma sela
quando o rabicho não corta
a rabichola lhe péla.

Além de cangalha ou sela
encabresta o pobrezinho
bota-lhe freio na boca
pra freá-lo no caminho
e mais uma cortadeira
para cortar-lhe o focinho.

É triste a situação
do pobrezinho do jegue
por mais que ele trabalhe
todo mundo lhe persegue
aos mais duros maltratos
o miserável é entregue.

Da ração que ele carrega
para outra criação
chega à comer alguns talos
que às vezes caem ao chão
tanto que serve ao seu dono
só recebe ingratidão.

De uns anos para cá
estão comprando o jumento
para extrair sua carne
porque serve de alimento
aí sim: foi que aumentou
seu terrível sofrimento.

Eles jogam os pobres brutos
no lastro do caminhão
eu já tenho observado
a triste situação
pra quem tem humanidade
é de cortar coração.

Assim vão os miseráveis
sofrendo pelas estradas 
uns caídos sobre o lastro,
outros, de pernas quebradas,
outros batendo nas grades
com as cabeças lascadas.

Ah! se o homem não ousasse
tamanha perversidade
não maltratasse o jumento
que tem tanta utilidade
que é, como o negro foi
escravo da humanidade.

A justiça até agora
olhar a isto, não quis
mas se eu fosse autoridade
máxima do nosso país
lutaria pra acabar
com este tráfico infeliz.

AUTOR: Chico Mota
FONTE: Veredas Nordestinas, p. 69 a 71 












terça-feira, 30 de maio de 2023

DADOS BIOGRÁFICOS DE GILBERTO ARANHA - O JOVEM ESCRITOR POTIGUAR

Voltemos à conversa sobre Gilberto Aranha. Deixei o leitor sem ter algumas informações  sobre ele, porque conforme anunciei, precisava ter certeza sobre elas. Vou enumerá-las:

1) Teria Gilberto Aranha realmente morrido aos 15 anos?

2) Quem foram seus pais?

3) Qual a causa da sua morte?

Para encontrar a resposta a essas perguntas eu sabia que teria que me dedicar à pesquisa. Tinha anotado em minha agenda ir ao cartório solicitar o atestado de óbito do jovem escritor e também mergulharia de forma profunda nos jornais que estão disponíveis na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. Mas, quem tem amigo, tem um tesouro, e eu tenho entre meus amigos, um confrade, um pesquisador, escritor e irmão das Belas Letras. É o André  Felipe Pignataro Furtado, que ao ler a minha publicação sobre Gilberto Aranha, foi ele mesmo buscar as respostas que eu ainda iria atrás.

E na manhã de ontem, logo cedo recebi dele as respostas. Portanto, todas as informações que aqui vou mostrar eu devo e agradeço ao leitor e pesquisador André Felipe.

Gilberto Aranha realmente escreveu "Aspectos da Vida" aos quinze anos, embora não tenha publicado. Isso só aconteceu  em 1932, o que levou Terra de Senna a deduzir que ele tinha morrido com quinze anos.  Acreditando em Terra de Senna, fiz a conta: 1931 -15 = 1916 ( o  ano do nascimento). 

A conta não bate, pois em 1918 e 1919 vamos encontrar textos de Gilberto Aranha nas revistas Fon-Fon e Tico-Tico, o que comprova ser impossível ele ter nascido em 1916.


Este texto acima "Alma de Criança", publicado na Revista Tico-Tico, edição nº 724, do dia 20 de agosto de 1919, página 23, é o mesmo conto,  que no livro tem o título de  "Órfãos abandonados". 

Gilberto Aranha nasceu no dia 21 de outubro de 1901, na casa de nº 47, da Rua do Comércio, na Ribeira, sendo filho de Fortunato Rufino Aranha (paraibano) e Bernardina de Oliveira Aranha.


 Seu pai, Fortunato Aranha, foi o primeiro livreiro de Natal. Comerciante de livraria, que ficou famosa com o nome de Livraria Cosmopolita.

O jovem escritor viveu  (29) vinte e nove anos, pois faleceu no dia 23 de janeiro de 1931, às 20 h, na Avenida Nísia Floresta, sendo vítima de colapso. Foi sepultado no Cemitério do Alecrim.


Isso basta por hoje. Nossos aplausos e agradecimentos a André Felipe.

Francisco Martins, 30 de maio de 2023.

A ONÇA DO RIO PARDO (MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA)...


Eu devia ter treze anos. Minha irmã mais velha sempre nos levava à fazenda do seu sogro, onde passávamos o fim de semana. A propriedade dista 90 quilômetros da cidade, de maneira que percorremos longa distância sem ver uma única casa. É mato dos dois lados da estrada de terra. Alguns trechos formavam túnel de árvores nativas quilômetros a fio, de maneira que era comum nos depararmos eventualmente com manadas de pacas, antas, capivaras, Caititu (porco do mato), veados, seriemas, tamanduás, jaguatirica, anta, cutia e todo tipo de fauna daquela região.

Obviamente que havia onças-pintadas, mas essas não percorriam locais com barulho, de maneira que só se viam os seus rastros pela estrada ao amanhecer, acaso o motorista descesse do carro. Nas praias dos rios se veem pegadas em abundância.

A fazenda era cortada pelo imenso e caudaloso rio Pardo, que fazia uma curva sinuosa a uns trezentos metros dali. Raros homens adultos empreendiam atravessar esse manancial a nado.

A sede da fazenda guardava um silêncio que nunca mais experimentei. Seus únicos sons são proporcionados pelos pássaros e a bicharada que, de vez em quando, rosna na mata. Durante a noite as matas, campinas e pastos são pincelados de luzinhas vagantes que na verdade são olhos.

Como a própria cidade onde morávamos era emoldurada de matas e rios, não era de estranhar o seu aspecto bucólico, mas vivíamos a experiência interessante do silêncio pleno, luz e geladeira a gás. E sem o lampião, tudo era breu. Ficávamos sentados nos bancos da varanda do casarão, conversando e olhando para aquela placa do horizonte invisível, preto, rompido pelo azul escuro do céu, furado de pontinhos reluzentes. Nunca vi céu mais lindo.

Durante o dia, eu e minha irmã costumávamos percorrer a fazenda, apreciando tudo. A começar por um pequeno rio que ficava atrás do casarão. Rasinho e com nuvens de lambaris.Andávamos no mato à cata de marolo, goivira, ingá e outras frutas do mato, deliciosas e inesquecíveis.

Nesses passeios silvestres gostávamos de correr dentro dos túneis que as capivaras e antas constroem. São caminhos redondos, esculpidos naturalmente pelo vai e vem desses animais dentro dos arbustos altos. Quase um labirinto. Andar por essas tocas era diferente de rasgar o mato à mão para avançá-lo, portanto sentíamos a desenvoltura dos bichos, como se o fôssemos.

Recordo-me de uma experiência com uma onça, certa vez, quando passeava sozinho nesses labirintos misteriosos, mas atraentes. Assim que deixei o túnel, dei-me com as margens do assustador rio Pardo. As águas caudalosas emitem um som único e indescritível. As copas gigantes das árvores parecem seres fantásticos quando sombreiam as águas. É uma presença indescritível de algo que só se sente estando ali.

Na outra margem do rio uma multidão de ariranhas entrava e saia de suas tocas no barranco ribeirinho. Mais adiante, numa pequena enseada, dezenas de capivaras tomavam sol na prainha de areias alvas. Pareciam contemplar o silêncio daquele paraíso. São impressionantes as delícias da natureza. Elas proporcionam um misto de medo e envolvimento irresponsável naquelas peles, naqueles couros, seduzindo-nos.

Eis que nesse estado de natureza olho para a mata ribeirinha e dou-me com a visão de uma onça pintada sobre o braço de imensa ingazeira. Deitada despreocupada e elegantemente. Um portentoso exemplar. Tal e qual essa bela espécie da fotografia aqui postada. Logicamente que não era essa, mas exatamente igual. Havia entre nós a distância da largura de duas BR, de maneira que ela poderia ter-me tornado sua refeição num disparo de segundos. Se eu entrasse na água, elas são excelentes nadadoras. Se eu subisse numa árvore, elas são exímias escaladoras. Correr seria em vão.

Fiquei como um toco, fincado ali sem movimento. Logo aquele ser de beleza extraordinária saltou na água e deu na outra margem, num nado impressionante. As capivaras irromperam dali, desaparecendo como se entrassem nas árvores. Fiquei observando, almejando vê-la novamente, mas a mata era muito fechada. Então disparei para a sede da fazenda. Coração ameaçando sair pela boca.

Doido é quem quer amizade com onça. Para mim, animais silvestres pertencem às matas, devem ser louvados e nada mais. Eles estão no espaço deles. Sempre tive aversão a quem fere qualquer animal. Mas, por falar em onça, as pegadas da onça-pintada assustam. São grandes e carimbam pesadamente o chão. A pata dianteira é bem maior que a traseira. A dianteira tem uns 12 cm de comprimento e uns 13 cm de largura. A pata da pegada traseira tem uns 11 cm de comprimento a 10 cm de largura, com almofada grande e arredondada. Os dedos são arredondados e sem marcas das unhas.

À noite, durante as conversas de lampião, meu cunhado disse que ela estava alimentada, e jamais me faria mal. Ou talvez estivesse interessada na manada de capivaras do outro lado do rio. Talvez ela dormisse naquele momento e minha presença a despertou.

As onças sentem cheiro numa profusão incomparável. São iguais aos indígenas que adivinham alguém chegando de longe. Ele orientou que eu não fosse mais por ali sem companhia. A peonada dali só anda de faca e arma de fogo. As onças se afastam ao menor barulho. Jamais se aproximam de lugar com ronco de motores ou converseiro. Assim também são as sucuris.

Pois bem, essa é a história de uma onça que estava em paz em seu habitat, eu a perturbei, e ela, por alguma razão, me poupou, Seguem outras imagens. Elas, no caso, são imagens reais do rio Pardo contornando a cidade em que nasci. Essas matas tiveram parte comigo. Esse rio conheceu a minha infância. Quantas vezes saltei de sua velha ponte de madeira e nadei até a margem como que acabara de experimentar o feito de um heroi…


AUTOR: Luiz Carlos

domingo, 28 de maio de 2023

GILBERTO ARANHA - CONTISTA FORA DO CANON POTIGUAR


Quantos livros de literatura de prosa foram publicados na década de 30 do século passado em Natal?  Quais escritores tiveram notoriedade naquela época? Quais passaram  de forma tangencial e que  ficaram esquecidos nas estantes de bibliotecas?

Recorro a  quem bem sabe do assunto e trago ao leitor que  no final da década de 20 e depois já nos anos 30, Policarpo Feitosa dispunha suas obras "Flor do Sertão"(1928), "Gizinha" (1930, "Alma Bravia" (1934), "Encontros do Caminho"(1936), "Os Moluscos (1938). Edgar Barbosa  publica em 1937 "História de uma Campanha" e em 1938, José Bezerra Gomes apresenta ao público o seu primeiro romance "Os Brutos".  Depois  disso as próximas produções em prosa já irão pertencer à década seguinte.

Importante deixar bem claro que  no tocante ao gênero conto,  a produção praticamente não existia. Gurgel nos ensina  que as primeiras tentativas foram frustantes nos anos de 1914 e 1915 e somente em 1961 Newton Navarro  publica "O Solitário Vento de Verão", livro de conto. Chego com estas informações,  preparando o terreno  para que possa deitar a semente deste artigo.

No dia 24 de janeiro de 1931 faleceu   em Natal Gilberto Aranha,  aos 15 anos de idade. Menino inteligente, leitor e infelizmente doente. Não sei  qual foi a causa da sua morte.   Queria dizer aqui neste artigo quem foram seus pais, mas enquanto pesquisava surgiu uma incógnita  sobre o assunto e estou tentando resolver. Tão logo tenha a solução publicarei sobre a filiação.

Gilberto Aranha era potiguar,  nascido em 1916. Deixou um livro póstumo, e após a sua morte o mesmo foi lançado em 1932. Foi um livro de contos, com qualidade textual, aprovado pela crítica do Rio de Janeiro e até onde saiba, totalmente ignorado na província potiguar. Terra de Senna  lhe dedicou uma resenha no jornal  "Diário Carioca", que  publico abaixo, na qual é possível perceber que  Gilberto Aranha foi  sem sombra de dúvidas um bom contista. Ele não consta no cânon dos escritores consagrados, mas passa agora, 92 anos após a sua morte, a constar na lista dos contistas esquecidos e revelados do Rio Grande do Norte.



Leia a resenha feita por  Terra de Senna e tire suas conclusões.

"ASPECTOS DA VIDA"

Aspectos da Vida...Viu-os, sentiu-os, uma criança de quinze anos.    Na idade precisa em que nós abrimos os olhos à vida, ávidos de sensações, numa tentativa hercúlea, humana, de aprender a viver com a felicidade e o infortúnio dos outros. Por isso, aos quinze anos, todos nós pretendemos ver muito, todos nós desejamos ver e sentir com toda a força dos nossos sentimentos...

Invade-nos, então, a tristeza dos males alheios. E porque alçamos bem alto os nossos sentimentos, aparecemos aos olhos dos que não sabem ver, ao juízo dos que não sabem sentir, como a efigie clássica da tristeza da raça. Gilberto Aranha, a criança que escreveu "Aspectos da Vida", foi, como todos nós, um pesquisador tenaz da vida. Não quis, porém, o destino que as suas observações se amadurecessem com a própria vida.

Teria sido bom? Teria sido mau? Um destino que corta, no seu início, uma vida como a de Gilberto Aranha, é sempre mau. Para os verdadeiros artistas, um sofrimento é uma página de Arte. E uma página de Arte não será a felicidade suprema de um artista? Gilberto Aranha escreveu o seu "Aspetos da Vida" quando começava a viver. Entretanto, não procurou mascarar a vida com as falsas pantomimas - caricaturas de felicidade - que a própria vida sabe criar e onde os mais incautos de espírito ... ( inlegível) ... de autoras e atores.
Gilberto deixou-se ficar espectador somente. Índice, portanto, de uma mentalidade construtora. Seus contos são bem feitos. Porque suas personagens vivem a existência que não poderiam deixar de viver, porque são o reflexo ou o stigma de um destino.
    "Irmãos na desgraça, amigos na ventura", é uma página em que sentimentos antagônicos se entrechocam. Bondade e egoísmo. A história simples de dois homens que se tornaram felizes um dia:   "Inesperadamente felizes, deixaram ficar naquele albergue de miséria e nas ruas lúgubres, por onde arrastaram os seus andrajos e a sua indigência, o espectro da fome a torturar outras vitimas".
Não será isso, na sua chocante realidade, um aspecto da vida?
                                                     
Há quadros da mais viva emoção, traçados, embora ligeiramente, pela mocidade inquieta de Gilberto Aranha. Citemos, ao acaso, um dos mais expressivos: "A enfermeira". Um episódio da seca é tratado pelo moço escritor com segurança absoluta e acentuado poder descritivo. Em "Estranho amor", nota-se. por certo, uma suavidade afetiva, tocada, aqui e ali, de uma ingenuidade amorosa e moça. Marina, entretanto, não constituirá a imagem fugace da "felicidade aparente", que tanta gente conhece?
"Aspectos da vida" é um livro bom. Extremamente bom. Por que, mostrando alguns dos seus maus aspectos, deixa sempre entrever uma sombra de bondade ou uma ilusão que, suaviza afinal, as asperezas de um determinismo inquietante.
Gilberto Aranha morreu cedo. Fechou os olhos, quando mais desejaria abri-los para o mundo.  Fugiu-lhe, sem dúvida, a felicidade maior.
Mas para os que muito lhe queriam, essa felicidade não fugiu de todo.
Porque ele nos ficou, para sempre, na simplicidade adolescente e boa dos seus escritos e na visão do que ele viria a ser nas nossas letras, se tivesse conseguido vencer o seu próprio destino. 

 Terra de Senna

Esta história não termina aqui. Ainda há bastante terreno para ser explorado. Aguardem novas notícias.

Francisco Martins
28 de maio de 2023


Fontes:

GURGEL, Tarcísio. Informação da Literatura Potiguar. Natal: Argos, 2001. 

(Pesquisa no site da Biblioteca Nacional - Hemeroteca)

DIÁRIO DE NATAL, edição de 17 fevereiro de  1907

DIÁRIO CARIOCA, edição 25 de janeiro de 1931.

DIÁRIO CARIOCA, edição 9 de abril de 1932.

DIÁRIO DE NATAL, edição de 21 de fevereiro de 1949

O POTI, edição de  19 de  janeiro de 1975.



sábado, 27 de maio de 2023

MANÉ BERADEIRO E LIMA NETO FALARAM DE LIVROS E LEITURA PARA ALUNOS DO CEI

 A manhã de ontem, sexta-feira, foi muito especial. Eu e Lima Neto  estivemos com os alunos das unidades do Centro de Educação Integrada-CEI,   localizadas na Roberto Freire e Romualdo Galvão, onde  falamos de nossas experiências como leitor e escritor.


A participação dos alunos aconteceu de forma presencial, mas também remota, através da plataforma Meet, onde eles, nas salas de aula assistiam a nossa conversa e podiam formular perguntas pelo chat. Lima Neto mostrou como a literatura e o ato de escrever não é nenhum bicho de sete cabeças. É acessível a todos nós. Para se tornar escritor não precisa fazer nenhum curso específico.


Mané Beradeiro, por sua vez, levou a mensagem de que também é possível escrever na linguagem popular sem perder a beleza de uma construção textual. Deu exemplos dos escritores Renato Caldas, Zépraxedi, Kydelmir Dantas e de obras escritas por ele mesmo. O jumento Ananias colaborou com a conversa.


Parabenizamos a escola pelo sucesso do evento e a participação dos alunos que aconteceu de forma intensa.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

MANÉ BERADEIRO E LIMA NETO FAZEM APRESENTAÇÕES EM UNIDADES DO CEI

 Na manhã desta sexta-feira, 26 de maio, o poeta Mané Beradeiro divide o palco com o escritor Lima Neto em duas apresentações, que irão acontecer  nas unidades  do Centro de Educação Integrada - CEI  da Romualdo Galvão e Roberto Freire, respectivamente às 8 h e 10 h.


O evento acontece no encerramento da Semana Literária, com os alunos do Ensino Fundamental II. Na oportunidade os dois escritores estarão falando para o público sobre o universo da leitura e suas formas, principalmente mostrando que para fazer arte literária basta ter a sensibilidade, criatividade e buscar  a forma que deseja expressar a criação, seja ela culta ou popular.





Mané Beradeiro apresentará alguns escritores populares e também mostrará as suas obras. Lima Neto ficará com a parte da escrita culta  e os escritores clássicos, não deixando de apresentar textos de sua autoria.

Lima Neto