segunda-feira, 24 de maio de 2010

A FESTA DE MADALENA - ROMPENDO A DIMENSÃO DO TEMPO


Amanhã, tão somente amanhã, o sino da velha matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará Mirim, deve dobrar de forma alegre, lembrando a cada vivente que o escutar, que em 25 de maio de 1880, exatamente há 130 anos nascia Maria Madalena Antunes Pereira.

Sinhá Lica, assim chamada pelos íntimos, cresceu no Engenho Oiteiro; no Sobrado dos Antunes e seus olhos viram e o coração guardou, a história mais bela escrita por suas mãos e revelada ao público no "outuno da vida".

A obra de Madalena: Oiteiro - Memória de Uma Sinhá Moça, lançada em 1958, foi, é e continua a desafiar os escritores do RN a sobrepô-la em grandeza e riqueza de detalhes de um memorial. Não é força de expressão quando se diz que Madalena Antunes, é a maior escritora memorialística do Rio Grande do Norte. Leia a obra e confira esta verdade. Eu mesmo já li Oiteiro três vezes e em todas elas me encantei com o mundo resgatado por Madalena.

Amanhã, quando o dia lançar os primeiros raios do sol sobre o lugar do Engenho Oiteiro, num espaço onde não há tempo, nem destruição, Zé Vedóia, o "despertador" do Coronel José Antunes há de falar: -Acorda coroné, hoje é a festa de Sinha Lica!.

Mais tarde então, na cozinha da casa grande do engenho, Patica, a mãe-preta, juntamente com Tonha, servirão doces, bolos e ouvirão atentas as narrativas da escritora Madalena.

E assim, a festa prolongar-se-á por todo o dia, de tardezinha, a Liteira do Coronel José Antunes sairá de Oiteiro com destino à cidade dos Verdes Canaviais (Ceará Mirim). Boca de Aruá, o acendedor de lampiões, já estará cumprindo seu ofício. Ao subir pela Rua São José, a Rua Grande, (atual Rua Manuel Varela) Madalena lançará seu olhar para as torres da Igreja e pensará: "Aquelas cruzes, lá do alto das torres, foram trazidas por meu pai, da distante Inglaterra".

No Sobrado dos Antunes, hoje Prefeitura Municipal, Madalena entrará e será recebida pelos pais Juvenal Antunes e Joana Soares, pelos irmãos Ezequiel, Juvenal e Etelvina, por tantos outros de ontem e de hoje, que rompendo este fio tênue e a cortina da vida, querem ao som do piano, cantar a beleza da sua existência e agradecer por Oiteiro.

Nesta festa, em algum recanto do Sobrado dos Antunes, estarão também Anbel Antunes Pereira, Ruy Antunes Pereira, Nilo Pereira, Denise Gaspar, Lúcia Helena, todos ali, vendo Madalena, sem no entanto serem vistos, e que também hão de nos ofertar belos textos, pois todos trazem no sangue e na alma a arte do escriba e a cor da poesia. Parabéns Sinhá Lica, receba meu afeto e minha gratidão. Seu leitor e admirador, Francisco Martins Alves Neto.

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