sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

DO LOCAL ONDE NASCEU RODOLFO GARCIA

Escrevi um artigo para a revista da ACLA, a ser publicado, com o título: Rodolfo Garcia – um ícone que serviu as letras e o Brasil. Nele cito o local do nascimento desse grande homem, o Engenho do Meio. Procurei saber de algumas pessoas, através das redes sociais, se podiam me dizer o local onde era esse Engenho do Meio, nada consegui. Até que na semana passada, fazendo pesquisas em jornais antigos, deparei-me com a resposta de Câmara Cascudo.
Cascudo escreveu durante alguns anos vários artigos numa coluna que ele chamava Acta diurna. Nela tratava dos mais variados assuntos e em algumas, o pesquisador respondia às perguntas que lhe eram enviadas. Na Acta diurna que tem como título “Respondendo”, escreve:

“Rodolfo Garcia, Diretor da Biblioteca Nacional, membro da Academia Brasileira de Letras, é do Rio Grande do Norte. Nasceu no Vale do Ceará-Mirim, no Engenho do Meio, já desaparecido. Ficava entre São Francisco e o Purão. O nome oficial era São José e pertencia ao Dr. Braz Carrilho, avô materno de Rodolfo Garcia” (CASCUDO, 1940)
Agora a informação está completa, graças a minha curiosidade e principalmente a Câmara Cascudo.

Francisco Martins
18 de dezembro 2016

Referência:
CASCUDO, Câmara. Jornal A República, in: Acta diurna - Respondendo. Natal/RN, 11 de outubro 1940.

Nota: texto originalmente publicado na página da ACLA, disponível em: https://www.facebook.com/profile.php?id=100008452352746. Visualizada em 29 nov 2017.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

ESCOLA COSTA E SILVA CELEBRA O LIVRO COM SEUS AUTORES

A Escola Municipal Presidente Costa e Silva reúne vários escritores na tarde de hoje, celebrando o livro e a literatura.  

COMO ERA VERDE AQUELE VALE



A rua S. José era a única rua calçada e varava toda a encosta do alto ocupado pela cidade. E por ela transitavam, indo e vindo, longas e lentas enfieiras de burros jumentos, as cangalhas barrigudas sustendo duas ancoretas de cada lado. Assim se abastecia a população. Água do “olheiro”, como se dizia da fonte copiosa, lá em baixo, perto da Estação da Estrada de Ferro. Era meio salobra e quem podia mandava vir água fria, do engenho “Diamante”, para beber.
No alto, a rua São José desembocava no largo do Mercado. Aí estava todo o Comércio. Casas que reuniam simultaneamente lojas de tecidos, ferragens, comestíveis, sapataria. Ao centro o Mercado majestoso, em torno do qual se atravancava, em dia de feira, uma multidão de sacos de farinha, de milho, de feijão, além de garajaus de voador, caçuás de tainhas sal-presas, balaios de tapiocas e beijus, cestos de cajus, cestos de mangabas, cestos de massarandubas, molhos de cana, pencas de urupemas e de chapéus de carnaúba, louça de barro, mantas de carne seca, galinhas, leitões, cabritos, passarinhos e gente.
Para cima do largo do Mercado começava o Patú, bairro pobre, de ruas esburacadas e tortas, com uns nomes pitorescos: rua do Vintém, Rabo da Cachorra, rua do Arame...
Do alto do Patú os olhos se derramavam no pelo verde dos canaviais sem tamanho, donde emergiam, salteadas, chaminés esguias, perfiladas como sentinelas fantásticas naquela imensidão. É verdade que muitas não desprendiam mais os grossos rolos de fumaça do bagaço queimando para cozinhar as tachas. O mato subia por elas, tinham a borda irregular como boca desdentada. Mas a gente, de longe, não percebia isso e elas se mostravam tão belas quanto as outras...
Eu gostava de ir reconhecendo cada Engenho pelo seu boeiro: Carnaubal, S. Francisco, Ilha Bela, Diamante, Guaporé, Cruzeiro, Capela, Laranjeiras, Guanabara, União, Torre, Oiteiro, Mucuripe, Emburana, Bica.
Quantas vezes estive neles e me abismei nas suas máquinas chiadoras de banguês... Aspirava o cheiro bom do mel virando rapadura. Comia torrões de açúcar bruto. Bebia caldo de cana apanhado com uma cuia no paiol. Chupava cana, descascando com os dentes. Embrenhava-me nos partidos úmidos espiando o corte. Mas o meu supremo encanto eram os engenhos em que a cana para moagem se transportava em pequenos vagões sobre trilhos. Desprezava os em que este serviço fosse feito em carros-de-bois ou em cambitos, em lombo de burro.
Lembrança forte que me ficou também pendurada nos olhos de menino foi a dos carros dos senhores de engenho. Quase todos eram de um tipo comum e se chamavam troles. Corriam puxados por uma parelha de cavalos com guisos tilintando nos arreios, tinham dois bancos com assento de palhinha, eram completamente abertos e descobertos, de modo que as senhoras andavam neles protegidas por guarda-sóis. O engenho “S. Francisco” destacava-se por ter um verdadeiro carro: preto, todo fechado, assentos estofados, cortinas nas portinholas e o lugar dobolieiro na frente, bem alto.
Também vi surgirem os primeiros automóveis, depreciados e negados pelos que não podiam tê-los... Eram, de fato, veículos exóticos, quase temidos, espantando com o seu ronco as pobres estradas somente acostumadas à cantiga fanhosa dos carros-de-bois ou sacolejar nervoso dos guisos dos troles...
Mas o orgulho maior da cidade estava na sua igreja. Tinha sido construída no tempo da escravatura as pedras carregadas em cabeça de gente, escravos mandados para isso, brancos piedosos fazendo-o por devoção ou penitência, cordões humanos num trabalho penoso e paciente, como de formigas.
O templo cresceu, tornou-se o maior do estado, as torres as mais altas. Delas ao que se diz, se avista o mar a não sei quantas léguas. São duas, de pontas muito agudas, encimadas por um galo.
Também a um filho do Ceará-Mirim ninguém dissesse que sua igreja não é a maior do estado, as torres as mais altas, os sinos os mais sonoros, os altares os mais bonitos, os santos os mais milagrosos...
Que tristeza intensa e funda a que senti ao voltar em visita ao vale do Ceará-Mirim.
Os antigos engenhos, cheirosos e pitorescos, encontrei-os paralisados, sob o advento das Usinas. Suas edificações, sem serventia, se mostravam a caminho da ruína. O mato nascia na boca das chaminés outrora orgulhosamente fumegantes.
Muitos já estavam despojados das moendas e das caldeiras, vendidas como ferro velho...
As duas usinas, São Francisco e Ilha Bela, é que engolem e trituram, praticamente, toda a cana produzida no vale afamado.

Mas não foi daí que veio principalmente minha tristeza imensa e funda ao voltar do vale do Ceará-Mirim. O que me acabrunhou, o que me sucumbiu foi o que vi no “Guaporé”. Guardava dele imagem antiga, do tempo em que já não havia o engenho em atividade, mas havia a casa-grande, rica, nobre, diante da qual se desdobrava maravilhoso jardim. Parecia aos meus olhos infantis coisa de contos de fadas. Comparava-o também a certos postais de terras remotas. E ainda agora recordo-lhe o recorte caprichoso dos canteiros floridos, os mármores ricos, os azulejos coloridos, as fontes frescas, os recantos misteriosos... Sensação de beleza e de nobreza era a que me davam a casa e o jardim do “Guaporé”.
O que fui encontrar, porém, numa visita anos adiante, foi o mato recobrindo o que era outrora o jardim e, lá ao fundo, já no limite do canavial, uns melancólicos restos de paredes, mas dolorosamente melancólicos quando a gente descobre neles alguns antigos e belos azulejos que ainda resistem.
Quanto à casa-grande, tornara-se uma cabeça-de-porco. Em cada peça imunda, esburacada, vivia uma família de trabalhadores braçais da Usina, entre trapos pendurados, baús e redes enroladas. Pela calçada que protegia a casa em volta, outrora guarnecida de gradis de ferro, transitavam lagartixas em assustados passeios entre uma fenda e outra.
Ponho-me a pensar nos móveis antigos que ali conheci, nos quadros, nos candeeiros, em tudo que ainda existia, quando visitava o “Guaporé” muito criança, porém atento e deslumbrado...
Está certo, vieram outros tempos e com eles a Usina poderosa, cujos senhores não precisam de casa-grande, pois são representados por “escritórios” em algum andar de edifício no Recife, no Rio...
Tudo isso decorre do estilo de uma nova idade, mas também, que diabo, não era preciso degradar a casa-grande do Guaporé, mesmo que não mais precisassem dela...
Essas impressões datam de janeiro de 1959. Por Deus que, depois delas, o Guaporé veio a ser lembrado e até considerado para efeito de tombamento e restauração, como de fato ocorreu.

Nota: 
Texto de Umberto Peregrino, extraído do livro Crônica de uma cidade chamada Natal, editado em Natal/RN, pela Clima, em 1989, p.76-79.
Obtido através de pesquisa realizada pelo Acadêmico Francisco Martins

Disponível em:  https://www.facebook.com/profile.php?id=100008452352746. Visualizado em 29 novembro 2017

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

PARAUPABA: UM DESAFIO AOS HISTORIADORES POTIGUARES


Muita coisa boa foi dita sobre Ceará Mirim referente ao tempo passado. Escreveram sobre fatos e pessoas. Artigos que nos fizeram reviver épocas maravilhosas. Darei também minha contribuição aos 150 anos desta cidade, mas o que escrevi fui buscar num tempo que está muito mais aquém do ano de 1858.
Convido os leitores a formularem comigo, em suas mentes, a imagem destas terras, no século XVI. Sei que será difícil, mas vamos tentar. Não existia nenhuma cidade, nenhuma estrada. Os caminhos eram totalmente veredas, e nelas caminhavam índios, portugueses, holandeses.
Entre estes índios, havia um que batizado à fé católica, recebeu o nome de Antônio Paraupaba. Grave bem este nome. Filho de Antônio Gaspar Paraupaba, da tribo Potiguara, que vivia nestas terras onde hoje é Ceará Mirim, o índio tornou-se amigo dos holandeses e fez história.
Aprendeu a ler e escrever, destacando-se entre os principais mediadores entre holandeses e índios no Brasil. Em 1625 atravessou o Atlântico, juntamente com seu pai e outros onze indígenas rumo a Holanda.
Foi designado por Maurício de Nassau, Governador Geral, para acompanhar juntamente com ele uma delegação brasiliana, na Holanda, onde participou de uma audiência com os senhores dirigentes da Companhia das Índias Ocidentais. E para eles falou na língua flamenga.
Antônio Paraupaba garantiu com sua luta a liberdade dos índios e assegurou alguns privilégios para os brasilianos, incluindo o estabelecimento de câmaras de escabinos (vereadores) nas aldeias e a criação do cargo de regedor.
Foi destaque na mobilização de guerreiros indígenas durante a “Guerra dos Bárbaros” também conhecida como “Guerra de Açu”, que durou mais de cinquenta anos.
Diversas vezes viajou para os Países Baixos, mas em 1654 foi pela última vez para a Holanda, quando redigiu dois memoriais para os Estados Gerais. Desta forma, Antônio Paraupaba, índio, é sem sombra de dúvida, na pré-história da cidade de Ceará Mirim, o nosso primeiro escritor, e o que é melhor, com obras publicadas na Holanda.
Faleceu em 1656 sem ter recebidos respostas às suas reivindicações. Seus manuscritos foram publicados em forma de panfletos pela Editora Hondius, em Haia, Holanda.
Hoje, Paraupaba é nome de um grupo de estudos da questão indígena no Rio Grande do Norte, criado em 2005, formado por professores, pesquisadores e estudantes da UFRN (Museu Câmara Cascudo e Departamento de Antropologia).
Eis aí então um nome que Ceará Mirim deve não esquecer: Antônio Paraupaba. Onde morou? Onde ficava sua aldeia? Que mais poderemos saber dele? São perguntas que talvez não recebam respostas, mas diante da infância de 150 anos de uma cidade, é motivo de alegria saber que um filho genuíno desta terra fez tanto pelo seu povo.

Francisco Martins

Nota: texto originalmente publicado na página da ACLA, disponivel em:  https://www.facebook.com/profile.php?id=100008452352746. Visualizada em 29 novembro 2017.

NA CASA DE CASCUDO

Fui à Casa de Cascudo
Buscar mais sabedoria
Trancaram-me lá num quarto
Não senti nem agonia
Pois a mente ocupada
Num livro se expandia

Mané Beradeiro
29 novembro 2017

ASSIM DISSERAM ELES ..



"Só o que se faz com amor se faz bem"

Sthendal

terça-feira, 28 de novembro de 2017

DE ANA LUIZA PARA MEU CORAÇÃO CONSERTADO

O que pode deixar um escritor feliz? A venda dos livros?  O reconhecimento das  escolas pelo seu trabalho literário?  O fato de ser conhecido nas ruas? Sim, isso deixa-nos felizes, mas há uma ação maior, mais profunda, que nos atinge a alma, é o carinho que provem dos leitores, aqueles que nos abraçam,  que quando falam nossos nomes é como se estivessem cantando um canção de ninar ao nosso coração.



Ana Luiza - estudante - da Escola Municipal Homero Dantas, em Parnamirim-RN é uma dessas pessoas . Recebi  com muita alegria as fotos que ela mandou para mim, registros do gosto pelo livro Doutor Buti e momentos de autógrafos quando visitei a escola. Desejo toda felicidade a Ana Luiza e votos que continue crescendo como leitora. A estrada da vida vai nos proporcionar muitos encontros. Creia!

CÍCERO MARTINS É O MAIS NOVO CONSELHEIRO DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE

O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte empossou na tarde de  hoje, seu mais novo Conselheiro,  Cícero Martins de Macedo Filho, graduado em Direito (1985), professor universitário, juiz. A posse contou com a presença dos Conselheiros Iaperi Araújo, Presidente do CEC/RN, Diogenes da Cunha Lima, membro nato na condição de Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Valério Mesquita, membro nato - representante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte,  Eulália Duarte Barros, Sonia Faustino, Paulo Heider Forte Feijó - Conselheiro representante da Fundação José Augusto e Alex Medeiros. O Mandato do Conselheiro Cícero Martins durará até novembro de 2023.

RODOLFO GARCIA UM ÍCONE QUE SERVIU ÀS LETRAS E AO BRASIL





Quando eu era criança e andava pela Rua Rodolfo Garcia, em Ceará Mirim, sempre tinha curiosidade em saber quem tinha sido aquele homem que dava nome à rua das minhas peraltices. Cresci e vim saber que se tratava de um historiador. Hoje, passados muitos anos, quando minha infância ficou fixa no vale, contemplando a rosa verde, tomo a liberdade de com base em minhas leituras trazer um pouco de quem foi Rodolfo Garcia.
Rodolfo Augusto de Amorim Garcia era descendente da família numerosa Amorim Garcia, onde as origens brasileiras têm como berço a cidade de Aracati-CE. No Rio Grande do Norte os Amorim Garcia se fizeram presentes em Nova Cruz, Santana do Matos, São José de Mipibu, Natal, Ceará-Mirim, e depois Pau dos Ferros e Martins.
Em Ceará-Mirim veio morar Augusto Carlos de Amorim Garcia, proprietário do Engenho do Meio (cujas ruínas nem mais existem), bacharel em Direito, chegando a ser juiz da monarquia. Casou com Maria Augusta Carrilho de Amorim Garcia. O casal teve que mudar para o vizinho estado da Paraíba, por questões políticas. Quando isso aconteceu, Augusto Carlos já tinha seis filhos: Emília, Aprígio, José, Antônio, Alice, Artur e Rodolfo, que nasceu em 25 de maio de 1873.
Estudou para ser militar mais não concluiu esse objetivo, pois foi desligado da Escola Militar da Praia Vermelha por questões filosóficas e posteriormente ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau no ano de 1908. Casou com Ester de Oliveira, pertencente à família dos Barões de Beberibe. Mais uma vez, a perseguição política se fez presente em sua vida e desta feita o levou em 1913 para a cidade do Rio de Janeiro. Depois de formado em Direito exerceu algumas atividades laborais tais como: jornalista, professor de história, geografia, francês e português.
Foi em 1914, aos 41 anos, que verdadeiramente ele encontrou sua vocação profissional: bibliotecário. Rodolfo Garcia escreveu “Sistemas de Classificação Bibliográfica”. Foi bibliotecário do Instituto Histórico do Rio de Janeiro, Diretor do Museu Histórico e Diretor da Biblioteca Nacional, essas duas últimas funções respectivamente em 1930 a 1932. O convívio com o universo dos livros fez dele um pesquisador incansável. Tornou-se historiador, consagrando seu nome no rol dos grandes homens do Rio Grande do Norte, na seguinte ordem cronológica: Vicente de Lemos, Tavares de Lyra, Rodolfo Garcia e Câmara Cascudo.
Sua produção como historiador foi extensa:
“A Associação Brasileira de Bibliotecários, em publicação prefaciada por Antônio Caetano Dias, enumera, como “simples subsídios bibliográficos de Rodolfo Garcia”, trinta e quatro dos seus principais trabalhos. São estudos sobre a cultura da indiaria brasileira, os missionários capuchinhos, história das explorações científicas do Brasil, estudos sobre os judeus no Brasil Colonial e do santo Ofício da Bahia, Catecismo da Doutrina Cristã na Língua Portuguesa, Florilégio da Poesia Brasileira”. (VIVEIROS, 1976.)
Não foram apenas trinta e quatro obras publicadas, mas cerca de cem volumes ao longo de treze anos de pesquisador. Foi como historiador que se candidatou a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, cadeira trinta e nove, sendo eleito no primeiro escrutínio, no mês de agosto de 1934. Rodolfo Garcia foi o primeiro potiguar a fazer parte da Academia Brasileira de Letras, sua posse aconteceu em abril de 1935, já bem próximo dele completar 61 anos. O Rio Grande do Norte sabendo da importância dessa conquista participou doando ao imortal o seu fardão. Participou de outras entidades culturais tais como: Instituto Geográfico Brasileiro, Institutos Históricos de Pernambuco, Ceará, Alagoas, Bahia e Rio Grande do Norte, além do Instituto Histórico do Uruguai.
No dia 14 de novembro de 1949, aos 76 anos, na cidade do Rio de janeiro, faleceu aquele que soube fazer da sua vida uma dedicação a serviço das letras e do Brasil. Passados quase 67 anos da sua partida, o nome de Rodolfo Garcia é homenageado com nome de ruas em Natal, Ceará Mirim, Rio de janeiro, Sorocaba, Campo Grande, além de ser patrono de uma escola municipal no Rio de Janeiro. Na Academia Brasileira de Letras é patrono da Biblioteca que foi inaugurada em 2005, com mais de 70 mil volumes.
Em tudo isso permanece Rodolfo Garcia no topo, como o maior ceará-mirinense que este país conheceu e para orgulho nosso é patrono da cadeira nº 7 da Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes – ACLA. Quantas voltas a Terra terá que dá em torno do Sol para que venha nascer outro homem ou mulher com esta magnitude?

Francisco Martins

Referências

CALMOM, Pedro. Rodolfo Garcia - elogio fúnebre. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 209, outubro-dezembro, p. 232-236, 1950.
VIVEIROS, Paulo. Rodolfo Garcia. Tempo Universitário, Natal, v. 1, nº 1, p. 25-38, 1976.
Disponível em http://www.academia.org.br/bibliotecas/biblioteca-rodolfo-garcia. Visualizada em 12 mar 2016


Nota: Texto publicado originalmente na Revista da ACLA - Ano I, nº  I, Outubro 2017, páginas  65 a 67.

O UNIVERSO DAS BONECAS TILDA NAS MÃOS DE HELÔ

A nossa exposição virtual hoje mostra a arte de um membro desta Academia. Trata-se da Acadêmica ceará-mirinense MARIA HELOISA BRANDÃO VARELA, ocupante da Cadeira número 27 da ACLA, que tem como Patrono Ruy Antunes Pereira.

A imortal, advogada de profissão, é também escritora, viandante contumaz e agora artesã das bonecas/grife “Tilda”, a quem dedica os seus momentos de lazer.
Mas antes de lhes mostrar as fotos das famosas bonecas, vamos falar um pouco sobre elas, a “Tilda” e sua origem.

Esta boneca, a Tilda, é um artesanato fino, que se caracteriza por personagens cômicos, ingênuos, em forma de gente ou animais.
Ela foi criada por Tone Finnanger, quando contava com 25 anos de idade. A norueguesa, descendente de uma família de artesãos, gostava muito da arte e do artesanato e sonhava em fazer bonecos e cenários para filmes de animação. E quando trabalhava numa loja de artesanato (na função de designer gráfica), elaborou o modelo da boneca, em 1999, inspirada na arte dos seus familiares artesãos.

A boneca Tilda original tem as seguintes características: mede 63 cm, tem as pernas compridas, os olhos, discretos, formados por dois pontinhos e bochechas rosadas e, a principal, não tem boca pois, segundo a concepção original da sua criadora, “fala com o coração”.

Tone Finnanger ainda continua criando modelos, estampas e personalidades para a Tilda. Hoje, ela vive em uma ilha próxima a Oslo, onde mantêm um estúdio de criação.
A partir da concepção, no Brasil, a moda espalhou-se rápido pelos ateliês. É comum até ouvirmos relatos de figurinistas que começaram a criar a partir de Tildas, pelo carisma que a bonequinha desperta.

A Tilda assume o papel de camponesa, professora, veterinária, ou seja, apresenta-se de diversas formas. Adquire novos detalhes e novas “personalidades”, a partir da concepção de quem a elabora. Hoje a boneca Tilda se caracteriza como uma “grife” de artesanato. Além das bonecas magrinhas há também a versão gordinha. E não importa a forma como se apresenta, sempre o sucesso é geral!






Encomendas através do telefone (084) 3222 5597 - Helô Brandão

Disponível em:  https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1540110242947373&id=100008452352746&comment_id=1827704697521258&notif_id=1511819562985783&notif_t=mentions_comment. Visualizada em 27 novembro 2017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017



2º CONCURSO DE CORDEL
PRÊMIO NORDESTINA EDITORA
Rua Rosalvo Boaventura, 24
Vila Brasil
Barreiras-Bahia
Cep: 47801-096

Conto:
(77) 99905-0818 WhatsApp
REGULAMENTO
I – OBJETIVOS
A NORDESTINA EDITORA, em compromisso com a difusão do cordel contemporâneo, busca mais uma parceria com os cordelistas e lança seu segundo concurso nacional,
com o objetivo de estimular a leitura e a produção do gênero no Brasil, buscando contribuir para a valorização dessa importante expressão da cultura popular.
II – CATEGORIA Folheto (8 páginas)
Nesta edição, com o objetivo de fomentar o incremento e o fortalecimento do cordel, o concurso destina-se a todos cordelistas contemporâneos residentes no Brasil.
III – TEMA
O tema é livre.
Qualquer candidato poderá participar, independentemente da idade ou escolaridade.
IV – TEXTO
Com relação ao cordel, o participante precisa levar em consideração que os trabalhos enviados devem ser inéditos e não publicados em qualquer meio, incluindo o digital.
O cordel inscrito deverá conter no mínimo 30 estrofes e no máximo 39, que devem ser escritas em sextilhas (seis versos) ou setilhas (sete versos); em caso de décimas( 10 versos), deverá conter no mínimo 12 e no máximo 23 estrofes, seguindo padrões estéticos, como conteúdo, rima e métrica. Cada verso deve conter sete sílabas poéticas.
O título e o texto devem ser digitados no padrão Word., times ou arial, fonte 12.
V – INSCRIÇÕES E ENVIO DO TEXTO
A inscrição custa R$ 30,00 (Trinta Reais) e deverá ser paga para ser validada:
Serão abertas dia 24/11/2017 e encerradas em: 10/02/2018.
Os participantes devem enviar um único cordel. Para se inscrever, o participante deverá preencher corretamente a ficha de inscrição.
A FICHA será enviada via E-mail mediante o depósito ou transferência para a conta:
Agência: 0783
Operação: 013
Conta Poupança: 84005-0
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Favorecido: José Pereira dos Anjos
Em nenhuma hipótese, será aceito material de inscrição cuja data de envio e pagamento posterior à data limite para inscrição. Serão desclassificados os trabalhos que tenham autoria duvidosa ou plágio.
VI – SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Os cordéis serão analisados por uma comissão formada por cinco jurados, que serão responsáveis pela seleção e classificação dos trabalhos em ordem decrescente de pontos.
Serão selecionados os dois trabalhos que obtiverem as melhores notas. A decisão da comissão é soberana e irrecorrível.
VII – RESULTADOS
O resultado final será divulgado no blog da editora no dia 04 de março 2018
VIII – PREMIAÇÃO
Serão premiados os dois melhores cordéis.
O primeiro lugar receberá 1 mil exemplares impressos no formato 11X15, capa couchê em uma cor, miolo papel branco impressão uma cor.
O segundo lugar receberá 250 (duzentos e cinquenta) exemplares com a mesma qualidade de impressão.
Observação: Capa em Xilogravura.
A premiação acontecerá no dia 04 de março2018 , em comemoração ao dia do falecimento de Leandro Gomes de Barros. O material será enviado via correios sem custos adicionais.
*Os outros autores receberão o certificado de participação.
IX – DISPOSIÇÕES GERAIS
Os vencedores do Concurso cedem os direitos autorais da obra inscrita automaticamente à NORDESTINA EDITORA , assim como autorizam a divulgação de textos, suas imagens e dados biográficos na página do Blog da Editora.
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS AO AUTOR.
MAIS INFORMAÇÕES:
nordestinaeditora@gmail.com

FOME: A GRANDE GUERRA




 Por: Geraldo Luiz

A fome é para o mundo
O mais terrível tormento
São milhões de criaturas
Que morrem sem alimento.

É mesmo a maior guerra
Que enfrenta a humanidade
Quando falta alimento
Falta paz, tranquilidade.

A fome rouba do homem
A sua dignidade
O que há de mais sagrado
Prá sua felicidade.

A fome é uma vergonha
Para a humanidade
Enquanto falta alimento
Não se tem fraternidade.

As potências mundiais
Fecham os olhos e os ouvidos
À miséria e o clamor
Dos mais desfavorecidos.

Investem em armamento
Prá gerar a violência
Prá invadir territórios
Usam toda a prepotência.

A cada dia que passa
Piora a situação
Os ricos sempre mais ricos
E aos pobres falta pão.

Que possa um dia a ONU
Discutir essa matéria
E tomar uma atitude
Sobre a fome e a miséria.

Que os nossos governantes
Mudem a mentalidade
E entendam que a partilha
Vai mudar a realidade.

Que todos se dêem as mãos
E busquem o mesmo ideal
Sanar a fome que assola
De maneira crucial.

Em vez de investir em guerras
Em bombas e armamentos
Que possam os seus esforços
Gerar renda e alimentos.

Basta que todos entendam
Que a fome é um grande mal
E que com ela acabando
Se tem mais paz mundial.

COMUNICADO

Os escritores convidados para a Caravana de Escritores que iria acontecer em Serrinha, na manhã desta segunda-feira, foram surpreendidos com a notícia de quê o evento foi cancelado, por motivo de força maior, tendo em vista que ontem à noite faleceu o diretor da escola que recepcionaria os escribas. A visita deverá ser feita em outra data.

SERRINHA VAI CONHECER HOJE MANE BERADEIRO

A visita da Caravana de Escritores Potiguares, que acontece hoje, 27 de novembro, na cidade de Serrinha-RN, proporcionará aos alunos da Escola Estadual Domitília Noronha, conhecerem a figura lúdica da personagem vivida pelo escritor Francisco Martins, bem conhecida como Mané Beradeiro.
Na ocasião, o poeta cordelista falará sobre seu mais recente cordel "Oito vidas na casa de cor azul", lançando o folheto e dando autógrafos.

domingo, 26 de novembro de 2017

COMENTANDO MINHAS LEITURAS EM CORDEL: IVANILDO VILA NOVA

Conheci Ivanildo Vila Nova, sem a oportunidade de vê-lo tocar e cantar. Não o vi em evento, não o encontrei na rua, nem em outro lugar. Como o conheci? Pode o leitor perguntar. A resposta é esta: conheci Ivanildo Vila Nova através da poesia, mas precisamente de 84 estrofes escritas em sextilha, pelo, poeta Marciano Medeiros. Não sei de retrato melhor do repentistas mais famoso do Brasil, do que esse que foi feito por Marciano. O cordel já está na segunda edição, desta feita pela editora Bisel (Serra de São Bento-RN). O trabalho biográfico presente nesse folheto é de uma marca inconfundível do autor, que procura se aprimorar em sua produção poética, e não mede esforços e garantia nesse propósito. Oferecer o melhor é seu objetivo, por tal razão, "Ivanildo Vila Nova - o menestrel do repente", traz além da assinatura de Marciano Medeiros, a revisão de Rouxinol do Rinaré e Março Haurelio, nomes bem conhecidos no mundo do cordel. Caso alguém pergunte se gostei de conhecer Ivanildo Vila Nova, direi: Sim, principalmente pela forma como ele chegou até mim. Vestido de versos metrificados, rimados e numa cadência de encanto e revelação. Parabéns Marciano Medeiros.

Mané Beradeiro

sábado, 25 de novembro de 2017

UMA NATAL BEM DIFERENTE DA QUE VIVEMOS HOJE

Adriano Vendonck, esteve em Natal, por volta dos anos 1630/31 e assim descreveu  a cidade: "tem cerca de trinta  quarenta casas de palha e barro; mas os habitantes mais abastados dos arredores vivem habitualmente nos seus sítios e vem apenas à cidade nos domingos e dias santificados para ouvir missa; os habitantes de toda esta jurisdição, num raio de seis a nove milhas, não excedem 120 a 130 homens, na maioria camponeses ignorantes e grosseirões"


Referência
COSTA, Américo de Oliveira. Viagem ao Universo de Câmara Cascudo. Fundação José Augusto, Natal: 1969, página 32.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

ASSIM DISSERAM ELES ...



"A  superstição sempre constituiu para mim uma das mais sedutoras indagações na cultura popular"

Câmara Cascudo

ALUNOS DE SERRINHA RECEBERÃO A CARAVANA DE ESCRITORES POTIGUARES

A Caravana de Escritores Potiguares estará na próxima segunda feira, dia 27 de novembro, na cidade de Serrinha-RN, desta feita com os escritores Carlos Fialho, Chumbo Pinheiro, Edson Soares, Francisco Martins e Oreny Júnior. Além da presença física dos escritores acima, a Caravana levará como é de praxe, muitos livros para distribuição junto aos estudantes. Francisco Martins, o Mané Beradeiro, estará na oportunidade lançando seu mais recente cordel: Oito vidas na casa de cor azul. O evento vai acontecer na Escola Estadual Domitila Noronha.

domingo, 19 de novembro de 2017

REVISTA DA ACLA JÁ É UMA REALIDADE NO MEIO LITERÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE

Foi na noite de ontem, 18 de novembro, que a Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes - ACLA - Pedro Simões Neto celebrou seus 7 anos de fundação e lançou o primeiro número da sua revista. Um periódico semestral, com qualidade editorial e conteúdo repleto de artigos, crônicas, contos, poesias, ensaios, necrológios, etc,  sobre o mundo literário  de Ceará-Mirim, o Rio Grande do Norte e o Brasil. A ACLA  tem atualmente 30 cadeiras e ao longo desses  7 anos de existência já registra 34 membros, dos quais 4 já partiram, são eles: Lúcia Helena Pereira, cadeira 4,  José Eduardo Vilar Cunha, cadeira 6,  Pedro Simões Neto, cadeira 20 e Francisco de Assis Rodrigues, cadeira 21.



Sobre a Revista da ACLA escrevo com orgulho e alegria, primeiramente como já disse acima, bela beleza gráfica, nada deixando a desejar em relação às outras revistas das instituições do Rio Grande do Norte, os editores Gustavo Sobral e Joventina Simões, bem como o Conselho Editorial estão de parabéns. A participação dos  Acadêmicos é um registro à parte, fenomenal. A ACLA conseguiu nesse primeiro número que dos 40 textos presentes na revista, 34 são assinados pelos seus imortais. É importante saber que do rol de membros atuais, somente 3 não estão com textos na Revista da ACLA.


A quarta capa da revista  traz a imagem de uma pintura, dando assim espaço àqueles que também são acolhidos pela ACLA.  Desta feita, a homenageada foi Sayonara Montenegro Rodrigues. Eu, também dei minha singela participação escrevendo sobre o patrono de uma das ruas da minha infância. A Revista da ACLA não é doada, mas sim vendida ao preço de R$ 10,00 (dez reais). Interessados  e colecionadores podem entrar em contato comigo que forneço os contatos dos responsáveis.

Francisco Martins

DIA NACIONAL DO CORDEL


Estamos comemorando hoje o Dia Nacional da Literatura de Cordel. Escrevi um pequeno texto que foi publicado no blog da APOESC e convido os leitores a lê-lo, clicando no link abaixo:

RAZÕES PARA COMEMORAR

Nós, cordelistas, somos conhecidos como poetas de bancada. Saiba o que isso significa lendo o texto acima.

Viva o cordel!