domingo, 21 de junho de 2020

DO OFÍCIO DE FAZER QUEIJO - RICOTA

Fazer queijo é um exercício de paciência. Uma atividade bem propícia em tempo de quarentena. Tomei a iniciativa de fazer uma ricota.Cinco litros de leite, da vaquinha Maricota.

Ela mandou deixar em minha casa e com eles um bilhete: "Poeta, segue o que tenho de mais precioso em minhas tetas. Faça um queijo gostoso. Quando precisar de leite não demore em avisar. Maricota terá prazer em poder ajudar".

Levei os cinco litros ao lume. Fiquei sempre por perto do fogão esperando ferver. Leite no fogo é como menino traquino, não merece confiança. Assim que ferveu, desliguei o fogo e acrescentei quatro colheres de vinagre de maçã para cada litro, isso  fará com quê seja coalhado. Misturei por alguns minutos, o tempo necessário para o soro ficar parecendo um mar verde e o leite formar blocos branquinhos que lembram icebergs.

Quando esfriou eu passei o produto por uma peneira, algumas pitadas de sal e fui espremendo para deixar tão somente a massa que formará a ricota.

Lembrando de Maricota, "reclusa" naquele curral de estacas de sabiá, declamei o poema "Vaca Lavandeira", de Patativa do Assaré.

 ...
Ficou uma bezerrinha,
Atacada de manqueira.
O patrão não quis comprá-la,
Tratei dela a vida inteira
E botei na bezerrinha
O nome de Lavandeira.

...
Depois que ela deu bezerro,
Causou admiração.
Vinte e dois litros de leite
Dava sem comer ração:
Ainda mais aumentou
A inveja do patrão.
 ...

E a ricota? Pode perguntar o leitor.
Ela, neste momento descansa. Inerte como uma pedra.

Francisco Martins
20 de junho 2020


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